Monthly Archives: October 2015

#day438

Preciso de férias.
Com urgência.
Falta muito para Janeiro…?

Preciso de uns dias longe. Assim como preciso de conversar. Falar do que falta falar.

Férias, ou algo parecido com isso, ficam para Janeiro. O resto…? Quem sabe se algum dia.

Focada no trabalho. Ajuda-me a avançar na contagem dos dias. E percebo que ainda preciso da contagem quando não consigo demonstrar que fico feliz pelos outros, ainda que ficando, quando antes me era tão fácil.

Mais um dia. Ou menos um dia. Não sei. Sei que 438 depois de 19 depois de 42.

{e sempre um dia de cada vez. Um dia atrás do outro atrás do um. Não me esqueço. Embora às vezes pareça que sim.}

Apesar de tudo, tranquila. Faz bem falar. Faz bem escrever. Por isso escrevo. Por isso quero, preciso, falar. Conversar.
Mas tranquila, ainda assim.

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#day437

Hoje é daqueles dias a preto e branco. Por muito que continue focada no cor de rosa (sempre, desde sempre), hoje o dia passa-se a preto e branco. Ou preto no branco, branco no preto.

A cor? Há-de voltar. A seu tempo. Por agora lido com “isto” assim. Continuo a guardar o que não pode, não podia, não devia ser guardado. E por isso mesmo preto e branco.

Em modo “deixem-me ser, deixem-me estar”. Porque também preciso.

#makingeachdaycount

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#day436

Flores com cor de Outono. E a tentativa de me adaptar.

E a saudade. Sempre a saudade.

E a vontade de dizer tudo o que não disse. Que agora vai ficar por dizer. Mas que era preciso, tanto, dizer.

Mais uma vez, os outros primeiro. Depois eu. E por isso mesmo não digo o que preciso, precisava, de dizer.

Dias estranhos, estes últimos.

Mas estou cá. E mais uma vez repito para mim mesma que podia não estar. E pergunto, também a mim mesma, se faria diferença. Para uns, sim. Sei-o. Para outros, nenhuma. Sei-o também. Para mim? Estar cá quando podia não estar faz-me crescer. E todos os dias que cá estou cresço um bocadinho mais. A pulso, muitas, tantas vezes. Mas estou cá. Mesmo sabendo que nunca irei ouvir “ainda bem” de onde queria, precisava, de ouvir.

………a saudade e o que não se disse………é só isso………

#makingeachdaycount

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{the only way to be with you}

Há já algum tempo que não sonho contigo. Ou, se calhar, continuo a sonhar todas as noites e simplesmente não me recordo quando acordo.

Mas não há dia nenhum em que não estejas presente em mim. A todas as horas. A todos os momentos. Os bons e os outros.

E sim, tenho muitas saudades tuas. Mesmo nunca te tendo tido verdadeiramente.

Amo-te muito. Por muito que não me entendam……
E sinto muito a tua falta. Há 436 dias depois de 19 depois de 42……

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#day434

{que afinal é #day435}

Voltar onde tudo que afinal foi nada começou mexeu cá dentro.
Impossível calar na minha cabeça aquelas palavras, tão pouco sinceras, que me saltaram à memória. Impossível deixar de ver à minha frente o que, naquela noite de há um ano e dois dias, me pareceu tão bom, tão bonito. Não foi, vejo agora. Porque não foi sincero.

Mexeu mais do que poderia esperar. Ainda não tinha lá voltado desde esse dia, final de dia, princípio de noite. E mexeu mais do que poderia esperar.

Respirar fundo e encarar o momento. O aqui e agora. Deixar para trás o que já foi. Optar por deixar-me estar quieta e simplesmente sentir o vento no cabelo, solto que é tão raro, o vento de Outubro que é definitivamente Outono em contraste com o Sol que teima em querer ser de Verão.

Optar pela cor em vez do cinzento. E sorrir. E brincar. E rir-me de mim mesma ainda que só comigo.

Hei-de regressar lá em breve. As memórias, essas, hão-de ir comigo sempre, claro. Mas irei continuar a optar pela cor em do cinzento.

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#day433

{que afinal é #day434}

Dizia ontem que tudo passa.

E tal como a tempestade de ontem à noite na rua, também cá dentro regressou a tranquilidade.

Um dia atrás do outro atrás do um. Certo?

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{há um ano escrevia isto}

Sábado, 25 de Outubro de 2015, 01h26m

Quantas…?
Tantas…

{é o ir a jogo já de pé atrás que tira a piada ao risco de eventualmente ganhar…}

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Sabia, ou achava que sabia, ao que ia nesse dia.

