“Não podes deixar de chorar. Também não podes forçar, mas precisas de deixar sair. E não tenhas medo de voltar a cair porque, se acontecer, eu vou estar cá sempre para ti.”
E às vezes é preciso deixar sair e simplesmente chorar.
Não vou cair novamente, não posso cair. Mas sei que não estarei sozinha se acontecer.
A primeira data que é um marco na roda do ano já passou. Mais dorida do que esperava, se é que esperava alguma coisa. Dorida e inquieta. Demoraram as lágrimas mas hoje finalmente soltei-as. Porque há quem me permita sentir e chorar e ainda me ajude a aliviar essa pressão do choro contido sabendo como fazê-lo.
Não tenho vergonha de chorar nem de dizer que choro. Mais ninguém precisa de entender porque o faço, porque o sinto ainda. Porque esquecer não é possível, pelo menos para mim mesmo que a outra metade desta história já tenha apagado da memória.
Dizem que o tempo ajuda. Talvez a tristeza ganhe outro nome, não sei. Sei, apenas, que não se esquece. Que não se apaga da memória quem se ama desta maneira. Talvez um dia eu faça anos sem me lembrar que tu também farias. Talvez aí me sinta culpada por me esquecer ou em paz por te deixar ir. Não sei. Sei apenas que desta vez não me esqueci como não me esqueço nos outros dias.
Tenho saudades tuas, mas sei que te trago em mim. E é bonita a forma como alguém me fala de ti relembrando-me isso mesmo, que estás sempre comigo e que esta é a forma que encontraste de estarmos sempre juntos.
Ainda dói. Sei-o a cada nova lágrima. São cada vez menos as lágrimas mas não a falta que me fazes.
Não, não posso reprimir o que sinto, tenho que deixar sair. E, aos poucos, vou deixando sair. Com a ajuda que me é preciosa.
E prometo não voltar a cair. Por ti. Por nós.