{#164.202.2025}

O meu corpo tem dores. Várias. Muitas. De diferentes graus. Mas a dor maior…? Não é no meu corpo que dói mais.

A dor maior? Dói-me o meu Eu.

…e quem não entender, não pergunte. Ficamos assim.

{#163.203.2025}

Dia de recuperar. Como se o dia de ontem tivesse sido muito activo, muito desgastante. Que não foi…

Mas, já sei!, às vezes tenho que parar. E tirar o dia só para mim. É verdade que comecei o dia cedo ao telefone e a receber fotografias de um Mini-Batman que nasceu há pouco mais de uma semana e que veio aumentar o número de sobrinhos do coração desta tia babada. E depois ainda há quem diga que as redes sociais são muito más e não trazem nada de bom. A mim têm-me trazido tantas coisas boas que não saberia por onde começar. E neste momento trouxe-me este Mini-Batman maravilhoso, na continuação de uma amizade que nasceu há 11 anos e que nem a distância apaga.

Depois? Foi dedicar o dia a mim mesma. A não fazer nada. A recuperar a energia que estoirei ontem. E, sem medo mas também sem coragem, olhar para as caixas por abrir, as bolas por encher e dizer “Não!”.

Ainda não foi hoje…será um dia destes. Quando tiver que ser. Sem pressa. É, por favor!, sem pressão…

{#162.204.2025}

De Janeiro a Junho. São apenas 5 meses. Não chega a meio ano. Não parece muito tempo. Mas é. É até demasiado tempo. Faz 5 meses que esta encomenda chegou. Faz 5 meses que a caixa por baixo que contém algo que me vai ajudar a trabalhar o equilíbrio em casa ainda não foi aberta. Faz 5 meses que aquelas bolas compradas para me ajudar em alguns exercícios neurológicos estão por encher…

Durante 5 meses estiveram na sala em cima da minha mesa do computador, aquela mesa que eu uso em teletrabalho e que desde Setembro de 2023 não é utilizada para trabalhar e que não sei quando voltarei a usar. Mas algum dia terá que ser…

Tudo isto está há 5 meses à espera. À minha espera. À espera que eu lhes mexa. Há 2 dias trouxe tudo isto para a varanda. Menti a mim própria e convenci-me que estou preparada para isto. E percebo agora essa mentira que contei a mim mesma. Não estou preparada para isto…

Abrir estas caixas, encher estas bolas, confrontar-me com o “antes” e o “depois“. Antes e depois do diagnóstico. Aquele que eu faço de conta que já aceitei. Aquele que justifica tudo aquilo que me é difícil de fazer e que sempre dei por garantido. Aquele diagnóstico que me faz querer chorar de revolta e frustração. E que não consigo chorar…tão simples e tão complicado quanto isso: não consigo chorar…!

Diz-me a Neuropsicóloga que eu preciso muito de chorar. Percebeu isso nos meus olhos em 5 minutos de consulta quando a máscara, da qual não abdico, escondia a minha expressão.

Tenho medo de abrir estas caixas, de encher estas bolas. Por tudo o que representam e por tudo o que me fazem sentir. Da mesma forma que tenho medo de chorar

Diz-me a Neuropsicóloga que eu não consigo chorar porque estou, inconscientemente, a proteger-me e a bloquear o sofrimento que esse acto de chorar me irá trazer. E o mesmo se passa com a abertura destas caixas, o encher destas bolas. É auto-protecção. E medo. Muito medo.

Tenho medo de chorar. E, por muita vontade que tenha de chorar, não consigo fazê-lo.

Preciso de alguém fisicamente ao meu lado. Que me dê a mão e me garanta a segurança que preciso para conseguir soltar toda a revolta e toda a frustração

Isto que me apanhou na curva atingiu-me onde me dói mais: na minha confiança em mim mesma. Aquela que nunca tive muita mas que, mesmo não sendo muita, nunca me impediu de, pelo menos, tentar. Perceber até onde conseguia ir. E quando percebia que me faltava algo, voltava ao ponto de partida e seguia outro caminho. E neste momento não há sequer como voltar ao ponto de partida. Porque aquilo que sempre dei por garantido começa a fugir-me e não tenho como o recuperar…

Abrir estas caixas, encher estas bolas, aquele encontro comigo mesma numa nova realidade que não aceito. E, por não aceitar, acredito que consigo atingir objectivos irreais que proponho a mim mesma como sendo um acto de superação. Não consigo. O meu corpo não me permite alcançar essa superação que procuro. Essa superação que procuro e que, neste momento, já não sei onde encontrar.

