Terça feira, terceiro dia doente e absolutamente farta disto. Dores de garganta que me derrubaram ao ponto de ser muito difícil falar e/ou engolir seja o que for.
Dormir. É só o que me apetece. E é o que mais preciso. Amanhã será mais um dia em casa. Para me recompor e recuperar. Há muito tempo que não me sentia assim. Mas também há muito tempo que não passava por uma infecção destas.
E, enquanto me arrasto, não deixo de pensar no que e em quem não devia. Mas, já o tenho dito, quem quer saber, pergunta. Quem não quer, mantém o silêncio. E é o silêncio que continua presente. Seja. Já não quero saber. Custa, mas não quero saber. Embora admita que uma simples mensagem a desejar as melhoras pudesse fazer toda a diferença.
É triste terminar assim, já o disse também. Mágoa depois de cinco anos de interacção diária. Neste momento, não somos mais do que dois estranhos. E ninguém me tira da cabeça que sei o porquê. Condicionamentos. Que não aceito. Mas ninguém me convence que não estou certa. A única pessoa que o poderia fazer é a que se mantém em silêncio. Fez-se presente no Natal numa mensagem sem conteúdo, dirigida a toda a lista de contactos, enviada por atacado num sistema alternativo. Mais valia não ter dito nada. Mas, lá está, é o dizer por dizer, para ficar bem na fotografia.
Não quero saber. Não quero mais isto. Não quero ser alguém a quem se recorre quando as coisas correm mal. Não quero que se lembrem de ter disponibilidade só nesse altura. Disponibilidade essa que é sempre algo limitada, até indisponível.
Parece que só nessa altura é que eu existo. Quando, nos últimos cinco anos, estive sempre disponível, a qualquer momento, nos momentos maus mas também nos momentos bons. Mas, pelos vistos, só quando algo não corre bem é que a disponibilidade surge.
Não quero mais. Sou mais importante do que isso. Por isso, para mim chega. Mantém-se o politicamente correcto. Mas só mesmo isso. Porque, já percebi, tentar pegar num assunto para resolver e esclarecer tem como resposta o silêncio.
É uma desilusão? É. E grande. Nunca pensei que fosse possível desiludir-me assim por alguém que sempre tive em muito boa conta.
Dizia, há seis meses, que se fosse um canalha seria mais fácil lidar com a surpresa daquele murro no estômago, naquele dia em que as borboletas morreram. Não sendo um canalha, não deixa de ser alguém que, hoje, me desilude pela atitude de quem tem o seu comportamento altamente condicionado. E desilude muito. Muito mais do que alguma vez achei possível vindo de quem vem.
Mas é assim. Vivendo e aprendendo. É só mais uma desilusão para juntar a tantas outras. E, decerto, não será a última. Será só mais uma. Vai doer, já está a doer, mas vai passar. Passam todas. Nenhuma desilusão fica para sempre. Aprende-se a viver com elas. E avança-se sempre. É o que estou a fazer.
Amanhã? Continuarei doente da garganta. Continuarei a pensar no que e em quem não devo. Mas um dia tudo isto melhora. Só é preciso tempo. E eu não tenho pressa. Também não tenho tempo para perder Tempo. Mas, acima de tudo, não tenho pressa. E se alguém quiser saber alguma, sabe onde e como me encontrar. E quem quer saber pergunta. Quem não quer, mantém o silêncio. Como agora.
Sim, amanhã será melhor. E em primeiro lugar estou eu. O resto é o resto. Não vou voltar a preocupar-me com quem não o merece…