Acordar cedo. Sair de casa. Ir até à vila com apoio, claro. Análises. Pequeno almoço. Café. Supermercado. Arriscar parte do caminho sem apoio. Não foi fácil. Mas fez-se. Ver e ouvir o Mar. Desistir de caminhar sem apoio. O chão do paredão pode ser muito liso, mas a ligeira inclinação que apresenta não me permitiu continuar sem apoio.
Parque. Parar 50 vezes pelo caminho para respirar fundo e beber água. Chegar quase ao fim e parar para me sentar e recuperar. As pernas ameaçavam ceder . As dores da lombar para baixo, incluindo a bacia e as pernas a chatear. Nova paragem mais à frente para uma ida à mercearia. Que não fui. Sentei-me, a custo, nas escadas. Quase a chegar a casa e as dores insuportáveis nas pernas e pés. E, como sempre, a grande dificuldade dos últimos metros…
Chegar a casa, almoçar, descansar. Sair brevemente com o apoio habitual para um café. E a vontade de ver gente que não vem até cá e eu que não me atrevo a deslocar-me sozinha.
Todo o dia a frustração a aumentar. E o cansaço provocado pela frustração.
Abrir o coração em forma de palavras com quem está à distância de um clique e que me é tão importante. Que, desde o primeiro dia, não me deixa sozinha, não me larga a mão para eu não cair nem seguir sozinha.
Eu preciso dele. Ele precisa de mim. Eu o Tsunami. Ele o porto de abrigo. Alapados um no outro.
É o que é. É o que tem que ser.
É ele que me pede para não desistir. Porque ele sabe que eu sou mais do que isto. E não desisto. Nem de mim, nem dele, nem de nós.
O caminho não é fácil. Mas faz-se. Estando sozinha já teria desistido. De tudo. De mim.
Não vai acontecer. Desistir de mim não é opção. Quem me quiser acompanhar e dar a mão é bem vindo porque me aceita como estou e sabe que sou mais do que as dificuldades que atravesso. Quem não quiser, está bem. É porque nunca esteve realmente. E nunca entendeu a diferença entre ser e estar. E eu estou doente, mas não sou a doença.
Amanhã? Logo se vê. Mas vai correr bem. Porque eu quero que assim seja.