Monthly Archives: April 2023

{#120.246.2023}

Domingo de preguiça. Muita preguiça. Ou descanso, apenas isso.

Dia de consulta com o terapeuta fofinho. Que era para acontecer de manhã. Aconteceu ao final da tarde. Mas o que importa é que aconteceu. Porque estava a precisar. E foi ao falar com ele sobre a última semana que percebi que estou, de facto, muito zangada com o trabalho e com o que me levou ao momento em que estou.

Mas, mais uma vez, digo a mim mesma: um dia de cada vez. Dar tempo ao tempo. Acima de tudo, dar tempo a mim mesma. Para descansar, recuperar e ganhar coragem para enfrentar os próximos dias.

Respirar fundo. Eliminar o que não interessa. Acreditar, sempre, que vai melhorar. E vai correr bem. Porque eu mereço. Amanhã? Será melhor.

{#119.247.2023}

Sábado. Que era suposto ser aquele dia aborrecido da semana em que dava para descansar e vegetar no sofá. Só que não aconteceu…

Acordar mais cedo do que era suposto. Sair de casa cedo. Voltar só à hora de almoço para poder dedicar pouco mais de meia hora ao sofá. Sairá antes das 16h. Voltar um bocadinho antes das 19h. E aí, sim, desligares nos sofá por das horas…

A dor de cabeça, que tem sido uma presença constante, Hoke está particularmente difícil de suportar e superar. Mas pode ser que uma boa noite de sono ajude…

Recolho agora. Vou, mais uma vez, fazer o que tenho que fazer, mesmo que não faça de forma completa. “Não faz mal, a intenção está lá”, dizem-me. E acredito que sim.

Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho. A quem quero contar os meus recreios da minha situação actual. Não está fácil…mas sei que ele me vai ajudar a acalmar a ansiedade. Como faz sempre.

Por hoje já não dá mais. E,mais uma vez, queria dormir cedo e não vai acontecer…

{#118.248.2023}

Sexta feira. Aquele dia que tinha prometido a mim mesma que ia ser para começar a tratar de mim e, finalmente, descansar.

Não aconteceu, claro. Acordar cedo, sair de casa cedo, fazer análises, voltar para casa pelo caminho mais longo. Mas também o mais bonito, à beira da praia. Com passagem pelo parque no regresso.

Quatro quilómetros depois, chegar a casa muito cansada. Tentar dormir um bocadinho depois do almoço… Se dormi trinta minutos, foi muito. E não foi bem dormir. Foi aquele estado nem cá nem lá. Deu, pelo menos, para descansar o corpo enroscado no sofá. Mas não, ainda não posso dizer que o dia tenha sido para descansar.

Amanhã, sábado, também não vai ser. Programa de manhã, marcado para as 10h30, que me vai obrigar a acordar cedo e sair de casa cedo também. À tarde, programa às 16h que vai demorar pelo menos duas horas. Depois, quando regressar a casa, logo se vê.

Apesar de continuar a sentir-me cansada, apetece-me ir jantar fora e dois dedos de conversa. O mais certo é não acontecer. Mas não deixa de me apetecer. E também isso é tratar de mim. Mas, e não me posso esquecer!, o mais importante agora é descansar. Para poder, depois, ter resistência física para o que vier.

Com tempo recupero. Mas também há um outro lado que preciso de recuperar. E, nesse campo, há muito trabalho a fazer. E não posso, nem quero!, desistir. Porque, se o fizer, não me vai trazer nada de bom.

Por isso, amanhã logo se vê. Por agora recolho, trato de mim, faço o que é preciso ser feito. E tento ter uma noite tranquila.

{#117.249.2023}

Dia de tratar da minha saúde mental. É certo que a consulta estava marcada desde Dezembro, mas acontece no momento certo.

E percebo que quem me acompanha entende quando digo que não estou bem e me diz “é melhor parar JÁ antes que o estrago seja mais grave”.

