Monthly Archives: January 2021

{#31.335.2021}

Papoilas em Janeiro. Todos os anos me cruzava com elas a caminho do autocarro para ir trabalhar. Este ano, com o trabalho em casa, fui à procura delas. E lá estavam, no mesmo sítio de sempre, como que a lembrar-nos que o Inverno não dura para sempre.

São papoilas fora de época, ou se calhar é época delas e eu não sei. Mas seja o que for, sabe bem cruzar-me com elas.

Um ano. Passou um ano desde que me expus e deitei cá para fora o que há tanto tempo guardava comigo, em mim. Passou um ano, e ao contrário do que estava habituada, não perdi nada. Acho até que ganhei.

Nada mudou. Mas desde o primeiro dia que existe um forte gut feeling que me diz que vai mudar. Mas mudar de forma positiva. Também desde o primeiro dia que digo que vai levar algum tempo. Não sabia, nessa altura, não sabia ninguém, que o Mundo ia parar e que todas as interacções iriam ficar limitadas. E para mudar, é preciso que haja uma interacção mais próxima, ao vivo. Porque a interacção mantém-se. Diariamente. Ou praticamente diariamente, como foi desde o início.

Mas o gut feeling mantém-se, forte e intenso como sempre. Desde há mais do que um ano de exposição. Já existia antes.

E desde sempre que existem também pequenos nadas. Que para algumas pessoas se calhar são apenas isso mesmo, nadas. Mas que para mim são pequenos gestos que aconchegam. E que fazem o meu gut feeling vibrar mais forte.

Enfim…

Há papoilas em Janeiro. Há um gut feeling intenso. Há pequenos nadas.

Há esperança que tudo melhore um dia.

E há a certeza, a garantia, que um ano depois nada mudou. Porque não tinha que mudar. E ainda bem.

{#30.336.2021}

Começar o dia cedo com um bom dia. Sabe tão bem. É um pequeno nada? É. Mas aconchega. E sabe bem.

Praticamente um ano depois, ainda sabe melhor por perceber que, de facto, nada mudou. Não tinha que mudar. Mas as minhas experiências anteriores foram sempre negativas e tive medo, claro, que desta vez fosse igual. Não foi.

E um bom dia sabe sempre bem, especialmente quando parte do outro lado.

E a partilha. Também há a partilha. Hoje minha, entendida e aceite sem preconceitos. Talvez com um pouco de preconceito meu, vindo de mim mesma, a falar sobre mim. É o estigma que ainda existe sobre a saúde mental. E dou por mim com vergonha de falar sobre isso. Mas não devia ter. Já sei que não devia.

Poder partilhar sem filtro, no entanto, soube bem também. Quase tanto como receber um bom dia ainda ensonada. E há tanto tempo que sonho acordada com esse bom dia ensonado.

Foi bom começar o dia assim. Vai ser bom também terminar o dia com o boa noite habitual.

E só por ter começado o dia cedo como começou, o dia foi um dia bom.

Amanhã? Que seja igual se não puder ser melhor.

{#29.337.2021}

Chegar ao fim da semana. É esse o objectivo todas as semanas. E tenho conseguido chegar com a minha sanidade mental em melhor estado hoje do que no início do confinamento apesar de não sair de casa para dar uma volta há 15 dias. Saí no domingo para ir votar, mas não pude ir dar uma volta, por isso é como se não tivesse saído.

Faz-me falta sair para ir até ao café depois do trabalho. Mas com o café fechado não vale a pena sequer pensar em sair. Até porque não é permitido andar por aí. Mas está a fazer-me falta dar uma volta.

Talvez amanhã vá até à mercearia. Sempre estico as pernas e mexo-me um bocadinho, que bem preciso.

Por agora descanso e planeio o dia de amanhã: da cama para a sala, da sala para o quarto com passagem pela cozinha e de regresso à sala para terminar o dia de volta à cama.

Tenho que procurar um bocadinho de humor nisto tudo ou enlouqueço. Já basta a semana com pouco trabalho, reflexo do confinamento.

Entretanto, de novo as saudades do Sol. Mas agora, mesmo que pudesse sair, também não o conseguiria ver por causa do céu cinzento constante. Por isso, olho para cima e tento fazer de conta que sinto o Sol no rosto.

Chega por hoje. Estou cansada. Até cansada de estar cansada. Desligo por hoje. E deixo o meu boa noite aqui, assim como irei deixar também ali.

Boa noite.

{#28.338.2021}

Às vezes apetece-me fazer ctrl+alt+del para reiniciar esta treta toda.

Não podendo, tento fechar todos os processos que não interessam. Mantenho a funcionar só o que é importante. E, pelo meio, tento não perder o foco.

Hoje não foi um dia mau. Foi só mais um dia igual aos outros. E amanhã será igual, se não puder ser melhor.

E só me apetece dizer “bom dia!”. Nunca me tinha apercebido que gosto mesmo de dizer bom dia. E por isso continuo a fazê-lo, mesmo que por vezes não tenha retorno. E termino sempre o dia a dizer boa noite,, pelo menos enquanto continuar a fazer sentido.

