Já nem sei se é Mundo, País, Reino ou até mesmo Universo. Sei sim que é do Faz de Conta.
Faz de Conta que o tempo não passa, que os dias não correm, que os meses não voam, que os anos não existem.
Faz de Conta que não há pressas, nem pressões.
Faz de Conta que não há horários. Especialmente horários para dormir e horários para acordar. E o que eu preciso de não ter horários para acordar quando já pouco ou nada consigo dormir.
No Mundo do Faz de Conta os dias não são todos iguais, muito pelo contrário. São dias todos eles diferentes uns dos outros, mas onde os dias menos bons são apenas isso, menos bons, nunca maus.
No Mundo do Faz de Conta as únicas lágrimas que existem são aquelas que surgem quando nos dói a barriga de tanto rir.
No Mundo do Faz de Conta as dores são meras comichões, quase cócegas, que nos fazem dar valor aos momentos em que não há coceiras nem arrepios. Sejam elas físicas ou emocionais.
No Mundo do Faz de Conta o mar é sempre azul, tranquilo, morno. E enrola na areia mais branca e fina que não deixa sequer pegadas que nos digam que já passámos por lá. Passamos sempre como se fosse a primeira vez. E é tão bom passar por areia fina e branca pela primeira vez.
No Mundo do Faz de Conta há abraços a qualquer momento. Apertados. E beijos de mel a toda a hora. De mel não, que eu não gosto de mel. De chocolate. Ou mesmo beijos salgados de mar. Mas há beijos e é isso que importa.
No Mundo do Faz de Conta o vento não sopra mais do que uma brisa. Nunca fria, nunca quente. Sempre na temperatura certa. E o Sol brilha todos os dias, menos naqueles dias em que nos apetece mesmo que chova só um bocadinho.
No Mundo do Faz de Conta existo eu e existes tu. Mesmo que tu eu não saiba quem és e eu, eu nem eu sei exactamente quem sou, mas sei com todas as certezas quem não sou.
No Mundo do Faz de Conta não há preocupações. Nem recordações do Mundo do Que É A Sério. Bem, talvez algumas recordações do Mundo do Que É A Sério. As boas. As muito boas.
No Mundo do Faz de Conta há vinho, há café, há mimos, há colo, há abraços, há beijos. Eu sei que já falei nos abraços e nos beijos, mas no Mundo do Faz de Conta nunca há repetições. Há sempre coisas melhores do que as anteriores. Há sempre abraços melhores que os anteriores. E beijos melhores do que os primeiros beijos.
No Mundo do Faz de Conta. No Mundo do Faz de Conta não há cansaço. Nem físico nem emocional. E muito menos emocional que desgasta o físico. E é por isso mesmo que agora me apetece fugir para o Mundo do Faz de Conta.