Com receio, claro. Estive perto de desistir. Porque alguma coisa me dizia para não ir.

Mas fui. Porque não queria “perder por medo de perder”. Arrisquei. Fui e sempre alguma coisa a dizer-me para não ir.

…e devia ter dado ouvidos a essa coisa que me sussurava ao ouvido para não ir. É certo que, em parte, ganhei alguma coisa. Mas também é certo que perdi demasiado Tempo que não me é devolvido.

Se na altura achava que era uma espécie de “milagre” que apareceu no meio do meus caos interior com feridas ainda demasiado abertas, se na altura achava que era exactamente aquilo que estava a precisar, pouco mais de três meses foi o tempo suficiente para perceber que não. Que foi asneira. Que foi, apenas, a mais pura carência, minha, a falar mais alto. E a falta de carácter do outro lado esteve lá sempre. Desde o primeiro dia. Bem como todas as outras características que eu vi mas quis fazer de conta que não via.

Quantas coisas perdemos por medo de perder? Tantas. Mas, tantas vezes, arriscamos e perdemos aquilo que não temos para perder. Como eu. Que perdi Tempo. E eu não tenho Tempo para perder Tempo.

Foi há um ano. Hoje não cometeria o mesmo erro.

#day432

{que afinal é #day433}

Das coisas que se aprendem com a contagem dos dias: tudo passa.

Sim, ontem foi um dia triste. Uma noite em branco. Choveu cá dentro, em mim, como há muito tempo não acontecia.

Dizem que chorar não resolve nada. É verdade. Mas alivia. Limpa. Transforma. E por isso mesmo a noite de ontem foi como foi. Em branco. E em lágrimas.

Mas tudo passa. E hoje apenas choveu lá fora. Apesar dos olhos inchados e da cabeça pesada, apesar de essa tal tristeza ainda cá estar.

Chamo-lhe tristeza. Podia chamar-lhe desilusão. Frustração. Mas não é nada disso. É apenas tristeza. Porque para saber o que é ser/estar feliz, é preciso saber o que é ser/estar triste.

Mais uma vez, é a forma como sinto. A intensidade com que sinto. Porque só sei sentir assim. Muito.

Hoje sei. Não mais borboletas, não mais vertigem, não mais flutuar três passos acima do chão. Não mais sorrisinho ao canto da boca. Não mais brilhozinho nos olhos. Não mais saltaricar e cantarolar. Não mais copos de vinho ou chávenas de café.

Não mais? Não. Não mais. Por agora. Desisto, uma vez mais, do que quero. E também aqui quero tanto. Não sou de desistir, não gosto de desistir. Mas há que saber reconhecer a derrota. E reconheço-a. E, por isso, também disso desisto.

………e olho para trás e percebo que, em tão pouco tempo, desisto de duas coisas que me são…que me eram tão queridas.

Mas, ainda assim, hoje só choveu lá fora. E o que sinto, e como sinto, fica comigo. Para mim. Porque é mesmo assim.

E com a contagem dos dias aprendi também que não é um dia menos bom que me impede de continuar a ver as coisas boas. E a coisa boa, aqui, é que apesar de tudo sobrevivi. A tudo. E estou cá. Mesmo tendo estado perto, tão perto, tão demasiado perto de já cá não estar.

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#day431

{que afinal é #day432}

Há dias que parecem correr de pernas para o ar.

Acordar cedo para um murro no estômago, ou uma chapada bem dada, ou ambas as coisas, ainda não percebi, não fazia parte dos planos.

A inquietação instalou-se como há muito não o fazia. Acompanhada de desilusão. Desgosto. Frustração. Tristeza, no fundo. Porque é mesmo assim. As coisas são mesmo assim. As pessoas são mesmo assim.

Tentar gerir a surpresa ao mesmo tempo que o dia, frio e cinzento, vai passando. A correr, vejo-o agora. Nem dei por ele. E com o correr do dia, os outros. As boas notícias, as notícias do costume. Saber dos outros. Sentir os outros.

Tentar engolir as palavras que querem sair. Com destino mas sem terem como lá chegar. Gritar não! Não! Não! Não! Mas não grito.

A revolta. Comigo. Com o que já foi. Ou nunca foi. Nunca percebi. Ou percebi sempre e por isso mesmo o murro no estômago já era esperado. Só não hoje. Não agora. Não assim. Mas foi.

