14 vs 24. Já só espero pelo 24 porque não posso senão esperar. Os 14 não espero mais. Mas o relógio continua a contar. E, sim, hoje era suposto a contagem parar por aí. Não parou.
Amanhã é terça feira. E hoje lembrei-me que, há uns meses, terça feira era dia de acontecer. Mesmo que tenha havido aquela terça feira que não aconteceu. E, ao lembrar-me que amanhã é dia de acontecer, fiquei com vontade que acontecesse. Alguma coisa. Seja o que for. Mas sei que não vale a pena ter vontade de nada, porque nada vai acontecer. Nada de nada.
Vai ser só mais um dia para juntar aos 14 que já passaram. Vai ser só mais um dia em que o meu silêncio e a minha ausência não vão fazer diferença. Porque a minha presença também nunca fez.
Repito o que já tenho dito: quem quiser saber, pergunta. Eu não fujo nem me escondo. Estou onde sempre estive. Só não me encontra quem, na verdade, não quer.
Nada disto é o que alguma vez quis. Nada disto me faz bem. E por isso mesmo não gosto do que me faz sentir. E eu sou de sentir. Tudo. E por sentir tudo, por sentir demasiado, por não me fazer bem, decido afastar-me. Com muita pena minha. Afasto-me por respeito a mim mesma. Para me proteger. Para não sofrer mais. Ou ainda mais.
Todos os dias dói mais um bocadinho. Mas um dia vai deixar de doer. Ou então vou estar de tal forma anestesiada que vou deixar de sentir. Ou apenas calejada. Não sei. Sei que um dia deixo de sentir. Até lá, tento ao máximo proteger-me. Porque eu estou em primeiro lugar.
E, quem já esteve no topo da lista de contactos próximos, já está hoje em oitavo lugar. E de certo continuará a descer. E isso entristece-me.
Sim, é triste que me faz sentir. São cinco anos que agora me parecem deitados ao lixo. E eu não quero deitar esse tempo ao lixo. Mas, e lá vem a frase que aprendi a detestar, é o que é.
Amanhã? Volto a colocar-me a mim em primeiro lugar. Como fiz hoje. Como fiz ontem. E só por isso será um dia bom. Porque eu quero que seja um dia bom.
