Terça feira. Novamente um dia de trabalho cheio. Novamente uma noite interrompida. Novamente o retorno. Curto, rápido, mas retorno. É por continuar a haver retorno, por muito rápido e muito curto, que não desisto dos rituais.
E por isso, esta noite mantenho o hábito e o ritual. É importante para mim mantê-lo. Faz-me sentir bem. E faz-me sentido. E enquanto me fizer sentido, enquanto me fizer bem começar o dia com um bom dia e terminar com um boa noite, repito o ritual que dura desde o primeiro dia, há quatro anos.
Sim, gosto de sentir o que sinto. Acho que não me faz mal nenhum gostar disto. E não me faz mal o que isto é. É o que é, é certo, mas é bom.
Amanhã será mais um dia de rituais. E nem por isso será pior. Desde que haja retorno, por muito rápido e muito curto que possa ser. É bom e faz-me ganhar o dia saber que do outro lado há retorno. Sei que de vez em quando há silêncio, mas também sei que não é permanente e sei que se eu desaparecer, a minha ausência é notada. E saber isso é bom.
Sim, amanhã será um dia bom. E hoje também foi, mesmo com muito trabalho. E a noite, mesmo que venha a ser interrompida novamente, vai ser boa porque faço a minha parte: o ritual nocturno de desejar uma boa noite.
E é a isto que se resumem os meus dias: trabalho, rituais e retorno. Mas sempre, e acima de tudo, o retorno.
