{#189.177.2025}

…cada vez me apetece menos porque cada vez me dói mais. A fisioterapia. Os exercícios físicos intensos na marquesa. O trabalho de subir escadas e voltar a descer e ter que enfrentar, na descida, aqueles dois primeiros degraus que o meu cérebro já não consegue processar correctamente e onde tenho verdadeiro medo de cair. Sei perfeitamente que são dois degraus distintos. Sei perfeitamente onde começa e acaba cada um deles. Sei perfeitamente o tamanho de cada um. Mas são os dois primeiros degraus a descer e o meu cérebro teima em transmitir-me uma imagem incorrectamente processada que me leva ao medo. Ao medo que impede o movimento das minhas pernas que demoram a reagir e a dar o primeiro passo para descer…

Mas, mesmo sentindo esse medo que me paralisa os movimentos, mesmo sabendo que aqueles dois degraus que o meu cérebro processa incorrectamente como se fosse um só sabe Deus a que nível, mesmo sabendo que aqueles dois degraus são realmente dois em níveis diferentes e não um só num qualquer nível que não sei qual é, mesmo sentido esse medo, mesmo sabendo que são dois e não um, mesmo que o primeiro passo demore demasiado tempo até acontecer, mesmo que o meu corpo me diga que está cansado de toda essa rotina diária e peça descanso, mesmo tudo isso!, é na fisioterapia que me encontram. Todas as manhãs durante a semana, é lá que me recordo a mim mesma que todo o trabalho que lá faço é para continuar a dar os meus passos. Passos pequenos, inseguros nunca incertos, equilíbrio precário que resiste, força motriz que insiste. É ali que continuo, e irei continuar!, a tomar conta de mim!

Não me apetece ir novamente amanhã. Mas vou. Porque não ir é sinónimo de desistir. E eu não quero isso para mim. Continuo muito perdida de mim mesma. Mas, para me reencontrar, a procura também passa por ali…

Não me apetece ir amanhã. As dores nas minhas pernas dizem, agora, que não querem. Mas, não duvido!, com o tempo irão acabar por me agradecer…

Muito confusa, muito perdida, muito à procura de mim. Foi algures que me perdi de mim mesma. Será algures que me irei reencontrar. Seja lá esse algures onde for. Até pode vir a ser na fisioterapia…

{#188.178.2025}

…mesmo nos dias em que mais me custa, nos dias em que a vontade inicial é desistir, mesmo nesses dias, ou especialmente nesses dias!, se é para ir, vou!

Perdida de mim. Sem mapa ou GPS para me reencontrar. Procuro-me nas pequenas coisas. Procuro-me nas grandes coisas. Procuro-me em todas as coisas! Procuro-me

Não sei exactamente onde me perdi. Não sei exactamente como me perdi. Não sei exactamente o que de mim perdi…

procuro-me. Sem mapa ou GPS. Resta-me confiar na luz das estrelas. Na sabedoria do Universo. Em mim mesma acima de tudo…

{#187.179.2025}

Se é para ir, não hesito. Vou. Em frente, passos pequenos, nunca incertos, equilíbrio precário que resiste, força motriz.

Medo. Percorre o corpo. Paralisa. Força motriz que insiste. Se é para ir, vou. Em frente, sempre. Não hesito. Sem apoio. Sem rede. Com medo. Sempre. Vou.

Pequenos passos. Inseguros, o valor das pequenas coisas, nunca incertos. Equilíbrio precário que resiste ao abalo das ondas. Em frente. Se é para ir, vou.

Não há garantia. De nada. De ninguém. Do amanhã. Tudo muda. Tudo pode mudar. A qualquer momento. A qualquer instante.

Pequenos passos. Inseguros. Nunca incertos. O imenso peso, o enorme valor. Das pequenas coisas num equilíbrio precário. Que resiste. Força motriz que insiste. Não hesito. Se é para ir, vou.

Pequenos passos. Inseguros num equilíbrio precário, resiste ao abalo das ondas. Passos inseguros, nunca incertos. O peso, valor quase sagrado e imenso das pequenas coisas que não dão nada nem ninguém por garantido.

