Monthly Archives: March 2023

{#083.283.2023}

Dia longo. Começou cedo. Noite pouco dormida depois de ter a cabeça às voltas com a ideia de que sim, o problema sou eu.

Sair de casa antes das 9h para ir até Almada acompanhar a minha mãe. Andar por Almada a manhã toda. Não foi uma manhã mal passada. Devia fazer isto mais vezes. Gosto de Almada. Conheço pouco mas quanto mais vou conhecendo mais vou gostando.

Último dia de férias. De volta a casa depois de uma chuvada pelo caminho, decidi que o dia seria dedicado a não fazer nada. Também é preciso. A partir de segunda feira esse tempo para não fazer nada só vai acontecer ao fim de semana. E vai saber a pouco e vai passar a correr. E vai ser aquele tempo que eu quero muito aproveitar para fazer algo diferente e depois não sei o que fazer.

Não me esqueci que amanhã é aquele dia em que queria juntar pessoas. Mas já aceitei que não vai acontecer. Não vou juntar pessoas, mas há duas pessoas que me vão proporcionar uma manhã de passeio porque não podem estar presentes para jantar. E só isso já me vale de tanto. E aconchega.

Hoje já não me apetece tanto chorar como ontem. Mas sim, continuo triste…

E percebo que estou a escrever mais do que o habitual sobre o que trago cá dentro. Vou espalhando aqui e ali o que me incomoda. Como há muito tempo não fazia. E percebo que fazê-lo da forma que tenho feito não é bom sinal…

Diz o terapeuta fofinho que tenho alma de artista quando lhe digo que escrevo melhor quando não estou bem. Se tenho ou não, não me cabe a mim julgar. Mas a verdade é que quando não estou bem as palavras saem para o éter de forma mais intensa, mais crua… E é assim que têm saído nos últimos dias. Não necessariamente aqui, onde as palavras já passaram por uma reflexão e, por isso, são mais brandas. Mas aquelas palavras que vou espalhando aqui e ali têm saído sem filtros. Doridas. Sempre sentidas. Honestas. Sinceras. Cruas. Porque não, não estou bem. Não estou feliz. Não estou serena. E já estive assim antes…

Não vou deixar de escrever o que trago comigo. É uma forma de exorcizar o que me incomoda. Sempre foi nas letras que encontrei refúgio para o que não me faz bem. Precisamos sempre de um refúgio. E eu, felizmente, tenho este.

Amanhã há quem me venha buscar logo de manhã cedo para um passeio. Não esperava, admito. Mas já está a fazer a diferença. E, neste momento, só isso importa. Porque, já sei, amanhã será melhor. E não será amanhã que deixarei de lançar palavras no éter…

{#082.284.2023}

É urgente mudar. Para melhor. Porque ninguém me convence que o problema não sou eu.

Desde ontem que só me apetece chorar. Aquele nó na garganta que não sentia há muito tempo está de volta. Pior que o nó na garganta só mesmo o frio no estômago de quem quer parar o que de mau sente e não consegue. E a inquietação. A irritabilidade. A intolerância. Tudo isto desde ontem. Tudo isto desde que assumi a mim mesma que não vou ter jantar de aniversário.

Parece uma coisa pequenina. Sem importância. Talvez seja para algumas pessoas. Não para mim. Que raras vezes tive festa ou jantar de aniversário. E este ano queria muito ter. Queria juntar pessoas que gostam de mim. Estar com amigos. Sentir-me especial. Não é pedir muito. Mas não vai haver jantar.

E sim, isso deixa-me triste. Mais do que pensei que fosse deixar. E também me deixa triste dizer, em casa, que tenho vontade de chorar e como resposta apenas tenho silêncio.

Cada um é especial simplesmente por ser quem é. Mas todos merecem sentir-se especiais de vez em quando. E não só merecem como precisam. E eu preciso…

Não devia precisar de ninguém para me sentir especial. Para me saber especial. Mas preciso. E não ter respostas para um jantar faz-me perceber que sim, o problema sou eu.

Sim, só me apetece chorar. Fechar-me no meu canto, não estar para ninguém, e simplesmente chorar. Porque eu sou de sentir. Tudo. Sempre de forma intensa. E não sei disfarçar quando estou triste. Mas toda a gente me exige que finja. Porque, para os outros, temos sempre que estar bem.

