Monthly Archives: September 2015

#day407

Há muito que não sentia o que senti hoje. Há muito tempo que não me sabia tão bem voltar para casa, para minha casa, ainda que não tivessem passado sequer 24 horas de ausência.

Sim, já tive alturas em que a vontade era poder estar em minha casa e não andar a correr entre casas que não são minhas, pernoitando na minha 1 ou 2 vezes por semana.

Não. Hoje foi diferente. Foi sentir, finalmente, que estava em casa. Onde pertenço. Onde sou. De onde sou. Há muito, demasiado tempo que um regresso não me sabia como hoje: tão bem.

Mesmo que o fim do dia de ontem e manhã e principio da tarde tenham sido passados com o meu Um. Faltou-me apenas a presença do meu Dois para estar com os meus Tudo.

Não explico, apenas sinto. E hoje, hoje pela primeira vez em tanto tempo, demasiado tempo que já lhe perdi a conta dos dias, meses? Anos? Hoje finalmente senti-me EM CASA.

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{um dia}

Um dia, num qualquer desses dias de contagem, um dia escrevo sobre isto. Ou falo sobre isto. Ou ambos. E falar, falar é-me tão mais importante que apenas escrever. Um dia, num qualquer desses dias de contagem ou, quem sabe, já sem ela, faço as pazes. Com o que já está lá atrás mas não ficou lá. E comigo. Não sei por esta ordem ou o seu inverso. Até lá, não nego: não há dia em que não regresse aos dias que não foram sendo, que foram não sendo. Que foram mas não foram, que não foram mas foram. Porque foram.

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#day406

Como assim, perder o eclipse da SuperLua só por ser às 3h47 da madrugada?
Há coisas que não se explicam, sentem-se. E, só por isso, às 3h30 saí de casa. Sozinha. E deixei-me ficar ali. A ouvir o mar ali tão perto mas demasiado longe para ir até lá sozinha àquela hora.
Deixei-me ficar. A olhar. E sobretudo a sentir. Porque não se explica. Sente-se.

E hoje, hoje novamente a Lua, de volta ao telhado em noite de Lua Cheia.

São coisas tão pequeninas para uns. Enormes de tão grandes para mim.

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#day404

“Se não tentares nunca saberás se és capaz.”

Sempre gostei de rabiscos. Admiro, muito, quem facilmente pega num lápis e passa imagens mentais para o papel.

Sempre rabisquei aqui e ali. Pequenas garatujas sem importância nem significado muitas das vezes.
Com o passar dos anos fui deixando os lápis de lado. “Sou mais letras que desenhos”, digo tantas vezes.

Até que um dia me dizem “tens que coser isto e isto, mas não temos moldes, só fotos”. Está bem, disse eu. E sentei-me à mesa. E se há desenhos muito fáceis de fazer com régua e esquadro, outros há que são de mão livre.
E de mão livre nunca me tinha atrevido a fazer desenhos maiores do 5, 7, vá, 10 cm. Mas as almofadas têm que ter, pelo menos, 45cm.

Colo folhas A4 para passarem a A2. Respiro fundo. E de repente lembro-me que o lápis desliza muito melhor se deitado. E deixo fluir. E o resultado deixa-me com um sorriso no rosto. Porque é exactamente isto que se pretende.

E, afinal, é tão simples. É só respirar fundo e deixar fluir. Seja o lápis no papel, seja o que for “lá fora”. Deixar fluir.

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#day403

“Trust the process”

Não há Tempo para dias maus ou menos bons. Os bons, daqueles de sorriso ao canto da boca e brilhozinho nos olhos também estão numa espécie de stand-by.

Entrego e confio. Só isso.

Mas, confesso, às vezes sinto uma força que me puxa para um dia mau. Porque também tenho direito a esses dias. E porque, sei, preciso de uma espécie de catarse. De descarga.

Sim, apetece-me, muito, falar. Falar daquilo que “não é para ser falado” porque simplesmente não foi. Mas apetece-me. Preciso. Guardo para mim, no entanto. Tudo.

Trust the process.

O processo é, continua a ser, diário. Sempre um dia atrás do outro, um passo atrás do outro atrás do um. E não há, neste momento, nenhum “ainda bem” que me acalme o silêncio.

Entrego e confio. Só isso.

Mas há, claro que sim, pessoas que fazem a diferença. Ainda que em nada relacionado com o silêncio que grita cá dentro.

Mas há.

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#day402

Hoje, mais uma vez pessoas que fazem pessoas perder Tempo. Daquele que eu não tenho Tempo para perder.

E chegar a casa e encontrar vestígios do fim de semana e relembrar-me que nunca devíamos crescer. Porque as coisas podem ser tão simples como uma brincadeira de molas num triciclo.

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#day401

Há dias que fazem mal. Como hoje.

Não foi a chegada do Outono, talvez seja culpa de Mercúrio, não foi ausência de Lua, nem falta de estrelas.

Foi o que foi. Mau. Ou, apenas, menos bom.

Outono, Mabon, Equinócio-que-cientificamente-só-acontece-no-sábado.
Novo ciclo. Como o dia 401 é o início de um outro novo ciclo que, curiosamente, se prevê que dure até ao final de outro ciclo. Talvez aí, no fim desses dois ciclos simultâneos, paralelos, talvez aí já não sinta a necessidade de continuar a contar dias, os meus dias. Talvez.