Pequenos passos, inseguros nunca incertos. As pequenas coisas num equilíbrio precário que resiste. Força motriz que insiste. O abalo das ondas que nada garante. Nem ninguém.

Se é para ir, vou.
Agora para que o depois não seja já tarde demais…

————–

Os passos são pequenos. São inseguros mas não incertos. Vou. Vou sempre. Se é para ir.

…mas há um antes e há um depois. E esse depois é agora.

E é esse agora que dói. Dói tanto. Dói ainda mais saber que não é possível voltar ao antes quando eu nem aceito o depois. Esse depois que é agora! Que me agita! Que me revolta! Que me dói! Tanto! Que me grita que preciso, muito!, de chorar! Com urgência!

…não consigo chorar! Continuo a não conseguir chorar! E continuo a engolir em silêncio esse depois que é agora, que me dói, muito, tanto!, que me consome em silêncio e a seco porque as lágrimas teimam em não cair e eu preciso TANTO que elas caiam! Agora! Que é esse tal depois que veio sem licença tomar o lugar do antes!

…do que EU era antes…que não era assim…que conseguia chorar quando a dor era maior do que eu…

O que era EU antes…tenho saudades desse EU de antes…que não volta mais…e esse não poder voltar dói. Muito! Tanto…!

…e eu de agora, desse depois do que era antes, preciso MUITO de descongestionar o que não me deixa chorar! Porque eu não consigo chorar…!

…e preciso tanto de o fazer…

(…e sussurro, baixinho, um urgente pedido de ajuda que ninguém parece ouvir…………)

{#186.180.2025}

Pequenos passos. Inseguros, mas com a certeza do valor das pequenas coisas. Equilíbrio precário que resiste ao abalo das ondas.

Não deixar nada por dizer. Não deixar nada por fazer. Não deixar nada para depois. Se é para ser, é agora. Não deixar para quando já for tarde demais.

Não dar nada por garantido. Não dar ninguém por garantido. Tudo muda. Tudo pode mudar a qualquer momento. Não há garantia de nada. Nem do amanhã. Especialmente do amanhã…

Pequenos passos. Inseguros. Pequenas coisas que ganham uma enorme dimensão num equilíbrio precário que resiste ao abalo das ondas.

Esta sou eu. Esta também sou eu!

………se até o Mar se recolhe na maré vaza, se até o Mar procura o conforto do confronto………

Pequenos passos. Inseguros num equilíbrio precário que resiste ao abalo das ondas. Passou Inseguros, nunca incertos. O valor imenso das pequenas coisas que não permitem dar nada nem ninguém por garantido.

Um Tsunami originado por um Terremoto com epicentro longínquo. Ondas de choque não garantidas. Réplicas não desejadas…

Pequenos passos, inseguros nunca incertos. As pequenas coisas num equilíbrio precário que resiste. O abalo das ondas que nada garante. Nem ninguém.

Não deixar nada por dizer. Não deixar nada por fazer. Agora para que o depois não seja já tarde demais…

Eu, assim. No conforto do confronto…

{#185.181.2025}

Cheguei a casa, à hora de almoço, e na televisão, em directo de Gondomar, o Primeiro Jornal da SIC acompanhava os preparativos para os velórios de Diogo e André. Os velórios que ninguém queria com aquelas idades, 28 e 25 anos…

Depois de contarem os percursos de Diogo e André no futebol, nacional e internacional, uma ligação a Liverpool. Ao estádio onde tantas vezes se cantou “His name is Diogo” e para onde agora os adeptos se dirigiam. E a certa altura o repórter refere a quantidade de camisolas e cachecóis que os adeptos iam deixando em homenagem a Diogo. E, estupidamente!, dou por mim a pensar “mas porque é que deixam camisolas e cachecóis…?” para, subitamente, levar um daqueles estaladões que não se vêem e ouvir a minha própria versão aos 13 anos a gritar com a minha versão dos 48 e a relembrar “TU TAMBÉM DEIXASTE O TEU LENÇO DOS ESCUTEIROS NO CAIXÃO DO RICARDO!“…

foi há 35 anos. Continua a doer hoje como doeu aos 13 anos. E sim, no dia do funeral, aproximei-me do caixão do Ricardo, tirei o meu lenço de Júnior, investidura há tão pouco tempo, e deixei-o em cima daquele corpo que, para mim, já não era o Ricardo. Deixei o lenço simplesmente porque o senti na altura. E hoje percebi porque o fiz. 35 anos depois, percebi.