5 meses de caixas à espera de serem abertas. Que não aceito que sejam abertas por mais ninguém. Serei eu a abri-las e a confrontar-me com a minha nova realidade que ninguém sabe nem imagina como me dói. Dói. Muito. E preciso de deixar sair essa dor. Dor composta por raiva. Revolta. Frustração. E mil perguntas sem resposta…!

PORQUÊ EU?!……não há resposta, dizem-me. E eu preciso de respostas! Preciso de respostas para passar do “Porquê eu?!” ao “Porque não eu?”!

5 meses…5 meses de um confronto com a realidade em 2 caixas por abrir e 3 bolas por encher! E, apesar de todas as dificuldades com que já me deparo, continuo a não conseguir abrir as caixas, continuo a não conseguir encher as bolas, continuo a não conseguir chorar

Chorar. Preciso muito de chorar. Mas o medo é do tamanho da necessidade que é enorme, imensa e o medo toma proporções de tal forma assustadoras que o meu inconsciente já sabe que vou sofrer e por isso bloqueia a minha capacidade de chorar. Mas eu preciso tanto de chorar

Não conseguirei fazê-lo sozinha. Não conseguirei desbloquear esta raiva, esta revolta, esta frustração. Não conseguirei fazê-lo sem ter ao meu lado alguém que me dê a mão, que me garanta segurança para quando eu me permitir ceder à dor da descarga emocional. Preciso de ter ao meu lado quem acredite que sou capaz de ultrapassar este bloqueio e que me possa agarrar quando cair. Porque eu sei que, nesse momento, vou cair. E tenho medo, muito medo!, de não ter força suficiente para me reerguer..,

Medo. Estes 5 meses de Janeiro a Junho, de caixas por abrir, de bolas por encher, são o sinal mais do que evidente do muito medo que sinto por não conseguir chorar…e só não vê quem não quer ver…

…e eu opto por continuar a fazer o que sei fazer melhor: continuo a fazer de conta…!

{#161.205.2025}

Começar o dia, feriado, com 2 horas de Yoga. Que me pareceram 20 minutos. Que, por mim, podiam ter sido 2 dias.

O resto do dia? Sem energia para nada. Hoje, que não esteve calor, estava perfeito para ir fazer aquilo que quero tanto há tanto tempo: ir caminhar no Parque à tarde. Mas energia? A zero, foi toda consumida de manhã.

Tenho que fazer uma gestão muito rigorosa da energia que vou tendo. Que, já se sabe, está longe, muito longe!, de chegar para tudo…

E tenho que reencontrar o meu caminho. Ia dizer que tenho que o reencaminhar rapidamente, mas depois lembrei-me que deixei de ter pressa seja para o que for. Porque tudo tem o seu tempo, o seu ritmo. Tudo acontece quando tiver que acontecer. Por isso, o meu caminho será reencontrado quando tiver que ser. Não tenho pressa.

E o Mundo lá fora continua a ser um lugar tão feio…cada vez tenho menos vontade de o enfrentar. Porque se está a construir um Mundo com base no Ódio. E eu sou pelo Amor.

{#160.206.2025} – parte II

Frustração? Também é isto! É querer escrever um postal. É querer escrever de forma legível um postal! É escrever o curto texto numa folha à parte para depois copiar para o postal e perceber a quase ilegibilidade do que escrevi. Letras que não foram escritas deturpando várias sílabas das poucas palavras escritas. Passar do rascunho para o postal e escrever devagar, com calma. Mas a caneta teima em voar da minha mão direita. Aquela que escreve, apressada ou calmamente, roubando letras ou criando novos hieróglifos para, eventualmente, serem traduzidos pelo destinatário.

