Daily Archives: 09/04/2024

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E, ao centésimo dia do ano, ela continua com vontade de chorar e não consegue. E ela sou eu.

Acordar como acordo todos os dias: com dores. Em todo o lado. E, por causa das dores, ter grande dificuldade em sair da cama. Todos os dias as dores, especialmente nas costas, me dificultam muito a saída da cama. Coisa que parece tão simples…

Tomar o pequeno almoço, beber o meu café, preparar-me para sair. Porque o desafio, mais uma vez, foi lançado: “vamos ao parque. Vamos até onde conseguires.” Esta premissa é obrigatória.

Fomos devagar, claro. E, mesmo com o auxílio da bengala, muitas vezes me desequilibrei, outras tantas tive que, à última da hora, agarrar-me à minha mãe para não cair…

Chegadas ao parque, sentámo-nos naquele que é o nosso banco favorito. Que é mais alto do que os restantes e nos deixa com os pés no ar a balançar como miúdas pequenas.

Tratar do que tinha para tratar ao telefone e, depois disso, entrar um pouco mais no parque. Ficámos a meio, mais ou menos. Mas suficientemente para ver o caminho até à praia, onde queria tanto ir. Cheguei a pensar (e a dizer) “eu consigo ir até lá”.

Passava das 14h, ainda não tinha almoçado, já sentia pernas cansadas e doridas, joelhos presos… Sim, eu conseguia chegar ao paredão para ver o Mar. Mas tive que optar: voltar para casa enquanto ainda conseguia andar de forma mais ou menos segura e ainda com alguma força nas pernas ou fazer o restante caminho do parque até ao paredão para ver o Mar e saber que o regresso seria bastante mais difícil e muito mais doloroso.

Optei por voltar para casa. E não foi fácil. Sempre muito devagar, sempre a agarrar o braço da minha mãe para não me desequilibrar e cair. Não, não foi fácil o caminho até casa. Ter que subir os 5 degraus de acesso ao pátio, entrar no prédio, subir mais 5 degraus de acesso aos elevadores e as dores fortes sempre que subia mais um degrau…

Cheguei a casa completamente de rastos. Com muitas dores. Com pouca força nas pernas. Almocei e aterrei no sofá depois de, a muito custo, ter passado pelo cadeirão para beber o meu café. Cada vez que tive que me levantar, fosse do cadeirão ou do sofá, para ir à casa de banho ou à cozinha, as dores sempre presentes e cada vez mais intensas e praticamente incapacitantes. As minhas pernas só estavam bem sossegadas e sem esforço no sofá…

Ainda pus a hipótese de voltar à rua ao final da tarde para apanhar um bocadinho de ar e beber um café na esplanada do costume. Mas as dores, mais uma vez, não deixaram.

O que me acompanhou também durante o dia todo foi a visão dupla. Agora, mesmo com os óculos, já não consigo ler as legendas porque o texto vem sempre sobreposto e em duplicado. E eu já não aguento isto tudo…

A única coisa que eu peço e que sei que não vai acontecer tão depressa como gostaria é que fechem o diagnóstico. Ou seja, todos aqueles exames cujos resultados ainda estão atrasados deviam ficar prontos rapidamente. Porque havendo resultados é possível fechar o diagnóstico. E, com o diagnóstico fechado, tenho acesso à medicação que toda a gente me diz que me vai permitir ter qualidade de vida e até uma vida o mais perto possível do dito normal.

Vou andando ao sabor do vento. Tenho fisioterapia onde em todas as sessões me desafiam um pouco mais. E onde caminhar em solo liso é muito mais fácil. Na vida real, ou seja na rua, é tudo menos fácil caminhar. E até em casa não consigo caminhar sem me apoiar para não cair…

Estou farta disto. Disto que não pedi, não procurei, que me apanhou na curva nem sei porquê. Mas que, em tão pouco tempo, progrediu bastante. Para pior…

Mais uma vez só tenho vontade de chorar. E, para variar, não consigo. E sim, preciso muito de apoio psicoterapêutico, que já não tenho, e que entenda disto. Porque, sozinha, não sei até onde vou conseguir aguentar…

Amanhã? Com o que está agendado para depois da fisioterapia, é bom que seja melhor… Logo se vê…