Para já, são 11 dias de baixa psiquiátrica. Podendo ainda ser prolongada. Vamos ver como corre…

Sei que há outra componente muito importante que está a influenciar o meu estado actual. E tenho que trabalhar esse ponto com muita convicção e força. Nunca me esquecendo do que preciso de pedir: protecção. Ajuda e protecção.

Sei que, de tantas maneiras, não estou sozinha. Mas há presenças que não quero. E é aí que tenho que dizer “Não“, pedir ajuda e pedir protecção. Só assim vou conseguir vencer isto. Se é fácil? Não. Mas também nunca pensei que pudesse ser tão difícil…

Mas eu vou conseguir. Porque eu sou tão mais do que isto.

Baby steps. Nunca me esquecer disso: baby steps.

{#116.250.2023}

Quando percebes que o estado de exaustão em que te encontras não tem só a haver com a parte física, claro que te assustas…

Há muito mais para além do que é visível e/ou palpável. Sei que o meu caminho também passa por aí. E ter decidido avançar por aí não está a ser fácil. Nobody said it was easy. No one ever said it would be this hard…

Parece que a experiência de há uns dias abriu portas que se querem fechadas. E que, agora que permiti que fossem abertas, cabe-me a mim, e só a mim, fechá-las. Posso pedir ajuda, claro. Mas, acima de tudo, tenho que pedir protecção. Não posso, nem quero!, permitir que se aproxime de mim quem não é bem vindo.

Sou da Luz. Sou do Amor. A Sombra não é bem vinda aqui. Mas é a Sombra que está a tentar prender-me. E perder-me. Não o quero. E faço questão de o repetir. Fazer finca pé para que se afaste. Ergo barreiras. Ergo muros. Peço protecção. E dou os meus passos um de cada vez.

Para mim só quero Luz. E Amor. E vou conseguir com a ajuda de quem está sempre comigo, mesmo que eu não veja, conquistar o Eu que sou.

Baby steps. Com medo? Pelo desconhecido, claro que sim. Mas sabendo que não estou sozinha.

Não, hoje não foi um dia fácil. Mas não vou permitir que se repita. Porque sei que ajuda e protecção estarão sempre disponíveis. Só tenho que pedir. E peço. E agradeço. O resto? O que não interessa? A isso simplesmente digo “Não“.

Um dia de cada vez. Amanhã será melhor…

{#115.251.2023}

À beira da exaustão. E sei que não é só o descanso físico que é necessário. Há todo um outro trabalho para fazer. E que só eu posso fazer. Por mim. Para mim.

Já comecei a fazê-lo. Mas, das duas vezes que o fiz, adormeci em menos de nada, tal é o estado em que me encontro. Mas é preciso manter o foco. E usar as ferramentas que tenho.

Baby steps. Um passo de cada vez. Sem medo. E, se der medo, vou com medo na mesma. O importante aqui sou eu. Para além do cansaço, há em cima de mim um qualquer novelo de não sei o quê que me está a prender e a limitar. Cabe-me a mim, com as ferramentas que tenho, desembaraçar esse novelo por forma a conseguir avançar. Mas, para isso, tenho que me dedicar a fazer o que tenho que fazer. E não desistir.

Hoje, feriado, foi possível descansar um pouco mais para tentar recuperar. Não foi o suficiente, claro. Amanhã? Logo se vê. Mas a verdade é que os sinais de exaustão estão todos cá. E assustam…

Amanhã logo se vê como será… Por hoje dedico-me, novamente, a mim. Depois logo se vê…

{#114.252.2023}

Já não a via há uns dias. Mas hoje, depois de um dia de humor de cão e antes de entrar em casa, lá estava ela. E, perto dela, um qualquer planeta que mal se vê e que eu não sei identificar. Mas estavam lá. Os dois. Para mim.

O dia foi mau? A verdade é que podia ter sido pior. O cansaço em excesso acentuou um mau humor desgraçado que há muito tempo não sentia. Felizmente amanhã é feriado, vou poder tentar recuperar um bocadinho mais. Sim, estou à beira da exaustão. Não, não é bom. Preciso de parar por mim. E tratar de mim. É urgente fazê-lo.

