Category Archives: {#2020.Dezembro}

{#366.01.2021}

Chega finalmente ao fim o ano mais estranho de sempre. Não posso, no entanto, dizer que foi um ano mau para mim. Se olhar para trás, e nem tão longe assim, tive anos piores. Este foi só estranho.

Sei que nem todos podem dizer o mesmo, mas o meu ano não foi de todo mau. Foi o ano em que se percebeu que é possível trabalhar a partir de casa e fazer exactamente o mesmo que no escritório. Ou, a julgar pelas últimas semanas, até mais.

Estar em casa é-me muito confortável. Sinto falta de algumas rotinas e algumas interacções, mas percebi também que passo sem elas. Ganhei rotinas novas, não muito diferentes das outras. Mas, de facto, estar em casa é-me muito confortável. Tive algum receio no início do confinamento, porque preciso da rotina e de algumas interacções, mas cedo percebi que estar sempre em casa era o que acontecia antes quando era patroa de mim própria. A única diferença era ter um horário definido para cumprir, que antes não tinha.

Sei que para algumas pessoas posso ser privilegiada. Mantive o emprego quando tantos o perderam e o trabalho aumentou, tirando no mês de Abril, no pico do confinamento em que tudo parou e isso reflectiu-se profundamente no trabalho. Mas aí chegou o desafio inesperado de trabalhar com Espanha em fuso horário diferente e numa área tão distante da minha. Desafio aceite e superado e que muito gozo me deu.

Depois veio o Verão. Que foi igual aos Verões anteriores: praia e os meus sobrinhos. Daí para cá, pouco ou nada de novo aconteceu. A nova rotina já está profundamente instalada e os dias são sempre iguais.

Foi isso o que mais me custou este ano: os dias sempre iguais. Tão demasiadamente iguais. E a falta das minhas pessoas, embora tenha podido estar com elas uma ou outra vez. Mas faltou-me a possibilidade de poder estar mais. Sem problemas e sem receios.

Mas o princípio do ano ainda foi normal. E foi no princípio do ano que ganhei coragem para deitar cá para fora o que há tanto tempo guardava para mim. E, ao contrário do que estava habituada, desta vez nada mudou. Nem tinha que mudar. Mas experiências anteriores diziam-me o contrário. Hoje não me arrependo nem um bocadinho daquela sexta feira à noite em que me expus. E dou graças por tê-lo feito quando fiz. Porque um mês e meio depois tudo no mundo mudou e veio o distanciamento imposto. Não teria conseguido guardar comigo tudo o que trazia, mas a ter que me expôr mais tarde não teria a conversa que tive em Fevereiro.

Sim, foi um ano estranho. Difícil. Mas estupidamente confortável. Apesar de tudo. Agora que está no fim só posso desejar que o próximo seja um bocadinho melhor, mesmo sabendo que ainda vai ser um longo ano de distanciamento imposto. Se não puder ser melhor, que seja igual e já não é mau.

Agora? É descansar e ter uma passagem de ano como nunca tive: na cama e provavelmente a dormir.

Amanhã começa um novo ciclo. E será melhor, como todos os dias.

{#365.02.2020}

Às vezes esqueço-me que sou uma sortuda. Mas depois há aqueles dias em que o carteiro me traz mimos em forma de postal e esse esquecimento passa.

Não custa nada ser-se feliz com pouco. E eu fico feliz só por receber postais. É o suficiente para me fazer ganhar o dia e sorrir aconchegada.

No ano que está quase aí tenho que me dedicar mais ao envio de postais. Porque também gosto de enviar para além de receber. E sei que há muita gente que gosta e se sente bem ao receber postais como eu. É uma forma tão simples de espalhar um bocadinho de amor por aí. E isso nunca é demais.

{#364.03.2020}

Sair de casa para encontrar a Lua. Cheia. Um encontro inesperado e há muito adiado que me soube bem. E me roubou um sorriso.

