Monthly Archives: October 2022

{#284.82.2022}

Terça feira. E o dia todo a sensação de ser quarta. Não me importava que já fosse quarta feira a terminar. Seria o mesmo que dizer que sexta estava quase aí.

Sexta feira promete ser um dia intenso. De manhã, consulta para mostrar os exames menos bons feitos no final do Verão. Fico um bocadinho ansiosa pela consulta. E tenho razões para isso. Mas vou ter que esperar pelo próximo passo a dar, seja ele qual for. E acreditar que vai correr tudo bem.

A tarde vai ser de ida rápida a Lisboa. Mas entre a consulta e a ida a Lisboa há um almoço que espero não estar esquecido. Mas, claro, só irei acreditar na altura. Quando estiver a entrar no carro. Aprendi a não acreditar em promessas, ainda que não tenha sido feita nenhuma promessa embora se tenha apalavrado. Amanhã confirmo…sei que há um horário a cumprir depois do almoço, sei que terá que ser um almoço rápido. Mas prefiro que seja o tal almoço apalavrado e não mais um almoço sozinha entre uma consulta e uma vacina.

Se estou ansiosa por sexta feira? Muito. Mas só num caso me permito ter expectativas: a consulta. De resto, já aprendi a não esperar nada. Tento que as borboletas na barriga não se manifestem. Especialmente quando, como hoje, fico a falar sozinha. Nunca gostei…e cada vez gosto menos disso. Mas amanhã confirmo se o almoço acontece. E, se a resposta for sim, só acreditarei quando estiver a entrar no carro. Não pode ser de outra forma.

Mas ainda é terça feira…ainda falta tanto tempo. Vou ter que lidar com a ansiedade. E viver não um dia de cada vez, mas uma hora de cada vez, um momento de cada vez. E confiar no Universo. Que sabe o que faz.

Por agora não faço muito mais. Dou o dia por terminado. E tento descansar. Amanhã? Será menos um dia até sexta feira. E será um bom dia. Porque eu quero que assim seja. E depois? Logo se vê.

{#283.83.2022}

Segunda feira e o Outono instalado com frio e chuva. É o tempo certo, mas eu não estou preparada para isto. Assim como não estou preparada para tantas outras coisas que andam agora à minha volta. Algumas simples, em que me basta encolher os ombros, sorrir e acenar, outras que acontecem antes de tempo mas que fazem parte do ciclo natural e ainda outras que me vão obrigar a enfrentá-las com coragem e força.

Não estou preparada para nada disto. Mas não posso fingir que não se passa nada. Até mesmo a chegada do Outono mexe comigo, a chegada do frio e da chuva quando ainda estou perdida nos dias de Verão.

Mas volto à velha máxima: um dia atrás do outro. Um dia de cada vez. Repito-o para mim e para quem precisa de o ouvir agora mais do que eu.

Dar tempo ao tempo. Não me esquecendo, nunca, que não tenho tempo para perder Tempo. O que tiver que ser, será. No tempo certo, nunca antes, nunca depois.

Segunda feira. E, por vários motivos, nunca mais é sexta… Até lá, mantenho-me aqui. E sempre a querer estar

Mas é o que é. É trabalho, é rotina, é tentar não pensar demais. Em nada. E tentar, também, não sentir. Essa que para mim é sempre a parte mais difícil. Não sentir… Como é que se controla isso? Não se controla. Por muito que se diga que sim, que se consegue controlar o que se sente, é impossível. Pelo menos para mim. Não pensar consegue ser mais fácil. Mas até nisso eu falho. Penso demais, sinto demais. Borderline, claro. Nem podia ser de outra forma.

Respirar fundo. E repetir. Relaxar. Soltar e deixar ir. Não é fugir, é não pôr pressão. E, pelos vistos, o Universo ouviu-me. Agora é continuar e esperar para ver o que mais me vai trazer. Mas mantendo a expectativa de sempre: nenhuma.