Há um qualquer novelo que tem que ser desembaraçado e só eu o posso fazer. E, quando o fizer, as coisas começam a acontecer como têm que acontecer. Faz sentido para vocês? Não tem que fazer. Mas, felizmente, tenho quem me chame de volta à Terra e me relembre que eu tenho, de facto, todas as ferramentas de que preciso e já me apontaram o caminho a seguir. Por isso, há trabalho a fazer e que vai ser retomado hoje, sem falta. Porque, diz-me ele, o iceberg está aí. E eu não quero ser o Titanic.

E vê-la hoje fez-me, mais uma vez, lembrar que não estou sozinha. Mas o trabalho só pode ser feito por mim.

{#113.253.2023}

Sabes que estás à beira do limite quando o teu corpo começa a dar sinais de exaustão.

Já o sinto há uns dias. Mas hoje esses sinais fizeram-se sentir de forma mais intensa… Dormi, descansei, mas não recuperei. Terça feira é feriado. É já depois de amanhã. Parece pouco tempo até lá. Mas sei lá como vai ser amanhã…

Por agora, está na hora de recolher e enroscar. Aproveitar que ainda não é muito tarde. E tentar recuperar um bocadinho de energia para aguentar o dia de amanhã. Terça feira logo me dedico a tentar recuperar mais um bocadinho…

{#112.254.2023}

Sábado. Aquele dia aborrecido da semana. Depois de mais uma noite interrompida às 4h da manhã, a manhã foi dedicada a fazer o que precisava tanto: dormir. Podia ter aproveitado de outra forma? Cansada da maneira que ando, a resposta só pode ser não, não podia.

Sábado à tarde costuma ser dedicada a vegetar no sofá. E, eventualmente, acabar por adormecer. Mas hoje não. Hoje foi tarde de café com uma colega de trabalho que mora perto. Café e um passeio à beira da praia. Aproveitar o Sol de Verão. Ver o Mar que ainda é de Inverno. Conversar. E simplesmente estar.

Claro que cheguei a casa ainda cansada. Mas tive direito a um abraço demorado do filho mais velho, que só hoje me conheceu, que pouco ou nada conversou comigo. Mas que, antes de se ir embora, me brindou com aquilo que gosto tanto: um abraço. Soube tão, mas tão bem.

A vontade de fazer acontecer mantém-se. Ainda tentei o “sim”. Mas, do outro lado, o cansaço também se faz presente. E, apesar de também haver vontade de um café, vamos ter que esperar mais um bocadinho. Não faz mal. Não há pressa. Mas, mesmo não havendo café, houve conversa. Daquela que tocou pontos inesperados. E que merecem, sempre, ser falados, conversados.

Foram mais de três meses de silêncio. E agora, depois de quebrado o silêncio, surgem os pontos sensíveis. Nesses três meses a vida seguiu. E eu segui com ela. Porque assumi esse silêncio como um fim. Não esperava um regresso. E menos esperava esse regresso acompanhado com as palavras que me trouxe. Mas a vida seguiu e eu segui com ela. E, ao falar desse tempo de silêncio, percebi que algo incomodou o outro lado. Sem razão. Porque, lá está, a vida seguiu e eu segui com ela.

Se foi importante conversar? Para mim foi. Porque eu sou de conversar sobre o que me incomoda. Só assim consigo entender o que acontece e porque é que me incomoda. E questiono. E tento entender. Para conseguir seguir.

Perdeu-se o encanto? O outro lado diz que sim. Mas, depois de conversar, assume que exagerou na reacção. Reacção que, para mim, não faz sentido. Porque não fui eu quem trouxe o silêncio. Durante três meses, continuei no mesmo lugar. Continuei a ser eu mesma. Mas a vida também continuou. E eu acompanhei-a.

Não me arrependo de ter seguido a vida como segui. E não tinha que ficar à espera que o silêncio fosse quebrado. Porque, para mim, foi entendido como um fim.

