Monthly Archives: November 2015

#day469

O que fica de hoje? Mais uma vez a confirmação que a estabilidade é, ainda, frágil.
Que doentio é insistir em fazer de conta. Insistir em que se faça de conta.
Que há feridas ainda demasiado abertas e gavetas que não se devem abrir de rompante, ainda que o que leva a essa abertura seja outro assunto qualquer, quase banal.

Continuo a contar os dias. Continuarei a fazê-lo enquanto me for necessário. Porque doentio não é contar os dias. Doentio é insistir em continuar a fazer de conta.

Conversas no éter que deviam ser frente a frente, cara a cara. Porque no éter perde-se tanta coisa. Perde-se, no fundo, a conversa e desentende-se a desconversa.

Tempo. Tenho direito ao Tempo que for preciso até chegar aquele dia em que falar, mesmo que não falando directa e abertamente, no éter ou cara a cara, até chegar aquele dia em que falar já não traz as lágrimas que caem sem aviso. Tenho direito à minha contagem de Tempo. Porque preciso de confirmar, comigo, que a distância aumenta e que o número de dias bons é cada vez maior em relação aos outros, os menos bons e especialmente os maus.

Continuarei a contar o Tempo. O Meu Tempo. Do Meu percurso. Sozinha. Porque é sozinha que o percorro. Porque foi sozinha que percorri estes 469 dias. De pura sobrevivência. E foi sozinha que sobrevivi, mesmo que me tenham dito que não estaria sozinha.

Do dia de hoje fica este furacão de emoções à flor da pele novamente. Que não quero. E que não preciso.

Mas fica também a certeza que, apesar da carga cinzenta deste dia, mantenho a cor em mim. Porque já não sei ser de outro modo: cor de rosa.

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{intoxicated by memories and feelings}

“Tia, como é que se apaga a memória?” perguntou-me, há umas semanas, o meu Um. Não se apaga, Miguel. Respondi-lhe que a memória funciona como uma série de gavetas onde se guarda tudo e onde é mais fácil aceder a umas do que a outras, mas que nunca podemos apagar a memória.

Ao mesmo tempo repetia para mim mesma “não se apaga. Não se apaga, mas era tão bom que se apagasse…”

“Mas eu quero apagar a memória, tia. Quero apagar a memória de ti” respondeu-me meio a rir, meio sério. Ri-me com ele. “E quero que tu apagues a memória de mim” riu-se novamente. Ri-me com ele e disse que isso era impossível, porque ele é o meu Um, parte do meu Todo. Mas, cá dentro, respondia-lhe em segredo que também queria apagar tantas coisas…nunca ele, o meu Um, nunca o meu Dois. Mas o resto…

…o que foi não sendo, ou o que não foi sendo, ou lá o que foi que não foi mas foi!

Não, não é doentio contar os dias. Conto-os. Todos. Para poder olhar para trás e perceber as diferenças entre o dia 469 e o dia 10. Ou mesmo o dia 1 ou o dia 180.

Não, não é doentio olhar para memórias de Facebook, responder a comentários antigos, ou mesmo deixar likes aqui e ali a comentários de outros tempos, de outra vida. Não o faço pelos outros, faço-o por mim, porque de alguma forma me tocam.

Não, não é doentio querer entender o que se passa quando percebo que algo de errado se passa. E pergunto para perceber. E perguntarei as vezes todas que forem necessárias até que me expliquem. Até que me expliques! Porque alguma coisa mudou. E sim, eu mudei. Tanto, ao longo destes 469 dias depois de 19 depois de 42. Porque esses 19 dias depois desses 42, mas especialmente esses 42 mudaram-me. Muito. Tanto que em tantas ocasiões não me reconheci. Outras ainda não me reconheço.

Não, não é doentio querer falar sobre o que aconteceu, mesmo que na minha cabeça ressoe a célebre frase “se não aconteceu não é para ser falado”. É. É para ser falado. Porque doentio é fazer de conta, continuar a fazer de conta que nada se passou. Porque na verdade aconteceu. Foi como foi, como tinha que ser, ou como podia ser, ou seja o que for! Foi o que foi, como foi.

