Category Archives: {#2022.Dezembro}

{#345.21.2022}

Domingo que começou demasiado cedo, sem necessidade. E sem a consulta semanal com o terapeuta fofinho que tanta falta me faz. Especialmente quando, como agora, tento soltar o que é para deixar ir e preciso de falar sobre isso com quem me ouve sem julgamentos e me orienta para que, eu mesma, encontre o caminho a seguir.

Deixei de contar os dias de silêncio, mas sei que já são treze. O recorde está nos vinte. E, parece-me, rapidamente será batido. Não vou procurar quebrar o silêncio. Não me cabe a mim fazê-lo. Não fui eu que o iniciei. Não fui eu que mudei. Não fui eu que descartei cinco anos de algo que, sei agora, significa zero. Se me afastei? Pode dizer-se que, de certa forma, sim. Ou simplesmente me remeti ao meu lugar.

Logo se vê se o silêncio será quebrado. E, se acontecer, quando. E, claro, o jantar não vai acontecer. Mas isso eu já sabia desde o primeiro dia. Ainda quis acreditar que seria possível. Estava apenas a iludir-me a mim mesma, como quiseram fazer comigo. E eu, até certo ponto, deixei.

Não deixo mais. Para mim não faz sentido pegar num assunto e sugerir algo quando, na verdade, não há vontade para que aconteça. Para mim esse comportamento, essa atitude, não faz sentido. E, talvez por isso, me magoe. Mas não me vai magoar por muito mais tempo.

Uma das características da Perturbação de Personalidade Borderline é passar do 8 ao 80. One day you care, the next you don’t. Quis acreditar que isso não iria acontecer neste caso, mas está a acontecer. Não gosto de sentir isto desta forma, mas vejo esta mudança como um mecanismo de defesa. Para evitar continuar a magoar-me.

Não me vou alongar muito mais sobre o assunto. Não o quero fazer. Assim como não quero saber se ou quando o silêncio será quebrado. Mas preciso da orientação do terapeuta fofinho para me ajudar a perceber se estou, ou não, no caminho certo…

Amanhã? Será melhor. Um dia atrás do outro atrás do um. Se há alguém aqui que sai a perder, não sou eu…

{#344.22.2022}

Uma das características da Perturbação de Personalidade Borderline é passar do 8 ao 80. One day you care, the next you don’t.

E assim se passa uma situação de primeiro lugar na lista de qualquer coisa que não quero chamar de prioridades para décimo segundo. E a descer…

Temos pena.

Ou se calhar não. Já era tempo de mudar este paradigma…

Como sempre, é encolher os ombros, sorrir e acenar. It is what it is. Seja.

Por outro lado, a descoberta está a ser interessante, mas não deixa de trazer surpresas que, de certa forma, até já esperava.

Enfim…é o que é. E aprendi a detestar esta frase. Mas é o que é…

{#343.23.2022}

Sexta feira de sabor a segunda de manhã. Não foi fácil acordar para começar o trabalho a horas, mesmo estando em casa. Segunda feira regressa o trabalho presencial e vai ser bom, mas muito difícil de acordar.

Hoje valeu-me o som de mensagens a entrar para me ajudar a acordar. Segunda feira logo se vê o que me vai ajudar a acordar ainda mais cedo.

Sei que as mensagens vão continuar a chegar. E têm sido essas mensagens que me têm feito sentir viva novamente. Há muito tempo que não me sentia viva. Ainda não é mais do que a fase da descoberta, mas não deixa de ser importante a forma como me sinto. E isso é bom. E é isso que me estava a faltar. Não deixa de ser uma massagem ao ego. Mas pode vir a ser mais do que isso.

Seja o que for, está a ser interessante. E importante. Amanhã? Logo se vê.

Sem pressa e, tenho aprendido também, sem vagar. Vamos ver.

{#342.24.2022}

Feriado e o dia que começou estupidamente cedo sem necessidade.

E a descoberta que vai avançando a bom ritmo. Sei exactamente onde me vai levar: a lado nenhum. Mas não deixa de ser uma massagem ao ego. E recorda-me que estou viva e tenho todo o direito a estar. E a demonstrá-lo. E, acima de tudo, a senti-lo. E a aproveitá-lo.

Um dia de cada vez. Mas já muito perto do pouco de não retorno…

De resto? O silêncio mantém-se. E não serei eu a quebrá-lo.

{#341.25.2022}

O dia acordou muito cedo e muito feio. Escuro e desconfortável. Mas não correu mal.

Muito trabalho e o primeiro jantar de Natal da equipa de trabalho. Pela primeira vez em muitos anos estive presente num jantar de Natal de equipa de trabalho. E foi giro. Não fiquei até ao fim, mas foi bom ter ficado.

Voltar para casa foi assustador por causa do mau tempo. Chuva como há muito tempo não via. E medo de vir na estrada como há muito tempo não tinha. Mas cheguei a casa inteira. Cansada, molhada, mas inteira.

