Daily Archives: 28/09/2022

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Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim. Vale o que vale. É mais um dia numa nova contagem. É menos um dia até sexta feira. E amanhã é dia de interromper a contagem, dia de cortar o silêncio e a ausência, dia de confirmar se sexta feira acontece ou não. E continuo convencida que não, não vai acontecer. É esperar para ver.

Mais um dia a trabalhar em casa, como vai ser o resto da semana. Sinto falta do trabalho presencial, mas não sinto falta dos transportes públicos. Nem dos horários impróprios. De sair de casa antes do Sol nascer. De chegar a casa depois do pôr do Sol. E cada vez mais acho que o meu trabalho tanto se faz lá como cá. Não há diferença.

Diferença há só nas relações. E já não falo de trabalho. Falo do que já falei acima. Do que já falei ontem. Do que falo todos os dias. Sim, há mudanças. Não necessariamente para melhor. Mas, em resposta ao silêncio e ausência, dou silêncio e ausência. Volto a dizer: não vou impôr a minha presença. E, pelos vistos, a minha ausência não é percebida. Por isso, não vou contrariar.

Sexta feira, se acontecer, haverá possibilidade de falar sobre isso. E logo se vê. Ou então faz-se de conta que não se passa nada e não se fala. Não sei mesmo. Em primeiro lugar, é preciso que o pôr do Sol na baía aconteça. O resto, logo se vê. Tudo o que vier é bem vindo. Menos notícias que não quero saber. Isso dispenso.

Um dia de cada vez. Ainda hoje é quarta feira. Ou hoje já é quarta feira. Não sei…sei que não vou querer despertar as borboletas na barriga. Depois daquele murro no estômago de há uns meses, sei que elas ainda existem mas não sei se resistiriam a outro murro no estômago. Talvez não… Por isso, vou com calma. Sem expectativas, acima de tudo. E já preparada para que o pôr do Sol na baía não aconteça. Mesmo que me tenham dito, numa súbita disponibilidade, “é quando tu quiseres”.

Sei que não é bem assim. E, por isso mesmo, me vou convencendo de que as hipóteses de não acontecer são grandes. É o que me diz a experiência. Vamos ver.

Claro que existe ansiedade ligada a esta incerteza. E amanhã ainda está longe. E só amanhã tentarei confirmar a sexta feira. Mas, para já, entrego e confio. O que tiver que ser, será. E o que for para mim, virá. Quero muito que aconteça o pôr do Sol na baía. Mas…é esperar para ver.

Se estou pessimista? Guiada pela experiência de há uns meses, claro que estou. Mas, se o pôr do Sol na baía não acontecer, só me resta aprender, agradecer, soltar e deixar ir. Não é fugir. É não pôr pressão. E sinal de que, de facto, não é para mim. E seguir o meu caminho. Sossegada. Quieta e calada no meu canto.

É tudo uma questão de prioridades. E amanhã irei perceber se essa súbita disponibilidade existe de facto e se estou ou não na lista de prioridades. Tenho tantas dúvidas…

Sinto-me muito insegura. Sei que não é positivo sentir-me assim, mas é como me sinto. Porque o silêncio e a ausência me deixam ainda mais insegura. Chegam a fazer-me sentir desvalorizada. Quero acreditar que, do outro lado, apenas exista uma espécie de receio de me abordar. Mas ao mesmo tempo duvido que seja isso… Tenho medo, sim, de ter sido simplesmente esquecida. Sei que nunca estive no topo das prioridades. Mas receio que não faça sequer parte de uma infinita lista de prioridades. Esquecida, posta de parte, desvalorizada.

Não tem havido sequer um picar de ponto. Nenhum sinal de vida, um simples “estou aqui”. Nada. Sei que também eu não digo nada. Mas estou onde sempre estive. Fácil de encontrar. E quem quer saber, pergunta. Mas nada…

Enfim…quarta feira e amanhã ainda está tão longe. Falta-me o ritual nocturno de aconchego. De fim de dia. Um breve momento de partilha. Falta-me muito esse aconchego. Mas não me posso esquecer que fui eu que recuei e me afastei para não impôr a minha presença. Não quero mesmo impôr aquilo que não procuram. Por isso enrosco e faço de conta que tive esse aconchego.

Amanhã? Logo se vê como corre a confirmação do pôr do Sol na baía…ou a não confirmação. Encolho os ombros. É sorrir e acenar. Amanhã logo se vê…