Amanhã? Logo se vê. Hoje já não foi um dia mau. Amanhã será melhor.

{#282.84.2022}

Domingo. E acordar 2 horas antes do despertador tocar. Já começa a ser um hábito. Mesmo que adormeça tarde, como ontem. Quando posso dormir mais um bocadinho, o meu corpo decide que estou a perder tempo. E, de certa forma, estou. Mesmo que a essa hora não se passe nada ao Domingo. Enfim…pelo menos não me sinto tão cansada como há poucos dias me sentia. O que é bom.

Atirar o barro à parede nem sempre resulta. Mas atirei na mesma, com expectativa zero porque já sabia qual ia ser o resultado. E acertei.

Quero muito que o outro lado esteja bem. E no que puder ajudar, ajudo. Mas não vou impôr a minha presença. Mantenho os rituais de sempre, porque sei que fazem sentido, pelo menos para mim, ao mesmo tempo que relembro que estou aqui. E o que vier, vem. E, já o disse antes, se me quiserem presente, é presente que estarei.

Amanhã é dia de regresso à rotina de trabalho. Felizmente a partir de casa. A entrar mais cedo como tem sido habitual nas últimas semanas. Mas a sair à hora de sempre. E esta semana será mais curta. Por isso tem tudo para correr bem.

Agora enrosco e desligo. Amanhã prevê-se chuva, o que deve dificultar as cores do final de dia. Mas hoje foi bom ir até à praia apanhar esse momento e captar cores bonitas e intensas. Valeu a pena. Amanhã? Logo se vê.

{#281.85.2022}

Sábado, aquele dia aborrecido da semana. Hoje não foi muito diferente, apesar de ter tratado de mim de manhã e ter acabado por adormecer no sofá à tarde. Que também é uma forma de tratar de mim.

Ainda de manhã, aquela conversa que já começou a ser um hábito com quem (me) vê de outra forma e acaba por me dar dicas de orientação. E, mais uma vez, a certeza de que há muito trabalho a fazer, mas que depende unicamente de mim. Soltar e deixar ir. Neste caso concreto não é uma questão de não pôr pressão. É, acima de tudo, de perdão. A mim e a outros. A mim é difícil perdoar-me, mas é mais fácil de aceitar porque acredito que mereço perdão. Já o o perdão a outros…

Mas tenho mesmo que me dedicar a trabalhar esta área. Sei que muita coisa mudará para melhor se o fizer, essencialmente mudará a minha relação comigo mesma. E eu preciso disso. E mereço isso. Estar bem comigo mesma é o melhor caminho para poder estar com os outros.

Sei que não posso fazer muita coisa por um outro muito específico. Mas sei que quero muito que me permita estar . Tenho medo, claro, por ele. E também por mim, sim. Mas acredito que, com tempo, espaço e a ajuda que soube procurar, vai ficar bem.

Eu continuarei por cá. Se me quiserem presente, é presente que estarei. Não me esquecendo, também, de mim. Em primeiro lugar, mas de mangas arregaçadas para trabalhar e braços abertos para abrigar.

De volta ao momento presente. O aqui e agora. Amanhã? Logo se vê. Já correu mal uma vez, não me esqueço disso. Mas agora é diferente. Porque eu própria estou diferente. Sou diferente. Por isso, sim. Amanhã logo se vê.

{#280.86.2022}

Sexta feira de uma semana mais curta de trabalho mas intensa em presença e novidades. Presença possível, novidades várias. Trabalho intenso mas que gosto muito de fazer.

Fim de semana à porta e novamente aquela perspectiva de não ter nada de interessante para fazer. Não pode continuar assim. Mas é assim que é. Pode ser que um dia mude. Quando encontrar algo que me faça sentido.

