200.
Duzentos dias. Provavelmente duzentos tons de azul. Porque gosto de dias azuis. Do mais claro ao mais escuro. Com mais ou menos nuvens, mais ou menos Sol, mais ou menos chuva, mais ou menos vento, mais ou menos Lua. O azul está sempre lá.
Duzentos dias.
Milhares, milhões?, de questões, dúvidas, certezas, respostas e ausência delas.
Duzentos dias. Quando era suposto serem só, “só”, cem.
Foi um murro na mesa que me trouxe o 100happydays. Encarei como um desafio. Um desafio para me obrigar a reagir. Quando tudo o que queria, naquele momento, era deixar-me ficar quieta, em silêncio, naquele lugar escuro e frio.
200. Duzentos dias depois, duas rondas de cem. Porque ao chegar ao fim da primeira ronda percebi que, ao contrário do que pensei no primeiro dia, é possível encontrar algo de positivo em cem dias seguidos. Mesmo naqueles dias maus. E até nos muito maus. Nem que a parte positiva seja ter passado mais um dia.
200. Duzentas cores. Porque as cores acalmam as dores. As cores acompanham os dias. Os dias que de início seriam apenas 100 e onde aprendi a parar. Para pensar. Tirar uns minutos todos os dias, minutos que nunca foram perdidos mas sim ganhos, para pensar. Sobre coisas grandes, importantes. Sobre coisas pequeninas, insignificantes. Sobre tudo. Sobre nada.
200. Os primeiros cem encarados com um desafio. Uma parte de um processo de recuperação. Onde descobri, percebi, que não estava, não estou, sozinha.
Cem dias que demoraram a passar, que passaram a voar. Que me trouxeram tanta gente, tantas coisas. Cem dias para voltar a ter os pés na Terra. E, no fim dos cem dias, percebi que apenas cem dias não eram suficientes. Porque me habituei a parar. Para pensar. Reflectir. Porque percebi que esses minutos tirados todos os dias e que gravo no éter para poder voltar a consultar, esses minutos que tenho para mim, de mim, me são importantes. Já não apenas para um processo de recuperação mas também para um processo de cura. Interior.
Se a segunda ronda de cem dias foi mais fácil que a primeira? Não sei. A segunda ronda, que percorreu novos cem dias que se queriam necessariamente melhores, teve também momentos maus. Até mesmo muito maus. Mas estando gravados no éter posso compará-los com os outros e relembrar-me, sempre que for preciso, que o número de dias bons é superior aos outros. E relembrar-me daquilo que há um ano atrás repetia como uma espécie de mantra: “aqui e agora”. O que está lá atrás não volta. O que vem à frente…quem sabe se lá chegamos?
Aqui e agora. Um dia de cada vez. 200 dias. Um após o outro. Sem pressas.
Venha a terceira ronda de cem dias. Ainda em processo de cura que sei que irei alcançar quando me encontrar. Porque é aí que estou agora: à minha procura. Não de quem sou. Talvez do que sou. De qual o meu caminho. A minha missão.
Sei que não estou sozinha, mesmo que não veja quem está ao meu lado. Sei que tenho um caminho a percorrer. Sei que tenho trabalho a fazer. Sei que tenho uma nova ronda de cem dias que começa amanhã.
Hoje? Fecho os 200 dias. As duas rondas. As duas fases de um processo muito meu.
A quem me tem lido: obrigada por me lerem ♥
A quem não lê: obrigada também ♥
A quem, ao dar um murro na mesa, me indicou o 100happydays: MUITO obrigada, mesmo ♥ percebo hoje a importância que tem tido para mim estes minutos que tiro todos os dias para pensar. E, parecendo que não, esses minutos x 200 dias têm feito grande diferença. No que eu sou, em quem eu sou, como sou. Mais uma vez, obrigada por aquele momento ♥
Continuem os dias azuis. Já lhes conheço 200 tons de azul. Quero conhecer os outros também, aqui e agora ♥