Dói ainda. Muito. Mas dói muito mais pontas soltas, desconversas, ataques sem sentido quando tudo o que procuro é entender o que se passa neste momento. O que foi que mudou de um dia para o outro, uma mudança de 180 graus. Da água para o vinho. Ou melhor, do vinho para a água…

Não, não é doentio lembrar-me todos os dias daquela imagem que se recusa a sair-me da cabeça e que me dói e que teima em continuar a doer, e que teima em não me largar por muito que não a procure. Porque foi a confirmação do fim. Porque foi a confirmação que sim, um dia, 42 dias, estive grávida até que deixei de o estar. Um dia, 42 dias, tive um ser dentro de mim a formar-se, a crescer, até que deixei de o ter. Até que me despedi dele da forma mais cruel e dura e dorida. E essa imagem, que apenas eu vi e que era real e não fruto de imaginação, que era palpável, essa despedida, essa dor está cá. Não passa, por muito tempo que passe. Por muitos dias que conte. Por muitos dias que diga a mim mesma que sobrevivi a mais um dia de memórias que doem.

Doentio? Doentio é não falar. Não poder falar. Quando o que quero é esquecer. Falar para esquecer. Conversar para esquecer. Para encerrar um capítulo que, sei, nunca será encerrado totalmente porque fará sempre parte de mim. Doentio é guardar tudo cá dentro e ser corroída todos os dias por algo que nunca desejei conhecer. Dor. Sim. É dor. Que chega a ser física. Que chega a sufocar. Que chega a apertar. Dói. Muito.

Doentio é ter que aguentar e suportar, sozinha, esta dor. Que, sei, é minha. Apenas minha. Nunca o foi de outra maneira. Sim, acredito que nunca foi mais do que apenas minha. Gostava de acreditar que não, mas é.

Sim, há tanto ainda por conversar. Para falar. Para ser dito. Para ser sentido como numa espécie de catarse. Lamento, mas há ainda tanto para ser resolvido.

Não gosto de pontas soltas. Não gosto de histórias mal resolvidas. E por isso insisto porque gosto, sempre, de perceber o que se passa quando algo está tão errado. Como agora. Porque está.

Sim, escrevo para mim. Mas hoje não em exclusivo. Hoje tento despejar no éter aquilo que, pelos vistos, não posso dizer a quem tenho que o dizer. Porque sei que não será lido. E, mesmo que o seja, nunca será respondido.

Tanto ainda por dizer………tanto ainda por entender. E tanto ainda a doer.

Não. Nada disto é doentio. Doentio é continuar a fazer de conta. Como nos últimos 469 dias depois de 19 depois de 42. Eu gostava de conseguir fazer de conta. Mas o que trago cá dentro não mo permite. Por isso escrevo todos os dias. Para me lembrar das pequeninas coisas que dão cor e valor aos dias, mesmo os mais negros. E para poder olhar para trás e perceber o caminho que já percorri. Que foi feito de altos e baixos. E de baixos muito, muito, muito baixos e sozinha quando não o devia ter sido. Porque se continuou a fazer de conta.

Dói. Não faço de conta, não quero fazer de conta, não posso fazer de conta que não dói. Mas também não posso fazer de conta que entendo o que se passa quando não entendo mesmo. E esse não entender, esse não falar, esse desconversar, apenas me confirma que sim, esta dor é exclusivamente minha. Quando não deveria ser.

A memória. As memórias. Está cá tudo. Gostava de poder apagá-la. Não posso. Mas posso tentar guardá-las, às memórias, todas, numa gaveta. Só peço que não a abram, à gaveta. E que, em abrindo, não remexam. Porque remexer nessa gaveta é o mesmo que reabrir uma ferida que ainda não cicatrizou. Porque cada vez que essa gaveta é remexida, cada vez que essa ferida é reaberta, dói. DÓI! Muito! E eu estou cansada dessa dor………tão cansada dessa dor. E não é preciso muito para abrir a gaveta e remexer em cada minuto, em cada segundo desde o primeiro momento. E vem tudo à tona novamente. Tudo o que senti, tudo o que ainda sinto, físico ou não. E eu não quero mais…não posso mais, não aguento mais. Mas lido com isso. Todos os dias. Sozinha. Sozinha! À minha maneira. Da única maneira possível: um dia atrás do outro atrás do um. Contando os dias. Todos.

