Diz que bate. Que, apesar de tudo, “está aqui tudo muito bem”.
Apesar de tudo as marcas não são visíveis, mesmo que tantas vezes tenha sido partido, magoado, apertado, tantas vezes amachucado.
Diz que bate. Com força e naquele ritmo rápido de sempre, mesmo que já tantas vezes tenha parado. De dor, de medo, de angústia, de saudade.
Diz que bate. E tanto bate lá dentro como bate cá fora. Pelos meus, pelos outros, bate sempre dos dois lados.
“Sem vestígios de”, seja isso o que for quando as cicatrizes ficam gravadas cá dentro, naquela parte que ninguém vê, apenas se sente.
“Magoaram-te novamente?” pergunta quem tão pouco {me} sabe mas que conhece estas coisas de feridas e cicatrizes e ao longe percebeu que, apesar de tudo, isto bate.
“Está aqui tudo muito bem”, mesmo que por dentro ainda esteja a reaprender a organizar o espaço. E o Tempo. O espaço para arrumar o que é de arrumar, o espaço para viver o que é de viver, o espaço livre para o que vier, o espaço vazio que vazio será sempre. O Tempo que é sempre o meu mesmo que apenas meu. O Tempo das batidas fortes naquele ritmo rápido de sempre. O Tempo que volta a querer ter pressa sem ter Tempo para perder Tempo. E eu não gosto de ter pressa.
Diz que bate. Que, apesar de tudo, “está aqui tudo muito bem”. Pois que continue muito bem enquanto as marcas, as cicatrizes, aquelas que não são visíveis, permitirem que continue a bater. Diz que bate. Lá dentro. E especialmente cá fora.