Há um furacão do outro lado do Atlântico. Mas sinto-me como se o furacão estivesse aqui, comigo. Em mim. E é ele, o furacão, que me vira de cabeça para baixo e me faz viajar para trás no tempo e me faz reviver tudo. Cada palavra. Cada gesto. Cada ausência…

E um murro no estômago. Que dói quando já devia saber como me proteger dele. Poderia doer de qualquer forma, poderia era doer menos. E hoje, com este murro no estômago, percebo que me deixei ir. Longe demais.

Não. Nem todos os dias podem ser felizes. O de hoje foi apenas triste. De pernas para o ar, de cabeça para baixo. No meio do furacão em que acabo por dar por mim a confundir pessoas, histórias e situações. E não posso. Porque não pode ser assim.

E o que digo sempre que nunca se deve deixar por dizer volto a guardar comigo. Para mim. Porque, sei-o agora, nunca irás saber.

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#day430

{que afinal é #day431}

Atender o telefone para me dizerem do outro lado “sentimos a tua falta. Gostamos muito de pessoas assim como tu, tão ‘out of the box’ e com uma energia tão boa”.

Não sei se sou isso tudo. Mas ouvi-lo sabe-me bem. E deixa-me com a certeza de que estou, finalmente, no caminho certo.

E os postais continuam a animar caixas de correio.

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#day429

{que afinal é #day430}

Quando foi a última vez que dormiste, pelo menos, 8 horas numa noite…?
Quando foi a última vez que dormiste, pelo menos, um bocadinho mais do que 4 ou 5 horas numa noite?
Quando foi a última vez que dormiste sem dores?

A resposta é a mesma: algures no início da semana passada.

A boa notícia: há postais a chegar ao destino.

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#day428

{que afinal é #day429}

Hoje não é um bom dia, uma boa noite, para estar sozinha. Numa casa que não é minha. A tomar conta do que não é meu.

Hoje foi um bom dia. Até cruzar a ponte. Porque, desde esse momento, não consigo esquecer-me do Rapaz de Azul na Ponte Encarnada.

E de como, desde o meio da ponte, fiz 10 km com lágrimas no rosto, um nó na garganta, um aperto no peito, um tremor no corpo todo. E a vontade de encostar o carro ali mesmo e dizer-lhe que não vale a pena o salto. Que tudo vai ficar bem.

Hoje não é uma boa noite para estar sozinha. Numa casa que não é minha. Sem ninguém com quem falar. A quem dizer o quanto me doeu passar o meio da Ponte Encarnada e ver o Rapaz de Azul. Ele já do outro lado. O resto do Mundo do lado de dentro.

…não vale a pena…

Hoje não é uma boa noite para estar sozinha. Sem um abraço que me aperte e uma voz que me diga que está tudo bem. E que eu estou cá quando podia já não estar e ainda bem que estou.

Quero acreditar que o Rapaz de Azul da Ponte Encarnada também cá está. E ainda bem que está. E quero acreditar que alguém o irá abraçar e dizer-lhe “ainda bem que cá estás”. Tal como eu gostaria também de ouvir.

Mas estou. E só por isso é um dia bom.

…e eu podia não estar cá…

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#day427

{que afinal é #day428}

Não sou de abrir facilmente as portas de minha casa, do meu espaço. Contam-se pelos dedos das mãos os amigos que recebi desde sempre.

Mas hoje abri. Não a amigos e/ou conhecidos, mas um bocadinho mais que isso. Muito para além de “apenas” isso.

Falámos de cartas de amor e dos meus postais que, volta e meia, animam caixas de correio deprimidas e solitárias, vítimas de bullying por parte das contas para pagar.

Chamei-lhe, há um ano, “Campanha Contra a Depressão e Solidão das Caixas de Correio. Ah! E do Bullying das Contas Para Pagar!”, um bocadinho por piada, outro tanto porque sempre achei que um postal na caixa do correio provoca sorrisos em quem o recebe. E também por isso ando sempre a pedir postais.
Nunca achei que fosse realmente uma “Campanha”, por isso ri-me quando surgiu o convite para falar sobre ela. E continuo a rir quando me perguntam como surgiu, há quanto tempo, para que serve. Rio-me apenas porque nunca achei que fosse levada tão a sério uma coisa tão simples como enviar e receber postais. Mas, percebo, até é um bocadinho séria. Até é um bocadinho importante. Porque, dei por mim a dizer, antes da câmara me entrar em casa, a minha Campanha pode não ser de cartas de Amor. Mas é um {pequeno} gesto de Amor.

