Mais um dia daqueles que só me apetece apelidar com um nome feio. Não que tenha acontecido alguma coisa, mas precisamente porque foi mais um daqueles dias em que não se passou absolutamente nada.
Muito cansada, como sempre. Mas cansada de quê? De nada!
Dizia que não se passou nada, mas não é inteiramente verdade. Uma teleconsulta a meio da tarde com uma hora de atraso só para demorar 2 a 3 minutos para confirmar que os valores estão bem e uma vontade doida de me esticar no sofá e simplesmente dormir. Terminada a consulta e ainda cheia de dores nas pernas foi exactamente isso que aconteceu: apaguei no sofá para acordar já no fim da tarde.
A medicação só me dá sono. Não me deixa fazer muito mais. E, por ser só mais um dia sem ver ninguém, sem estar com ninguém, sem ir a lado nenhum, todo o dia me pareceu um muito longo Sábado.
A única pessoa que está sempre presente, todos os dias sem excepção, é a minha mãe. Mas eu preciso muito de ver mais pessoas. De estar com pessoas. De conversar com alguém que não a minha mãe. Por isso é que as idas à fisioterapia são sempre dias melhores, embora regresse a casa sempre muito cansada. Mas, pelo menos, tenho ali perto de 3 horas e meia em que não estou em casa, estou a ver pessoas, estou a interagir com pessoas. Este segundo ciclo de fisioterapia, no entanto, termina sexta feira e ainda não sei se é para continuar ou não. Amanhã é dia de consulta com a Fisiatra provavelmente para avaliação dos progressos e depois disso logo se vê. O que eu sei é que, para além da recuperação física, a fisioterapia tem sido fundamental para não agravar a minha saúde mental.
Estes últimos sete meses de baixa cada vez me recordam mais os primeiros tempos de confinamento por causa da pandemia: o não ver ninguém, não estar com ninguém, não interagir com ninguém que não apenas a minha mãe. Lembro-me que não foi fácil. Mas não foi assim tanto tempo como agora…que já vai nos sete meses.
Ontem tive consulta de Psiquiatria com um novo médico. Insistiu muito em querer saber como está a Depressão. E eu só lhe soube responder que estava tudo controlado. Que está, é um facto. Mas falta o resto. E o resto é estar muito frustrada e o sentir-me muito sozinha. Que, se calhar erradamente, não consegui desenvolver… Médico simpático e acessível, mas ainda assim foi um primeiro contacto em que ainda não estive totalmente à vontade de lhe dizer que não, não estou bem. Disse-lhe, claro, que preciso de ajuda quando ele se prontificou em encaminhar-me para psicologia. Porque preciso mesmo. Disse-lhe que preciso de ajuda nem que seja para me ajudar a aceitar o que me apanhou na curva e que eu ainda estou em negação. Mas não desenvolvi muito mais para além disso. E, sei agora, porque o sinto, devia ter desenvolvido.
Vou continuar ao sabor do vento até ter consulta de psicologia marcada. Sabe-se lá para quando. E, sendo que o seguimento será hospitalar, serão sempre consultas de 50 minutos contadas ao segundo e que, apesar de terem hora de início marcada, dificilmente irão começar à hora marcada mas terminando sempre à hora certa. Foi esta a experiência que tive em psicologia no Centro de Saúde. E tenho plena noção que desde que o Terapeuta Fofinho me começou a seguir em 2016 de forma privada, fui uma privilegiada e sortuda. Lembro-me que, logo no início, chegámos a ter consultas de 3 horas. E tantas de 2 horas. E um número de telefone sempre disponível para situações urgentes a qualquer hora do dia ou da noite que devo ter usado uma única vez.
Sei que preciso de ajuda. Sei que não desenvolvi tudo o que devia ter desenvolvido com o psiquiatra. Que só volto a ver em Agosto. Se aguentar até lá…
Enfim, foi mais um dia vazio que a minha mãe fez por compensar depois do café de fim de dia: ficámos para jantar na esplanada do costume que, agora, foi engolida por andaimes para pintura do prédio…
Não interessa, amanhã ainda é dia de fisioterapia. E final do dia no Yoga. Vai ser um bocadinho mais preenchido de gente. Portanto, vai correr bem. Tem tudo para ser melhor.
A única coisa que peço? É que me aguente até à próxima consulta de Psiquiatria ou até à primeira consulta de Psicologia, o que acontecer primeiro…