Monthly Archives: December 2016

{que sejas feliz}

Dizem que final de ano é altura para cortar com o que já não serve, com o que não é importante, com o que “não está”.
Seja, então!

Pode continuar a ser importante, mas se já não está é porque não quer estar. E não sou eu que vou manter o limbo.

Fica quem me Está, quem me É. Os Amigos. Os que têm acompanhado a minha caminhada, a minha luta. Os que me estenderam a mão quando mais precisei. Os que me acolheram como sou. Os que me sabem olhar e VER.
Não posso, nem quero, manter-me no limbo. Corto com o que, pela ausência, pelo silêncio que me grita, me faz mais mal que bem.

Continuará a ter um papel importante. Mas já não nas páginas que ainda hei-de escrever no meu livro. Continuará a ter um papel importante nas páginas já escritas, lidas e relidas e passadas, mesmo que não ainda ultrapassadas.

Se vai doer…? Vai. Muito. Como doeu o primeiro corte há quase 6 meses. Ou, se calhar, até vai doer mais. Mas quem quer saber, pergunta. Quem se preocupa, telefona. Silêncio, apenas silêncio ou pezinhos de lã. Já não me serve. Corto.

Corto contigo. Que sejas feliz. Quem sabe um dia nos cruzemos por aí. E talvez te diga bom dia. Ou talvez não te diga nada. Por muito que mantenhas para sempre em mim o papel que é teu.

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#day364 out of 365plus1 

Se eu queria ser “isto”? Não. Não queria. 

Mas sou. 

Talvez um dia {me} aceite. Assim, tal como sou. Na vertigem entre a cor e o cinzento. Que é, também ele, o cinzento, uma cor. 

Talvez. Talvez um dia. Só não hoje. Não agora. Não ainda. Um dia. Talvez. 

#day363 out of 365plus1 

Não gosto de elogios. Não sei lidar com eles. 

Não gosto que me apontem as minhas falhas também, mas apenas porque as reconheço e sei o que são: falhas. E ninguém gosta de falhar. 

Também por isso não gosto de elogios. Porque, sei-o, acabarei por não corresponder, acabarei por falhar. 

Não gosto de elogios também por me tirarem da média. Por me fazerem sentir a escapar da norma. Quando tudo o que quero é seguir a norma. Ser normal. 

Um elogio deixa-me sem saber como reagir. Eleva-me a um patamar que não reconheço. Faz-me sentir acima da média quando tudo o que procuro é isso mesmo, ser apenas média. Não quero ser nem pior nem melhor que nada. Não quero criar expectativas que sei que não irei corresponder. Porque acabo sempre por não corresponder. Porque “não tem perfil” ou “és instável, sempre foste”. 

Não quero ser outra coisa que não a norma. Não quero ser outra coisa que não média. Não quero ser outra coisa que não apenas mais uma. Não quero a diferença. Não quero ser diferente. Seja num atendimento telefónico, seja na forma como sinto tudo, seja onde ou como for. Não quero continuar a ser diferente. 

Não, não sei lidar com elogios. Não, não sei sequer se os mereço porque sei, à partida, que acabarei por desiludir, acabarei por falhar. Quero apenas que me deixem ser igual. Sem factor diferenciador. Estou cansada de ser diferente… 

#day362 out of 365plus1 

Lembra-te: quando não conseguires olhar em frente, olhos no chão novamente não é opção. Olha para cima. 

#day361 out of 365plus1 

“Tu arranjas tempo para ver essas coisas bonitas. Ainda bem.” 

Não posso esquecer-me de continuar a arranjar esse tempo. São as coisas bonitas que tornam tudo o resto suportável. 

#day359 out of 365plus1 

presente | adj. 2 g. | s. m. | interj.

pre·sen·te 
(latim praesens-entis)

adjectivo de dois géneros

 

1. Que está no lugar onde se fala ou de que se fala. ≠ AUSENTE

(…) 

 

substantivo masculino

8. Coisa oferecida a alguém. = DÁDIVAMIMOOFERTAPRENDA

 

“Presente”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/Presente

 

7° Natal do Miguel.

4° Natal do Filipe.

A minha primeira noite de Natal com os Meus Dois.

{*disclaimer* Lamechas mode: on} 

Não ofereço prendas nem presentes. Mas agradeço a quem tenho que agradecer pelos (meus) últimos meses. Seja com palavras minhas ou fazendo das palavras dos outros minhas. Como agora.

4 meses. Fez ontem 4 meses que conheci aquele que é, neste momento, a minha luz de presença, ou, como ele mesmo diz, o meu actual farol.

É conhecido lá em casa como “o fofinho” porque termina sempre as sessões com um abraço, daqueles apertados. É como se fosse um amigo que por acaso é terapeuta quando na realidade é o psicólogo que me acompanha há 4 meses.

Tenho muito a agradecer ao Nuno e à Associação ABC por me terem “acolhido” no momento certo. E tenho que agradecer, muito, ao Nuno pelo trabalho semanal que tem feito comigo.

Se há alturas em que é a doer? Há. Faz parte. Há, também, alturas ligeiras. E há, ainda, alturas assustadoras como na semana passada. Em que pela primeira vez percebi que até ele estava assustado. Também faz parte.

Mas, seja em que alturas for, o Nuno “leva-me a casa“. Chama-me de volta à Terra. Permite-me fugir quando estou em modo enguia escorregadia que escapa aos assuntos. E sabe fazer com que, mesmo em fuga, eu fale das coisas. Todas.

