Quando 364 é igual a 40 que vem antes de 19 depois de 42 e é também igual a 345 que vem depois. Nunca ninguém disse que a matemática era uma ciência estranha, sempre me disseram que era exacta. Que seja. Que esta ordem faça sentido só a mim, não importa.
Respiro hoje como não respirava há muito, tanto, tempo. Como não respirava há 364 dias, nem mesmo há 345. Nem mesmo há 160 ou até 200. Mas respiro.
Sinto a falta de algumas pessoas. Não que me falhem. Simplesmente me faltam. Não o sabem, não saberão nunca. Há coisas que não se dizem, apenas se sentem, mesmo que se digam outras coisas que também se sentem.
Olho para trás? Olho. Vejo. Recordo. Como não…? Não comparo porque não há como. Mas olho. Recordo. Sinto de novo, mas com a tranquilidade que a distância dos dias me vai trazendo. Serenidade. É isso. Tanto que me disseram “tens que serenar” que acabei por conseguir fazê-lo.
Tempo, dizem-me. Tempo, disseram-me. Sim, Tempo. Todo o Tempo que precisasse, nem mais nem menos Tempo. Já o tive, ainda preciso dele. Vou precisar sempre.
Assim como preciso de quem me falta. De quem me faz falta. Mesmo que nunca lhes diga. Simplesmente porque não. Não quero. Não o vou fazer. Mas sim, há pessoas que me fazem falta mesmo não o sabendo. Nem desconfiando, talvez. E, provavelmente, se me perguntarem, irei negar. Porque sim. É melhor assim, tantas vezes. Não gosto de faltar à verdade. Não gosto de distorcer o que sinto. Menos ainda de o negar. É melhor assim. Tantas vezes é melhor assim.
Fazes-me falta. E tu. E tu. E tu. Tu, um bocadinho mais. Porque sim, e porque sabes porquê mas nem sabes que sim. Mas sim, tu.
Turbilhão. É isso. Turbilhão. É possível um turbilhão no meio da serenidade. Sim. Sim, é possível. Vejo agora que sim. Sinto agora que sim. Porque, como sempre, sinto tudo. Intensamente. Como se fosse a primeira vez. Como se me faltasses a primeira vez. Como se tudo isto me estivesse cravado na pele. Sinto tudo. O bom. O menos bom. O mau.
Hoje? Hoje sinto o menos bom que já foi mau, muito mau. Hoje olho para trás e quero recordar apenas como menos bom mesmo sabendo, sentindo, que foi tão pior que apenas isso.
Mixed feelings. Uma e outra vez. Incessantemente.
E um simples copo de vinho hoje fazia toda a diferença. O vinho acompanhado da minha Lua. Para acalmar novamente. Para agradecer. Para sorrir serenamente. E dizer “está tudo bem”.
E está…