#day165 out of 365plus1

Dou por mim tantas vezes a pensar no mesmo. Todos sabemos que um dia o tal amanhã não irá chegar. Mas continuamos a dá-lo por garantido mesmo que a nossa história nos recorde, todos os dias, daquela manhã de Novembro.

Também eu me acomodei ao amanhã, ao deixar para depois, ao agora não é Tempo, ao é melhor deixar para dizer depois porque agora não é altura. Os cafés adiados, as idas à praia que não aconteceram, as visitas que não fiz, os jantares que não partilhei, as conversas que não tive. A conversa que não aconteceu.

Agora não, é melhor dar tempo. Agora não, não é a melhor altura. Agora não, sem motivo por que não.

E se um dia o amanhã não chegar? Chega, claro que sim, não sejas parva. Sei que é a resposta pronta. Mas e se o amanhã nunca chegar? Seja o meu, seja o teu, seja o dela ou o dele. Ficam palavras por dizer mesmo que sem demasiada importância, ficam gargalhadas por dar, ficam sorrisos por despontar, ficam cafés por tomar. Ficam conversas por se ter, assuntos por resolver. Fica o vazio de não se poder voltar atrás um dia que fosse para não deixar pontas soltas quando o amanhã não chegar.

Penso demasiado nisto. Porque todos os dias vejo mais um dia cortado no calendário, menos um dia no meu contador. E vejo o tempo a passar e tudo permanece igual porque hoje não é o melhor dia, porque agora estou demasiado ocupada, porque é melhor deixar para depois.

Não tenho Tempo para perder Tempo, repito para mim mesma há dois anos. Mas perco-o a cada dia que deixo passar em branco sem te dizer que gosto de ti, ou o quão importante tens sido tu nos últimos tempos, ou ainda tu que apesar do silêncio sei que estás aí e ainda não te agradeci.

Perco tempo, aquele tempo que não tenho Tempo para perder Tempo, sem te dizer que estavas certo naquele dia, que só eu não quis ver por, oh ironia!, não ser o Tempo certo de ver. Perco tempo ao tentar deixar-me ficar quieta por não querer incomodar, por não querer ser um estorvo, por não querer ser mais um peso. Perco tempo deixando-me sossegada no meu canto por acreditar que seria um incómodo, iria atrapalhar e também por ter aquela estúpida ideia de não ter direito a ter esse tempo, de não merecer esse tempo, ou de mereceres tu passar esse tempo de forma melhor, não desperdiçado comigo e com a minha vontade de não deixar nada por falar, por dizer.

Todos os dias penso, quieta no meu canto, que amanhã é dia certo. Que é amanhã que avanço, me faço presente e volto a bater na porta que deixei entreaberta. E o amanhã chega e volto a adiar para o outro amanhã.

Fico à espera. De um sinal? De um alarme. Que, sem surpresas, me diga que amanhã é, de facto, o dia certo no Tempo certo. Mas…

…e se o amanhã nunca chegar…?

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