E não, aqui no bom dia e boa noite não me apetece um processo de reiniciar o sistema. Não podendo estar melhor, está muito bom assim. Especialmente quando penso que já vai fazer um ano que disse o que trago cá dentro. E nada mudou. Porque não tinha que mudar.

Mas chega a hora de terminar o dia e até a esta hora é preciso manter o foco e o equilíbrio para não me deixar levar pelo medo. É tão fácil ser levada pelo medo. E eu sei até onde é que o medo me pode levar. E não quero.

Por isso, foco-me nas rotinas de fim de dia e preparo-me para reiniciar o meu sistema. Amanhã regresso à rotina de trabalho e tento dar o melhor que consigo.

Amanhã não será um mau dia. Será, isso sim, mais um dia de foco e equilíbrio.

{#27.339.2021}

Não me posso esquecer que, para manter o equilíbrio, é preciso olhar em frente.

E é isso que tento fazer todos os dias. Até quando olhar em frente se torna mais difícil.

É urgente manter o equilíbrio. É urgente olhar em frente. Tudo isto vai passar um dia. Não sabemos quando, mas vai acabar por passar. Até lá olho em frente e tento, da melhor forma possível, manter o equilíbrio.

{#26.340.2021}

E novamente o medo. Ou será ainda o medo?

É a minha hipocondría a falar. E a fazer disparar os níveis de ansiedade que têm estado controlados. Mas toda a somatização me assusta. E quanto mais assustada, maior a somatização. E quanto maior a somatização, mais assustada.

Vai correr bem, tento repetir para mim mesma. Mas e se não correr, oiço-me em resposta.

Vai ter que correr tudo bem. Não pode ser de outra forma.

Agora é tentar acalmar a ansiedade que tem vindo a crescer e a deixar-me cada vez mais desconfortável.

Amanhã será melhor.

{#25.341.2021}

De volta à rotina. E o volume de trabalho a diminuir drasticamente.

Custa ver o tempo passar quando devia ter trabalho para fazer. Mas já era esperado.

De resto, os dias passam iguais. Todos os dias. Há mais de 10 meses.

Um dia de cada vez. Um dia atrás do outro atrás do um. E amanhã não deixar de sorrir logo pela manhã.

{#24.342.2021}

O dia acordou cinzento. Mas não frio. Perfeito para sair de casa à hora de almoço e exercer o direito de voto. Que, para além de um direito, é também um dever cívico. Porque quem adormece em democracia pode acordar em ditadura. E isso não pode acontecer.

Longas filas, pouco tempo de espera. Voto deixado em consciência. Num gesto que foi seguro.

Amanhã saberei os resultados finais. Mas os preliminares já são um bocadinho assustadores.

O populismo não vencerá estas eleições, mas mostra resultados que me assustam.

Amanhã. Amanhã volto a pensar nisso. Por hoje posso dizer que fiz a minha parte.

Não passarão. Não aqui.

{#23.343.2021}

Mais um dia a ver o tempo passar. Mas sem stress. O tempo lá fora pede mantas e, mesmo que não pedisse, agora é altura de ficar em casa.

Amanhã hei-de sair, com ou sem chuva. Vou votar para voltar para casa. E continuar a ver o tempo passar.

Agora recolho-me. Estou cansada. De tanto ver o tempo passar.

{#21.345.2021}

Novamente, mais um dia, menos um dia. Sempre igual, o que não é de todo mau.

Trabalho, sempre, sem a preocupação de cumprir com os horários dos transportes públicos e a incerteza do trânsito em dias de chuva. Trabalho em casa não é mau.

Amanhã não precisa de ser melhor, basta ser igual para já estar a ser melhor.

{#20.346.2021}

Mais um dia, menos um dia.

E menos uma preocupação.

Que venha agora a chuva que afasta o frio extremo. Já não há paciência para o frio.

De resto, mais um dia igual aos outros. Amanhã, novamente, será melhor. E os dias cada vez maiores.

{#19.347.2021}

O frio. Ainda o frio. Estou cansada do frio.

E cansada dos dias sempre iguais, fazendo por ter pedaços de dia um pouquinho diferente todos os dias, mesmo mantendo os hábitos de todos os dias. Confuso? Talvez.

Na verdade não me chateia muito estar em casa há 10 meses. Mesmo que os dias sejam sempre iguais. Já não sinto falta das interacções que me faltavam no início desta aventura de trabalhar em casa. Fazem-me falta outras coisas que nada têm a ver com o trabalho ou com o ir trabalhar.

Mas o frio…o frio é que está a ser difícil de lidar. Falta muito para a Primavera? Dois meses, eu sei. Que podem ser muito longos. E frio ainda agora chegou.

Mas sei que vou sobreviver a mais este Inverno. Devagarinho, mas hei-de sobreviver.

{#18.348.2021}

Os dias estão assustadores… E sim, eu tenho medo.

Não está a ser fácil lidar com tudo isto. Por isso agarro-me a tudo o que possa aligeirar todo este medo. Toda esta ansiedade.

Vai correr tudo bem. Assim o digo, assim o espero.

