Domingo frio mas com Sol convida a sair de casa. E, antes de ir até à praia, ainda tive tempo de ir em busca das papoilas de Janeiro. Sei onde as encontrar, já há alguns anos que as encontro sempre no mesmo sítio a caminho do autocarro de manhã. Mas, a trabalhar em casa este mês, não se fez o caminho para o autocarro. E mesmo quando vou para Lisboa trabalhar, sair de casa ainda de noite não permite encontros com as papoilas. Tenho adiado esta busca por causa dos fins de semana de chuva, mas o dia hoje convidava a um passeio e uma busca pelas papoilas de Janeiro.
E lá estavam. Duas. No sítio onde sabia que estariam para me relembrar que o Inverno não dura para sempre. E, se elas conseguem fazer frente ao frio e crescer cheias de força e cor, então também eu vou sobreviver ao frio e ao desconforto deste Inverno intenso.
E quem diz ao Inverno meteorológico, diz ao frio que vem de quem, durante tanto tempo, demasiado tempo, quis mais do que o básico. Porque hoje nem o básico existe… Não quero mais. Mas a indiferença e o silêncio incomodam. Especialmente quando se prolongam no tempo, nos dias, nas semanas. E, de repente, um picar de ponto. Outra vez. Já vi isto acontecer há uns meses. Quando surgiu uma aparente disponibilidade que, pouco depois, deixou de existir.
Sim, vejo como sendo um picar de ponto. De quem diz “estou aqui” sem se comprometer com uma palavra. Até porque, já sei, não dá o devido valor à palavra dada…
Não vou pensar demasiado sobre este picar de ponto. Se quiser dizer alguma coisa, que diga. Não serei eu a perguntar nem a dar o primeiro passo. Estou onde sempre estive. Quem quiser saber, pergunta. E para isso sabe como e onde me encontrar. Picar o ponto não é nada. Palavras sim. Mas não há. Nem um simples olá? Nem um simples olá. Então está bem. Da minha parte também não haverá. Cansei-me de correr atrás, de estar sempre presente. Agora sigo o meu caminho, permito-me partir à descoberta, mas sem esperar nada de ninguém. Muito menos de quem não está disponível para muito mais do que um picar de ponto…
Amanhã adopto o papel das papoilas de Janeiro. Enfrento o frio, seja ele qual for, ergo-me forte e sigo pelo Inverno com a certeza de que o frio não dura para sempre. E permito que as descobertas me mostrem o que há por aí que me possa aquecer.