O caminho faz-se caminhando, dizem por aí. E hoje foi dia de caminhar sem me apoiar na minha mãe que me acompanha sem hesitar nesta nova aventura. De casa até à praia o caminho fez-se de forma mais ou menos tranquila. Do paredão à vila idem. Mas o caos instalou-se ao entrar no Auchan…loja relativamente recente, mas cujo chão não é direito. Não pode ser direito. Assim que entrei começaram os desequilíbrios em grande. E só pararam muito tempo depois de sair de lá.
Fala-se muito de empreendedorismo e eu já pensei em abrir uma nova actividade: perita avaliadora do nível do chão. Não preciso de ajuda de um nível de bolha de ar. Basta-me passar por cima de qualquer superfície, seja ela qual for, para perceber se o chão está direito ou não. Se me desequilibrar assim que lhe puser os pés em cima, é mau sinal.
Se souberem de alguém ou algum sítio a precisar de um serviço destes é só dizer.
Tenho que brincar com isto. Ou enlouqueço. Porque, ao contrário do que me foi dito nas urgências no fim de semana passado, não!, não está tudo na minha cabeça. Os desequilíbrios existem. E o risco de queda também. E caminhar pode ser uma aventura…
E se eu chorar? Peço-vos que me deixem fazê-lo. Não por ser piegas ou por buscar atenção, mas sim porque estou cansada, frustrada, assustada e revoltada. Ouvir de uma médica “está tudo na sua cabeça” doeu. Porque não está. Não estou a somatizar nada. E sinto-me frustrada por me atrapalhar a fazer coisas simples como ir do ponto A ao ponto B e ter que me agarrar a alguma coisa para evitar cair.
Não, não está tudo na minha cabeça. Por isso, se eu conseguir, deixem-me chorar. Há 6 meses que espero por uma resposta que ainda vai demorar a chegar. E a pressão e ansiedade são grandes. Por isso deixem-me chorar. E dêem-me a mão para saber que não estou sozinha. Quem der está comigo. Quem não der nunca esteve. Não faz mal. O importante agora sou eu. E preciso muito que me deixem chorar. Mesmo sabendo que não consigo fazê-lo…