Por agora, procuro uma luz de presença que me acompanhe na falta de pirilampos.

Amanhã será melhor. E vai correr tudo bem.

{#17.349.2020}

Domingo, dia de ver o tempo passar quentinha debaixo das mantas. Hoje, Sol só o que a janela me permite ver. E assim será até sabe-se lá quando.

Amanhã, regresso à rotina. Um dia será melhor. E pode ser já amanhã.

{#16.350.2021}

É tempo de confinamento geral imposto. E eu entendo a necessidade e aceito que assim seja. Está demasiado assustador lá fora…

Mas hoje quebrei esse confinamento. Tinha programado sair de casa apenas por uns minutos, o suficiente para fumar um cigarro enquanto apanhasse um pouco de Sol no jardim aqui ao pé de casa. Mas esses poucos minutos transformaram-se numa hora e o jardim transformou-se em praia.

Não via o Sol há quase um mês, não via o mar desde o final do Verão. Não sei quando voltarei a vê-los porque o confinamento é para cumprir. Mas hoje não. Hoje foi urgente cumprir uma necessidade de me afastar um pouco de casa e sentir o Sol, ouvir o mar. Estou demasiado isolada há 10 meses. Foram poucas as vezes que saí do meu bairro. Quase não saio de casa.

Amanhã volto a ficar em casa. Hoje não pude evitar sair. Sinto-me culpada, sei que não devia ter saído. Mas também sei que o risco foi extremamente baixo por não me cruzar com quase ninguém. Não é justo para quem está a passar momentos complicados com esta pandemia. Mas não deu para ser de outra forma.

Amanhã volto a ficar em casa. Sem previsão de voltar a sair, até porque o café habitual está fechado e o único que insiste em se manter aberto é onde me recuso a entrar.

Acredito que antes do final do próximo mês o confinamento não será levantado. Por isso não me arrependo de ter saído hoje, sabendo que não volto a sair tão cedo.

Estou cansada. Estamos todos. Vai ser um longo ano até ao regresso lento daquilo que tínhamos antes. Mas é necessário achatar a curva, é necessário tentar ao máximo evitar que os números continuem num aumento quase descontrolado.

Amanhã será melhor. Seja esse amanhã quando for. Hoje foi dia de ver o Sol e o mar. Amanhã será dia apenas de ver o tempo passar.

{#15.351.2021}

Um dia escrevo para ti. E digo-te bom dia baixinho num sorriso ainda ensonado de quem acabou de acordar ao teu lado.

Escrevo para ti e conto-te o que sonhei nessa noite em que te tive sempre ao meu lado. E rimos os dois porque os sonhos são sempre estranhos e tantas vezes risíveis.

Escrevo para ti e de dedos entrelaçados seguimos o dia inteiro. Mesmo que o trabalho nos separe durante algumas horas, os dedos não se largam, permanecem entrelaçados até ao momento do abraço de regresso a casa ao final do dia.

Um dia escrevo para ti. E digo boa noite baixinho num sorriso ensonado enquanto me enrosco em ti para uma noite tranquila.

Um dia escrevo para ti. E conto-te a vontade de fazer destas palavras algo real.

Hoje apenas escrevo. Para ti. Ao longe. De longe. Sabendo que te quero perto.

{#14.352.2021}

Último café na rua antes do novo confinamento. Não saía de casa há uma semana, não sei quando voltarei a sair.

Ficam-me a faltar todos aqueles com quem queria estar. Não são muitos, mas existem. E fazem-me falta. Uns mais que outros, claro, mas todos me são alguma coisa que trago cá dentro.

Mas há um em especial que me fica a faltar… Muito.

Venha de lá então o novo confinamento. Para quem está em casa desde meados de Março, não vai ser muito diferente. Daqui a umas semanas voltamos a poder sair, quem sabe se nessa altura não estou com quem me faz falta…

{#13.353.2021}

Dias a ficarem maiores e eu a vê-los da janela.

Novo confinamento a começar agora, a terminar não se sabe muito bem quando. Mas que é necessário e urgente.

Continuo com saudades do Sol. Quem sabe se no fim de semana não rompo com o confinamento e o vou ver e sentir, nem que seja por 5 minutos…

Mantém-se o frio. Muito. E intenso. E a minha hipocondría continua a manifestar-se.

São dias estranhos, estes. Mas são os que há.

Amanhã, dizem, já será melhor no que diz respeito ao frio. Amanhã, digo, será melhor em tudo o resto. É só uma questão de acreditar. Mas pelo menos sei que o dia, amanhã, já será um bocadinho maior. E só por isso será melhor.

{#12.354.2021}

Dia do Meu Dois. 8 anos a espalhar charme e alguma confusão por onde passa. Espalha brasas, fala barato. Bem disposto com momentos de algum mau feitio. Giro que dói.

Já não se agarra às minhas pernas. Já não está sempre onde estou. Já não me pega na mão para ir com ele para todo o lado.

Está crescido. Muito senhor do seu nariz.

Mas será sempre o Meu Dois, um dos dois homens da minha vida.

Parabéns, Pipoca.