Pelos vistos não foi. Agora? É um dia de cada vez, como sempre. Depois, logo se vê. Se esse café surgir, óptimo. Até lá, vou continuar a ser eu. E a conversar sobre o que me incomoda.

{#111.255.2023}

Sexta feira começa a ser uma espécie de meta que, tantas vezes, parece inalcançável. Todas as semanas me arrasto, cansada, e torço para que o final de dia de sexta feira chegue. Para mais nada que não focar-me no dia seguinte, o único dia da semana em que o despertador não toca.

Entristece-me, claro, que os meus dias se resumam a trabalhar. E perder horas em deslocações. São dias vazios. E o fim de semana não é aproveitado para mais nada que não seja descansar. A adormecer facilmente no sofá e ficar por ali, a recuperar o corpo moído, durante horas a fio. É raro acontecer alguma coisa diferente disto ao fim de semana. E, quando o fim de semana termina, começar novamente uma semana de dias vazios onde o cansaço volta a acumular e o trabalho preenche todos os dias de forma igual. Vazios, sempre.

Estou cansada. Muito cansada. Abuso das noites de sono a correr. Não posso… Sei que não me faz bem nenhum este abuso. Preciso, com urgência, de voltar a entrar nos eixos no que diz respeito à hora de desligar e enroscar.

O cansaço físico, quando em excesso como agora, começa a afectar também o cansaço mental, que cada vez se faz mais presente. E também isso não é bom. Perco os filtros, disparo a palavra escrita pelo éter fora. Às vezes sem pensar muito. E percebo que a quantidade de coisas que vou escrevendo por aqui e ali não são um bom sinal.

Tenho que parar um bocadinho e voltar a tratar de mim. Organizar as ideias. E, acima de tudo, deixar-me parar para descansar cedo. E não o tenho feito…

Amanhã é Sábado, aquele dia aborrecido da semana. Mas também é o único dia em que o despertador não toca. E, mesmo sabendo que preciso de fazer o que tenho que fazer e que também é tratar de mim, não vai ser feito já amanhã. Posso adiar mais uma semana. É tratar de mim, mas não é o mais urgente.

Agora é hora de recolher e enroscar. O que o dia me reserva para amanhã, além de adormecer no sofá? Não sei. Tenho vontade de fazer acontecer. Talvez o tente, talvez tente que aconteça. Porque isso é viver. E eu a única coisa que tenho feito é sobreviver. Mas quero mais do que isso. E preciso de mais do que isso. E mereço mais do que isso. Por isso, amanhã logo se vê. Mas sim, a vontade de fazer acontecer é muito grande. Logo se vê. Para já, o mais importante e mais urgente é descansar…

{#110.256.2023}

Quinta feira. 22h45m. E ainda não sei como vou conseguir chegar a sexta feira… É já amanhã? É. Já me deitei? Já. Mas of cansaço acumulado faz-se sentir com demasiada intensidade…

Tenho que, urgentemente, retomar o hábito de me deitar cedo. Ou isto ainda corre mal…

{#109.257.2023}

Às vezes, aquilo de que sinto mais falta, é de ter alguém com quem conversar. Simplesmente conversar. E quem diz às vezes diz todos os dias.

Conversar. Simplesmente conversar. Com sushi ou sem sushi a acompanhar. Com vinho ou sem vivo. Com café ou sem café. Conversar. Simplesmente conversar… De viva voz. Ao vivo e a cores. O telefone já não me é suficiente. Até porque passo 8 horas por dia ao telefone e cansa-me não ver quem está do outro lado.

Sim, todos os dias sinto falta de ter com quem simplesmente conversar. Afinal, tenho tanto para dizer. Importante ou não, não interessa. O que interessa é que sim, tenho tanto para dizer. Também por isso é que vou escrevendo. Cada vez mais. A palavra escrita, depositada no éter, não me leva a lado nenhum. Porque, lá está, falta-me ver quem está do outro lado.

