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Estar do lado de cá também é ter dúvidas, ter certezas, estar perdida, estar algures, ser assim, querer ser melhor.

É a minha Lua que está lá sempre e agora em crescendo. É o Sol de Outono em temperatura de Verão. É o mar que não vejo e está aqui tão perto. É o rio que atravesso duas vezes por dia.

É sair de casa de manhã e querer não sair. É voltar ao fim do dia e querer sim ficar. É o ter que, ter que, ter que. Mesmo que, por vezes, simplesmente não o queira fazer e por isso procuro uma fuga para não o fazer.

Estar do lado de cá, no fundo, não é muito diferente de estar do lado de lá da Borderline. Apenas não é tão escuro nem tão pesado nem tão dorido nem tão violento nem tão sozinho nem tão barulhento nem tão, nem tão, nem tão, nem tão.

Estar do lá de cá continua a ser um dia atrás do outro atrás do um porque também do lado de cá é preciso continuar todos os dias, mesmo que sem um rumo definido.

E sim, do lado de cá da zona limítrofe às vezes também apetece chorar baixinho quando à noite as luzes se apagam e o silêncio preenche todos os espaços que se queriam preenchidos de palavras de forma e conteúdo, de gestos e de toques. Como agora.

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