Continuo preocupada, claro. Não imponho a minha presença, mas os rituais diários voltaram. Sem ir mais longe do que o habitual cumprimento matinal e o aconchego nocturno. Sei que valem o que valem, ou seja, muito pouco. Mas também sei que sabem bem. Pelo menos a mim. Já tinha saudades, confesso.

Sei que o risco de me magoar é grande. Mas agora não volto atrás. Quando sei, na primeira pessoa, o que é estar ali, assim. Mas também sei que a minha presença só será necessária se desejada. Por isso, se me quiserem presente, é presente que estarei.

Agora é hora de desligar e enroscar. É sexta feira à noite e apetecia-me, muito, sair. Beber um copo de vinho tinto e dar dois dedos de conversa. Até sei exactamente com quem. Mas não acontece nem se pôs alguma vez essa hipótese, por isso opto por enroscar. Se ainda houver conversa hoje, será muito bem vinda. Mas dificilmente haverá. A única coisa que peço é que esteja tudo bem.

Amanhã? Acordar cedo, tratar de mim, voltar para a cama quando regressar a casa. Ou estacionar no sofá a olhar para a televisão. Logo se vê. Enquanto não encontro o que me faça sentido para preencher o dia mais aborrecido da semana, é este o programa.

De resto, logo se vê. Estou cá. Se me quiserem presente, basta uma palavra. Mas agora descanso. Amanhã será um dia bom. Porque eu quero que assim seja.

{#279.87.2022}

Dia de caixa de correio animada. Dois postais que me encheram as medidas. Sendo que um deles não tinha a certeza que viesse a caminho. Mas veio. Demorou muito tempo a chegar. Mas o que importa é que foi enviado. Quando eu cheguei a duvidar que fosse sequer lembrado.

Nunca perco a esperança quando sei que há postais a caminho. Por muito tempo que demorem, acredito sempre que chegam ao destino, que chegam até mim. E um postal, com muito ou pouco texto, é sempre especial. Porque é tempo dispendido, dedicado a outro. E o tempo não é reembolsável.

Vejo muitas vezes o tempo como um investimento. Especialmente quando envolve outras pessoas. Por isso é que não gosto quando me fazem perder tempo. E eu não tenho tempo para perder Tempo. E se há relativamente pouco tempo houve uma tempestade perfeita que me fez perder tempo, hoje olho para trás e vejo que cinco anos de um porto de abrigo têm sido o melhor investimento que podia ter feito.

Quando esta história começou, há praticamente cinco anos (faz cinco anos dentro de poucos dias…), foi com medo que embarquei. Claro que foi, afinal não sabia o que me esperava do outro lado. Não sabia quem estava do outro lado. Nem sabia que podia ser uma das melhores pessoas que conheço.

Depois veio tudo o resto. Aquele “já foste”, logo no primeiro dia, deixou-me completamente do avesso até ganhar coragem para admitir para o outro lado o que trago comigo, cá dentro, em mim. E aí novamente o medo. Que tudo mudasse e que perdesse aquilo que já tinha conquistado: um amigo. Nada mudou, nada se perdeu. Nem mesmo quando, há poucos meses, recebi aquele murro no estômago que me derrubou como nunca pensei ser possível… Mas foi. Aconteceu. Doeu. Muito. Mas nem aí perdi aquele que vejo como porto de abrigo. Nada que uma conversa não tivesse resolvido. E que acabou por, de certa forma, até fortalecer o que já existia…

É verdade que, em consequência desse murro no estômago, decidi afastar-me. Não impôr a minha presença. Dar espaço e deixar a amizade seguir o seu rumo. Sem saber, na altura, que o outro lado também levou um murro no estômago. Pensei mil coisas. Que a minha ausência não era notada, não era percebida. Estava enganada. Fiquei a saber há muito poucos dias o quanto estava enganada. E hoje quero ser eu porto de abrigo, se quiserem que o seja.