……porque estou cansada de fazer de conta. Porque aconteceu. Porque sim, estive grávida. E não, não tenho o meu filho. De quem sinto saudades como nunca senti de ninguém. A quem amo como nunca amei ninguém. Mas não tenho o meu filho. Nem nunca o terei. Nem nunca o poderei ver. Nem ouvir. Nem ver a crescer. Nem ver a mudar com a idade. Nem ter mil imagens diferentes dele com o passar dos anos. Porque a única imagem que tenho, está-me cravada na memória como que a ferro quente: o dia em que o meu corpo o expulsou. E dói. Muito. Tanto. Demasiado. E doentio não é sobreviver a isto. Doentio é, repito, fazer de conta……e eu estou cansada, tão cansada, de fazer de conta que não dói. Que já não dói…

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#day468

Domingo quase, quase, quase com sabor a Domingo.

Tanto trabalho para fazer, pouco trabalho feito tirando uns rabiscos em atraso.

E perceber que a habituação é tramada e provoca síndrome de abstinência quando aquilo a que nos habituámos não pode estar presente. Mas, ainda assim, tranquila. Porque segura. Porque sim. Porque sorrio.

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#day467

Cansada. Ainda. Começo a repetir-me, mas a verdade é que estou cansada. E a contar os dias que faltam até dia 21: 23. Ou 22 se pensar em dia 20 a esta hora, quando o trabalho da época estará terminado.

Cansada mas tranquila. Também começo a repetir-me neste ponto. Mas é mesmo assim.

Hoje não me apetece escrever. Apenas por causa do sono. Porque os dias são às cores e só isso é tão bom.

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#day466

Dos regressos. A sítios com História e com histórias.

Regressar a Torres Vedras para mais um mercado de Natal. De ano para ano é uma espécie de regresso a casa. Uma casa temporária, é certo, mas uma casa. Onde nos recebem sempre com um sorriso ainda que nos vejamos apenas uma vez por ano. Onde nos recebem, desde o primeiro dia, com os braços abertos.

Regressar, também, ao sítio onde se nasceu. Onde se passou a infância a correr pelos corredores de película, onde se brincou com médicos e enfermeiros, onde se cresceu ao ritmo das árvores da quinta. Regressar a onde já não se é, mas onde ainda se pertence. E onde, novamente, de alguma forma se volta a pertencer.

E se o regresso a Torres é sempre esperado, planeado, programado, natural, o outro regresso é inesperado, não programado, mas ainda assim tão natural. E tão estranho. Não pelo que é, mas por ser onde é. Como se desde sempre tivesse que ser ali. Como se ali tivesse escrito, há muito tempo, noutro tempo, um bilhete postal. Escrito não sei onde mesmo sendo ali, não sei quando mesmo não tendo sido agora, mas que chegou, finalmente, ao destino.

E parecendo tão estranho, como que uma espécie de linhas cruzadas de outros tempos, é-me tão certo.

E se em Torres tenho uma espécie de casa temporária, ali tenho raízes. E sim, faz sentido. Faz sentir. Tanto sentido. Tanto sentir. Porque ali não estou. Ali sou. Eu. Por inteiro.

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#day465

Costumo dizer que quando for grande quero ser uma árvore.

Fascinam-me as árvores. A forma como crescem, sem pressa. A forma como dão abrigo. A forma como observam o que as rodeia. A forma como criam oxigénio.

Fascinam-me as árvores e a sua capacidade de resistência aos elementos. Como se moldam aos ventos dominantes nunca deixando de ser árvores. Como se vergam às tempestades sem quebrar. Como resistem às inundações. Como crescem em direcção à luz do Sol. Como, mesmo com ramos arrancados à força de vento, sobrevivem e se renovam e se fortalecem e continuam o seu crescimento.

