Sábado. Aquele dia aborrecido da semana. Depois de mais uma noite interrompida às 4h da manhã, a manhã foi dedicada a fazer o que precisava tanto: dormir. Podia ter aproveitado de outra forma? Cansada da maneira que ando, a resposta só pode ser não, não podia.
Sábado à tarde costuma ser dedicada a vegetar no sofá. E, eventualmente, acabar por adormecer. Mas hoje não. Hoje foi tarde de café com uma colega de trabalho que mora perto. Café e um passeio à beira da praia. Aproveitar o Sol de Verão. Ver o Mar que ainda é de Inverno. Conversar. E simplesmente estar.
Claro que cheguei a casa ainda cansada. Mas tive direito a um abraço demorado do filho mais velho, que só hoje me conheceu, que pouco ou nada conversou comigo. Mas que, antes de se ir embora, me brindou com aquilo que gosto tanto: um abraço. Soube tão, mas tão bem.
A vontade de fazer acontecer mantém-se. Ainda tentei o “sim”. Mas, do outro lado, o cansaço também se faz presente. E, apesar de também haver vontade de um café, vamos ter que esperar mais um bocadinho. Não faz mal. Não há pressa. Mas, mesmo não havendo café, houve conversa. Daquela que tocou pontos inesperados. E que merecem, sempre, ser falados, conversados.
Foram mais de três meses de silêncio. E agora, depois de quebrado o silêncio, surgem os pontos sensíveis. Nesses três meses a vida seguiu. E eu segui com ela. Porque assumi esse silêncio como um fim. Não esperava um regresso. E menos esperava esse regresso acompanhado com as palavras que me trouxe. Mas a vida seguiu e eu segui com ela. E, ao falar desse tempo de silêncio, percebi que algo incomodou o outro lado. Sem razão. Porque, lá está, a vida seguiu e eu segui com ela.
Se foi importante conversar? Para mim foi. Porque eu sou de conversar sobre o que me incomoda. Só assim consigo entender o que acontece e porque é que me incomoda. E questiono. E tento entender. Para conseguir seguir.
Perdeu-se o encanto? O outro lado diz que sim. Mas, depois de conversar, assume que exagerou na reacção. Reacção que, para mim, não faz sentido. Porque não fui eu quem trouxe o silêncio. Durante três meses, continuei no mesmo lugar. Continuei a ser eu mesma. Mas a vida também continuou. E eu acompanhei-a.
Não me arrependo de ter seguido a vida como segui. E não tinha que ficar à espera que o silêncio fosse quebrado. Porque, para mim, foi entendido como um fim.
Pelos vistos não foi. Agora? É um dia de cada vez, como sempre. Depois, logo se vê. Se esse café surgir, óptimo. Até lá, vou continuar a ser eu. E a conversar sobre o que me incomoda.