A morte do Ricardo, aos 13 anos, levou também um pouco de mim. Um pouco de nós todos. E, por isso mesmo, deixei com ele o lenço de escuteira que, por insistência dele, voltei a ser 3 anos depois. Eu deixei o meu lenço. Tantos de nós deixaram também. Lenços. Bóinas. Facas de mato. Pedaços de cada um que ficaram ali, parados no tempo de uma morte inesperada. Que nos marcou a todos. A ferro quente. Porque não é suposto perdermos ninguém com aquela idade. Naquela idade. Um vizinho. Um amigo. Um irmão. No meu caso um namorado

Percebi então a entrega de camisolas e cachecóis dos adeptos no estádio do Liverpool pelo Diogo. Porque, com o Diogo, com o André, também cada um daqueles adeptos perdeu um pouco de si.

Hoje fez-me sentido. 35 anos depois. Fez-me sentir

35 anos depois ainda dói. Muito…

{#184.182.2025}

Não, o dia hoje não foi fácil…
Parecia estar a correr normalmente, apesar de ter perdido o autocarro, mas segui o meu caminho no autocarro seguinte até Almada para a Fisioterapia, tranquilamente de phones nos ouvidos a ouvir o programa da manhã da rádio como em todos os dias normais. Bem disposta, a rir sozinha com o que me chegava nos phones. Uma equipa sempre bem disposta e bem humorada, muita rebaldaria que hoje parecia mais aguçada, muita risota, muitos disparates para começar bem mais um dia de muito calor. Parecia, portanto, mais um dia normal.

Até que, antes das 9h15m, aquela voz que nos habituámos a ouvir a conduzir o programa, que nem maestro, entra no ar num tom sério com a notícia que ninguém quer dar: morreu Diogo Jota. E o irmão André Silva. 28 e 26 anos respectivamente. Dois miúdos, portanto.

O Diogo e o André não me eram nada. Não me eram família. Não me eram amigos. Não me eram nada. Eram “só” jogadores de futebol que me entravam em casa pela televisão muito de vez em quando. Não me eram nada. Mas passaram a ser aquele abanão que, de vez em quando, preciso.

Aquele abanão que me relembra que o “Depois faço”, o “Depois digo” pode tão rapidamente transformar-se em “Agora é tarde demais…”…

Em 2013 tive um abanão desses. Nessa altura adoptei o lema “Não tenho tempo para perder Tempo” e prometi a mim mesma priorizar o “Aqui e Agora“. Mas o tempo vai passando e acabei por me desleixar com essa promessa. Encostei-me não sei bem onde. Dei demasiadas coisas por garantidas. E a notícia desta manhã do Diogo e do André foi o tal abanão que estava a precisar…

Foi um choque. Pelas idades, por tudo o que acabou ali. De forma completamente aleatória e absolutamente injusta.

Pensar nisso dói-me. E, também por isso, fiz questão de reforçar junto dele o que trago cá dentro. Que ele já sabe, mas que eu faço questão de repetir. Tantas vezes quantas me apetecer. Porque há 2 anos ele é o meu farol nos momentos escuros, é o meu porto seguro nas minhas tempestades.

Não deixo nada por dizer. Porque não vou dar a hipótese a um “Depois” de se tornar um “Tarde demais”…

É uma merda… É.

É uma grande merda…

{#183.183.2025}

Depois de mais uma noite com pouco mais de 3 horas dormidas por causa daquela estupidez de dor que aparece à noite e se intensifica com o calor para desaparecer quando aplico a placa de congelação, hoje foi dia de regressar à Fisioterapia.