Costumo dizer que quando for grande quero ser uma árvore. Ontem à noite, em conversa de cores, percebi que já o sou.

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#day464

Cansada. Muito cansada. Tão cansada. Demasiado cansada.
Cansada ao ponto de estar cansada de estar cansada.

Falta um mês para o Natal, dizem. E, pela primeira vez em muito tempo, tanto que não me lembro quanto, este ano apetece-me ter árvore de Natal. Mais ou menos tradicional, mais ou menos normal, mais ou menos ao meu jeito e ao meu gosto e à minha vontade, não importa. Importa, sim, que começo a ter vontade daquilo que há um ano tanto dizia que não queria: a magia do Natal. Ou o Natal como eu o vejo e o sinto, não necessariamente igual ao Natal dos outros.

Cansada. Novamente cansada. Novamente sem dar pela velocidade a que os dias correm. Sejam dias tranquilos de trabalho, sejam dias apressados de entregas e urgências inesperadas que enrolam as horas e desenrolam ainda mais cansaço.

Os dias cada vez mais curtos, as noites cada vez mais longas. E dentro de 26 dias o ciclo volta a inverter-se.

O frio que vai regressando, que se vai instalando. Está na altura, dizem. Está, concordo. E desta vez sei que vou sobreviver ao Inverno. Porque sobrevivi ao último e o próximo não será pior. Será, sim, melhor. Porque tranquila. Eu.

Cansada. Muito cansada. Tão cansada. Demasiado cansada.
Cansada ao ponto de estar cansada de estar cansada.

Mas tranquila.

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#day463

A que velocidade correm os dias?

Correm sem pressa. Porque posso não ter Tempo para perder Tempo, mas também não tenho Tempo para ter pressa do Tempo certo.

E isso é tão bom.

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#day462

Tanta coisa a acontecer num tão curto espaço de tempo. Coisas boas. Muito e muitas.

Assusta-me, claro. Habituada a perder, demasiado habituada a coisas menos boas. Praticamente três anos nesse registo. E, de repente, tudo muda. Assusta-me. Claro que sim.

Mas nem por isso me escondo. Nem por isso deixo de pensar que é tão bom quando as coisas mudam. Sei, claro, que podem voltar a mudar a qualquer momento. Mas, por agora, mantenho o foco: aqui e agora.

Que continue a mudança. No mesmo registo de agora, aqui. Um dia atrás do outro atrás do um. E sorrio. E agradeço. E volto a sorrir. Porque agora é tempo dos dias azuis, de luz, de magia. De tanta coisa boa a acontecer num tão curto espaço de tempo.

E, como sempre, eu não tenho Tempo para perder Tempo. E sou tão grata por isso. Por tudo.

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#day461

Dia sem muitas histórias mas não dia em branco. De volta ao trabalho, devagar, sem pressa apesar dos prazos. Cor. No trabalho e fora dele.
Mimos em jeito de música. Em jeito de palavras. Em jeito de fusão.

Sou uma sortuda. Abençoada, talvez. Por ter tanta gente bonita à volta.

É impossível não olhar para trás, para este mesmo dia no ano passado, e não fazer comparações. Chovia. Muito. Choveu todo o fim de semana. Fim de semana que, desde o primeiro instante, foi acompanhado por aquela vozinha que me dizia “não…” e que eu insisti, uma vez mais, em contrariar. Quantas vezes, logo desde o primeiro impacto, do primeiro aviso, tive vontade de voltar para trás?
Deixei-me ir. Carência pura, sei-o hoje. Querer acreditar à força em algo que sempre soube não ser real. Um turbilhão de emoções ainda recentes e por acalmar. Uma busca por raízes que nunca se criaram porque simplesmente não existia como.

Os sinais, meus e não meus, estavam lá. Todos. Desde exactamente o primeiro momento. Vi-os, claro. Mas recusei-os. Todos. Acreditei que era exactamente aquilo que procurava. Que merecia. Porque, dizia a mim mesma, já merecia.