E faz-me falta conversar. Simplesmente conversar. Sem mais. E, de preferência, sem pressa e sem horário. Deixar a conversa fluir. Sobre seja que assunto for. Desde assuntos mais sérios até aos assuntos parvos que podem, eventualmente, acabar em piadas.

São demasiadas horas comigo mesma. Só comigo mesma. E na minha cabeça a conversa não pára. Mas não está lá mais ninguém que não eu.

É importante conversar. Simplesmente conversar. Falar. E ouvir o outro, vendo-o ali tão perto. E sentir a conversa. E eu sou de sentir. Tudo. Até a conversa.

Sim, do que tenho sentido mais falta é de ter alguém com quem conversar. Simplesmente conversar…

{#108.258.2023}

É-me cada vez mais necessário escrever. Desta vez não para exorcizar fantasmas como até há uns tempos, mas simplesmente para comunicar. Para me sentir viva como se, ao escrever, ao comunicar, provasse a mim mesma que sim, existo. Que sou real. Que faço parte. Do quê, não sei. Mas de alguma coisa…

Nem sempre é bom sinal quando dedico demasiado tempo às palavras escritas que vou deixando aqui e ali. Mas também não posso dizer que seja um sinal de alarme. Não é. Porque of que escrevo hoje já não é sofrido, doído como há uns tempos. É apenas algo que sai de mim. Que faz parte de mim. Do que vivo mas, acima de tudo, do que sinto. Como sinto. Intensamente, como sempre.

Escrever faz parte de mim. Já não o faço em papel há muito tempo. Vou soltando palavras no éter. Que ficam por lá para quem as quiser ler. Nunca procurei leitores e vou continuar a não procurar. Não é isso que me interessa. Interessa-me, apenas, deitar cá para fora o que vai cá dentro.

Começo a dispersar a escrita quando, em tempos, aceitei que este seria o meu local de reflexão ao final do dia. Continua a ser. Mas a verdade é que vou tendo, ao longo do dia, vários momentos desses. Não sei se é bom. Se calhar é apenas um reflexo do muito tempo que passo sozinha com a minha cabeça. Mas, recentemente, percebi que páro muitas vezes para escrever (muito) sobre o que trago comigo.

Não é um sinal de alarme. Não estou mal, muito pelo contrário. Mas nem por isso deixo de perceber o quanto me tenho dedicado à palavra escrita…

…e a palavra escrita sabe-me tão bem, tão certo… Será, claro, para continuar. No éter, sempre no éter. Lê quem quiser e eu não preciso de saber se alguém lê. Basta-me escrever. Para mim é o suficiente.

{#107.259.2023}

Não sei que idade tem. Nem tento adivinhar. Quase diria que tem idade para ser minha avó. Mas depois lembro-me da minha idade: 27 anos com 19 de experiência. Talvez ainda seja possível ter idade para ser minha avó, não faço mesmo ideia.

Apoia-se numa bengala a grande custo. E acredito que entrar e sair do autocarro seja, para ela, uma daquelas aventuras penosas, tal é a dificuldade notória que tem em mover-se.

Sentou-se ao meu lado. Mas, para se sentar, perguntou se se podia apoiar em mim. Disse-lhe que sim, claro. Deixou-se escorregar para o banco ao meu lado, aquele que fica do lado do corredor sem protecção ou braço de apoio. E, nas curvas, bem que era necessário.

Deixou-se ficar apoiada a mim. Perguntou-me se me importava que levasse a sua mão na minha perna. “É para não cair”, disse-me meio envergonhada. Claro que não me importo, disse-lhe. E assim vamos da Praça de Espanha até à Costa, com algum trânsito no caminho e algumas curvas apertadas que a fazem apertar-me o joelho num aperto que não me incomoda.

Já não tenho nenhuma avó. Mas tenho saudades. Porque, tenho a certeza, se fosse hoje os nossos passeios de avó e neta também seriam assim.