Diziam-me há dias que não é preciso muito para sermos felizes. E é verdade. A mim basta-me poder ver a Lua Cheia para me sentir mais feliz. Nunca precisei de muito e cada vez mais tenho a certeza. Sou feliz assim como sou e com o que tenho. E poder parar para olhar para cima e ver a Lua é das melhores coisas que tenho.

Hoje o dia foi duro. Longo. Lento. Frio. Mas terminá-lo assim foi muito bom.

Amanhã? Se for igual a hoje já não terá sido mau. Se puder ser melhor, siga. Que seja então como tiver que ser.

{#363.04.2020}

Frio. Muito frio. E as saudades do calor…

Amanhã será melhor. Mantém-se o frio. Mas será melhor.

{#362.05.2020}

Domingo a trabalhar é diferente de domingo a ver o tempo passar. Mas vou olhando pela janela com esperança que o tempo passe de outra forma.

Estou cansada de estar fechada. De não ir a lado nenhum. De não ver as minhas pessoas. Estou cansada mas sei, entendo e aceito que é por um motivo muito válido. Sei que, mesmo que as vacinas já estejam aí, ainda vai demorar muito tempo até poder sair sem grandes preocupações.

Até lá, vou olhando pela janela e vendo dias bonitos de Sol quando estão bonitos, ou dias cinzentos de chuva quando está a chover.

Acho que vou ficar farta da minha janela. Mas prefiro olhar pela janela nas pausas do trabalho, especialmente ao domingo, do que simplesmente ficar a ver o tempo passar.

Vai ser melhor amanhã. Volta a rotina do trabalho depois de um fim de semana que podia ter sido de 4 dias mas não foi.

Até lá, aproveito os últimos momentos deste longo domingo de trabalho para sorrir discretamente por pequenos nadas que me aconchegam quase todos os dias. Como hoje de manhã.

{#361.06.2020}

Tempo de recolhimento quando é possível, tempo de trabalho ao fim de semana quando tem que ser. Hoje apetecia-me mais o recolhimento, ganhou o trabalho.

Mas o recolhimento que me apetecia não era o de estar em casa. Era o de sair com os meus pensamentos por aí, aproveitando o Sol num dia muito frio.

Estou cansada de estar sempre por casa, em casa. Apetece-me sair, passear, dar uma volta por aí. Apetece-me ver o mar e o pôr-do-sol. Apetece-me ver gente bonita que guardo cá dentro.

Ao mesmo tempo, apetece-me isto tudo e o seu contrário. Ficar quieta em casa, longe do frio e embrulhada nas mantas. Sem ver ninguém quando o que mais me apetece é ver alguém em especial.

Preciso de uma pausa. Não me importava de ir de férias novamente por uns dias. Só para ter tempo exclusivamente para mim. Sem ter que me preocupar com o trabalho ao fim de semana, embora seja uma boa forma de ocupar o tempo.

Nada disto faz muito sentido, eu sei. Tudo o que faria sentido vou guardar para mim.

Amanhã, domingo. Amanhã, trabalho de novo. O recolhimento que eu procuro vai ter que continuar a esperar.

{#360.07.2020}

Dizem que ainda é Natal. No fundo, foi mais um dia igual aos outros. Dia de preguiçar de manhã e sofá e mantas à tarde. A única diferença? O vinho ao almoço. Coisa que é tão rara que me soube tão bem.

De resto, mais um dia a ver o tempo passar. Amanhã, que apesar de ser sábado vai ser de trabalho, será melhor. Irei ver o tempo passar de outra forma. Pelo menos estarei ocupada.

E a vontade de fazer acontecer mantém-se. Mas virá o tempo em que vai ser possível. Hoje ainda não é possível e isso está a mexer comigo. Mas esse dia vai chegar. Não sei quando. Só sei que vai. Até lá, o gut feeling que vou tendo mantém-se inquieto. Porque insiste em dizer-me que o jogo vai mudar. Para melhor. Até lá, aguardo. Pacientemente. Como sempre.