Um ano passou desde aquele fim de semana que foi tudo menos normal. Um ano passou em que caminhando, tropeçando, caindo, reerguendo-me aprendi e cresci e acalmei emoções.

Aprendi que não adianta procurar. Nada. Tudo o que precisamos, o que merecemos, acaba por nos encontrar. Na hora certa. No momento certo. No Tempo certo. Na medida certa.

Cresci à força. Com dores de crescimento como é natural, embora com dores mais ou menos naturais. Não. Naturais todas elas, todas as dores. Cresci, mas sem perder a capacidade de continuar a acreditar em fadas, magia e pozinhos de perlimpim.

Acalmei emoções. Tantas vezes repeti “estou em paz”, não estando. Tantas vezes acreditei que sim, que estava, mas as noites em branco e os olhos molhados e o nó na garganta e o aperto no peito e o frio no estômago gritavam-me o contrário. Recusei sempre ouvi-los e repetia insistentemente “estou em paz”.
Hoje já não o digo nem repito até à exaustão. Hoje oiço dizerem “és tão tranquila”. E sou. Ou estou. Ou…
Ser e estar são posições diferentes. No entanto assumo ambas.

Não tenho pressa. Aceito o Tempo que não tenho Tempo para perder Tempo e todo o Tempo que vou ganhando e vivendo e sentindo.

Encontro, ou encontra-me, ou encontramo-nos, não sei, o que já tinha desistido de procurar. Porque não vale a pena procurar. Nada. Tudo o que precisamos, o que merecemos, acaba por nos encontrar.

Não tenho pressa. O Tempo é este. Certo. Na hora certa. E não há um ano, naquele fim de semana de chuva constante que podia ter sido tão diferente se simplesmente tivesse ouvido aquela vozinha que me dizia “não…”

Se sou a mesma de há um ano? Um furacão de emoções à flor da pele, dúvidas, inseguranças e pura carência? Não. E ainda bem. Porque aprendi a construir e manter esta tranquilidade que trago comigo e que partilho no Tempo certo com quem a sente comigo, em mim.

Um dia sem histórias, hoje. Mas longe de ser um dia em branco. Cores, muitas, em fusão de arco-íris e nuvens de algodão e bruma numa Terra de cor, de magia. E longe, tão longe, do cinzento escuro de há um ano. E é tão bom ser Tempo do Tempo certo. Ser hoje.

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#day460

Dias em branco. Não tenho muitos. Quando os tenho aproveito para fazer o que fiz hoje, num dia em branco: descansar. O melhor possível, pelo menos. E perceber que se há noites em que durmo a correr outras há, como a última, em que durmo aos soluços.

Voltamos às noites mal dormidas. Não porque os demónios estão de volta ou porque os pesadelos me visitam. Nada disso. Felizmente. Voltamos às noites mal dormidas por causa do cansaço. E da preocupação com o trabalho. E prazos. E datas. Tanto para fazer e já tão pouco tempo. E cansada, tanto. E constipada, muito, e a pensar que esta não é, de todo, a melhor altura para ficar doente.

Dia em branco. De descanso. Ou, pelo menos, tentativa de. Com sopros de cor, claro que sim. Mas acima de tudo dia em branco. De descanso. Ou, pelo menos, tentativa de. E a falta que me estava a fazer!

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#day459

E hoje os sinais óbvios de um estado de exaustão que há muito se fazia presente.
Preciso de férias. Mas para chegar lá, às férias de que preciso, não posso esquecer-me de que também preciso abrandar e parar de vez em quando.

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#day457

Esta noite, da minha janela, não oiço o mar. Nem o Gaiato, o burro do bairro que a esta hora já deve estar recolhido. Também não vejo a Lua.
Mas esta noite, e já tantas outras, da minha janela, respiro. Tranquila.

E abro a minha janela e deixo entrar pedacinhos de histórias, de Histórias, que depois de entrarem ali ficam guardados como numa caixinha de segredos, de tesouros, de memórias.