E, de repente, lembrei-me da D. Carlota que ajudei em 2016 a percorrer 100 metros em mais de 60 minutos. Que me agradeceu quando a deixei no banco e pediu-me um beijinho. Em troca pedi-lhe um abraço e que não voltasse a sair sozinha de casa.

E agora, no autocarro, esta avó que não é minha quis dar-me a pregadeira que trazia com ela como agradecimento. Recusei. Ela insistiu. Voltei a recusar. E disse-lhe que se me desse um beijinho eu aceitava e ficava feliz. E assim foi. Deu-me um beijinho e eu dei-lhe um sorriso. Ainda não chegámos à minha paragem e ela continua agarrada à minha perna. Mas eu vou sair já na próxima paragem…

Rita. A senhora que veio ao meu lado hoje no autocarro chama-se Rita. Porque eu gosto de saber o nome das pessoas. Assim como soube o nome da D. Carlota que ajudei em 2016 e que, na altura, me fez ganhar o dia simplesmente porque confiou em mim para a ajudar a percorrer aqueles longos 100 metros que demoraram mais de uma hora a serem percorridos devido à extrema dificuldade daquela senhora em deslocar-se (e que, mesmo assim, arriscou ir à rua sozinha para ir ao banco).

A D. Rita. Só o facto de se ter sentado ao meu lado e ter confiado em mim durante toda a viagem para não cair, fez-me ganhar o dia.

Gosto de saber o nome das pessoas. E gosto de momentos como aquele de 2016 em que me cruzei com a D. Carlota ou a viagem de hoje ao lado da D. Rita. Nenhuma delas sabe, mas fizeram-me ganhar o dia. E não duvido que, tenha sido em 2016 ou tenha sido hoje, fiz a diferença no dia de alguém.
E isso é tão bom.

{#106.260.2023}

Domingo. Extremamente preguiçoso, claro.

Ainda de ontem: o Universo continua a deixar cair-me no colo várias surpresas. Coisas que não estou à procura, ainda que tenha aberto a porta ao que pudesse vir. No fundo, coisas que não estou à espera. Porque sempre achei que não as merecia. Mas, de há uns meses para cá, decidi que estou eu em primeiro lugar e que sim!, mereço coisas boas a acontecer. E nas últimas semanas elas têm surgido. Uma atrás da outra. Uma de cada vez. Para poder gerir o que vou recebendo.

Amanhã, dia de regresso à rotina depois de um fim de semana muito preguiçoso e em que dormir e descansar foram a prioridade, é também dia de voltar a esperar que o telefone toque. Continuo a acreditar que sim, vai tocar e trazer boas notícias. Só precisa de tocar…

Continuo a sentir-me muito cansada. Precisava de mais uns dias de fim de semana. Mas, não sendo possível, repito a mim mesma que tenho que voltar a entrar nos eixos no que diz respeito à hora de recolher e enroscar. Ainda não vai ser hoje que isso vai acontecer. Mas vou mesmo ter que voltar a organizar-me para conseguir dormir cedo.

Seja como for, amanhã será um dia bom. Porque eu quero que assim seja. E porque mereço que o seja.

{#105.261.2023}

Sábado extremamente preguiçoso. Acordar muito tarde, sair de casa para tomar o pequeno almoço na esplanada do costume, voltar para casa, aninhar-me no sofá e apagar em menos de nada.

Também isto é tratar de mim. Dormir quando é preciso. Descansar quando o corpo o exige.

Agora, depois de jantar, vai haver café e filme por aí. Mas até isso é tratar de mim.

O mais chato deste Sábado preguiçoso? As alergias que estão de volta e em força. Numa relação intensa com os lenços de papel. E sem voz. Falar é algo que faço a custo. Mas, pelo menos, hoje não é dia de trabalho em que a voz é ferramenta essencial. Até segunda feira isto melhora. Ou assim espero.

Agora é esperar mais um bocadinho para que me venham buscar. E depois sigo por aí para quebrar a rotina.

Amanhã? Também é dia de descanso.

