Daily Archives: 14/02/2015

#day180

O Universo tem, de facto, formas curiosas de nos demonstrar que nem tudo pode ser apenas mau. E que mesmo num dia muito mau e dorido e doído como o de hoje, assombrado pela força das memórias do que não chegou a ser, também há coisas boas.
Um telefonema com uma pergunta e uma afirmação: “queres? É tua!”.
E eu apenas consegui dizer obrigada depois de não saber o que dizer ao ser apanhada de surpresa.

Se o dia não foi bom, foi até muito mau como há muito tempo não era, a noite veio equilibrar tudo. E o Universo sabe, de facto, que ponto usar para um trabalho perfeito.

Grata, tanto, por estes gestos que para mim não têm tamanho de tão grandes que são.

Grata, tanto, por saber que recebemos, todos, na mesma medida em que damos.

Grata, tanto, por estas surpresas do Universo.

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{198 depois de 42. Ou as saudades do filho que não tive}

Saudades tuas, muitas. Tantas…

Falo contigo de mim para ti, como se existisses. Como se ainda existisses cá dentro, a crescer, a deixar-me enorme, a deixar-me inchada de Amor por ti.

Falo-te todos os dias. Ouves-me? Sentes-me? Eu não te sinto, já. Na verdade, nunca cheguei a sentir-te realmente. Não houve tempo para isso… Mas senti as mudanças durante aqueles 42 dias que me diziam, mesmo sem te sentir, que crescias dentro de mim.

Hoje sinto a tua falta, como todos os dias desde o primeiro dia que foi o último. Quando deixaste de ser. Porque não podias ser, dizem-me. Mas trago-te comigo, em mim, todos os dias. Mesmo que as lágrimas me visitem amiúde, mesmo que as memórias me doam, trago-te sempre comigo.

Mesmo sabendo que falta pouco menos de 6 semanas para o meu aniversário. O mesmo dia que seria também o teu aniversário, pelas contas do calendário que não chegou a ser. Quando soube de ti, sorri e pensei “nunca mais vou passar um aniversário sozinha”. Não sabia, no entanto, que esse dia nunca chegaria a ser também o teu dia, o nosso dia. Vai continuar a ser só o meu dia, sozinha. Porque por muita gente que esteja comigo nesse dia, vou continuar a estar sem ti.

Dói muito, sabes? Gostava de poder apagar a memória. Para não doer. Para não chorar como agora. Mas, por outro lado, não iria lembrar-me de ti, o meu bebé. O meu filho. Que não chegou a nascer e que, por isso, me faz doer tanto cá dentro.

Tenho saudades tuas. Muitas. Tantas. Não tem explicação esta imensidão de saudades de algo que não chegou a ser. Do meu filho que não chegou a nascer.

Amo-te muito. Quero que o saibas. Nunca o tinha dito, nunca o tinha escrito, nunca quis pronunciar esta frase porque tu não está cá. Porque cheguei a pensar que não tinha tido tempo para me apaixonar por ti. Porque foste-me tão breve. Mas ser-me-ás eterno. Mesmo que não estejas aqui para te sentir dentro de mim, mesmo que não estejas aqui para te ver crescer a partir do dia do meu aniversário. Que seria também o teu. Seria o nosso dia. E seria sempre de festa. Porque tu estarias ali comigo como o meu maior presente. Mas não estás, não estarás…e serás sempre, para sempre, o meu maior ausente.

Amo-te muito. E sei que nunca te irei esquecer, mesmo que me tenhas preenchido apenas por 42 dias…10986922_10152823410243800_8996728826117058606_n (1)