“- Tia, estás diferente…
– Diferente? Porquê?
– Não sei… Estás mais velhota.
– Hum… E estou diferente para melhor ou para pior?
– Hum… Acho que é um bocadinho dos dois!”
Há quem me diga que estou melhor. Que nos últimos meses fiz, fizemos, progressos. Digo-lhe sempre que estou diferente. Não gosto, não quero?, dizer que estou melhor. Por medo, talvez. Medo de voltar ao ponto que me levou até ele. É normal que possa acontecer, voltar a cair, diz-me ele enquanto vai repetindo que preciso de verbalizar que sim, que estou melhor. Respondo-lhe sempre que estou diferente. Que não consigo verbalizar o que ele me pede. Que tenho medo. E ele lá vai dizendo que, se voltar a cair, saberei melhor como voltar a levantar-me. Que será mais fácil.
E se não for…?
É, também, por isso que prefiro agarrar-me à opinião dos 7 anos do Miguel: estou diferente. Mesmo que seja para melhor e para pior em simultâneo.