Lamento. Não estou. Estou triste. Muito triste. Por coisas pequeninas? Talvez. Mas muitas coisas pequeninas fazem uma grande. E essa coisa grande, resultado de muitas coisas pequeninas, tem um nome: solidão.

E a solidão pesa. E dói. Muito.

Talvez um dia deixe de conhecer a solidão de tão perto como conheço hoje. Como sempre conheci. Mas, no dia em que deixar de conhecer a solidão, é possível que deixe de ser eu…

{#081.285.2023}

A solidão é um bicho indesejado que, curiosamente, nos acompanha quando menos precisamos. Como agora.
Começo a ter a certeza de que, sim, o problema sou eu. Já o achava há muito tempo. Mas agora confirmo.

Sim, falo de solidão. Há muitos anos que a sinto. E não a desejo a ninguém. Se é verdade que é importante estarmos sozinhos quando precisamos, não é menos verdade que é preciso estarmos, também, com aqueles que gostam de nós.

Não vai acontecer neste fim de semana, claro. Nem no próximo. Nem no seguinte. Nem sabe-se lá quando. E, como sempre, o denominador comum aqui sou eu.

Não, não estou feliz e contente. Há muito tempo que não me sentia assim. Mas, lá está, a solidão faz-me companhia. E não, não é boa companhia.

Mas é o que é.
É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. E continuar a fingir que está tudo bem, não há problema, sem stress. Só que não.

E, no meio da solidão, há a música que me acompanha sempre. E, na música, seja ela via rádio ou Spotify, há sempre músicas que me fazem viajar. Raramente para outros lugares, muitas vezes para outros tempos. Nem sempre bons. Como hoje.

Esta está, há muitos anos, na Playlist do Spotify. É dedicada a quem não quis problemas, quis soluções. Como quer sempre. Mas que, claro, depois de encontrar as soluções age como se essas mesmas soluções não tivessem consequências e ele próprio já não teria nada a haver com isso.

Mas todas as soluções têm consequências. E quem as encontra, às soluções, será para sempre responsável pelas consequências. Mesmo que ache que não.

Sim, há muitos anos que esta música faz parte da Playlist do Spotify. E há muito tempo que não a sentia como hoje.
Não, mesmo mais de 8 anos depois, ainda não te consigo perdoar. Um dia talvez aprenda como se faz. Não por ti, mas decididamente por mim…

{#080.286.2023}

Há dias que são dedicados a não fazer nada. E hoje foi um desses dias. Queria ter ido ver o mar novamente. Não fui. Mas também me soube bem não ter horários nem preocupações em fazer seja o que for.

E, à última da hora, um café ao fim do dia que, pela hora, rapidamente se transformou em jantar na esplanada do costume. Porque, às vezes, é preciso só ter alguém com quem conversar, alguém que nos oiça. E hoje o meu papel foi de ouvinte. Resolvi alguma coisa? Não. Mas sei que, às vezes, só falar alivia e ajuda a colocar as ideias em ordem.

Não, não foi um dia mau. E aquilo que está à distância e que, mesmo assim, tenta repetir-se, hoje não aconteceu. E não lhe senti a falta.

Amanhã? Ainda estou de férias. Logo se vê como será.

{#079.287.2023}

Segunda feira. Primeiro dia de férias. Acordar cedo, mas não a horas impróprias. E sono. Muito sono. Muita preguiça. Muita moleza. Horários para cumprir? Só o dentista às 15h. Deu para passar a manhã devagar, devagarinho, quase parada.

A tarde, já o sabia, seria sozinha comigo mesma. E foi. Depois do dentista, um café na esplanada dos Domingos. Que, com o bom tempo, ao fim de semana se torna infernal de tanta gente que tem. Mas que, durante a semana, é um sossego e o sítio perfeito para quem quer variar um pouco e não ir perder tempo na esplanada do costume onde não se aprende nada de jeito.

Um dia de Sol lindo. E aquele calor suficiente para deixar o blusão em casa. Já tinha saudades de dias assim. Sem frio!

A praia, já ali ao fundo da rua, chamou por mim. Não me apetecia ir até lá sozinha, mas também não me apetecia fechar-me em casa. Já que ia estar sozinha de qualquer forma, então que fosse perto do mar. E foi.

