Quarta feira e a poeira no céu. Um dia de luz estranha em tons laranja. Deprimente de manhã, à hora de almoço, ao final do dia. Pior do que dias de nuvens cinzentas, a luz laranja para além de deprimente chega a ser opressiva. E ainda será assim mais um ou dois dias. E eu sinto falta do céu azul e dos dias claros e luminosos.
Ontem, o retorno. Ainda e até tarde. Já quando achava que a agenda preenchida não ia permitir grande troca de palavras, ainda houve tempo para um bocadinho de conversa. Para saber mais sobre as novidades do momento. Mais um pequeno nada, portanto. Mas são estes momentos pequeninos no tempo que me aconchegam. É tempo que é meu, para mim. E é tempo que não se perde, ganha-se. E em 4 anos e meio tem sido sempre a ganhar, nunca a perder.
Todos os dias invisto mais um bocadinho de tempo. E todos os dias ganho mais um bocadinho. Porque, já o disse várias vezes e digo há alguns anos: eu não tenho tempo para perder Tempo. Uma frase que se tornou uma referência para mim, mas também para o outro lado que também a adoptou e faz chegar a outros.
Enfim, mais uma quarta feira, mais um dia do meio, mais um dia nim, que foi precisamente isso: nim, nem não nem sim.
E a semana vai passando e a vontade de uma mesa para dois continua cá em crescendo. Mas está difícil de conseguir alcançar…Sei, no entanto, que um dia irá acontecer. Nem que eu tenha que fazer acontecer. E será isso que vai acontecer, mais dia menos dia. Afinal, já tenho saudades da presença física. Porque a outra presença, felizmente, acontece todos os dias.
E hoje dificilmente haverá muito tempo para conversar. Mas há tempo para o ritual nocturno. Porque já não passo sem esse ritual. É uma forma de terminar o dia. E termino em bem, mesmo nos dias mais difíceis. E é, também, uma forma bonita de terminar o dia. E sei que, se faltar esse ritual nocturno, o outro lado também sentirá a ausência. Porque sei que faz sentido e não só a mim.
Não me vou alongar muito mais. Escrevo muito para não dizer nada, na verdade. Mas tenho em mim esta vontade imensa de partilhar algo que é bom, que é bonito, puro e desinteressado. E só aqui tenho espaço para bater sempre na mesma tecla. Mas até a mim me cansa, por vezes, estar sempre a escrever sobre o mesmo. But then again, ninguém lê.
Por hoje chega. Amanhã será melhor. E de preferência com menos poeira no ar. E com sorte um bocadinho mais de presença e tempo para retorno. Embora saiba já que a agenda preenchida amanhã será apertada novamente. Mas havendo retorno quando a agenda aperta é bom sinal. Lá está, mais um pequeno nada que guardo. Guardo-os todos, mas estes em tempo contado são especiais por existirem quando se espera não haver tempo.
Enfim. Amanhã será melhor. E será mais um dia a contar no meu investimento de Tempo, e será mais um ganho de Tempo. Nunca uma perda. Porque, desde o primeiro dia, nunca o foi.
E uma perda de Tempo nunca será.