Segunda feira. Mas sinto como se já fosse quinta. Começo a semana cansada. Já começa a ser hábito. E o que também já começa a ser hábito é entrar mais cedo para sair mais tarde.
Mais uma noite interrompida, muito mal dormida, muito calor e, claro, uma grande dificuldade em acordar.
Sobrinhos de férias. E rapidamente volto a sentir-me a mais. Como sempre, quando toda a família se junta, sinto-me a mais, como se não pertencesse aqui. Todos os anos, no Verão, sabe bem tê-los por perto. Mas não sabe bem sentir que estou a mais em toda a dinâmica. Numa dinâmica de cinco, onde apenas quatro contam…
Tento manter a cabeça ocupada. Distrair-me. Não pensar. Mas fica difícil não o fazer…
Assim como também tento não pensar no porto de abrigo, no retorno, no que podia perfeitamente ser e não é. Mas em cada segundo livre que tenho o pensamento foge para aí. E um dia tenho que deixar de pensar nisso tudo. Não me faz bem.
Um dia. Um dia dou razão ao meu gut feeling. Ou então um dia deixo de pensar no que, já sei, não me faz bem.
Hoje ainda não é o dia. E mais uma vez vou ao ritual nocturno que, já sei, não terá resposta. Masoquista, portanto. Mas sei que, se um dia parar de o fazer, mais ninguém o fará e termina uma relação de amizade…e isso não quero. Quero manter a proximidade. Quero manter o pouco que ainda resta.
Ainda não é hoje que deixo de dizer “boa noite”. Não tenho retorno, eu sei. Mas não é hoje que deixo de estar presente no final de mais um dia…
Amanhã? Logo se vê como será. E, querendo que seja um bom dia, será um bom dia…