…e entre a caneta que me voa dos dedos, a visão dupla em força a distorcer o que vejo à minha frente, a hiper-estimulação sensorial que tanto me incomoda, o calor que o meu corpo já não consegue regular…entre tudo isso, a frustração de já não ser quem era, de ter dificuldade em coisas tão básicas como escrever…! A frustração que me desperta a revolta, a zanga, tudo o que tenho cá dentro e que precisa de sair rapidamente…! Sim. A frustração também é isto…

…e também é querer esconder-me no abraço dele por um momento até me reencontrar e não posso porque a distância não o permite…

…também é querer, e precisar tanto de, chorar. E não conseguir. E diz-me a Neuropsicóloga que o trabalho de casa é começar a delinear esse processo que tem que acontecer muito em breve porque não me está a fazer nada bem não chorar…e também é a frustração de saber que não vai acontecer como eu gostaria, como me faria todo o sentido, como eu na realidade preciso tanto…

Sim, a frustração também é tudo isto. Mas também é tanto mais…

…e eu só queria, agora, o colo e o abraço dele para me reencontrar…e a frustração também é saber que não tenho comigo o colo e o abraço dele que preciso tanto…

{#160.206.2025} – parte I

O Mundo lá fora está um lugar muito feio. Eu ia dizer que está um lugar estranho, mas estranho sempre foi. Agora, e cada vez mais!, está um lugar feio. Muito feio. Demasiado feio!

Não me vou alongar sobre TUDO o que está a acontecer. Pelo Mundo inteiro! Não é só aqui ou ali. É em todo o lado. E incomoda-me. Muito! Porque, por detrás do que está a acontecer em todo o lado, existe um denominador comum: o ser humano. Que, em tantos casos, demasiados casos!, perdeu toda e qualquer humanidade que ainda poderia ter. E eu não entendo. Não entendo o porquê e muito menos aceito o que está a tornar o Mundo num lugar tão feio…

Sinto-me demasiado pequena no meio disto tudo. E, não pode ser mudar o Mundo lá fora, refugio-me no MEU Mundo cá dentro. No meu Jardim das Leguminosas, que eu teimo em querer chamar de Jardim das Buganvílias. O tal meu Jardim que não tem nem Leguminosas nem Buganvílias. Mas é o MEU Jardim. É o MEU refúgio. Onde as notícias do Mundo lá fora me chegam. Todas. E me fazem, cada vez mais, não querer sair daqui.

Digo que não entendo o que se passa no Mundo lá fora. Mas entendo. Até bem demais. E precisamente por entender, até bem demais, não quero largar o meu Jardim. Baptizado das Leguminosas quando eu queria Buganvílias e proliferam as Suculentas.

Seja. Se o Mundo lá fora me bater à porta é no MEU Jardim que mesmo vai encontrar. Mas a vontade é de lhe abrir a porta SÓ se trouxer boas notícias. Porque, como está, não o quero…

{#159.207.2025}

Sair de casa às 19h porque, ingenuamente, “já deve estar menos calor” era o que pensava… Não saí de casa no Sábado o dia todo por estar calor. Sabia que hoje estaria pior. Mas às 19h queria muito que já não estivesse tanto calor na rua. A vontade de sair de casa, dar uso às pernas, arejar as ideias, enfim, existir para lá destas quatro paredes…era praticamente obrigatório sair de casa! Mas o tal “já deve estar menos calor” às 19h foi completamente refutado pelo argumento da app de meteorologia que ditava 27 graus. E 27 graus é muito calor…!

Pelo menos para mim é. Ia para beber um café. Mas a minha mãe teve a ideia mais acertada: um gelado! Claro que sim! E hoje tinha que experimentar o Cornetto Perna de Pau. E posso dizer que foi uma escolha muito acertada! Porque um Perna de Pau é sempre bom. Mas aliado ao Cornetto? É só muito melhor do que isso!

