Terça feira inútil. Mais uma vez a ver o tempo passar. Isto faz-me lembrar outros tempos, daqueles que não quero de volta. Sei o que tenho que fazer para que o dia volte a ter algum significado. Mas sinto-me demasiado presa… Como se estivesse enredada numa teia que me acolhe e me embala como se fosse confortável permanecer onde estou. Não é.
A minha cabeça também não é um bom local para estar. Tem demasiado ruído. Demasiada confusão. Um burburinho sem fim…
Resta-me a música, sempre presente, para abafar este ruído, esta confusão. Mas não o consegue completamente. O burburinho sobressai mais do que gostaria. E não há como desligar este caos que me inunda.
Quero dar um passo em frente. Preciso de o fazer. Mas perdi o Norte. Perdi o rumo algures pelo caminho. E, dessa forma, fica difícil dar um passo firme e seguro se nem sei para onde vou.
Estou cansada. Cansada disto e do que me trouxe até aqui. Seja isto o que for, que ainda hoje não sei, seja aqui onde for, que nem sei onde estou. Sei que é um isto confuso e um aqui demasiado confortável. E eu já me senti assim confortável antes. Mas nunca foi um confortável bom. Foi sempre uma montanha russa comboio fantasma que não precisa de moedas. Mas que, mesmo assim, era confortável. E agora, por já ser um sítio conhecido, consegue ser ainda mais confortável.
Sei que preciso dar a volta a isto. Mas fica difícil quando não consigo sequer nomear o que é isto…só sei que é demasiado confortável, mesmo não sendo bom.
Mais um dia absolutamente inútil. Vazio. Sem nada. Um dia a preto e branco. Sem detalhes de cor. Sem rumo. Sem nada, no fundo. E eu estou cansada disto.
Preciso de ajuda para sair disto. Sair daqui. Deste aqui que me prende. Que não me deixa caminhar. Que não me deixa ser mais e melhor. Sim, preciso de ajuda. Sozinha já percebi que não avanço. Também não recuo. Fico estática onde estou. À espera não sei do quê. Mas sem saber que rumo tomar, que passo dar, sem saber nada de nada.
Eu sou mais do que isto. Sempre fui. Mas, de alguma forma, caí nesta armadilha. E fui-me deixando ficar. Não posso, eu sei. Não posso. Não posso. Não posso! Mas já não sei o que fazer, como fazer. Quero os meus dias de volta. Com cores. Com detalhes. Com rumo. Quero voltar a dar passos firmes e seguros. Mas sei que, por ali, o risco de voltar aqui é grande…e não quero voltar aqui. Quero sair daqui, mas com alguma garantia que não volto. E é essa garantia que não tenho. E preciso de ter.
Já não sei o que fazer…a verdade, por muito que custe admiti-lo, é essa. Mas não posso, também, permitir que esse não saber me prenda ainda mais…
Não, por hoje não posso fazer mais nada. Mas amanhã…amanhã tenho que procurar um novo rumo. Por hoje já chega de me sentir mal com isto. Amanhã. Amanhã será melhor. E vou ter que desenredar a teia que me prende e voltar a movimentar-me. Dê por onde der.