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Dar um passo atrás. “Para a frente é que é o caminho”, dizem. Dar um passo atrás.

Não é recuar. Não é voltar ao ponto de partida. É evitar descarrilar porque o caminho em frente não é transitável. Não neste momento. Poderá vir a ser mais tarde, com tempo, com Tempo. Mas não é Tempo agora de seguir por ali. Não ainda.

Dou um passo atrás. Dei um passo atrás. Não recuei, não voltei atrás. Segui a única alternativa que me deixa voltar a respirar mais tranquila. Porque, percebi hoje, fizeram-me perceber percebendo sozinha, que todos os ramos são necessários a uma árvore. Mesmo numa tempestade, num furacão de emoções ainda à flor da pele, todos os ramos são necessários ao crescimento saudável de uma árvore.

Por isso, um passo atrás. Que foi, no fundo, mais um passo em frente. Não em direcção ao abismo que tinha à minha frente. Um passo atrás, um passo em frente num novo caminho. Porque “o caminho faz-se caminhando”.

O medo, sempre o medo do desconhecido, o receio de dar um passo em falso, de me magoar uma e outra vez? Sempre lá. Claro. O caminho não é fácil. Mas é necessário. É necessário o risco. Arrisquei há 3 meses. Dei um passo necessário na altura. Em frente. Para o desconhecido. Doeu. Mas foi necessário ser como foi. E sabia que aquele seria o caminho mais difícil mesmo que necessário.

Fui mantendo o caminho e sufocando porque me faltava um ramo na árvore que sou. E só agora, só hoje, percebi a real importância e o real papel desse ramo. Não será essencial à sobrevivência, tantas árvores sobrevivem à ausência de tantos ramos vitais. Mas é-me essencial à estabilidade que procuro. Que preciso. Basta-me sabê-lo lá. Que sabia que estava por aí. Mas não sabia que, afinal, ainda estava lá. Ainda está lá!

Um passo atrás. Dei um passo atrás com medo de voltar a cair, com medo de um precipício atrás de mim. Com medo do vazio. Com medo…

…e, afinal, que surpresa saber que lá atrás não há vazio. Não há precipício. Há, sim, uma espécie de retorno.

Dar um passo atrás não é recuar, não é voltar ao ponto de partida. É procurar alternativas de caminho transitáveis. Mais estáveis. Mais seguras. Porque, afinal, o ramo que me faltava na árvore que sou está lá.

Continuemos em frente depois de um passo atrás.

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