A verdade é que ajudou, bastante!, a refrescar. A baixar a minha temperatura. Aquela que, à conta disto que me apanhou na curva, não consigo regular…

Voltar para casa às 21h com 24 graus lá fora. Ainda estava calor na rua. Pelo menos para mim. E voltar a baixar a minha temperatura depois de chegar a casa não foi nem fácil nem rápido…

Começo a achar que tenho que fazer um qualquer contrato de fornecimento directo de Cornetto Perna de Pau com a Olá para conseguir suportar o Verão que ainda nem sequer começou…

{#158.208.2025}

Sábado e depois de almoço estavam 26 graus lá fora. Dia perfeito para ficar em casa, claro. Escondida do calor, mesmo que estivessem “só” 26 graus. Não interessa. É demasiado para isto que me apanhou na curva e que se dá muito mal com o calor. Apanhar Sol para recarregar a Vitamina D? Era bom, mas só se as pernas estiverem à sombra. Por muito que goste muito de sentir o Sol na minha pele, as minhas pernas dizem que não. Porque o calor faz doer. Muito. As pernas doem com o calor, como doem com o frio e a meia estação já não é como era antes…

Ficar em casa também é sinónimo de estar a curtir uma mega dose de…fadiga! E fadiga não é o mesmo que cansaço. É pior! É mais pesado. Quase violento. No cansaço, uma pessoa pára, descansa um pouco e recupera. Normalmente acorda de manhã com a bateria recarregada. Na fadiga? Acordar com 75% de bateria já é muito bom, 100% é coisa que não acontece. E para descarregar essa bateria viciada e avariada não é preciso muito.

Quaisquer 90 minutos ao telefone com quem está do outro lado com as ferramentas certas para me ajudar e a bateria desce para uns 10% de energia. E não, não estou a exagerar. E também não exagero se disser que antes de segunda feira não reponho os níveis. Ainda hoje é Sábado, eu sei. Mas…com a previsão de 31 graus para amanhã? Não me apanham na rua mas também não me apanham nos 75% de energia. 65% e já é uma sorte para começar o dia…

Ela, a gata, claro que tinha que vir dormir no meu colo. E, já sei, não é só o calor do Sol que me faz doer as pernas. O peso e o calor dela também…

Agora? Passa das 19h e cheguei finalmente ao sofá! Por isso, com licença! Vou só ali e já volto…!

{#157.209.2025}

Mais uma voltinha, mais uma viagem!

Depois do fiasco que foram as consultas com o Psicólogo Sem Empatia, apresentei um pedido de mudança de profissional. E nem podia ter sido de outra forma. Maus profissionais existem em todo o lado, é verdade. Mas, quando temos a possibilidade de pedir para mudar, nada como aproveitar!

Fiz o pedido. Foi aceite e nem eu via outra opção. Agora, em vez de um Psicólogo Sem Empatia, tenho uma Neuropsicóloga que é um raio de luz no meio da tempestade e que, já percebi, me vai ajudar a chegar a bom porto.

Para primeira consulta correu muito bem. Não era suposto ter já trabalho de casa para fazer, mas ambas chegámos à conclusão que é preciso avançar já com alguma coisa.

Que eu preciso, muito!, de chorar, é mais do que sabido. Que eu tenho um bloqueio que não me deixa chorar, até ela já percebeu logo na primeira consulta. Que eu preciso de o conseguir rapidamente, ninguém duvida.

Falámos nas Rage Rooms Ou Sala da Raiva. Onde é possível descarregar tudo o que de negativo trazemos cá dentro. E se for para partir alguma coisa, ali seria o sítio certo para isso. Mas acho que não existe disso em Portugal. E devia.

O meu processo de descarga precisa de passar por barafustar. Muito. Será intenso? Claro que sim. E será muito físico também. E aí assusta-me um bocadinho. Mas faz-me todo o sentido.

Uma Rage Room era tão, mas tão perfeita… Mas, já sei, vai ser precisa a presença de alguém. Porque, no final, vou precisar, muito!, de um abraço. Apertado…

Foi a primeira consulta com a Neuropsicóloga. Mas, com ela, consigo ver-me neste processo. De descarga emocional, primeiro. De aceitação, depois.

Agora? É um dia de cada vez. E quem me acompanhar vai precisar de alguma paciência. Sendo que “alguma” significa “muita”. E eu? Vou precisar de força e coragem. E de um abraço apertado…

{#156.210.2025}

Faz hoje exactamente 2 anos, mais ou menos a esta hora (16h50), que decidi fazer uma coisa que raramente faço, embora desde essa data tenha feito mais vezes do que fazia antes: decidi publicar uma selfie e dizer Olá a quem estava, na altura, desse lado. Foram poucas, muito poucas, as respostas. Mas não procurava nenhuma resposta. Simplesmente me apeteceu dizer Olá. Estava aborrecida, de baixa desde o final de Abril e com vontade de conversar. Vai daí, saiu uma selfie e um Olá.

