Domingo não é dia de acordar às 7h da manhã. Mas foi a essa hora que, do nada, acordei. Sempre deu para ir à rua beber café antes da consulta com o terapeuta fofinho.
Depois da consulta o dia foi muito longo. E, pela hora de almoço, uma conversa demorada sobre o que se passa comigo com quem consegue ter uma situação clínica bem mais grave e séria. Não dourou a pílula e agradeço por isso. Deu-me factos, partilhou experiências pelas quais também irei passar. Disse-me que tenho todo o direito a estar assustada, faz parte do processo. E quer saber o resultado da consulta.
Poder falar com alguém que me entende por ter passado por situação mais ou menos parecida, pelo menos na parte da busca por um diagnóstico, fez todo o sentido.
À tarde voltei a sair para um café, desta vez acompanhada, o passo sempre lento, inseguro e a sentir as alterações ao relevo do solo. E o desequilíbrio fácil sempre presente.
O dia não esteve bonito como ontem. Ontem o Sol e o céu azul, hoje céu completamente cinzento o dia todo. Mas, mesmo sem Sol, soube bem sair de casa. Sei se tenho que continuar a fazê-lo, mesmo que custe, mesmo que doa como dói tantas vezes. Deixar de o fazer é desistir de mim. E isso não pode acontecer.
Já de volta a casa, hora de gravar um vídeo para quem está longe. Dar uso às palavras certas que não tenho conseguido nomear. Está feito. As palavras certas foram ditas. E sentidas, cada uma delas.
Amanhã teremos a análise ao que foi dito. Tenho medo? Claro que sim. Mas é o que sinto e que tem que sair.