A minha cabeça ainda não é a melhor companhia. Ainda faz algum barulho. Mas, agora, já consigo abafar esse ruído com música e mãos ocupadas, nem que seja só com o telemóvel. Havendo telemóvel com bateria suficiente, há música e Internet. E eu não passo sem essas duas coisas. A música que abafa o ruído da minha cabeça, a Internet que me permite, de alguma forma, estar perto dos outros e combater o meu isolamento auto-imposto. Não lhe quero chamar solidão, mas é isso que é. E não é fácil lidar com ela quando não há mesmo ninguém por perto. Fazia-me bem socializar, estar com pessoas, fazer alguma coisa em conjunto. Mas sempre fui de me isolar. De me fechar. De estar longe. E só eu sei o peso que sinto devido a esse isolamento auto-imposto…

Foram duas horas na esplanada à beira da praia. E deu para pensar em muita coisa. E deu para pensar em nada. Foi tempo para mim. Tempo comigo mesma. Se cheguei a alguma conclusão? Claro que não.

Sei que estou sozinha quando merecia ter alguém do meu lado. Porque é que não tenho? Não sei. Nunca soube. Mas sei que é muito fácil ter alguém só para passar um bom bocado e depois segue cada um para seu lado. Mas não é isso que eu quero. Nem é disso que preciso. O que eu quero, o que eu preciso, é ter alguém ao meu lado que me veja por inteiro. E me aceite como sou. Nem mais, nem menos. como sou. E sou tanto.

Digo que não a muitas coisas? Digo. Mas também digo que sim a tantas outras. Sou uma caixinha de surpresas? Sou. Mas maioritariamente boas surpresas. Não sou difícil de lidar. Só têm que me dar tempo para me dar a conhecer totalmente. Porque sou tanto mais do que mostro à primeira vista…

Foi um dia longo passado comigo mesma. Até há um tempo atrás isso seria tarefa impossível de acontecer. A minha cabeça, nessa altura, fazia um barulho ensurdecedor. E falava-me coisas que eu acreditava e que hoje sei que não são verdadeiras. Mas continua a haver algum ruído, algum burburinho que ainda me incomoda. Por outro lado, também há aquele eco que não me larga e me repete que eu sou tanto mais do que a maioria das pessoas vê…

E é isso que eu quero mostrar a quem, de facto, vale a pena: aqueles que querem conhecer-me por inteiro. Não sei quem são, nem onde os encontrar. Mas sei que existem.

Amanhã? Novamente um dia de férias. Onde o meu tempo é, de facto, meu. O resto, logo se vê. Não adianta ter pressa. Já sei, por experiência, que ao ter pressa sai asneira e corre mal. Por isso, sigo sem pressa. Depois, logo se vê…

{#078.288.2023}

Sempre ouvi dizer que a História se repete. E, estou a começar a descobrir na primeira pessoa, que sim, é verdade. Ou, pelo menos, tenta repetir-se. Não o vou permitir. Já lá estive e percebi, na altura a custo, que não é para mim.

Se em tempos eu precisava de tempo para mim para recuperar e se aproveitaram do meu estado de pura carência, hoje posso estar sozinha mas a gerir o meu tempo como eu quero. E, na minha vida, mando eu, mais ninguém. E se digo “Não” é porque é “Não“. Seja o que for.

Já passei pela experiência de olhar para o outro lado e fazer de conta que, se calhar, não era bem assim. Mas era. Eu é que, durante algum tempo, cheguei a acreditar que era o que merecia. Não era. Nunca foi. Mas, por pura carência, fui deixando andar. Afinal, pensava eu, era o que merecia.

Hoje, 8 anos depois, sei o que realmente mereço. E é muito mais do que aquilo que tive. Como tal, não estou disponível para repetições. E faz muita confusão como é que duas situações tão diferentes vão ter como protagonistas duas pessoas tão iguais. Não são só parecidas. São iguais. Quase poderia dizer que são uma e a mesma pessoa. E, a mim, já me bastou a primeira experiência.

Aprendi, há 8 anos, aquilo que decididamente não quero. E tenho aprendido, com o tempo, a dizer “Não“. E, se tenho que o dizer mais do que uma vez, sei que é a altura de sair do jogo.