E foi aí que se abriu o caminho para reencontrar aquela metade de mim que eu não sabia que me faltava. Foi aí que ele, ao fim de nos cruzarmos aleatoriamente há 11 anos, deu o primeiro passo e me deu um Olá de volta.

Ao fim de 2 anos, 720 dias, não sei quantas horas porque não me apeteceu fazer as contas, é de mão dada que juntos seguimos caminho. Até porque ele, quando informado do que ainda era só uma suspeita e não já um diagnóstico fechado, me garantiu que o caminho seria feito pelos dois, sempre de mão dada e se o caminho se tornasse mesmo muito difícil ele levar-me-ia ao colo.

Ao fim de 2 anos que são 720 dias não sei se ele se apercebeu das tantas vezes que já me levou ao colo. Mas levou. Nos momentos mais difíceis nunca virou as costas nem me largou a mão. E, à nossa maneira, vamos fazendo o nosso caminho juntos.

Há condicionantes? Muitas. Mas se há um Tsunami no Mar da Caparica é por causa de um Terremoto com epicentro a 135km daqui.

Reconhecemo-nos rapidamente. De outros tempos, de outras vidas, não sei nem interessa. Sei, sim!, que encaixamos na perfeição como duas peças de Lego. Temos uma história que é nossa e que construímos à nossa maneira todos os dias sem esforço de tão natural que é. Tão simples que é. Tão pura que é.

É a nossa história. E que começou porque ela que sou eu decidiu dizer Olá a quem estava desse lado na altura e ele estava. No sítio certo à hora certa.

2 anos hoje. E parece que foi ontem. E tem sido sempre tão bom. E nestes 2 anos já tanta gente chegou, já outros tantos se foram embora, tanto para mim como para ele. Mas 720 dias depois, que são 2 anos, continuamos juntos. Sempre de mão dada. A construir a nossa história. Um dia de cada vez.

{#155.211.2025}

Fisioterapia de manhã, para começar o dia logo a dar tudo e sair de lá de rastos…

Yoga ao final da tarde, para dar o dia por terminado pouco depois e sair de lá de rastos…

Pelo meio, tentar recarregar um pouco a minha bateria interna que já começa o dia a 75%.

O que me chateia mesmo? É este meu hábito de fazer prolongar o tempo, esticar o dia e ir dormir bem mais tarde do que gostaria e do que me é recomendado…

Ainda não é hoje que vou dormir cedo…e já sei que, amanhã, esta coisa que me apanhou na curva me apresenta a factura. E, já se sabe, o meu corpo é que paga…

…e eu não aprendo nada com isto porquê? Até quando…?

{#154.212.2025}

Como sempre, um passo de cada vez, um dia de cada vez. Sem pressa. Sem pressão. Mas cada vez mais com muita vontade de me superar…!

A fisioterapia diária é absolutamente necessária para que eu não perca o básico: poder andar. Será com o apoio da bengala, claro que sim. Mas andar? Sempre. Faço questão de não parar. De não permitir que o meu corpo decida por mim.

O equilíbrio também é para ser muito trabalhado. Até porque caminhar está muito dependente do equilíbrio, claro. E esta manhã, na fisioterapia, depois dos exercícios de reforço muscular na marquesa foi altura de trabalhar o equilíbrio e introduzir exercícios neurológicos que trabalham o equilíbrio e o movimento consciente. E ao perceber que um dos exercícios estava a desafiar o meu equilíbrio e não estava a conseguir realizar o movimento com sucesso, parei, respirei fundo e disse ao Zé, o meu fisioterapeuta: “vou repetir. Vou tentar novamente. Porque quem manda no meu equilíbrio sou eu!”

Respirei fundo. Endireitei as costas. Cabeça erguida. E repeti. Com sucesso!

E é assim que quero que continue a ser! Mesmo que as minhas pernas me digam que não. Mesmo que o meu equilíbrio me faça tremer, me abane. Mesmo que tudo esteja contra mim! Quem manda no meu equilíbrio sou eu! E hei de encontrar sempre o movimento certo para concretizar o que me proponho!