E o postal que não sabia se tinha sido enviado, o que cheguei a acreditar não ter sido lembrado, veio pouco tempo antes desse murro no estômago que o outro lado recebeu. Mas chegou na altura certa. Numa altura em que existe uma nova proximidade. Uma nova disponibilidade. E uma vontade, minha, de inversão de papéis: quero ser eu, dentro do que posso ser, porto de abrigo.

Sim, um postal é algo especial. Pode ser algo muito simples. E ao mesmo tempo ser tão forte. Porque, já o disse, é tempo investido de alguém para alguém. E nesse gesto tão simples vejo que o investimento dos últimos cinco anos não foi desperdiçado. E é também por isso que continuo a preferir o porto de abrigo, que pode nem levar a lado nenhum, a uma tempestade perfeita com alto potencial destrutivo.

É com um sorriso no rosto (e no olhar!) que hoje termino o dia. Porque, às vezes, basta um simples postal para me aconchegar. Como hoje.

{#278.88.2022}

Feriado a meio da semana. Dia de consulta com o terapeuta fofinho logo de manhã. Um dia inteiro para não fazer nada de especial a não ser tentar descansar e ainda procurar o pôr do Sol na praia para lá das poeiras que andam no ar.

Da consulta: partilhar novidades e pontos de vista e ainda o meu lado no meio disto que pode causar confusão. Sem expectativas, reforço, e explico o porquê. Porque, neste momento, não quero mais do que já tenho. Porque não seria justo para mim por não ser real. E sei que, mesmo com o que já tenho, ainda existe a possibilidade de me voltar a magoar. E sei que pode acontecer. Espero que não aconteça, e aqui admito-o de forma até egoísta, mas a possibilidade é real. Por isso não quero mais do que aquilo que já tenho. E que já é tanto.

Estou uma crescida, digo tantas vezes ao terapeuta fofinho. E ele ri-se pela forma como o digo, mas concorda e diz-se orgulhoso. Que sei que está. Têm sido anos de muito trabalho conjunto, mas que dão frutos. Só assim posso explicar esta minha atitude sem expectativas mas presente para o que for preciso. Mas, acima de tudo, sem expectativas.

Reli Outubro de 2017. Quando tudo isto começou. E reconheci cada palavra, mesmo reconhecendo que tanta coisa mudou. Para melhor. Mas, se calhar, a única coisa que mudou fui eu. Porque encontrei, nesse Outubro de 2017, uma nova razão para querer estar melhor, querer estar bem. Razão que se mantém até hoje. E que é o motivo da minha preocupação dos últimos dias e da minha ausência de expectativas.

Passaram 5 anos. Como se tivessem passado 5 minutos de tão rápido que foi. 5 vidas de tanto que aconteceu sem que nada tivesse, de facto, acontecido acontecendo.

Quarta feira. Feriado a meio da semana. Dia de descansar. E a cabeça sempre lá. E, se for lá que me quiserem, é lá que estarei. Quando quiserem. Se quiserem. Sem expectativas.

Amanhã? Logo se vê. Mas será um bom dia. Só porque eu quero que assim seja.

{#277.89.2022}

Terça feira com sabor a sexta. Um feriado a meio da semana, como o de amanhã, sabe sempre bem e é sempre bem vindo. Especialmente quando me sinto tão cansada como nos últimos dias.

Terça feira que passou a correr depois de ter começado quase duas horas antes do despertador tocar. Tranquila, com o trabalho a correr ligeiro e a cabeça sempre lá, longe.

Sim, estou preocupada. Sei que não posso fazer muita coisa. Nem devo fazer mais do que me é pedido. É preciso tempo e espaço. E será isso que darei. Estarei disponível, claro. Mas não quero, nem posso, impôr nada, muito menos a minha presença.

Dar tempo. Dar espaço. Dar uma palavra se for caso disso. Dar um ombro se mo pedirem. Estarei lá que é aqui, presente. Se não me quiserem presente, respeito.