Em primeiro lugar estou eu. Na minha vida mando eu. Quem não aceita as minhas regras, pode voltar por onde veio. Não é para mim. Nem eu quero por perto.

Sozinha? Sim. Mas não em estado de pura carência. E aceito o facto de estar sozinha. Prefiro isso a ter alguém que não me respeita e ainda exige sem aceitar um “Não” como resposta. Estou bem como estou, obrigada.

{#077.289.2023}

Sábado devia ser aquele dia aborrecido da semana dedicado ao descanso. Foi aborrecido como é sempre, mas descanso foi pouco.

Depois do turbilhão de ontem, hoje parece que há o regresso à tranquilidade. Vamos ver como corre e o que sai daqui…

Mas que se mantenham os dias azuis. São os que mais gosto. E que mais procuro. E que mais procuro. E, desta vez, sou eu quem dita as regras. Aceita quem quiser. Quem não quiser, pode sair do jogo.

{#076.290.2023}

Às vezes acho que mais valia estar calada. Ontem os alarmes soaram. Hoje falei sobre isso com quem os fez soar. Não gostou. Mas eu não consigo não falar do que me incomoda.

Tem sido uma luta desde o final da tarde. Mas não, eu não sou de baixar a cabeça. Por nada nem ninguém. Falo. Tento esclarecer. Tento entender. Já percebi que nem sempre funciona.

Mas não. Não sou de ficar calada. Nem baixo a cabeça. Por nada nem ninguém.

A ver…

Não faço o que não quero fazer. Não faço quando não quero fazer. Em primeiro lugar estou eu. O resto é o resto.

Veremos…

{#075.291.2023}

Ainda da descoberta: um bocadinho de mais do mesmo… E demasiadas parecenças com fantasmas de outros tempos. Quero, muito, estar enganada e descobrir ali algo mais. Não sei…

Mas a verdade é que mexe com o meu humor. Ao ponto de hoje estar em alta e chegar ao fim do dia e já não me aguentar a mim mesma.

Para já é deixar fluir. Depois? Logo se vê.

{#074.292.2023}

Quarta feira. Acho que é esse o dia, não me apetece ir confirmar. Mas acho que é o dia do meio, dia nim, nem não nem sim. Mas, sendo dia do meio, dia nim, acabou por ser sim!

Dia de trabalho tranquilo, mais uma vez. E dia, também, de saber resultados e resumo e análise dos últimos três meses. E, ao contrário do que me foi dito na sexta feira, que os resultados estavam fracos, afinal não é bem assim. O que os resultados dizem contraria o que me foi transmitido. Confirmam, isso sim, a qualidade do meu trabalho. Qualidade que eu saiba que existia e da qual nunca duvidei. E que hoje, mais uma vez, confirmei: o meu trabalho é bom. E os meus resultados falam por si. O que me foi transmitido na sexta feira era absolutamente desnecessário. Assim como o estado em que fiquei: zangada, transtornada, consumida e virada do avesso.

Sim, foram dias complicados. E desnecessários. Pela injustiça. Pela inversão de resultados e consequente deturpação da verdade. Por saber que eu não estava errada.

Tinha muita vontade de receber estes resultados. Por serem, na verdade, a reposição da verdade e da justiça.

Desde segunda feira ao final do dia que estava mais serena. Forcei-me a isso porque não me estava a fazer bem nenhum. Estava, de facto, a consumir-me. Tinha decidido que, na segunda feira, iria tentar entender. Até perceber que, na verdade, não valia a pena o esforço. Porque sabia que, mais dia menos dia, se iria confirmar o que sempre soube.

E hoje foi dia de confirmação. A minha reacção? Rir. Nem podia ter sido outra reacção.

Os 2.200 km mantêm-se próximos e em desenvolvimento. E foram esses 2.200 km que me trouxeram alguma serenidade. E que me têm trazido momentos bons. Tal como hoje. Passei um bocadinho para além do que julgava ter imposto a mim mesma não passar. Mas, no momento, fazia sentido. Fez sentido. E continua a fazer sentido.

Onde é que essa distância me vai levar? Não faço ideia. Mas, enquanto fizer sentido, mantenho os 2.200 km por perto.