E na Fisioterapia fiquei a saber que o Zé, o Fisioterapeuta, tem uma fama que o precede. Fama de ser violento na manipulação das pernas de quem trata. E, a rir-se, diz-me que a culpa da fama que tem é minha. Porque, quando as velhotas assistem à manipulação das minhas pernas, começam em coro a dizer “coitada da miúda! Ele dá cabo da miúda!”. E acabei eu a rir também, claro. E assumo a minha parte da culpa. Porque, já sei, ao levantar uma perna mantendo a outra esticada consigo uma abertura bem para lá dos 90 graus. Digamos que tenho uma abertura um bocadinho obtusa em termos de graus. E elas, como os outros Fisioterapeutas da clínica, ficam de boca aberta a assistir à violência dos tratamentos com o Zé. Já eu e Zé rimos. Muito! E qualquer dia estamos os dois no Cirque du Soleil por causa da minha abertura de mais de 90 graus. E continuamos a rir os dois. E rimos bastante à conta do coro.

E foi também com o Zé que hoje percebi um pouco mais do que é este raio desta dor no meu braço. É uma dor neuropática causada pelos fios descarnados que deveriam conduzir a informação do meu cérebro para os nervos do meu braço mas que se cruzam pelo caminho e fazem curto circuito. Que dói. Muito! Demais, até!

Para chatear mais um pouco, a diplopia, também conhecida por visão dupla, não me larga e está a bombar. Quero ler. Mas, sem aquela pala num olho, vejo as letras a dobrar numa autêntica sopa de letras, o que torna a leitura impossível.

Com isto tudo, estou cansada, claro. Muito cansada. Tenho dores. Tenho calor. Tenho sono. O sofá é demasiado quente para o que eu consigo suportar. Por isso, já tenho os meus cuddle buddies em cima da cama à minha espera. E o mais provável é adormecer ainda antes de colocar a pala no olho e pegar no livro…

…e quem diria que, com esta idade, iria assumir o novo look de pirata? Não tenho perna de pau, mas quase. Também não tenho olho de vidro. Já cara de mau…tem dias!

{#182.184.2025}

Mensagens por responder? Tenho. Eu sei que tenho. Mas também tenho um calor de ananases, daqueles que não se aguentam. Mas isso, já sabemos, temos tido todos. Eu é que entrei em modo “Sobrevivência” ainda no final da semana passada e não dou para tudo. Até a fisioterapia está à minha espera desde a semana passada. Por isso, não me levem a mal. Eu não sou de não responder a mensagens, especialmente quando são daquelas boas de receber e que sabem tão bem. Essas sem dúvida que merecem ter resposta. E vão ter!

Entretanto, e para tentar refrescar um pouco, hoje foi dia (ou noite, vá…) de café depois de jantar na esplanada do costume. Aquela onde eu teimo em voltar porque…sei lá eu porquê!

Agora é hora de voltar para casa. Por incrível que possa parecer, está frio! Depois dos 35 graus de máxima, temos agora uns ventosos 21 e estou…a gelar! Nunca pensei ser possível dizer que tenho frio depois de um dia estupidamente quente, mas a verdade é que tenho! Por isso, com licença! Vou para casa!

{#181.185.2025}

Demasiado calor nos últimos dias. Daquele calor que ninguém aguenta. Eu sei que eu não aguento. Nunca aguentei. Agora, desde isto que me apanhou na curva, ainda aguento menos…

A última vez que saí de casa foi sexta feira para uma consulta no Hospital a meio da tarde e Yoga ao final do dia. De resto, tenho andado numa espécie de jogo das escondidas com o calor. Que me encontra sempre, por muito que eu me tente esconder dele…

Isto que me apanhou na curva já me tinha ensinado que há sempre coisas novas para aprender. Todos os dias. E agora calha-me estar a aprender o que é, de facto, a dor neuropática. Aquela que há várias noites me tem acordado dada a intensidade que pode ter. E o calor, aqui, é só mais um gatilho para despertar o que me faz vocalizar demasiado alto porque dói. Muito!