{#359.08.2020}

É Natal. Mas o dia não me soube a Natal. Faltou a agitação de outros tempos, seja a azáfama em casa dos meus tios, seja a agitação dos meus sobrinhos. Faltaram as presenças, que no fundo são os melhores presentes.

Durante muito tempo imaginei como seria o Natal sem essas componentes. E cheguei a desejá-lo. Mas hoje vejo que, afinal, é essa azáfama e agitação que fazem deste dia um dia diferente. E este ano foi só mais um dia. Igual a todos os outros desde Março.

Para o ano será melhor. Será tempo de agitação. Só temos, todos, que lá chegar. E para isso este ano fazemos deste dia mais um dia de cuidados.

Recolho-me cedo, como sempre. Mas hoje especialmente para não me recordar da data.

Tive vontade de ter coisas a acontecer. Como, por exemplo, aquele café ao fim da tarde de há 3 anos. Que me soube tão bem e que me foi especial. Mas esse café já ficou lá atrás. Há 3 anos que parece que foi ontem. Só não foi hoje.

Amanhã vai ser melhor. Com café ou sem ele, todos os dias digo que amanhã vai ser melhor. Até que um dia acerto e sai um café e aí sim, o dia foi melhor. Por agora aguardo, como sempre. Como sempre…

…amanhã vai ser melhor.

{#358.09.2020}

E o que eu gosto de receber postais?

Há um, no entanto, que eu gostava de receber que, aposto, não vai acontecer. Não faz mal. It is what it is.

E fico contente por saber que os postais que enviei há dias já estão a chegar ao destino e já estão a fazer alguém sorrir. Porque é isso que importa, fazer os outros sorrir.

Por mim, podem continuar a mandar postais. Eu vou continuar a fazê-lo.

{#357.10.2020}

Mais uma vez, dar um bocadinho mais para alcançar um objectivo que, não sendo meu, não me custa ajudar.

E perceber que a maioria não está nem aí para o esforço extra que é pedido. Se é uma questão de prioridades ou não, não sei. Nem interessa muito. Faço o que a consciência me diz para fazer e fico bem comigo por isso. O resto é apenas isso: resto.

E aproveito, no decorrer do dia, para mais uns breves momentos de partilha e pequenos nadas. Que me fazem sentir bem. E me dizem que um dia, não sei quando mas um dia, o rumo muda. Para melhor.

Amanhã? Será melhor novamente.

{#356.11.2020}

Mais um dia a dar mais um bocadinho no trabalho até depois da hora. Não me custa. Felizmente estou a trabalhar em casa. Se não estivesse dificilmente deixava o trabalho às 10 da noite.

Mas estando em casa não custa tanto. Agora é despachar-me para conseguir descansar e amanhã atacar novamente o trabalho.

E arranjar um buraquinho neste tempo todo ocupado para um pequeno nada.

Gosto de flores. Mesmo as virtuais que chegam em gestos que são apenas pequenos nadas. Mas que me sabem bem.

Amanhã, como já tenho dito, será melhor.

{#355.12.2020}

Trabalhar ao domingo pode não ser totalmente mau. Pelo menos quando se faz algo que se gosta. Como hoje.

Custa-me apenas não ter dormido tudo o que tinha para dormir, como gosto de fazer ao domingo. Vai ser uma longa semana, mesmo que o calendário diga que é mais curta.

Fico-me com os números do dia, que guardo comigo, e que traduzem aquela sensação de se fazer algo que se gosta. Ao contrário do trabalho normal de todos os dias.

{#354.13.2020}

Gosto muito de dar, mas também gosto de receber. E hoje foi dia de receber do trabalho o cabaz que todos os anos nos fazem chegar. Não é nada, dizem uns. É bom, digo eu. Que em lado nenhum onde trabalhei por conta de outrem tive alguma vez uma recordação de Natal da empresa.

Pode não ser nada de especial, mas a mim aconchega-me.