Esta noite, da minha janela, não oiço o mar. Nem o Gaiato, o burro do bairro que a esta hora já deve estar recolhido. Também não vejo a Lua. Mas respiro. E vivo já muito além de apenas sobreviver.

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#day455

Demasiado cansada para seja o que for neste momento. A precisar, muito, de dormir. Dormir muito.

Não me lembro quando foi o último fim de semana digno desse nome.

Não me queixo, no entanto. O corpo sim. Já dá muitos sinais de muito cansaço acumulado há muito tempo. Hoje obedeço-lhe, faço-lhe a vontade e digo que já chega de trabalho por hoje.

Descansar, precisa-se. Para poder, novamente, rentabilizar o meu Tempo para concretizar tanta coisa que preciso de terminar.

Ainda falta muito tempo para dia 21 de Dezembro? Falta. Mas até lá tenho que conseguir gerir o Tempo de trabalho com o Tempo de descanso com o Tempo que é certo.

Até lá, mais uma vez e como sempre: um dia atrás do outro atrás do um. E com descanso pelo meio.

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#day454

É engraçado como há peças que se encaixam de forma tão natural. Ia dizer estranha, mas no fundo não é mais do que apenas natural. Quase normal quando de normal nada tem.

Peças que se cruzam por acaso num caminho de acasos e que, por acaso, acabam por se encontrar.

Não tenho pressa. Já a tive, noutros tempos. Hoje não tenho. Aprendi que não adianta ter pressa de nada porque o que tiver que acontecer acontecerá quando for o seu Tempo. E da forma que tiver que acontecer. Também por isso essas peças só agora se cruzaram. Porque não fazia sentido ter sido mais cedo. Mas faz todo o sentido no Agora. Que é Aqui.

A Lua que se vê daqui é a mesma que se vê de lá, na terra das fadas e dos feiticeiros. Onde a magia dos pozinhos de perlimpimpim permite um vôo tão inesperadamente tranquilo. Sem vertigem porque o pó de fada tranquiliza qualquer receio e porque a magia dos acasos permite o encaixe perfeito de peças que andavam perdidas.

E a Lua. Sempre a Lua. Cúmplice de sonhos. Abrigo de cores que se encaixam como peças de um puzzle que, algures noutro tempo, se perderam uma da outra para se reencontrarem Agora. Que é Aqui.

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#day453

O Mundo é um lugar feio. Hoje particularmente cinzento.

Prefiro, por hoje, fechar os olhos e refugiar-me na cor. Porque a cor não rima com dor.

Hoje doeu. Muito. Outra vez.

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{Paris}

Dói-me o dia de hoje. Sufoca-me. Molha-me os olhos.

Tento desligar mas não é fácil. Paris está em todo o lado.

Fujo. Não quero saber mais. Não quero detalhes, pormenores. Não quero saber números sabendo que são muitos e que apenas um já seria demasiado.

Não entendo. Como posso? É o ódio. E eu sou pelo Amor. E, só por isso, hoje não quero saber porque não quero chorar por me doer. Não quero nada disto.

São uns poucos a odiar muitos. Mas são tantos a Amar outros tantos. E é por aqui que escolho seguir.

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#day452

Que segredos guarda o pôr do sol cor de rosa num céu azul?

Dia cinzento apenas sobre o rio, uma ponte que desaparece para lá das nuvens e uma margem que se esconde no nevoeiro.

Um navio carregado de histórias contadas, outras a acontecer, outras ainda a serem criadas.

A ondulação da ribeira que embala, como embalam as histórias. A História, que se vai criando.

Um céu azul que se fundiu com um pôr do sol cor de rosa num fim de uma sexta feira dia 13. Que culminou na fusão das duas cores: Violeta. E a Lua, como sempre, assistiu.

Uma fusão que, de tão natural, se mostrou perfeita.

“Oh minha senhora, então está de costas e a perder este cenário lindo?”

Não perdi. Nem um bocadinho desse cenário lindo. Pintei, a lápis de cor, um cenário ainda mais bonito, todo ele em tons de Violeta.

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