Não me recordo de quando foi a última noite que dormi por inteiro. Sei que não foi a última noite. Sei também que é impossível aguentar o calor do sofá onde poderia, eventualmente, recuperar à tarde das noites dormidas ao sabor da exigência da dor.

Esta noite já roça a madrugada. O calor mantém-se excessivo. Estou cansada do que fiz hoje: nada! Mas não nego que tenho medo do que me espera esta noite…

Não vou pensar muito mais. Vou tentar dormir. Não posso continuar a faltar à Fisioterapia. Faltei sexta feira. Faltei hoje novamente. Amanhã tenho que regressar. Custe o que custar. À tarde tentarei recuperar. Mas, de manhã, a Fisioterapia espera por mim.

Até lá, está muito calor. Demasiado calor…

{#180.186.2025}

Quando são praticamente 23h, não faltam muitos minutos para lá chegar mas sobram graus no termómetro que há dias regista o que é extremo, termómetro que a esta hora ainda marca 28 numa noite de Verão que chama para ir até à praia, quando são praticamente 23h…

…e, na véspera de mais uma semana excessivamente quente que vai me obrigar a enfrentar o calor da rua e do exercício físico, recolho ao cadeirão onde me encontro há horas sem perspectivas para me mexer, sem vontade de comer, sem conseguir arrefecer a minha pele fervente nem com uma toalha molhada…

A verdade é que há já alguns dias que não me sinto bem. Muito por causa do calor excessivo que se tem feito sentir. E já desisti de tentar dizer seja a quem for como o calor me faz sentir: mal! Por isso, resta-me aguentar o calor excessivo, aquele que faz com que às 11 da noite estejam 28 graus, aquela temperatura que até durante o dia é muito quente e que à noite nos chama a todos para a praia…

Estou realmente cansada. De não fazer nada porque o calor não deixa. De tentar, sem sucesso!, refrescar a temperatura da minha pele. Cansada de não estar bem de maneira nenhuma…

23h20m agora. 27 graus no termómetro. E não, uma descida de 1 grau não se nota. A noite promete. Mas não promete nada de bom…

{#179.187.2025}

Antes das 10h da manhã já o termómetro marcava 27 graus. Às 23h15m o termómetro marcava 26 depois de ter subido aos 38 às 17h50m. Alerta vermelho até segunda feira. E vontade de sair de casa…? Bem, ter vontade tenho. Muita! Mas coragem para enfrentar esta brasa? Não existe. Nem coragem nem condições nem coisa nenhuma…

As ventoinhas cá de casa estão em pleno funcionamento. As janelas que estiveram fechadas todo o dia para não deixar entrar o calor estão agora abertas numa vã tentativa de fazer circular o ar e deixar entrar um pouco daquilo que não existe: ar fresco.

Há muitos anos que digo que temperaturas acima dos 27 graus deveriam ser inconstitucionais. Mas ninguém me liga nenhuma. Por isso vou continuar a derreter por aí, ou seja, algures dentro de casa. Por muito que sinta uma imensa necessidade de sair de casa, não me parece que vá acontecer antes de segunda feira. A menos que seja para ir até às escadas do prédio onde está sempre fresquinho.

Relembro que estamos em Alerta Vermelho. Que significa risco extremo. Para a saúde e também risco extremo de incêndio. Mas, e não foi assim há muitos minutos, começou fogo de artifício algures. Não faço ideia onde. Só sei que, com o Alerta Vermelho, com risco extremo de incêndio, quem não cancelou o fogo de artifício é só alguém extremamente irresponsável. E estúpido, vá…

{#178.188.2025}

Uma noite para esquecer porque aquela coisa que eu chamo de estupidez fez-se presente a meio da noite. É possível que seja mesmo uma questão neurológica mas, já sei, “tem que falar com o seu neurologista”…pois, não é possível ser de outra forma.

E agora, já com a cabeça a cambalear e o sono a apertar, está mais do que na hora de desligar por hoje. Mas vou querer falar sobre a consulta de hoje. É-me importante.

