Sei que devia ficar quieta. Sossegada. Sei que, provavelmente, é essa a melhor opção. Sei que é cedo quando receio que cada novo dia já seja tarde. Sei que tenho que optar, não sabendo exactamente entre o quê. Sei que quero agir, fazer acontecer, dar um passo. Mais um passo, na verdade. Mas tenho medo.
É verdade que fui eu quem resolveu dar outro passo há uns meses. Um passo que me foi necessário dar na altura em que foi dado. Também é verdade que foi por causa desse passo que percebi a importância dos ramos da minha árvore. E hoje, como de há umas semanas para cá, a vontade é voltar a reunir os ramos, todos eles, mesmo que tenha afastado alguns. Que me tenha afastado de alguns.
Sou árvore. Com raíz, tronco, ramos. Mas nem por isso segura. Sou árvore em crescimento, ainda instável. Ou será que sou sempre instável? Sou árvore em crescimento que verga ao vento, que cede à pressão do que não conhece mas sobretudo do que não entende e do que não sabe.
Mas sou também árvore que sente. E que lê o que sente. E lê o que vê. E mantenho que não me enganei, que não errei a leitura que fiz do que vi, do que senti. O brilho estava lá. Como nunca antes o tinha visto tão explícito. Tão seguro. Tão certo. Não, não errei. Não li mal. Não imaginei o que vi, o que senti. Mas especialmente o que vi…
Estava lá tudo nesse dia, naquele ramo que me é demasiado importante para abdicar dele. Um ramo que faz parte da minha árvore, ou será apenas um enxerto que pode não pegar? Não. Mesmo que seja apenas um enxerto já pegou. Sei-o. Porque vi-o. Porque o sinto.
Devia ficar quieta, eu sei. Mas não quero que o Tempo se esgote. Porque se hoje ainda é cedo, amanhã já poderá ser demasiado tarde. E esse ramo acabará por enfraquecer e inevitavelmente partir se não for alimentado. Não quero que isso aconteça. Não posso deixar que aconteça. Mas sei que devia ficar quieta. Sossegada. Porque esse ramo, assim como a árvore que sou, também está em crescimento. E é frágil. E, sinto-o, está em luta consigo próprio sobre se se mantém firme ou se se deixa levar pelo vento que me faz instável e simplesmente segue para longe em busca da estabilidade que procura.
Sim, sou instável. Tal como uma árvore em crescimento. E não posso nem quero abdicar de cada um dos meus ramos. Mas devia ficar quieta. Sossegada. Eu sei.
Eu sei…