Dia de, finalmente!, regressar à fisioterapia em Almada, mas desta vez a começar às 9h da manhã, o que implica sair de casa antes das 8h para não perder o autocarro. Ou seja, volto a sair de casa antes do Sol nascer. Já não é de noite, é verdade, mas ainda me cruzo na via rápida com um Sol acabado de acordar, embora hoje um bocadinho envergonhado e sem aquelas cores maravilhosas que já encontrei noutras manhãs. Até perto do final do mês pode ser que as volte a encontrar.
Novo fisioterapeuta neste que é o quarto ciclo de tratamento nesta clínica. E que, já percebi, será para manter em ciclos até sabe-se lá quando. Se é que alguma vez haverá um fim. Mas hoje, pela primeira vez, senti que o tratamento não se foca somente no fortalecimento muscular mas também, e muito, no equilíbrio. Que é onde eu encontro a minha maior dificuldade.
Ter as sessões de fisioterapia logo às 9h da manhã deixa-me o resto do dia completamente livre. Às 10h30 estou despachada e com um dia inteiro pela frente. E o que eu queria para hoje, dia de Yoga ao fim da tarde, não correu exactamente como eu tinha pensado…especialmente porque dormir apenas 2 horas numa noite não ajuda. Em nada. Apesar de só ter dormido as 2 horas a fisioterapia correu bem. Mas o frio…
Saí de casa com 2 pares de calças, por fora as calças de ganga normalíssimas e, por baixo destas, as calças que uso para o Yoga e tenho usado também para a fisioterapia. A ideia era, ao chegar à clínica, tirar as calças de ganga e fazer os exercícios só com as outras. Mas o frio…
Saí de casa com 5 graus marcados na app de meteorologia, com sensação de 3. As pernas ressentiram-se de imediato, claro. E já cheguei à fisioterapia com dores na barriga das pernas, onde me dói sempre tanto. Quando regressei a casa, não sei quanto marcava o termómetro, sei apenas que as pernas estavam geladas. E com muitas dores. Mudei de roupa para algo mais quente: calças de pijama e calças de fato de treino. Mas nem assim as pernas aqueceram.
Para o almoço estava confirmada a presença dos meus sobrinhos. Os meus homenzinhos que estão cada vez mais bonitos e cada vez maiores! Como assim o Miguel já está mais alto do que a avó a meros 9 cm da minha altura? Eu sei que são quase 15 anos, mas… E o Filipe, à beira dos 12 anos, apesar de não ser um gigantão para a idade, já conta com 1,46 m. É muito bom acompanhá-los, ver a evolução de cada um, o saudável e correcto desenvolvimento de cada um, mas…onde é que estão os meus sobrinhos pequeninos? Estão a deixar de ser homenzinhos, para serem homens crescidos, é o que é! E eu não estou preparada para isso! A voz do Miguel está a mudar, já não é aquela vozinha de menino pequeno! Já está muito perto de ser uma voz de homem crescido! O Filipe ainda mantém a voz que sempre lhe conhecemos, mas não vai durar muito mais do que uns 2 anos…e eu não estou preparada para isso!
O Miguel já é oficialmente um adolescente. Mas, pelo menos cá em casa, não passa pela idade do armário. Está sempre junto de nós e conversa, como sempre o fez, como gente grande. O Filipe, que aparenta sempre ser muito bruto e despegado, mantém a doçura que lhe conhecemos. Quando chegaram eu estava deitada no sofá embrulhada em duas mantas com as almofadas térmicas quentinhas de trigo a tentar aquecer as pernas sem sucesso, continuaram geladas ainda muito tempo. O Filipe veio aninhar-se ao pé de mim, encostado às minhas pernas e perguntou com aquela voz doce e olhar preocupado: “estás melhor do pé, tia? Ou da perna?” Sorri-lhe e relembrei-o de uma conversa que já tínhamos tido: “o problema da tia não é na perna, Filipe, tu já sabes…”. Sorri-lhe e não falámos mais sobre isso. Não tenho qualquer problema em falar com eles sobre isto que me apanhou na curva, mas só falamos se algum deles tomar a iniciativa.
Soube mais tarde pela minha mãe que o Filipe a foi ajudar a preparar as coisas para o almoço e que, a certa altura, lhe perguntou “a tia está melhor da perna, avó? Eu já sei que o problema não é na perna. É no cérebro! Mas a tia está melhor?” Não sei o que a minha mãe lhe respondeu, mas ele fazer estas perguntas e saber exactamente que o problema da tia não é na perna mas sim no cérebro deixa-me deliciada com este menino que eu sempre descrevi como sendo um furacão. Porque sempre o foi e continua a ser.
Foram-se embora depois do almoço. Do Miguel eu não esperava menos do que o costume, aquilo que acontece sempre quando nos despedimos: um abraço. Mas o abraço dele hoje foi diferente, porque já lá vai o tempo, e não tão longe assim, em que no nosso abraço a cabeça dele mal me chegava ao ombro. Mas hoje…hoje estávamos quase ao mesmo nível! Está enorme!
Chegou a vez de me despedir do Filipe, que foge sempre de beijos e abraços. Mas hoje, por algum motivo, fui apanhada de surpresa quando dei pelos braços dele à minha volta, por iniciativa dele, para um abraço apertadinho. Que me soube tão bem.
Não estiveram cá em casa por muito tempo, é verdade, mas, e como acontece sempre, foi tão bom tê-los tão perto, poder olhá-los e tocar-lhes porque estava mesmo ali!
Olhei para o relógio e percebi que ainda podia descansar por, pelo menos, uma hora antes de começar a preparar-me para sair para o Yoga. Mas a urgência mantinha-se a mesma desde que tinha chegado a casa: aquecer as pernas e aliviar as dores! Novamente o sofá, novamente as duas mantas, novamente as almofadas térmicas quentinhas de trigo. E aqui as duas horas dormidas na noite anterior cobraram-me o sono em falta…e adormeci em menos de nada!
Chegada a hora de começar a preparar a saída de casa para o Yoga, o alarme do telemóvel tocou. Eu ouvi-o. Mas desliguei-o. Assim como fiz nos vários horários que tenho agendados para as quintas feiras no telemóvel… Até que acordo com a minha mãe a dizer-me “Catarina, já são quase 7 horas!”. Eu, estremunhada, pensei que já era de manhã e ainda respondi que ainda tínhamos tempo para o autocarro. “Não! Não tinhas o Yoga às 7h da tarde?!”
Foi então que me caiu a ficha…eram quase 7 horas da tarde e não 7 horas da manhã, como eu pensei ao acordar…e bolas! Não vou ao Yoga!
Fiquei chateada de não ir, admito. Mas estava tão a precisar de recuperar e descansar! E foi o que fiz. Ainda enviei mensagem ao Professor Pedro, mas fiquei chateada comigo e com a minha noite anterior. E amanhã o horário de madrugar repete-se, o que não se pode repetir é a noite de ontem.
O dia hoje foi bom, foi intenso, houve mimos, houve amor! E os meus sobrinhos podem já não ser pequeninos e rapidamente deixarão de ser homenzinhos, mas serão sempre os homens da minha vida!