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Às vezes pergunto-me se me lês. Se lês o que diariamente debito no éter. Mais ou menos pensado, mais ou menos em jeito de desabafo ou simplesmente a marcar mais um dia que me habituei a marcar.

E por vezes penso que sim, que me lês. Sei lá com que frequência e que entendimento fazes do que escrevo. Mas por vezes sim, por vezes penso que me lês. E isso faz-me acreditar que já sabes muito daquilo que não tenho coragem para te dizer. Por ser tão totó como tantas vezes digo que sou.

Mas será que me lês mesmo? E, no fundo, que diferença faz se me lês e eu não sei? Afinal parece que somos os dois um bocadinho totós.

Gostava de saber se me lês… Gostava que mo dissesses, de forma mais ou menos directa. Da mesma forma que eu todos os dias te digo que gosto de ti. Já o percebeste ou achas apenas que estou a ser simpática? Se calhar ainda não percebeste porque eu também não valido como devia.

Gostava que me lesses. E percebesses que tantas vezes escrevo para ti. Como hoje. Como tantas vezes já escrevi. Ser-me-ia mais fácil deixar de ser totó assim. Mas mesmo que me leias, como dizer-te que isto é para ti? É. É para ti. E quero acreditar que tu sabes que é para ti, mesmo que não me digas nada.

Vamos os dois deixar de ser totós? Prometo que me vou esforçar para ser mais segura de mim própria, não esquecendo o processo de mudança em curso, claro, mas mais segura. O processo ainda é longo, mas vai valer a pena. Só não quero perder pelo caminho a possibilidade de te fazer sorrir. E sorrir contigo.

Será que me lês? Gostava tanto de o saber. Assim como gostava de ter coragem para te dizer de uma vez o porquê de tantas borboletas na minha barriga. Especialmente quando antecipo que te vou ver, que vou estar contigo. Nem que seja por breves instantes.

Será que me lês? Quero acreditar que sim.

Um dia escrevo para ti sem que possa surgir alguma dúvida sobre o destinatário, como acredito que possa surgir por vezes.

Mas hoje fica apenas a questão: será que me lês?

Quero acreditar que sim. E hoje, sem dúvida, é a ti que dirijo as minhas palavras. Não duvides, como por vezes podes duvidar. É natural que aconteça. Mas não duvides. E diz-me… Será que me lês?

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