…nem aceito que seja de outra forma! Mesmo que seja um passo de cada vez. Um dia de cada vez. Sem pressa. Sem pressão. Ou, talvez, precisamente por isso!

{#153.213.2025}

Se eu sou uma miúda de sorte? Cada vez tenho mais a certeza que sou, nem que seja só pelas pessoas que me são. Que me são aqueles amigos com um A maior do que maiúsculo, porque ser apenas um A maiúsculo não é suficiente.

Sou também uma miúda com imensos Pedros na minha vida. Nunca pensei que fosse possível ter tantos, mas tenho! E desde há minutos tenho mais um! Acabado de chegar. Acabado de nascer! Um Pedro filho de um daqueles Amigos que falei acima, com um A maior do que maiúsculo porque só maiúsculo não é suficiente!

Tinha ficado combinado com o pai que quando o Pedro chegasse bastava uma mensagem a dizer que chegou. Não queria nem fazia questão de um telefonema. Sei que este momento é especial e há muita gente para avisar. A mim bastava-me uma simples mensagem. Mas há poucos minutos o telemóvel tocou…

Quando vi quem me ligava, soube no momento o que era. E atendi a dizer “vais-me dizer que nasceu!”. E disse-o! Tinha nascido há poucos minutos! Um Pedro grande! Pesado! Perfeito! E que se vai juntar à minha enorme lista de Pedros na minha vida. E sobrinhos do coração!

O pai ainda estava a tremer, com um sorriso enorme na voz. Quando lhe disse que não era preciso ter ligado, simplesmente me disse “Liguei porque tu mereces!” E eu fiquei tão feliz pela chegada de mais um Pedro como o pai sabia que eu ia ficar! Esse pai que todos os dias me ligava depois do trabalho, em 2017, quando sabia tão bem que eu estava tudo menos bem. Não me falhou um dia durante tantos meses que lhes perdi a conta!

Recordo que, na altura, todas as noites se cruzava com uma raposinha e que falávamos sobre ela. Agora, já não há raposinha. Mas há um novo Pedro. E iremos sempre falar sobre o Pedro e eu, tia babada!, faço questão de o acompanhar mesmo que à distância de 250km.

Bem-vindo, Pedro! E um beijo enorme ao pai e à mãe! E que sejam MUITO felizes os 3! E eu cá estarei para te acompanhar! Sempre!

{#152.214.2025}

Conversar. Falar abertamente. Colocar questões. Tirar dúvidas. Ouvir. Ainda sou das pessoas que dá valor a tudo isto. Seja em que contexto for. E fico feliz por saber que, como hoje, é possível pôr tudo isto em prática.

Acredito que é a conversar que conseguimos crescer. Limpam-se as nuvens que nos podem desorientar. E seguimos em passo mais firme e seguro.

E tem sido um crescimento bonito. Sem pressa. Mas com vontade. E com certeza. E segurança.

Agora é continuar assim. E, sem tabus, conversar. Sempre.

{#151.215.2025}

……só por hoje……

Quem sabe amanhã…

…em loop na minha cabeça, num eco contínuo, uma espécie de red flag? Talvez.

O que é certo: dói. Muito. Mais do que gostaria de admitir…

Agora? Tento não pensar muito nisso. Tento combater esse eco contínuo. Tento silenciá-lo sem saber muito bem como fazer para o conseguir…

…quem sabe amanhã…? Logo se vê…

{#150.216.2025}

Porque hoje é o Dia Mundial desta coisa que me apanhou na curva e cujo nome continuo a não conseguir verbalizar. Mas é preciso falar sobre isto. Partilhar experiências. Dificuldades. Coisas que ajudam nos momentos mais difíceis.

Já sabemos que há tratamento mas não há cura. O tratamento não traz melhoras nenhumas, mas tenta travar a progressão disto que é neuro-degenerativo.

Aceitar o diagnóstico será, provavelmente, a batalha mais difícil. Não sei…
O que sei é que qualquer um de nós, os muitos que até somos raros, continuamos a ser exactamente quem éramos antes do diagnóstico. É normal que exista um “antes” e um “depois“. Mas o “depois do diagnóstico” não faz de nós menos do que éramos antes.