Aproveitei para sair do bairro e dar uma espécie de pequeno passeio no centro de Lisboa. Que me soube tão bem.

Para chegar a casa e começar a trabalhar… Mesmo sendo sábado. E repete amanhã logo de manhã cedo. O trabalho, não o passeio.

Mas não me custa trabalhar ao fim de semana quando a empresa precisa mesmo. Dá-me algum gozo, confesso. Especialmente quando é para fazer alguma coisa que não faço todos os dias, como agora.

Amanhã serão mais 8 horas de trabalho, depois das 5 horas de hoje. E segunda há que ficar até mais tarde. E na terça também. Não me importo. Não me custa.

Seja o que for, seja como for, o dia não foi mau. E amanhã será melhor.

{#353.14.2020}

E a vontade de andar lá fora sem necessidade de máscaras e distanciamentos e sem receios de contágios? É grande, essa vontade. São já 9 meses de restrições e precauções, é muito tempo de isolamento social.

E a previsão de regresso à normalidade é coisa que não existe. Irá acontecer, mas ainda falta muito tempo para isso.

Guardo a vontade de sair com outras vontades que vou tendo e que tenho que refrear. Um dia voltamos a poder sair sem grandes preocupações. Por agora, é aguentar. E ver o tempo passar.

{#352.15.2020}

Dar um bocadinho de mim a outros. Não custa nada e sabe bem. E faz bem.

Gostava de dar um pouco mais e a mais gente. Mas, por agora, é só o que é possível e a quem é possível dar. Quem sabe um dia não possa dar mais.

Por agora foi bom. Soube bem. Amanhã os postais começam a sua jornada. E eu fico aconchegada. Se vou receber de volta? Não sei. Mas também não importa. Não é isso que importa. Importa-me dar. Apenas e só.

{#351.16.2020}

Dar um bocadinho de volta depois de receber tanto. Fazer o dia de alguém um bocadinho melhor com pequenos gestos, como me fazem a mim.

Não custa nada. E sabe tão bem.

{#350.17.2020}

Novamente aquela sensação de estar a ficar sem tempo. Não gosto. Não gosto de sentir isto, não gosto do que isto me faz sentir. Assusta-me. Tanto…

Porque sei que um dia o tempo acaba. Só não sei quando nem como nem porquê. Acaba, assim, sem mais.

Não gosto de sentir isto. Não gosto de me sentir assim. Com medo. De estar a ficar sem tempo…

…e sem poder aproveitar o tempo que tenho para fazer com que conte…

{#349.18.2020}

Regresso à rotina. Não sei ainda se custou mais do que o previsto ou se foi o que tinha que ser. Sei apenas que custou. Um bocado. Grande.

Mas percebi que a cassete está mesmo automatizada e repeti o script todo sem pensar muito logo no primeiro contacto.

Mas começar logo a sair tarde no primeiro dia depois das férias não augura nada de bom…

Amanhã será melhor. É nisso que tenho que pensar. É nisso que tenho que me focar. Em tentar sempre que o amanhã seja melhor que o hoje. Mesmo que não dependa de mim, farei sempre o meu melhor.

Agora tento fazer o que tenho que fazer: descansar para voltar à rotina amanhã.

{#348.19.2020}

Fim de férias. Amanhã é dia de voltar à rotina.

Não me sinto preparada para voltar à rotina, mas sei que me faz bem. Faz-me falta e dá-me algum senso de normalidade.

Por isso, quando o despertador tocar amanhã não me posso esquecer que tenho mesmo que acordar e sair da cama.

Não vai ser um regresso tranquilo, mas vai ter que ser.

E não me posso esquecer também daquilo que tenho repetido todos os dias: amanhã será melhor.

{#347.20.2020}

Sábado que começou cedo para mais uma tarde de confinamento obrigatório. E as férias no fim.

Amanhã será melhor. E despeço-me das férias, sabendo que mais duas semanas seriam sempre muito bem vindas.