{#104.262.2023}

Estou muito cansada. De ser tratada como uma máquina de trabalho, que não sou. De ser vista como um número, sou muito mais que isso. Que me exijam quantidade quando eu aposto na qualidade.

Sim, estou muito cansada. Quando tudo o que fazem é exigir sem dar nada em troca.
Soube-me bem ser cumprimentada pela responsável da qualidade do projecto depois daqueles 97%? Soube, não nego. Deixaram de me tratar como um número ou uma máquina de trabalho? Não.

Gosto do que faço, sem dúvida. Mas também gosto e, (oh espanto!,) preciso de respirar. Respirar entre chamadas. Se, quando iniciei ali há 19 meses ainda tínhamos 15 segundos entre chamadas que entravam, agora não temos nem um segundo. E, tantas vezes!, respirar é preciso. Ainda não acabei uma chamada e já está a entrar outra. Porque, lá está, é preciso atender o cliente o mais depressa possível. Porque está há algum tempo à espera que o telefone seja atendido. Porque somos muitos, mas não somos os suficientes para o volume de chamadas que nos chegam. Porque, para quem manda, para quem tem o diploma, nós, que somos quem põe a máquina a funcionar, não precisamos de respirar entre chamadas. Nem podemos parar um bocadinho para recuperar de uma chamada mais difícil. Não podemos nada. Mas tudo nos é exigido. Sem dar nada em troca.

Sim, estou cansada. Muito cansada. De ser tratada como uma máquina de trabalho, que não sou! De ser vista como um número. Quando sou muito mais do que isso.
Estou muito cansada. Gosto do que faço? Muito. Gosto das condições em que o faço? Nem um bocadinho…

E sim, estou muito cansada. Demasiado cansada. E o telefone ainda não tocou…

{#103.263.2023}

Quinta feira. E o telefone continua sem tocar…

Toda esta espera está a revelar-se uma verdadeira prova de resistência à minha ansiedade. E, desta vez, apesar de estar sempre à espera que o telefone toque depois das 18h, a ansiedade não passa de uma moínha que incomoda, claro, mas não faz mossa. A verdade é que não se trata de uma situação urgente e absolutamente necessária. Trata-se de algo que, de facto, me caiu no colo numa fase em que estou mais incomodada e chateada. E uma mudança para melhor é sempre bem vinda.

Resta-me esperar. Seja qual for o desfecho, já valeu a pena o reconhecimento. Mas acredito que sim!, vai acontecer. E amanhã terei uma resposta.

Entretanto, vou gerindo a ansiedade e o cansaço acumulado. Um dia volto a entrar nos eixos no que diz respeito à hora de desligar do Mundo e descansar. Hoje ainda não foi o dia…

Para amanhã, não me posso esquecer: um dia de cada vez. Baby steps. E o que tiver que ser, será. Nada acontece por acaso nem fora do momento certo. E daqui até às 18h de amanhã já só faltam 18 horas e 39 minutos.

De resto, o importante sou eu. O estar bem. O ser eu. O resto é apenas o resto. E amanhã vai ser um bom dia. Porque eu quero que assim seja.

{#102.264.2023}

Quarta feira. E o telefone ainda não tocou. Mas nem por isso o dia deixou de ser bom. Começou muito cedo, como começa sempre em trabalho presencial. Mas esta manhã, ainda sem trânsito por causa das férias da Páscoa, foi fácil chegar muito cedo a todo o lado.

Quem trabalha em call center sabe que as chamadas são auditadas e avaliadas. Já tive boas avaliações, também já tive menos boas. E depois tive o resultado de uma chamada recebida ontem e que foi auditada hoje.

O resultado? O resultado fez com que uma alta responsável pelo projecto se levantasse do lugar dela para me vir conhecer, para me cumprimentar e me dar os parabéns. Pela simpatia. E pelo profissionalismo. Lembro-me perfeitamente da chamada em questão.