…e descansar também…!

{#177.189.2025}

IN

VI

SI

BI

LI

DA

DE

……

…é das dores que não matam.

Mas moem. E doem.

muito…!

{#176.190.2025}

Um dia de turbulência interior, muita inquietação, uma vontade imensa de fugir das dores nas pernas que hoje estavam diferentes, pesadas, intensas e que dificultaram o percorrer, sozinha, o caminho para a Fisioterapia assim como dificultaram também o caminho para o Yoga.

O regresso à Fisioterapia, 20 dias depois, foi uma espécie de voltar a casa. Mas, na verdade, a vontade de voltar era muito pouca ou até nenhuma. Não pelas pessoas que lá estão e que, desde o primeiro dia, me recebem sempre com um sorriso. Mas, depois de 20 dias em que não fiz nada de exercícios que devia ter feito, sabia que iria ser difícil. Mais pesado, talvez. Os exercícios foram feitos, a massagem recebida, mas o que eu queria mesmo era não ter a necessidade do tratamento diário. Mas a realidade é sempre mais crua e dura do que aquilo que gostaríamos que fosse…

De regresso a casa e um novo livro na caixa de correio. Um livro que procurava há quase 2 anos. Mas a versão portuguesa está esgotadíssima e sem previsão de reedição. Por isso, veio a versão original, em inglês, e encontrado por puro acaso numa busca online que me levou ao sítio certo.

Ao final da tarde, aula de Yoga. Que me continua a surpreender pela positiva. E, depois da aula, as palavras do professor Pedro e que não posso esquecer: “espero que tenhas noção do imenso progresso que tens feito, que continuas a fazer independentemente do teu diagnóstico e das dores e todas essas chatices. É um progresso impressionante! E tens mesmo que ter noção do teu progresso!” E sim, tenho noção disso. Basta ver que já não vou ao chão como ia nem há tanto tempo assim. Eu tenho noção do progresso, mas quando é quem nos guia que nos faz chegar um feedback tão positivo, só podemos mesmo agradecer.

Agora e muito cansada entrego os pontos por hoje. Já devia estar a dormir há muito tempo. Por isso, dou o dia por terminado. Mas já sei que não posso esquecer-me também de aumentar a minha colecção de comentários aos condutores. Mas vai ter que ser muito bem…

{#175.191.2025}

It’s OK not to be OK…” e eu estou cansada de fazer de conta. Fazer de conta que está tudo bem. Fazer de conta que EU estou bem. Quando não está tudo bem. Quando EU não estou bem. Ou, como lhe disse a ele há pouco, quando estou profundamente na merda. Como agora.

…e também estou cansada de repetir vezes sem conta, quando a dor se faz presente, como se fez na noite passada que me acordou violentamente às 4h30m e não me deixou voltar a adormecer até já ser dia, como se fez esta tarde que me levou a verbalizar o quanto me doeu, como se está a fazer agora que está a chegar de mansinho mas que já se faz sentir e me faz adivinhar o que aí vem, dizia eu que estou cansada de repetir vezes sem conta a pergunta que não tem resposta “porquê?!“…

Sim, profundamente na merda resume bem como estou. E eu até nem sei fazer resumos…

…e preciso tanto de chorar…e não consigo…!

{#174.192.2025}

Estas duas hoje acordaram muito preguiçosas. Especialmente a esquerda, a que comprovadamente já perdeu alguma sensibilidade e, para ajudar, perdeu já também um pouco a capacidade de transmissão de informação entre o cérebro e, oh espanto!, a perna! Ainda passa corrente eléctrica? Passa. Mas já não em boas condições. Enfim…

Hoje, que foi dia de sair de casa cedo para mais uma voltinha no carrossel das consultas no Hospital, estas duas meninas acordaram estupidamente preguiçosas. Eu sei, se eu me deitar tarde como me deitei ontem para hoje acordar cedo, elas ressentem-se e acabam por não corresponder ao que lhes é exigido: ir do ponto A ao ponto B com suavidade. E claro que dou por mim a discutir com elas…(sim, eu discuto com as minhas pernas! Nunca vos disse que sou normal, pois não?)