É estúpido dizer isto, mas acho que é agora, ao fim de cinco anos, que posso dar-me a conhecer um pouco mais. O que quero em troca? Nada excepto que o outro lado esteja bem. E, no que depender de mim, todos os dias será um bocadinho melhor.

Não é fácil conhecer a vulnerabilidade de alguém que sempre se conheceu inabalável. A vontade é proteger, tomar conta. Abraçar. E afastar o sofrimento que, conheço bem, existe.

Não é fácil. Não vai ser fácil. Vai demorar. Mas, por mim, vou estar por perto desde que me queiram por perto.

Amanhã? Feriado. Será, para mim, um bom dia. E será, também, dia de estar atenta. E, como sempre, disponível.

{#276.90.2022}

Segunda feira e o pôr do Sol na baía aconteceu.

Com poeiras no ar, não houve cores bonitas de final de dia. Mas houve partilhas.

Percebo hoje o silêncio e ausência do outro lado. A falta de retorno. A falta de iniciativa. Aquilo a que também chamei falta de interesse. Consigo perceber porque já lá estive. Com outros contornos, mas com o mesmo desfecho.

Ouvi e falei, falei e ouvi. E estou disponível para conhecer esse outro lado que não conhecia. Que não invalida quem já conhecia. Fazem ambos parte do mesmo, ainda que tudo seja novidade.

Se é um lugar confortável? Não. Se vai ser um caminho fácil? De todo. Mas estarei cá se precisarem de mim. Porque já lá estive e sei dar valor e reconheço a importância desse lugar menos bom. No final, é um caminho que nos faz crescer. E esse é, possivelmente, o único lado positivo.

Desde o primeiro dia que a partilha acontece. E sempre achei curiosa a facilidade com que acontece. Hoje, novamente a partilha fácil, apesar do tema difícil. Mas partilha…e que para mim é o mais importante.

Amanhã vou continuar a estar cá. Disponível. De braços abertos, para ouvir se for para ouvir, para falar se for para falar, para ficar em silêncio se for para ficar em silêncio. Mas disponível, sempre. Não sei estar de outra forma. Não sei ser de outra forma.

Sim, o pôr do Sol na baía não foi tão bonito como gostaria. Por tudo. Mas ao mesmo tempo não deixou de ser um momento bonito. Porque a amizade também é isto…e amanhã continuarei cá, seja o pôr do Sol onde for.

{#275.91.2022}

Domingo sem consulta com o terapeuta fofinho. Positivou. De há dois anos e meio para cá o termo “positivo” não significa nada de bom. Espero que, no caso dele que se multiplica por três (porque todos lá em casa estão assim…), seja uma situação ligeira. E que não traga sequelas…

Faz-me falta a consulta semanal, claro. Precisava de partilhar com ele a questão “pôr do Sol na baía que não aconteceu”. Gerir a frustração. Diminuir, ainda mais, as expectativas. Tento fazê-lo sozinha, mas é sempre importante poder conversar com alguém que nos ouve e nos faz parar para pensar e ainda nos mostra outras possibilidades de comportamento/atitude para lidar com tudo o que isto me traz. Mas quarta feira temos consulta. Se, obviamente, ele estiver melhor e em condições de me ouvir. Espero que sim. Por mim, claro, mas acima de tudo por ele.

E, se tudo correr como previsto, o pôr do Sol na baía vai acontecer amanhã. Aparentemente, já está programado, com hora marcada para me vir buscar para chegarmos a horas ao destino. Porque se o objectivo é ver o pôr do Sol na baía convém não chegar depois da hora.

Vamos ver como corre o dia amanhã. Até entrar no carro tudo é possível. Mas vou acreditar que sim, vai acontecer. Estou cansada de adiamentos e desmarcações e frustrações e desilusões. Não queria nada que as coisas acontecessem assim. Mas, e aprendi a detestar esta frase, é o que é.

