{que afinal é #day432}
Há dias que parecem correr de pernas para o ar.
Acordar cedo para um murro no estômago, ou uma chapada bem dada, ou ambas as coisas, ainda não percebi, não fazia parte dos planos.
A inquietação instalou-se como há muito não o fazia. Acompanhada de desilusão. Desgosto. Frustração. Tristeza, no fundo. Porque é mesmo assim. As coisas são mesmo assim. As pessoas são mesmo assim.
Tentar gerir a surpresa ao mesmo tempo que o dia, frio e cinzento, vai passando. A correr, vejo-o agora. Nem dei por ele. E com o correr do dia, os outros. As boas notícias, as notícias do costume. Saber dos outros. Sentir os outros.
Tentar engolir as palavras que querem sair. Com destino mas sem terem como lá chegar. Gritar não! Não! Não! Não! Mas não grito.
A revolta. Comigo. Com o que já foi. Ou nunca foi. Nunca percebi. Ou percebi sempre e por isso mesmo o murro no estômago já era esperado. Só não hoje. Não agora. Não assim. Mas foi.
Há um furacão do outro lado do Atlântico. Mas sinto-me como se o furacão estivesse aqui, comigo. Em mim. E é ele, o furacão, que me vira de cabeça para baixo e me faz viajar para trás no tempo e me faz reviver tudo. Cada palavra. Cada gesto. Cada ausência…
E um murro no estômago. Que dói quando já devia saber como me proteger dele. Poderia doer de qualquer forma, poderia era doer menos. E hoje, com este murro no estômago, percebo que me deixei ir. Longe demais.
Não. Nem todos os dias podem ser felizes. O de hoje foi apenas triste. De pernas para o ar, de cabeça para baixo. No meio do furacão em que acabo por dar por mim a confundir pessoas, histórias e situações. E não posso. Porque não pode ser assim.
E o que digo sempre que nunca se deve deixar por dizer volto a guardar comigo. Para mim. Porque, sei-o agora, nunca irás saber.