Um corretor. Onde, no ano 2000, dei os primeiros passos na área seguradora. Comentei esse facto com o rapaz. “O mundo é mesmo muito pequenino”, disse-me ele. E terminou a chamada a agradecer-me a simpatia e a dar-me os parabéns pelo profissionalismo. Coisa que foi notada e referida por quem me auditou a chamada.

Ri-me e só consegui agradecer e dizer o que me dizem: “eu sou uma fofinha”. E sou. Fazer o quê, né? Nota da avaliação? 97%. Na mesma casa onde, há 13 anos, me disseram “não podes ser tão simpática com os mediadores!”.
Tá bem.

97%? É muito bom. E ver um alto responsável a atravessar aquele espaço imenso para me conhecer e dar os parabéns não tem preço.

É assim que faço o meu trabalho. E por isso mesmo digo, tantas vezes, que a qualidade do meu trabalho eu garanto. E o meu trabalho fala por si. E sim, eu dou mais valor à qualidade do que à quantidade.

Por isso, siga enquanto o telefone não toca!
Estou muito contente, não nego. Porque esta também sou eu.

{#101.265.2023}

Terça feira e o telefone ainda não tocou. Ainda é cedo, eu sei. A semana ainda ontem começou. E hoje houve jogo do Benfica que, já sei, interfere com rotinas. Amanhã é um novo dia em que, depois das 18h, tudo pode acontecer.

Continuo a acreditar que sim, é possível. E sei que não estou sozinha nesta espera e nesta ansiedade. Quem me pôs isto no colo também está a torcer para que a resposta chegue rápido. E, acredito, amanhã vai chegar.

A verdade é que não procurei nada, não pedi nada. Lancei para o Universo a minha frustração das últimas semanas. E o Universo ouviu-me. E foi o Universo que encontrou quem me colocar isto no colo.

Aceito, entrego e confio. Só por hoje. Todos os dias, só por hoje. E sei que, se o Universo me tem posto algumas coisas no meu caminho, é porque as mereço. E porque sou capaz de lidar com elas. Tenho valor para isso. Mesmo que, de um dia para o outro, alguém que não me conhece, não conhece o meu trabalho, me faça sentir como um mero número. Que não sou. O meu valor está cá. Existe. É real. E eu sei o valor que tenho. Cada vez sei mais, cada vez sei melhor. E decido apostar em mim em primeiro lugar. Seja no trabalho, seja no que for. Quem não me vê na totalidade, quem não vê tudo o que sou, não me terá por perto.

Sim, foco-me em mim. Em primeiro lugar estou eu. Há meses que o digo. Há meses que faço por consegui-lo. E agora, quando começo a perder o medo, o Universo abre-me portas que pareciam fechadas. Não estão. E eu não tenho medo de passar para lá dessas portas e aproveitar essas novas oportunidades. Porque ainda acredito que sim, o telefone vai tocar e vai trazer-lhe boas notícias. Tem tudo para correr bem. Mesmo tendo noção que possa correr mal, continuo a pensar positivo. Porque não pode ser de outra forma. Porque acredito em mim. Porque sei o valor que tenho.

Ainda há bloqueios? Há. Ontem comecei o trabalho que tenho andado a adiar. Hoje irei repetir o que tenho que fazer neste novo ciclo iniciado ontem. Serão, ao todo, 28 dias de trabalho em mim. E que me irão ajudar a desbloquear o que há a desbloquear. Que me irão ajudar a seguir aquele que se ser o meu caminho.

Não vou dizer que não tenho medo. Claro que tenho. Mas, tal como me disseram ontem, o medo não faz parte do meu propósito. E, se der medo, vou com medo na mesma.

Agradeço ao Universo e a quem me acompanha. Claro que agradeço. Tanto! Mas não me posso esquecer: um dia de cada vez. Baby steps. Sem pressa. Porque tudo acontece quando tem que acontecer. Nunca antes, nunca depois. É no momento certo. E acredito, muito!, que este é o momento certo.

Amanhã o telefone vai tocar. E vai trazer boas notícias. O momento é este. E as notícias não podem ser outras.