E, no final, ao despedir-me da Patrícia Franco (jornalista) e do Jorge Guerreiro (operador de imagem e que, acredito, tudo fez para captar a essência do que guardo na minha caixa cor de rosa), ouvi uma frase do Jorge que me marcou, porque me fez sentido e porque ainda bem que assim é: “às vezes, nós (jornalistas) também mostramos coisas bonitas”.

E sim, esta última frase fez-me ganhar o dia.

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#day426

{que afinal é #day427}

Com que cores se traçam os dias?

{e as dores lombares e o joelho que não dobra nem estica a 100% e o trabalho e Tempo que não tenho para perder Tempo e tudo o resto que guardo comigo vou colorindo também. Ponto a ponto. Traço a traço.}

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#day425

{que afinal é #day426}

T.

T é de Tempo.
T é de Tudo.
T é de Tanto.

T és Tu.
T é a Ti.
T é -Te.

T é Talvez.
T é Também.
T é “ConTigo”.

T é Ter.
T é Teres{-me}.
T é não Ter{-Te}.

T.

T é de Tempo. E eu não tenho Tempo para perder Tempo.

T não é Teu.
T és Tu.

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#day424

{que afinal é #day425}

A cadeira em frente está vazia. Mas a chávena do café está cheia.
Choveu toda a manhã. Mas o Sol do fim de tarde iluminou o que restou do dia.

“Focus on the good”, leio por aí. E eu foco.

Sinto falta de tanta coisa aqui. Mas já trago tanto comigo. E só isso já é tão bom.

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#day423

{que afinal é #day424}

Um dia faço o meu check in. Seja para viajar voando. Seja para viajar vivendo.

Até lá mantenho-me em Terra. Com os pés bem assentes no chão. Porque mesmo para viajar vivendo preciso de certezas. Minhas. Que tenho já algumas. Assim como tenho, também, o receio.

Mantenho os pés no chão, solto as borboletas que trago na barriga, mas não abdico do sorriso.

Um dia, o de hoje, como tantos outros dias. Sem História ou histórias. E a certeza, e o receio em simultâneo, de um dia fazer das histórias História. Como já fiz. Como já se fez. Histórias sem história da minha {nossa?} História.

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#day422

{que afinal é #day423}

Luz e sombra. Percebo que os meus dias são de Luz. Depois de ter conhecido de perto, demasiado perto, a Sombra.

E é na Luz, com a Luz, que me deixo ir. De sorriso ao canto da boca e brilhozinho nos olhos. Outra vez. Outra vez? Não. Ainda. Sempre. Porque há coisas que não mudam. E ainda bem. Gosto delas assim. E por isso mesmo deixo-me levar. Pela Luz. Aceitando, no entanto, a existência da Sombra.

Sorriso no canto da boca e brilhozinho nos olhos. E é assim, só assim, sem mais. Mas com tudo.

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#day421

{que afinal é #day422}

Analgésicos. Relaxante muscular. Mantas. Sofá. Gata. Repouso. Música.

Dorida. Moída. Coxa. Inteira.

Mimos e repouso, recomendou o médico. Bem, ele recomendou a medicação e o repouso. Os mimos acrescentei eu. E a gata concordou.

E rir-me desta aventura de um misto de contorcionismo e equilibrismo. Rir-me muito. Ainda que todos os músculos desde os ombros até à ponta dos dedos dos pés estejam doridos e rir não seja, “muscularmente” falando, tarefa fácil.

Inteira. Não necessariamente intacta, mas inteira. É o que importa.

E grata, muito, tanto, por todas as mensagens e telefonemas de preocupação e carinho.

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#day420

{que afinal é #day421}

E aos 420 dias {+1} ela caiu.

Um joelho para um lado, pé para o outro, anca noutra direcção completamente diferente, coluna torcida. Mãos e cotovelo no chão. Pés embrulhados e tornozelos enrolados.

INEM. Bombeiros. Hospital. Maca. Radiografias. Injecções. Horas a fio.

No final, apenas um estiramento sem gravidade no joelho, que também ficou esfolado. Mãos queimadas. Anca e coluna doridas.

E um grande número de pessoas, a começar pelos bombeiros, passando por médicos, enfermeiros e auxiliares do hospital, não esquecendo quem me tirou do chão e o farmacêutico que ficou comigo até chegar a ambulância, se despediu de mim num gesto de avô que não tenho com um beijinho na cabeça e me disse adeus à porta da ambulância. Dizia eu, um grande número de pessoas à minha volta sempre com um sorriso tranquilo. De paz. Mesmo quando as dores, a quente, eram já muitas. Ainda que agora, a frio, sejam já mais.

Podia ter sido pior. Mas não foi. E, no final das contas, o dia nem foi assim tão mau.

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