Disseram-me há um ano que “a vida não acaba aqui”. E é verdade. Não acaba. E é possível que o novo normal que se inicia até traga coisas muito boas. Não duvido. Ainda não tive foi tempo, ainda é tudo muito recente, ainda me estou a habituar e a conhecer esta nova Eu.

Que esta coisa é uma grande treta? Não duvidem. É como se nos tirassem o chão de baixo dos pés. Mas não é para desistir. De nada. É para reaprender a andar? É para fazer ajustes, adaptações, alterações até às coisas mais básicas como tomar banho? Então siga! Desistir é que não é opção.

Dia Mundial desta coisa que me apanhou na curva. Cujo nome continuo a não conseguir verbalizar. Muito provavelmente continuo a recusar. Porque o que eu queria mesmo era voltar ao meu antigo normal. É que este novo normal não tem piada nenhuma…especialmente porque não é possível fugir dele.

Por isso, siga! E quem quiser acompanhar já sabe: é devagar. Devagarinho…

{#149.217.2025}

A vida não é apenas a preto e branco. Existe todo um imenso espectro de cores entre os extremos que marcam a total ausência de cor e a soma de todas as cores. Durante muito tempo, demasiado tempo!, foquei-me apenas nos diversos gradientes de cinzento, porque cinzento também é uma cor, é verdade, mas limita a visão completa desse imenso espectro de cores que nos pintam os dias.
No momento actual, teria todos os motivos para regressar ao cinzento e focar-me apenas nesse leque limitante. Mas optei pela imensidão de cores que pintam o arco-iris, que compõem esse imenso espectro, que nos pintam os dias. O cinzento também marca presença, mas rapidamente a atenção é desviada.

Aprendi nos últimos quase quase quase 2 anos a encontrar cor em todo o lado, todas as cores mesmo nos dias mais escuros. E aprendi também que olhos castanhos, aqueles olhos castanhos onde me perco, onde me rendo e onde, sem qualquer receio, me entrego, contêm em si todas as cores de todos os sonhos, todos os desejos, todas as cores de todos os tempos, de todas as vidas.

Rendo-me todos os dias a todas as cores. Aceito o preto, aceito o branco, aceito o cinzento. Mas é a todas as outras que me entrego. Que me deixo levar. Que sonho.

O grande responsável por este caminho de crescimento e aprendizagem do espectro de cores? Ele. Sem dúvida ele. Responsável por este caminho porque desde o primeiro dia viu em mim mais do que apenas o cor de rosa que me acompanha nos pequenos pormenores. Viu em mim o imenso espectro de cores e ensinou-me a reconhecê-las. Em mim. Nele. E em tudo o que nos envolve. Porque a vida não é apenas a preto e branco. Seria tão mais fácil se fosse. Mas não seria necessariamente melhor…

Gosto do imenso espectro de cores que faz de NósNós! Gosto dele tal como ele é. Gosto muito mais de mim desde que aprendi, com ele, a reconhecer todas as cores em mim. Gosto de Nós e do arco íris que pintamos diariamente há quase quase quase 2 anos. E mesmo no caminho que percorremos de mão dada a pintar o nosso arco íris o cinzento aparece. Mas rapidamente é ofuscado por todas as outras cores.

Aprendi com ele a ver todas as cores que nos envolvem. E já não passo sem elas. E sem ele

{#148.218.2025}

Tenho falado aqui algumas (poucas!) vezes sobre superação. Que é esse o objectivo que tracei para mim. Superar-me a mim mesma. Condicionada por um diagnóstico que eu não procurei mas que me encontrou e veio para ficar. Mas eu quero muito mais do que a previsão agreste e agressiva de uma doença neuro-degenerativa progressiva, com tratamento mas sem cura, um tratamento que existe mas que apenas vai tentar travar a progressão, não vai trazer melhoras, muito menos regressão das dificuldades que já tenho.
Quero mais. E quero melhor. Muito melhor! Quero superar essas dificuldades. Ir mais longe do que o diagnóstico me diz que posso ou que consigo. No fundo, o que quero é simplesmente superar-me!