Poucas horas dormidas costumam resultar em dias seguintes lentos. Mas hoje não foi um dia mau resultado da noite pouco dormida. Foi um dia bom não só por tudo o resto, mas também por saber que a distância estar ali tão perto é bom, fazendo-me pensar que estou viva.

Amanhã? Vai ser novamente bom. Porque tem tudo para o ser.

{#073.293.2023}

Sim, o caminho da descoberta pode valer a pena. E perceber que, quem vou descobrindo mais um bocadinho todos os dias me vê como sou sem julgamentos e aceita todos os pedaços de mim que vou dando a conhecer, é muito raro. E por isso mesmo é muito bom.

Um dia de cada vez. Sem pressa. Mas a perceber que sim, por ali pode ser uma alternativa ao meu caminho.

2.200 km de uma distância que desaparece em 2 horas e 50 minutos de conversa de viva voz. Vale tanto a pena este caminho, esta descoberta.

Amanhã? Vai continuar a ser bom.

{#072.294.2023}

Nunca escondi que não sou grande fã do Whatsapp e que só muito raramente o uso. Instalei-o há 3 anos quando confinámos e só por causa do trabalho porque era preciso estar por perto da equipa de trabalho. Raramente o usei e detestava que os meus colegas da altura se pusessem a conversar (e a partilhar piadas que não tinham piada!) até depois das 11h da noite. Mas, daquela gente que eu abominava, nunca esperei nada de jeito.

Fiuei sem trabalho e, por algum motivo, nunca desinstalei o Whatsapp. Mudei de telemóvel, voltei a instalar sem saber porquê. Até que arranjei um emprego novo e tínhamos que ter o dito durante a formação. Nunca foi usado nesse período. Mas o grupo mantém-se activo até hoje, quase 18 meses depois. De 13 que entrámos em formação, ficámos 3 na empresa. Uma desapareceu durante o estágio, outro foi despedido ao fim de uma semana de estágio. Nunca mais ninguém soube deles, nem pelo Whatsapp. O restante grupo mantém-se por lá. Vamos sabendo uns dos outros e estamos há mais de um ano para concretizar um jantar. Mas é um grupo pacífico, não é daqueles que estão a bombar sem interesse até às tantas.

A título pessoal, comecei a usar o Whatsapp para, muito de vez em quando, me meter com os meus sobrinhos. E só há muito pouco tempo, menos de 2 meses, comecei a usar como meio de comunicação.

E hoje aprendi que, com o Whatsapp, 2.200 km de distância se desfazem em uma hora e quatro minutos de conversa de viva voz.
E hoje estava muito a precisar disto. Os últimos dias foram muito difíceis e, a meio da conversa, percebi que não me ria desde quinta feira. E eu gosto (muito) de rir. Sou de riso e sorriso fácil. Mas desde quinta feira à noite que não ria. E hoje, a uma distância de 2.200 km, deixaram-me rir. Foram 64 minutos de uma conversa muito descontraída, que me permitiu descomprimir, relaxar e voltar a rir. Isto tudo porque tenho o Whatsapp instalado há três anos e só agora me permiti dar-lhe o valor que, afinal, tem. 2.200 km? Com o Whatsapp é logo ali ao lado. E ainda bem.

{#071.295.2023}

Domingo depois de uma noite em que dormir foi uma tarefa difícil… Inquietação instalada, ainda muito zangada…

Acordar carrancuda, ainda a sentir a inquietação e irritação. Consulta com o terapeuta fofinho onde percebi que estou para lá do limite que imponho a mim mesma. Desabafei, reclamei, extravasei. Se fiquei melhor? Não. Nem por isso. E rapidamente percebi que o dia não iria ser fácil. E não foi…

Impaciente, intolerante, azeda, Impossível de me aturar a mim mesma. E, na minha cabeça, sempre os números e os resultados que não correspondem ao que me foi transmitido. E, como sempre, a não fazer sentido…

Sair para almoçar, chegar a casa ao final da tarde e ir reler o que me foi transmitido. Andei o dia de ontem inteiro para o fazer. Fui adiando porque precisava de desligar de algo que me está a fazer mal.