Agosto, era uma autêntica “broken soul”. Ainda não estou inteira, há muito trabalho ainda pela frente. E há a AABC. E há o Nuno. E há esta música em loop na minha cabeça hoje dirigida às sessões semanais de duas horas de “regresso a casa”.

Obrigada, AABC. Obrigada, Nuno.

Wrapped up, so consumed by all this hurt
If you ask me, don’t know where to start
Anger, love, confusion
Roads that go nowhere
I know there’s somewhere better
‘Cause you always take me there

Came to you with a broken faith
Gave me more than a hand to hold
Caught before I hit the ground
Tell me I’m safe, you’ve got me now

Would you take the wheel
If I lose control?
If I’m lying here
Will you take me home?
Could you take care of a broken soul?
Will you hold me now?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?

Hold the gun to my head, count 1, 2, 3
If it helps me walk away then it’s what I need
Every minute gets easier
The more you talk to me
You rationalize my darkest thoughts
Yeah, you set them free

Came to you with a broken faith
Gave me more than a hand to hold
Caught before I hit the ground
Tell me I’m safe, you’ve got me now

Would you take the wheel
If I lose control?
If I’m lying here
Will you take me home?
Could you take care of a broken soul?
Oh, will you hold me now?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?
Oh, will you take me home?

You say space will make it better
And time will make it heal
I won’t be lost forever
And soon I wouldn’t feel
Like I’m haunted, oh, falling

Would you take the wheel
If I lose control?
If I’m lying here
Will you take me home?
Could you take care of a broken soul?
Oh, will you hold me now?
Oh, will you take me home?

{Take Me Home . Jess Glynne}

#day355 out of 365plus1 

O carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas também descarrila. Basta uma pequena pedra no caminho, ou até mesmo um mero grão de areia na engrenagem e a viagem, já de si assustadora, torna-se quase um pesadelo. Especialmente quando pensamos que a viagem no carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas está mais serena e tranquila e quase conseguimos perceber que a energia que a move está cada vez mais fraca. Quase conseguimos adivinhar que o porto seguro está logo ali, depois daquela curva que vem depois da descida, daquela mesma curva que antecede a subida. Porque estamos lá em cima e de repente esse lá em cima é muito lá em cima não sendo demasiado e mantém-se sem oscilações durante algum tempo dando uma sensação de continuidade lá em cima. E por momentos quase se acredita que o carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas é, também ele, vítima da inércia e por falta de impulso continuará a sua marcha mas agora de forma mais constante, mais serena, mais tranquila.

Até que há uma pedra no caminho. Ou um grão de areia na engrenagem. O descarrilamento. E a viagem mais constante, mais serena, mais tranquila, transforma-se numa queda livre de um trapézio sem rede de segurança. E vem de novo a vertigem da queda, a dor do impacto. A falta de luz. Para logo se perceber que, afinal, a pedra no caminho, o grão de areia na engrenagem, o descarrilamento, também eles fazem parte do percurso dessa viagem não desejada no carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas.

Quero acreditar que um dia, não sei quando, essa viagem terá o seu fim. Quero acreditar que um dia, lá mais à frente, essa viagem que nunca procurei começará novamente a ser mais constante lá em cima, mas não demasiado lá em cima, mais serena, mais tranquila. Até eventualmente se transformar numa outra viagem qualquer. Sem a vertigem da queda, sem a dor do impacto de quem cai do trapézio sem rede de segurança.

Até lá apenas vou acreditando. Não sei ao certo em quê. Não sei ao certo em quem. Sei que não totalmente em mim. Porque continuo sem verbalizar tantas pequenas coisas que me são enormes de verbalizar. Mas o som simples não sai.

#day354 out of 365plus1 

Não há noite nenhuma em que não chame por ti. 
Não há noite nenhuma em que não te procure. 
Fazes-me falta. Muita. 

#day353 out of 365plus1 

Do que não posso esquecer-me: tenho muito pelo que agradecer. Tenho muita gente a quem agradecer. 
Não, o caminho não é fácil. Não está a ser. Nunca foi, mas especialmente agora, de novo, cada novo dia é um dia pesado. Por tudo. Pelas ausências, pelas perdas, pelos silêncios. Pela falta de força, apesar da vontade. Pela falta de coragem de olhar para o espelho e de olhos nos olhos verbalizar aquilo em que não acredito. 
Mas tenho muito pelo que agradecer mesmo que tantas vezes me esqueça. 

Mas tenho muita gente a quem agradecer mesmo que insista em esquecer-me. 
As ausências, as perdas, os silêncios, pesam. Moem. Doem. Assustam. Mas tenho que agradecer até pelas ausências, pelas perdas, pelos silêncios. Ainda que me façam chorar. 

#day350 out of 365plus1 

Aquela sensação, estranha, de que já aqui estive. Que já presenciei isto. Que já vivi isto. Nunca o tendo presenciado, nunca o tendo vivido. 

Aquela sensação, estranha, de estar a assistir a um filme que já se viu algures no Tempo. Ver de fora, como numa plateia. Ou como se saísse do meu corpo por instantes para assistir àquela cena.

Já ali estive algures no Tempo. Não há tanto tempo assim. Mas estive. Déjà vú, dizem que se chama assim. Sensação estranha, chamo-lhe eu. E não gosto. 

Março. Não sei o quê nem porquê, oiço Março a escoar na minha cabeça enquanto revivo o que nunca aconteceu antes. 

Sensação, estranha, de não entender estas sensações.