Agora é hora de recolher e enroscar. Hora de descansar. Acalmar a ansiedade por causa do final do dia de amanhã. E acreditar que vai estar um final de dia com cores bonitas na baía.

{#274.92.2022}

Sábado. Aquele dia que, por norma, serve para dormir um bocadinho mais. Aquele dia aborrecido da semana. Hoje, no entanto, nem se dormiu mais um bocadinho, nem o dia foi aborrecido.

Acordar cedo, muito cedo para um Sábado, sair de casa rumo a Lisboa também muito cedo. Dia de tratar de mim implica esquecer por um bocadinho a necessidade de pôr o sono em dia. É um bocadinho um contrassenso, eu sei. Mas esse tempo que tiro ao sono é um investimento em mim.

A tarde, já de regresso, foi também dedicada a mim apenas. É preciso tirar este tempo para cuidar de mim. E, apesar de muito cansada, não me arrependo nem um bocadinho de ter roubado tempo ao sono.

Ainda de manhã, dia de regressar àquele jardim onde, há quase cinco anos, vi pela primeira vez aquele sorriso. E, sempre que regresso a esse jardim, regresso também àquele fim de tarde depois de um dia de trabalho que veio mudar tanta coisa, apenas pela existência de apenas uma pessoa.

Tanta coisa em mim que mudou depois desse fim de tarde. Para melhor. E, se me obriguei a querer melhorar daquele estado miserável em que me encontrava, a ele o devo. Não o sabe. Provavelmente nunca o saberá. Mas não deixa de ser verdade.

Hoje, e apesar de estar tudo definido e conversado, as coisas estão estranhas… Da minha parte, aposto no silêncio e ausência por procurar reciprocidade. Não posso ser só eu a tomar a iniciativa. E sim, posso ficar zangada quando se combina alguma coisa para ser desmarcada em cima da hora. E sim, posso ficar zangada quando a súbita disponibilidade afinal não é assim tão disponível. Ou quando o “quando tu quiseres” fica condicionado à disponibilidade que, afinal, não existe.

Enfim…prometi a mim mesma que iria ficar sossegada, quieta e calada no meu canto até amanhã, ou mesmo até segunda feira. Para depois confirmar (ou não…) o pôr do Sol na baía na segunda feira. Mas hoje de manhã falhei essa promessa. Não resisti. Foi uma espécie de teste? Foi. E, desta vez, houve retorno. Mas agora quem não retornou fui eu… Não o quis fazer. É um bocadinho infantil? É. Mas agora dou ao outro lado um bocadinho do que ele me dá a mim… Se vai ser notada essa falta de resposta? Tal como o meu silêncio e a minha ausência não são notados, duvido que essa falta de resposta de hoje seja sequer percebida ou sentida.

Mas tenho que pensar em mim em primeiro lugar. Não queria ter dito nada hoje, mas disse. Amanhã logo se vê se digo alguma coisa sobre o pôr do Sol na baía ou se espero por segunda feira, sabendo que em dia de trabalho não é tão fácil conversar e combinar um final de dia.

Vamos ver. Depois daquela mensagem de manhã também não houve mais qualquer procura por parte do outro lado. Por isso mantenho o meu silêncio e a minha ausência. Por hoje. Amanhã logo se vê.

Muito cansada. Ainda é relativamente cedo, mas o corpo pede-me descanso e uma boa noite de sono. E é isso que vou fazer…dediquei o dia a tratar de mim, vou dedicar a noite também. Não vou pensar no que fazer, sentir ou dizer. Vou apenas desligar por hoje. Amanhã logo decido se falo já ou espero. Se estou confiante que o pôr do Sol na baía aconteça na segunda feira? Prefiro não pensar na possibilidade de não acontecer. Prefiro, por isso mesmo, não pensar sequer.

Recolho e enrosco. Amanhã? Domingo. E logo se vê…