Ler. Para ter a certeza que não estava errada no que tinha pensado. Reler. E ler novamente. E quanto mais lia, menos sentido me fazia. E quanto mais leio, menos sentido me faz! Nada daquilo faz sentido! E não sou eu que o digo, são os números! Que são gerados pelo sistema, portanto números que não podem ser alterados. Que a mim me dizem A mas que a quem deviam dizer o mesmo dizem B. E mais uma vez li o que me foi transmitido e a justificação que me dão é que os meus resultados são maus mas os números dizem o oposto. Não entendo… E sim, preciso que me expliquem!

Já me têm dito que estou a complicar. E provavelmente amanhã será o que me vão dizer também. Mas porra! Não estou! Qual é a parte de simplesmente querer entender que não estão a perceber?!

Sim, isto agarrou-se a mim com força e não estava a querer soltar. Está a consumir-me e a fazer-me muito mal. Como há muito tempo algo não me fazia tão mal. E não está a ser fácil. Nada fácil lidar com isto. Desde sexta feira que digo que só me apetece chorar. Porque, de facto, é só o que me apetece! E há muito tempo que nada me fazia ter vontade de chorar!

Isto vai ter que melhorar. A palavra de ordem agora é serenar. Se é fácil? Não. Nem um bocadinho. Mas tenho que serenar. Ou não vou, mais uma vez, conseguir dormir. E amanhã o despertador toca às 6h. Já passa da meia noite e eu aqui estou inquieta, irritada, zangada. E com vontade de chorar.

Não vou chorar. Não posso permitir que isto me consuma a esse ponto. Nada disto me faz bem nenhum. E tem que melhorar rapidamente.

Amanhã, no trabalho, espero conseguir obter respostas. Depois de as ter sei que a inquietação acalma. Porque eu só quero que me expliquem aquilo que, depois do que li e reli, não faz sentido nenhum!

Não, não estou a complicar porra nenhuma. Mas estou a ser consumida por uma estupidez que não faz sentido! E não posso.

Amanhã? Logo se vê. Mas esta coisa que me consome vai ter que melhorar…

{#070.296.2023}

Sábado. Dia de recuperar depois do estado de zanga de ontem. Percebi, no entanto, que ainda não desliguei o chip. Continuo zangada e muito focada em segunda feira.

Foi dia de procrastinar. Não fazer nada. Acordar tarde. Adormecer no sofá ao final da tarde. Ir à rua beber café já tarde e deixar-me ficar por lá. Ao mesmo tempo, do outro lado das mensagens, um convite. Que tenho vontade de aceitar. Mas que não sei…

A descoberta pode ser boa. Mas, claro, precisa de tempo. E tem que começar por me descobrir a mim. Ainda é um percurso longo. Ainda muito caminho por desbravar. Mas não desgosto de mim e do que vou descobrindo, redescobrindo e confirmando.

Tenho, ainda, muito trabalho a fazer. Em mim. Por mim. Para mim.

Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho. E, depois de ontem, é tudo o que estou a precisar. Vai-me ajudar a desacelerar, a recentrar as ideias. E, talvez, a encontrar um caminho para lidar com a injustiça.

Sim, amanhã será melhor. E será, também, para descansar o corpo e preparar o regresso às rotinas de horários absurdos e impróprios impostas pelo trabalho presencial.

Sem dúvida, amanhã será melhor. E será um dia bom. Porque eu quero que assim seja. E só isso importa.

{#069.297.2023}

Sexta feira e mais um dia em que trago as chatices do trabalho comigo depois do horário de saída.

Nunca gostei de ser tratada como máquina de trabalho. Porque não é isso que sou. Sou, antes de mais e acima de tudo, um ser humano. E, como ser humano que sou, também não gosto que tentem fazer de mim parva. Porque também não o sou. E pegarem em supostos resultados do mês de Janeiro que não correspondem à verdade para decidirem algo tão simples como manter ou não o teletrabalho é quererem atirar-me areia para os olhos.

Dizerem-me que os meus resultados de Janeiro são maus porque em quatro parâmetros falhei três, é não saber ler um ficheiro de Excel que diz que em quatro falhei UM. Saber ler esses resultados não é tarefa minha. Mas vou ter que ser eu a ensinar quem supostamente devia saber o que está a fazer…

Estou muito zangada. Tão zangada. Como há muito tempo não estava. Há tanto tempo que não me lembro da última vez.