Mas o que me fez e soube tão bem foi a conversa desta tarde com ele. E confirmar que, mesmo à distância de um clique, é possível nascer algo tão bonito e que há 2 anos continua a crescer, a fortalecer-se todos os dias mais um bocadinho. Num espaço onde a aceitação mútua é rainha. Num Mundo só nosso onde, por momentos, aquilo que me apanhou na curva deixa de existir para existirmos só nós. Tal como somos.

2 anos já é muito tempo? É. Mas ao mesmo tempo ainda não é. Porque, depois de 2 anos, a vontade mútua é ficar. Um com o outro. Um no outro.

Conversar é preciso. Sobre tudo. Ou, até, sobre nada. É crescer em conjunto. É fortalecer o que já é tão forte. É continuar a construir a dois o que se quer continuar a viver a dois. É reforçar o NOSSO Mundo. Tão distante e tão distinto do mundo lá fora… É um Mundo à nossa maneira, que só nós entendemos e que não tem que fazer sentido a mais ninguém.

Enfim…foi chegar ao fim do dia com um sorriso no rosto apesar da preguiça das pernas de manhã. E foi recordar as palavras dele quando ainda só existia uma suspeita: o caminho é feito a dois, de mão dada. E, quando o caminho se tornar mais difícil, ele leva-me ao colo.

…e já tem levado mais vezes do que até ele imagina…

{#173.193.2025}

Já foi há muito tempo, mas ainda me lembro de quando estava a aprender a atar os atacadores. Lembro-me da confusão que fazia na minha cabeça todas aquelas voltas que tinha que dar para formar um laço e, finalmente, conseguir dar um nó para prender o laço e terminar com outro nó para evitar que todo o trabalho se desfizesse. Lembro-me, também, daquele momento da transição do “ainda não consegui” para o “já está!”. E, quando finalmente cheguei ao “já está!”, lembro-me tão bem do orgulho que senti naquele momento. Vejo na minha cabeça esse momento em que acabei de atar os atacadores com sucesso, me levantei do chão do local de trabalho da minha mãe, soltei um sorriso largo carregado daquele orgulho da infância quando passamos a ser um bocadinho mais crescidos. Levantei-me do chão, enchi orgulhosamente o peito de ar e, de sorriso imenso no rosto, dei a mão à minha mãe e seguimos juntas para atravessar a estrada e seguir o nosso caminho.

A minha memória lembra-me, frequentemente, de coisas aparentemente pequeninas e sem importância. Como aconteceu agora com este episódio que aconteceu há mais de 40 anos. Num tempo distante, numa realidade distante, numa vida distante.

E quando, passados tantos anos desde essa aprendizagem de algo que todos acabamos por dar por garantido, a dificuldade para atar os atacadores surge é normal que com ela venha a frustração. E a revolta. E o facto de ficar zangada. Muito zangada!

Sei exactamente quais são todos os movimentos que tenho que dar para que os atacadores fiquem justos e não desfaçam o nó. Mas as minhas mãos…as minhas mãos já se atrapalham, os dedos baralham-se e os atacadores passam a ser um desafio diário que me dão vontade de deitar tudo ao ar e barafustar! Barafustar muito!

A parte cognitiva pode até não estar nem vir a ser afectada. Mas a motricidade…então a motricidade fina deixa-me profundamente zangada! Mas aceito o desafio e repito o ritual dos atacadores as vezes que forem precisas até ter a certeza que ficam bem apertados!

E tudo o resto que, agora, assumo como sendo um desafio, enfrento de cabeça erguida! E, aos poucos, voltarei a largar um sorriso grande e encherei o peito de orgulho!

