Dou por mim a pensar que estou a desistir daquilo que prendi em mim durante 4 anos e meio e que nunca foi mais do que aquilo que é: nada. Abro mão de uma coisa que sempre achei bonita por ser pura e desinteressada. Um porto de abrigo que me acompanhou durante tanto tempo mas que nunca me levou a lado nenhum.
Hoje, com a aproximação da tempestade perfeita, vou avançando e deixando para trás essa coisa que ainda trago comigo, em mim. Porque não morre de um dia para o outro. Ainda existe, ainda é real, ainda é bonita, ainda é desinteressada. Mas não me leva a lado nenhum…por muito que durante todo este tempo eu tivesse dado ouvidos a um gut feeling que afinal estava errado, sempre a acreditar que ainda iria haver uma mudança, foi preciso chegar a tempestade perfeita para perceber que está na hora de me afastar um pouco.
Pouco ou nada vai mudar, na verdade. Só estarei mais ausente. Mais longe. Sempre disponível, porque sou mesmo assim, mas um pouco mais à distância. Se vai dar por isso? Duvido. Provavelmente não irá dar pela distância, pela ausência. Seja. E, ironia das ironias, quase arrisco dizer que será a minha distância, a minha ausência, a levar à tal mudança que tanto desejei.
E, noutro registo, não sei o que fazer com a tempestade perfeita. Está a ser uma aproximação perigosa, carnal e cada vez mais pessoal. Mas acima de tudo carnal, sem dúvida. E é aí que me perco no caminho. Porque o que procuro é pessoal. Mas não nego o lado carnal. E não sei até onde vou conseguir ir neste jogo definido.
Dar uma oportunidade à vida, receber o que a vida me dá. No fundo é isto. E se, por um lado, é o que precisava para seguir em frente, tenho medo de arriscar. E o risco é grande. Tem tudo para correr mal. E eu não sei se quero seguir o jogo até ao fim.
Vamos ver. Seguir em frente afastando-me do porto de abrigo. Avançar em direção à tempestade perfeita. E depois?
Depois? Depois não sei…