Ainda não aprendi a desligar quando o horário de trabalho termina. E hoje não está fácil mesmo… Já percebi que segunda feira de manhã me vou chatear. Mas há coisas que não entendo. E, quando não entendo, questiono. E, se sei que algo está errado, aponto o erro.

Logo se vê como vai correr. Mas, e percebi no primeiro dia, dali não vem nada de bom.

Agora é tentar desligar mesmo. Continuo zangada e espero que o fim de semana ajude a passar esta coisa. Segunda feira logo se vê… É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. Desta vez não tenho dúvidas: não sou eu que estou errada.

{#068.298.2023}

Decididamente, não sou de Letras. Mas sou das letras. E por isso escrevo. Aqui e ali, vou escrevendo. Porque tenho sempre alguma coisa a dizer. Com mais ou menos importância ou até sem importância nenhuma. Mas preciso de dizer alguma coisa. No fundo, comunicar. Só isso. Tão isso.

E quem quer ler, lê. Quem não quer, está bem.

Não, ainda não é hoje que deixo de escrever… Porque preciso. E porque, sem escrever, não sou eu…

{#067.299.2023}

Hoje é daqueles dias em que não me apetece fazer a reflexão diária de todos os dias dos últimos oito anos e meio. Apenas porque, durante todo o dia, fui tendo momentos de reflexão. É Dia da Mulher? É. E nunca este dia me incomodou tanto como hoje. Não sei explicar porquê. Não foi o dia em si. Reconheço-lhe a importância e a necessidade de existência. Mas a ignorância à volta deste dia é enorme. E acho que é isso que me incomoda. Ouvi, vezes sem conta ao longo do dia, aquela frase vazia “Feliz Dia da Mulher”. Nem sempre pude responder como queria porque muitas vezes, tantas vezes, eram clientes a quem só podia agradecer. Mas a quem podia, de facto, responder, disse sempre o mesmo: “Obrigada, mas ainda há muito trabalho para fazer”. Porque há, de facto.

Tenho noção de que sou uma privilegiada por não ter sido, ainda, discriminada por ser Mulher. Ou, se o fui, nunca o fui numa situação de maior dimensão. A verdade é que não me recordo de alguma vez ter acontecido. Mas sei que não é assim em todo o lado. Sei que há muitas, demasiadas!, Mulheres que são discriminadas simplesmente por serem Mulheres. Às vezes até mais perto do que se possa pensar.

Ingenuamente digo que não peço muito quando peço igualdade, respeito e justiça. Mas, lá está, ainda há muito trabalho pela frente.

Não somos mais do que os homens, mas decididamente também não somos menos. Por isso, não me felicitem [só] por ser Mulher. Não foi uma conquista minha. Sei que devo a muitas mulheres a liberdade que tenho hoje. As regalias? Sim, chamemos de regalias coisas tão simples como, por exemplo, poder vestir o que quiser. Poder conduzir. Poder votar! Poder sair de casa quando quiser. Sim, chamo-lhes regalias. Porque se, para mim, são direitos adquiridos, para tantas outras ainda não passam de sonhos, de realidades que não conhecem porque alguém não lhes reconhece esses direitos, essa igualdade.

Sim, este dia hoje está a mexer comigo. Não me lembro de alguma vez o ter sentido desta forma. Mas a ignorância é uma das coisas que mais me incomoda. E dizerem que “este dia é nosso porque somos lindas e maravilhosas” é um sinal demasiado grande de ignorância. E isso incomoda-me…

Amanhã já toda a gente se esqueceu e riscou mais um dia no calendário. Mas o trabalho continua a ter que ser feito…

{#066.300.2023}

Faltam 300 dias para terminar o ano. Ainda vamos mais do que a tempo de fazer algo de significativo este ano…

Terça feira e o dia que passou devagar. Depois de uma noitada de conversa até às 2h da manhã e que eu estava tanto a precisar e me fez muito bem, o trabalho a um ritmo anormalmente lento. Manter a porta da descoberta aberta pode trazer coisas interessantes.

Amanhã, dia do meio, dia nim, nem não nem sim,logo se vê como será. Esta noite continua-se a conversa que vem desde ontem, mas que não pode, ou não deve, terminar à mesma hora.

