As recomendações do Fisioterapeuta para o fim de semana, no que diz respeito à recuperação das minhas pernas, foram claras: pouco ou nenhum esforço. Para aliviar as dores. Para recuperar os músculos. Para chegar a segunda feira e recomeçar o trabalho. Que, agora já sabemos, terá que moderado para se conseguir alcançar objectivos.
Ontem, depois da fisioterapia e destas recomendações, foi um abuso para as minhas pernas. É verdade que, assim que cheguei ao sofá, lá pelas 19h, dormi directa até às 3h30m da manhã. Recuperei o corpo cansado, mas tinha algum receio de como estariam as minhas pernas, principalmente porque tinha uma aula de Yoga esta manhã que não queria perder de forma nenhuma.
A verdade é que esta manhã acordei cedo e, no banho, o bater da água quente nas pernas não prometia nada de bom… Mas não era o suficiente para me impedir de ir à aula, porque a ausência não é quarta feira por falta de condições nas pernas, especialmente falta de força!, foi sentida, não apenas em termos físicos mas especialmente mentais.
Depois do banho tomado, roupa vestida, pequeno almoço comido, desafiei as minhas pernas. Ainda sem beber café, saí em direcção à paragem do autocarro. Sendo sábado, já sabia que o autocarro iria chegar antes do horário previsto. E, claro, 8 minutos antes do que consta como horário de passagem, entrei no autocarro e segui viagem.
Cheguei cedo à paragem de saída ao lado da praia e a vontade, àquela hora, era ir espreitar o Mar por um bocadinho antes da aula. Mas já sabia que ia acabar por me atrasar. E ainda precisava de um café. Desisti de ver o Mar e pus-me a caminho. Imediatamente em frente à paragem do autocarro, um café aberto. Bastou atravessar a estrada. Ainda era cedo, tinha tempo para o meu café. Que, não sendo essencial, é quase obrigatório para começar o dia.
Cafés bebido, pus-me a caminho. Descer as escadas até à rua de baixo não foi demasiado difícil. Mas as pernas já davam sinais de precisarem de descanso. E, para chegar à aula de Yoga, foi preciso, como é sempre, subir ao primeiro andar numas escadas extensas e difíceis de subir. Não há um corrimão à direita e a entrada, no cimo das escadas, é feito à esquerda, o que me obriga a algum trabalho de equilíbrio com extremo cuidado. E é tão fácil, para mim, cair para trás ali…porque não há onde me agarrar de forma segura até me chegar toda à esquerda e alcançar a estreita passagem da porta.
Chegada à aula, não tive muito tempo para me sentar e descansar daquele esforço que é sempre subir aquelas escadas. As aulas começam, habitualmente, sentados no chão de pernas cruzadas e coluna direita para alinhar a respiração profunda e consciente ao momento. Sempre daria para descansar um bocadinho as pernas. Mas hoje começámos (e mantivemo-nos) em pé.
Activar as pernas, que é como quem diz puxar os músculos contraídos para ajudarem no equilíbrio, empurrar firme o chão com debaixo dos pés. Manter a respiração, alongar braços e tronco, esticar tudo ao máximo para abrir espaço permitindo que a respiração profunda e consciente transporte oxigénio a cada pedaço do corpo.
Aula dinâmica, como é sempre, e as minhas pernas a suportar o meu corpo. Sem queixas, mas a serem sentidas pelo trabalho efectuado. E quase todo de pé. Algumas posturas de alojamentos das pernas, agora deitada. E as minhas pernas agradeceram. Os alongamentos, sejam no Yoga ou na Fisioterapia, para além de muito importantes, são algo que me sabe sempre tão bem, que me alivia tanto o peso e a pressão das pernas.
Chegou então o momento Savasana, ou o relaxamento. Que não sendo Nidra, o relaxamento profundo, permite também pequenas viagens quando permitimos relaxar todo o corpo, desde o cimo do Craneo até à planta dos pés, percorrendo os braços e as mãos, cada pedaço que faz parte do corpo. E relaxei. Sem pressa. Mantive o foco na respiração. Deixei o meu corpo ir.
Quando regressei daquele momento, quando o meu corpo voltou a estar activo, a diferença entre o antes e o depois era, como é sempre, muito grande. Depois de cada savasana fico muito lenta, muito relaxada, muito tranquila. Sou sempre a última a sair. Porque depois do savasana não consigo simplesmente arrumar tudo à pressa e desaparecer, como acontece com as minhas colegas. O meu dia a dia já é tudo sem pressa, devagar, devagarinho. Depois de relaxar no savasana mas ainda mais no Nidra? É tudo ainda mais devagarinho. É muito lento, lentinho.
Desço sempre com o Professor Pedro, de braço dado com ele porque, oh espanto, não há corrimão. Aproveitamos para conversar um pouco. Para ele se manter actualizado sobre mim. Para trocarmos ideias. E hoje, ao chegarmos à saída, ele perguntou: “então, como é que sentes as pernas agora?” e foi aí que percebi que mal sentia a presença das minhas pernas como se se tivessem diluído no relaxamento. Partilhei essa informação com ele, ri-me, e percebi no olhar dele que ali está um bom mestre. Não apenas um bom professor de Yoga. Está ali alguém que, desde o primeiro dia em Maio de 2023, tem seguido e acompanhado o meu caminho, no Yoga e no diagnóstico, e está sempre disposto a ajudar-me, seja adaptando aulas e asanas, seja simplesmente conversando e/ou perguntando como estou.
E, ao despedirmo-nos hoje, deixou a recomendação sábia para o fim de semana: “tu agora tens é que dormir. Dormir muito.” Ri-me mas percebi a recomendação: dormir muito para o meu corpo recuperar.
A verdade é que, apesar de ter regressado cedo, eram 10h39m quando me instalei na esplanada do costume, depois de almoçar (tarde!) o meu corpo começou a ceder e a dar-lhe sinais de que estava na hora de enroscar e aninhar no sofá para dormir um bocadinho.
Sei que já passava das 17h quando enrosquei. Adormeci de imediato. E aquilo que seria só dormir um bocadinho estendeu-se até à 1h da manhã…
Agora que já comi uma torrada e umas iogurte, que já estou a escrevi há muito tempo, tanto que já não sei quanto, o meu corpo está de novo a dizer-me que está na hora de aninhar e enroscar. E, por algum motivo que ainda não percebi, vou dormir acompanhada por uma gata que, nos últimos dias, não me larga.
Portanto, depois de mais uma fabulosa aula de Yoga logo pela manhã cedo, o mais do que merecido e necessário descanso que, para muitos, pode parecer uma perda de tempo, mas que para mim é tratar de mim. E agora que a madrugada já corre solta há muito tempo está mais do que na hora de desligar por hoje. Quanto a amanhã…? Logo se vê. Mas não deve ser muito diferente da tarde de hoje…