{#172.194.2025}

Dia de Solstício de Verão. Quando a luz atinge o seu expoente máximo na duração do dia. Quando a noite é reduzida ao fechar um ciclo. Em Setembro, no Equinócio de Outono, o equilíbrio. Quando a luz e a sombra se encontram num momento de ressonância, de encontro com o mesmo peso, a mesma força…

Dia tão estranho, este de hoje. Dia de Teleconsulta com uma duração prevista de 50 minutos que, rapidamente e sem darmos por isso, passou a 99 minutos. Uma hora e trinta e nove minutos. De conversa, de partilha de ideias, pensamentos e emoções. Aquela conversa terapêutica que me ajuda a não me perder no meu caminho. Caminho de aceitação de um diagnóstico que não procurei e que ainda não digeri, não processei. Um caminho que começa, antes de mais nada, por um processo que há algum tempo que pretendo seguir: o auto-conhecimento. Porque cada vez mais sinto que sei o que sou, mas não sei quem sou.

Quem sou passa muito por o que sou. No fundo, não existe um sem o outro. É a soma dos dois que totaliza o todo que sou eu. E sou muito. Sou tanto. Sou uma imensidão. De experiências, de histórias, de fracassos e sucessos, de vitórias e derrotas. De várias formas de superação. Aquela superação em eventos de vida no passado que reconheço agora, aquela superação que procuro agora para o evento de vida actual com uma magnitude que ainda não ousei pesar…

A superação. É o que procuro. Já a alcancei antes. Em situações que, na altura, me eram pesadas, me eram duras. Mas as quais eu nunca permiti que dominassem os meus objectivos. Enfrentei porque não via sequer outra hipótese. Ficar parada, ficar presa, ficar imóvel, nunca foram opção. Sempre enfrentei como (não) sabia. Sempre enfrentei como podia. E sempre superei os obstáculos que me foram surgindo pelo caminho.

É disso que não me posso esquecer: sempre enfrentei. Tudo. Nunca nada com esta magnitude, é verdade. Mas também agora não aceito ficar parada, não aceito ficar presa, não aceito ficar imóvel. Porque essa não sou eu. E o meu corpo pode estar danificado, mas a minha mente permanece intacta. Ou até mais forte, na verdade. O resto? O resto não interessa. O que interessa agora sou eu. E se o meu objectivo é não perder a mobilidade, é isso mesmo que eu vou alcançar: não vou perder a mobilidade.

Há, claro, um longo caminho a percorrer, começando logo pelo processo de auto-conhecimento. Para não me esquecer de mim mesma e de tudo o que sou e que no final dessa conversa de 99 minutos foi tão bem reduzida a uma só palavra: guerreira!

Foram 99 minutos de manhã que me esgotaram, que me sugaram toda a energia que, já sendo pouca, ainda tinha de manhã. E que me esgotaram fisicamente de uma forma tão violenta que me exigiu o que não fiz: descansar para recuperar, para recarregar a bateria. Dormir! Não fiz nada do que o meu corpo me pediu. Mas fiz o que a minha mente sugeriu para o dia de Solstício: fui até ao paredão ver o pôr do Sol na praia. Despedir-me do Sol de Primavera e receber o Verão de braços abertos. E aí sim, fiz o que a minha mente me sugeriu. E saí de casa. E dei uso às pernas. E vi o pôr do Sol na praia. E vi também as nuvens que pareciam pinceladas numa tela. Pinceladas com várias cores. Nuvens que fluiam no céu com apontamentos cor de rosa…

A hora de recuperar dos 99 minutos é agora. Este dia já vai demasiado longo. A fadiga fez-se presente o dia inteiro, o cansaço só chegou agora. E amanhã cá estou de novo.

{#171.195.2025}

Chorar. É preciso. É urgente…

…e eu continuo a não conseguir…!

{#170.196.2025}

Absolutamente de rastos. Completamente esgotada.

Tenho sentido demasiado aquilo que não sabia como lhe chamar: fadiga sensorial.

Já sabemos que fadiga não é o mesmo que cansaço, é muito pior. Quando existe uma sobrecarga sensorial não fica fácil seguir um dia normal.

Não há problema… Vou aprender cada trigger e adaptar-me a isto. Mas, para já, vou fazer aquilo que não consegui fazer na noite passada: dormir