De resto, nada de novo a registar… Mais um dia igual aos outros, sem História ou histórias. E é assim todos os dias… É continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. Amanhã será melhor. Seja esse amanhã quando for.

{#065.301.2023}

Há dias mais fáceis que outros. E hoje não tem sido um desses dias fáceis. Ainda não percebi porquê, mas o final do dia tem tido uma qualquer carga pesada que não sei explicar.

Impaciente. Com vontade de espingardar com tudo. E, desde há uma hora, vontade de chorar sem uma razão aparente…

Sinto-me muito sozinha. Sem conversar com ninguém. Sem ver ninguém. O teletrabalho ajuda a isolar-me ainda mais. Mas mesmo com o trabalho presencial não converso com muita gente para além do básico bom dia e até amanhã. Não há tempo para muito mais do que isso.

Desisti de ligar seja para quem for. As últimas vezes que o fiz ou a chamada foi rejeitada ou simplesmente não foi atendida. E, em qualquer dos casos, não houve retorno…

Os canais de comunicação funcionam nos dois sentidos. Por isso, desisti. Porque quem quiser saber, pergunta…

Tenho, também, vontade de dizer olá a quem já provou não merecer o que para mim é o meu bem mais precioso: o meu tempo. Não vou dizer nada, claro. Posso esperar por alguma coisa durante três dias, mas definitivamente não espero por nada três meses. Nem corro atrás de ninguém. Muito menos de alguém que descartou tão facilmente cinco anos de uma suposta amizade que, afinal, não o era.

Estou cansada. Desalentada. Desiludida, até. Magoada? Também. Hoje sinto tudo isto em simultâneo. E há muito tempo que não me sentia assim. Não é bom…

Mas sei que vai melhorar…só pode melhorar. Agora tento desligar o chip, tento esquecer e não sentir. Amanhã? Logo se vê…

{#064.302.2023}

Domingo. Aquele dia em que, mesmo sendo fim de semana, o despertador toca. Consulta com o terapeuta fofinho às 11h implica despertador para as 10h. Tem sido recorrente nos últimos tempos, no entanto, acordar sozinha por volta das 8h30. É chato, porque podia aproveitar para dormir mais um pouco até o despertador tocar. Hoje não acordei sozinha às 8h30. Hoje, como ontem, fui acordada às 7h pela gata que agora decidiu que tomar o pequeno almoço obriga a ter companhia… A comida está lá, sempre disponível seja a que horas for. Mas tomar o pequeno almoço obriga a que alguém esteja ali, de pé, ao pé dela, à espera… Ninguém merece. São só uns breves minutos, é verdade, mas a hora que ela escolhe…ninguém merece!

Acompanhar a gata enquanto come, voltar para a cama. O nariz já dava alguns sinais, mas ainda nada de especial. Até que o despertador tocou às 10h…e começou a tortura!

Domingo que se pode resumir com dois simples verbos: espirrar e dormir! Até ao anti-histamínico começar a fazer efeito passaram-se algumas horas. Até adormecer depois de terminada a consulta não demorou nada. Tinha coisas para fazer? Tinha. Mas, acima de tudo e mais importante, tinha que tratar de mim. E foi isso exactamente que fiz.

Dormir. Pode parecer uma perda de tempo, mas não é. Quando o cansaço nos verga, é preciso parar para recuperar. E hoje o dia foi, todo ele, dedicado a isso. Queria ter saído de casa, queria ter ido ver o mar, queria ter feito tanta coisa. Mas isso seria esquecer-me de mim. E não posso.

Sim, o sofá foi o meu melhor amigo o dia todo. Sofá, mantas e televisão. Nem podia ter sido de outra forma. Agora é hora de recolher e enroscar e voltar a dormir, sabendo que, amanhã, o despertador toca cedo mas não a horas impróprias porque, mais uma vez, fico a trabalhar em casa, a entrar mais tarde. São mais três horas de sono. E três horas fazem uma grande diferença.

Foi, portanto, mais um dia igual aos outros, sem História ou histórias. Sem nada a apontar, sem nada para reflectir, sem nada de nada. Foi o que foi. E foi como tinha que ser, nem podia ter sido de outra forma.

Amanhã? Dia de trabalho a partir de casa. Logo se vê como será. Mas vai ser um dia bom. Porque eu quero que assim seja.