A descoberta que continua. De forma engraçada e possivelmente interessante. Vamos ver como corre e se desenvolve. Porque tem pernas para se desenvolver. Não necessariamente para andar. Mas logo se vê o que sai dali.

De resto, o silêncio que se mantém. Até quando? Não faço ideia. Mas também já não quero saber.

Amanhã é feriado. E vai ser bom só por isso mesmo. Sexta feira regresso ao trabalho a partir de casa. Sei que segunda feira tenho que voltar ao trabalho presencial, mas não me preocupa. Custa sair de casa ainda de noite e regressar muito tarde. Mas a recepção no trabalho presencial tem sido boa. Sinto-me bem ali. E isso é muito importante.

Agora? Ganhar coragem para me arrastar até à cama. Já é tarde. E a noite passada foi curta e o dia longo. Por isso é mais do que merecido o descanso.

Amanhã? Será melhor, mesmo que hoje não tenha sido mau. E logo se vê o que o dia me irá trazer.

{#340.26.2022}

Dia de regresso ao trabalho presencial. Significa sair de casa uma hora antes do nascer do Sol e chegar a casa tarde, mas de boleia não tão tarde como o previsto.

Foi bom regressar. Voltar às rotinas. Voltar às pessoas. Simplesmente voltar. Ocupar a cabeça para não pensar no que não me faz bem.

E o caminho da descoberta está aberto. Não me vai levar a lado nenhum, sei exactamente o que vem dali, mas deixo-me ir. Para já está a ser interessante e engraçado. E está a relembrar-me que estou viva. É uma massagem ao ego? É. Se é mais do que isso? Não.

Reconheço aqui histórias passadas. De outros tempos, outra vida. E dou por mim a pensar que isto também sou eu, também faz parte de mim. Seja lá isto o que for.

Um dia de cada vez. Sem pressa. E, estou a aprender, também sem vagar. Mas, decididamente, sem olhar para trás. Os últimos cinco anos não são para esquecer, mas são para ficar lá atrás. O silêncio continua. E, desta vez, não vou contar os dias. Começo, devagarinho, a soltar e deixar ir. Continuo zangada, mas neste momento já não quero saber. O jantar? Sei desde o primeiro momento que não vai acontecer. E mantenho uma ideia: quem quer saber, pergunta. Quem não quer, paciência. Não sou eu que perco.

{#339.27.2022}

Segunda feira e o trabalho a partir de casa terminou hoje.

De resto, o que já esperava: silêncio.

Não quero saber. Não estou preocupada com o jantar que não vai acontecer. Decidi que é tempo de partir à descoberta. E, para já, está a ser interessante.

Um dia de cada vez. Sem pressa. Amanhã? Será melhor. E logo se vê.

{#338.28.2022}

A esplanada do costume fecha ao Domingo, mas não é por isso que deixa de haver o café de fim de dia, o meu momento comigo mesma.

Hoje foi dia de consulta com o terapeuta fofinho e falámos daquela coisa de me descobrir a mim mesma. E chegámos à conclusão a que eu já tinha chegado há uns dias: sou muito mais do que uma perturbação de personalidade, sou muito mais do que mostro a quem não me dá tempo para me mostrar, sou muito mais do que a armadura que visto todos os dias e, muito importante, sou muito mais do que uma simples presença online.

Sou tanta coisa. E só o vê quem se permite ter tempo para ir desmontando a armadura. Só o vê quem me permite ir desmontando a armadura.
Os outros, os que não têm tempo, os que não me dão tempo, pensam que me vão conhecendo. Não podiam estar mais enganados.

Mais uma vez: quem quiser saber, pergunta. Quem não pergunta, não quer saber. E dessas pessoas já tenho várias à minha volta. Não preciso de mais. Não quero mais.

E, não querendo, só me resta acreditar que sim, vai correr tudo bem.

{#337.29.2022}

Sábado. Que começou cedo. A custo. Mas que valeu a pena, apesar de longo.

Não tive o meu momento de final de dia, apesar de ter ido à esplanada do costume. Mas não tive tempo nem oportunidade para estar apenas comigo. Tenho muito para conhecer em mim mesma, de mim mesma. Mas para isso preciso de tempo comigo mesma. E aquele bocadinho na esplanada do costume ao fim do dia tem servido para me organizar, para pensar, para me estruturar e delinear os próximos passos.

Não adianta ter pressa. E muito menos adianta perguntar como se faz o caminho. Porque é um processo só meu. Que irá levar o tempo que for preciso. E que se irá realizar sabe-se lá como. Mas é possível fazer. E, dizem-me, vai valer a pena.

Todos os dias um bocadinho. Acho que me conheço, mas na verdade há coisas sobre mim que desconheço. Acho que sei quem sou, que sei o que quero. Mas não tenho a certeza. A única certeza que tenho neste momento é que me sinto perdida. Gostava que me apontassem o caminho, mas, se o fizessem, não seria o meu caminho.

Posso ainda não saber muito sobre o meu processo, o meu caminho. Mas sei que terei que cortar com o que me faz mal. E há coisas que, apesar de já me terem feito bem, neste momento não me trazem nada de bom. E é por isso que continuo zangada. E não posso. Nem quero.

Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho. E sei que ele me pode ajudar, não a delinear o caminho a percorrer, mas encontrar ferramentas que me permitam olhar para mim de forma a encontrar-me.

Nada disto é fácil. Nada disto é simples. Mas é necessário. Porque eu quero estar bem (e neste momento não estou…) e para isso preciso de entender tudo o que trago cá dentro. Perceber porque é que sou como sou. Porque é que sou quem sou. Sou borderline, é um facto, mas também sou mais do que apenas isso. E é isso que preciso de saber: quem sou eu para além da perturbação de personalidade borderline.

Sinto-me cansada. Mas, percebo agora, sinto-me cansada de não saber quem sou. O que sou.

E, quando souber, tudo será mais fácil e simples. E melhor. E eu quero muito estar (e ser) melhor. Mas, já sei, vai custar. Especialmente quando começar, finalmente, a cortar com o que não me faz bem. E vou ter mesmo que cortar. Doa o que doer…

{#336.30.2022}

Sexta feira com um estúpido sabor a Sábado. Não sei porquê, mas todo o dia me pareceu um interminável Sábado.

Último dia de férias. Mais do que merecidas. Que me souberam lindamente. E que começavam já a pesar por falta de rotina. Faz-me falta a rotina. O ter que fazer alguma coisa. O ir trabalhar. O ir para o local de trabalho ainda não vai acontecer já na segunda feira nem na terça. Quarta feira sim, regresso para participar no primeiro jantar de Natal da empresa, jantar da equipa. Vai fazer-me bem regressar. Já sinto a falta de ver pessoas, de estar com pessoas. E gosto da equipa de trabalho onde estou inserida no momento. Daí sentir-lhes a falta.

Mas acima de tudo voltar a estar ocupada. Não ter demasiado tempo para pensar no que não devo. E eu penso sempre demais. Sou uma overthinker e daí não vem nada de bom.

E os últimos dias têm sido um reflexo disso mesmo. Penso demasiado no que já não merece o meu tempo. A minha dedicação. E sinto-me magoada, para além de zangada.

Mas já tomei a decisão, dolorosa, de soltar de vez e deixar ir. Acabarei também por agradecer, porque foi algo de importante e que contribuiu (e muito…) para que eu melhorasse. Porque, senti-o na altura, quis de facto melhorar. Estava focada em algo que me fez querer sair daquele lugar escuro onde me encontrava. E por isso tenho que agradecer. E soltar. E deixar ir. E não querer prender algo que já não faz sentido.

Tenho pena que as coisas estejam neste ponto neste momento. Não tinham que estar assim. Não tinha que ser assim. Mas também não vou ser eu a fazer nada para que voltem ao que já foram. Não fui eu que mudei…

Concentro-me em mim. Preciso, muito, de o fazer. Preciso de me conhecer. De me entender. De me encontrar. E, dizem-me, só tenho a ganhar com isso. E eu estou cansada de perder…

Já o disse antes: o mais importante sou eu. Repito-o para não me esquecer. Para não me esquecer de mim. Os outros? Terão que vir depois. Porque primeiro estou eu. E quando me conhecer, quando me entender, quando me encontrar, aí sim, os outros começarão a chegar e a ficar.

Até lá? É encolher os ombros, sorrir e acenar… Por muito que doa, e dói, por muito que custe, e custa. Mas primeiro estou eu.

{#335.31.2022}

Afinal voltei à esplanada do costume. Porque, depois de um dia cheio, precisei de tempo para mim. Do meu momento. De me encontrar comigo mesma.

É todo um processo, isto de me encontrar comigo mesma. É parar para me conhecer um bocadinho melhor. E perceber que, sim, é o medo que mais me prende e me condiciona. Medo de desiludir, de não me sentir suficiente, de perder. Acima de tudo de perder. Perder os outros. Mas, relembraram-me hoje, os outros não são o mais importante. O mais importante sou eu. Só depois de me aceitar como sou, de me conhecer totalmente, é que os outros me irão ver. Ver quem e como sou.

Há muita gente que acha que me conhece minimamente. Não podiam estar mais enganados. Especialmente aqueles que não me deram a oportunidade de, devagar, deixar cair a armadura que me protege. Dos outros, mas acima de tudo de mim mesma.

Preciso sempre de tempo para me dar a conhecer. E, percebo agora, quem não me dá esse tempo, essa oportunidade, não merece conhecer o melhor de mim.

Tenho defeitos como toda a gente. Tenho qualidades como toda a gente. Mas depois há quem só queira ver os defeitos. E eu sou muito mais do que mostro. Só preciso de tempo para arriscar fazê-lo. Porque esse tempo é sinónimo de medo. De perder. E, se não me dão esse tempo, perdemos os dois.

Sim, vir à esplanada do costume é o meu momento. Cada vez mais, um momento de reflexão e auto-conhecimento. É todo um processo. Que é só meu. De mim para mim. Os outros? Virão os certos, os que me irão ver por completo. E eu só preciso de uma coisa: tempo.