A superação exige trabalho. Muito trabalho. Muito foco. Muita força de vontade para não desistir, porque os dias difíceis são mais do que os outros. E quando são difíceis são MUITO difíceis. Que ninguém duvide disso.

Mas há uma coisa que eu não duvido: estou muito bem acompanhada. Seja com o Yoga com o Professor Pedro, com a Fisioterapia com o Fisioterapeuta Zé da MoveClinics em Almada, seja com a presença dele à distância de um clique a 135km daqui.

Superação. É esse o meu objectivo. Superar-me a mim mesma. Posso chegar a casa de rastos depois de uma manhã na Fisioterapia e do Yoga ao fim do dia. Mas, seja num lado ou no outro, tenho muito orgulho do que já alcancei depois de 2 anos consistentes de Yoga e de 1 ano de trabalho diário na Fisioterapia.

E tenho um brilho e um sorriso especiais e diferentes por ter, praticamente há 2 anos, do meu lado alguém que cedo me pegou pela mão e me disse, ainda antes da confirmação do diagnóstico, que o caminho seria sempre feito a dois, de mão dada e que quando me fosse difícil caminhar me levaria ao colo.

Sou muito grata a este trio que me acompanha: o Pedro, o Zé e ele. Porque desde cedo viram em mim muito mais do que eu mesma via. Porque me desafiam todos os dias a ir um bocadinho mais à frente. Porque, mesmo sem nenhum deles saber, me inspiraram a traçar este objectivo para mim mesma: a superação!

É um dia de cada vez. Eu sei disso. Não sei se sou forte ou com garra como a Susana diz que sou. Mas quero mais!

{#147.219.2025}

Todos os dias me apaixono mais um pouco. Por ele, que é aquela metade de mim mesma que eu não sabia que me faltava. E que sem dúvida é o que de melhor me aconteceu há praticamente 2 anos. E é o que de melhor me acontece todos os dias.

135km de distância. Mas a distância não significa necessariamente separação. Posso eu não estar todos os dias. Pode ele não estar aqui todos os dias. Pode haver 135km para percorrer. Mas estamos juntos todos os dias. À nossa maneira. Da única maneira possível. Mas juntos, sempre de mãos dadas, vamos percorrendo os dias e construindo uma história. Que é a nossa história. Que já vem de longe. Tão longe. Outros tempos? Outras vidas…

Se, por algum motivo, tivesse que me apaixonar novamente, seria por ele. Disso não tenho qualquer dúvida. Não só mas também porque foi exactamente isso que aconteceu hoje: voltei a apaixonar-me por ele. Como se fosse a primeira vez. E hoje percebi o que me fez reconhecê-lo há praticamente 2 anos: foram os olhos. Para os outros, uns banalíssimos olhos castanhos. Para mim, os olhos que me cativam todos os dias, e que guardam e reflectem quem eu sou por inteiro.

Reconheceria, reconhecerei!, sempre aqueles olhos. Aquele olhar. Intenso. Profundo. Desconcertante. Que me faz tremer as pernas. Que me garante segurança. Que me vê. Que me reconhece também.

Todos os dias me apaixono mais um pouco. É verdade. Mas hoje? Hoje aquele olhar dele bateu mais forte. E voltei a apaixonar-me como no primeiro dia. Noutro tempo. Noutra vida…

{#146.220.2025}

O Mundo é um lugar cada vez mais feio. Para onde quer que se olhe, lá está ele: o ódio. A intolerância. A perseguição da diferença. Seja ela física, mental, espiritual, o que for. Fica cada vez mais difícil focar-me unicamente em coisas que me fazem bem, que me sabem bem.

Gostava tanto de poder fazer uma espécie de ctrl-alt-del ao Mundo. Forçar um processo para reiniciar e, com sorte, voltar ao último formato. Onde o Mundo continuava a ser imperfeito, claro, mas onde ainda era possível encontrar um lado bonito. Não é possível reiniciar o Mundo. E encontrar coisas bonitas, mesmo não sendo completamente impossível, é cada vez mais difícil.

…e é também por isso que a minha vontade é fechar-me, isolar-me longe de tudo aquilo que me dói. Porque olhar o Mundo de frente está cada vez mais difícil…