Onde é que vais? Como é que vais? Por onde? Em frente? Em frente. Sim, em frente.
Vais em bicos dos pés, num misto de passos seguros de bailarina com o medo de quem caminha na corda bamba. Saltaricas por aí, sempre no risco da vertigem e da queda. Mas vais.
Lembras-te onde estavas há 3 meses? Não ias, simplesmente. A vertigem era outra, a queda era profunda no vazio do cinzento negrume. Não ias, não avançavas. Não vias a cor. O que mudou de lá para cá? Tudo? Nada? Muito? Pouco?
Mudaste tu. Cresceste mais um pouco. Sobreviveste a mais um Verão, a mais uma camada de pele que te queimava por dentro. Sobreviveste à memória, ao fogo da memória. E agora?
Agora abres caminho num passo certo mas não necessariamente seguro da descoberta. Descoberta do outro, descoberta de ti, descoberta do que não quiseste, durante tempo, acreditar ser possível.
Mereces ser feliz. Ser mais do que memórias de um Verão passado quando ainda tens tempo para criar novas memórias ainda por vir. Mereces partir à descoberta mesmo que te pareça difícil mostrar-te como és por completo. Porque és mais que a Depressão, mais que a Borderline, mais que o trauma. És sorrisos, gargalhadas, abraços, mãos abertas, palavras com sentido, conversas sem sentido quando o sentido não é preciso, ouvidos atentos, ombros disponíveis, sentido de humor, curiosidade em querer mais, és tanto mais!
Onde é que vais? Como é que vais? Por onde?
Em frente. Lembra-te sempre: em frente. Em passos de bailarina, em passos na corda bamba, não interessa! Em frente. Sempre. Saltaricar se te apetecer. Mas vai. Mereces tanto mais do que te tens permitido.
Vai e voa. Sabes que se caíres tens quem esteja lá para te ajudar a reerguer.
Por isso vai. Não interessa onde. Desde que seja em frente.