A ti, Alexandre

A ti não brindo com vinho. A ti, “Alex, Sumol Laranja”. Sempre. Porque o vinho, lá está, não é para estas coisas que fazem doer.

Desculpa se continuo a não conseguir olhar para as tuas fotos. Desculpa se continuo a evitar olhar-te nos olhos quando passo no corredor onde estão as fotos de família, a partir dos 4 anos da Avó Di, onde está o casamento da Avó Dau e do Avô Salvador (que tu não conheceste, mas de quem eu me lembro e guardo com carinho apesar de ter tido pouco tempo a companhia dele). Com fotos do casamento dos teus pais. Da tua irmã. Com as tuas fotos de bebé, que sempre lá estiveram, não são de agora, tuas e da Pi.

Desculpa se não consigo falar directamente com a tua mãe. E se não abraço mais o teu pai. Mas falo com a tua irmã. E falei. E perguntei. E li o teu Processo. Que merda de Processo, devo dizer-te. Que merda que te fizeram, Alexandre! Que merda que nos fizeram contigo.

Tenho saudades tuas, sabes? E sim, continuei a olhar para o portão a tarde toda à tua espera. E tu não chegaste. E enquanto estiver aqui, sempre que oiço a campainha tocar, sempre que baterem ao portão, vou ficar na expectativa. E continuo com saudades tuas. Nunca o disse a ninguém. Mas tenho. Muitas. Talvez, talvez não, de certeza por isso ontem não consegui dormir.

E claro que ao almoço tinha que brindar a ti, em silêncio, para mim. Porque, cá em tua casa, esta vai ser sempre a tua casa, nunca falta o Sumol Laranja. E…Alex, Sumol Laranja. És tu. Sempre.

{6 Meses e 16 Dias}

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