Até lá conto um por um. Para distinguir os dias bons dos outros. Porque ainda me faz sentido. Ainda me faz sentir.

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#day400

Quatrocentos.
Dias.
E noites.
Depois de 19.
Depois de 42.

“Oh tia, mas se aquela árvore já morreu como é que ainda tem força para estar em pé?”

400 dias, Miguel.

…não lhe disse. Mas pensei.

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{dos sonhos}

Os sonhos trazem-nos mensagens, dizem. Dão-nos respostas. Ou apenas pistas. 

Esta noite sonhei contigo.

Não me lembro de alguma vez ter sonhado contigo. Não significa que nunca tenha acontecido, simplesmente não me lembro. Como não me lembro da maior parte dos meus sonhos. Mas esta noite sonhei contigo. E lembro-me. Bem demais. Ao ponto de revisitar esse sonho durante todo o dia, como se fosse um video em loop na minha cabeça.

Lembro-me de cada pormenor. De onde estávamos. Do que aconteceu. De como aconteceu. Do que veio pelo meio. De como terminou entretanto. Lembro-me de tudo.

…e, talvez por causa do sonho, lembrei-me todo o dia que não me lembro de te ver sorrir. Ou melhor, de te ver sorrir muitas vezes. Lembro-me de pequenos sorrisos, aqui e ali. Mas não me lembro do teu sorriso. Acredito que terás um sorriso como todos os sorrisos: bonito.

No meu sonho sorriste. Acabaste por sorrir, no fim de tanta confusão, de visitas inesperadas que não vieram por bem, que nos encontraram desprotegidos de todo o mal que existia lá fora, fora daquela casa que não reconheço, que não era minha nem era tua, mas era tua na mesma. Acabaste por sorrir, no fim de lutas pelo espaço que era nosso mesmo não sendo, naquele Tempo que era apenas dos dois.

…e, agora que penso nisso, não me lembro do som da tua gargalhada…

No meu sonho não riste. Não houve motivos para rir. Muito pelo contrário. Não sendo um pesadelo, não foi um sonho tranquilo. Não sei como lhe chamar, mas não lhe chamo pesadelo. Porque de início era o que era, éramos os dois a ser o que sempre fomos. Até que aquelas personagens, aqueles quase desconhecidos, nos abordaram numa casa que não era a tua, mas era tua na mesma.

Lembro-me de sentir. Nos sonhos também sentimos. Senti-me bem, como me sinto sempre contigo, para de seguida sentir medo. Terror. Não sei quem eram. Sabia no sonho. Sabia quem eram não sabendo. Sabia para o que estavam ali. Fugiam. Fugiam para se esconder, não para sobreviver. Fugiam de algo de mal que tinham feito fora daquelas paredes, para lá daquelas portas e janelas que abriram e passaram. Fugiam para se esconder ali. Ameaçando-nos quando nos encontraram. Ali, desprotegidos. Só os dois. Porque era só dos dois aquele espaço, aquele Tempo.

Lembro-me que me protegeste. Que me prometeste que tudo iria acabar bem. Porque sabias quem eram, conhecia-los de infância ou juventude, já não sei. Sabias como convencê-los a irem embora. Prometeste-me que não nos iriam fazer nada. Se ficássemos em silêncio, esquecer-nos-iam e depressa partiriam dali. “Vão ficar só mais uns minutos” disseste-me. Quis encará-los. Dizer-lhes que não tinham que estar ali. Que se fossem embora. E foi nessa altura que me disseste para não o fazer. Olhaste para mim e vi nos teus olhos que a razão pela qual não querias que lhes falasse nada mais era do que medo. Do que me pudessem fazer. Porque, sabias, era perigoso enfrentá-los. E vi, aí, nesse momento, que eu era para ti mais do que aquilo que sempre pensei que fosse.

Nos sonhos também sentimos. E também lemos os silêncios. E ouvimos os olhares. E senti. E li. E ouvi. Tudo o que até esse momento nunca me tinhas dito. Por algum motivo, era eu quem estava em perigo no meu sonho. Mas foste tu quem se desarmou. Por mim. Para mim. E aí, aí disseste-me aquilo que sempre quis que me dissesses. O sim em vez do não. Não que também nunca disseste, nem talvez. Apenas nunca disseste. Mas ali, no meu sonho, disseste-me tudo o que estava guardado. O que, disseste-me também, não querias ter admitido para ti próprio antes. E que foi ali, naquele momento, naquele medo, naquele terror, que ganhaste coragem para admitir para ti. E, como isso, já depois do perigo ter passado, admitiste para mim.

Lembro-me, ainda antes disso, de como me tocavas. De como mexias no meu cabelo. De como arrepiavas o meu braço. De como me olhavas. Como olhos que olham para além do que é visível. Como olhos que despem a alma.

Lembro-me, durante aqueles piores momentos, dos teus braços ao meu redor, como que a esconder-me. A proteger-me. Para que eles, aqueles que vieram, não me vissem, não me percebessem ali, não me fizessem seja o que for que sabias que fariam.

Lembro-me, depois de tudo isso, depois de admitires para ti, depois de admitires para mim, lembro-me da tua testa colada à minha e num sussurro dizeres-me que agora era o Tempo certo. Era agora, não antes. Nem depois.

…e lembro-me que nem nesse momento me lembro de ver o teu sorriso. Sei que sorrias. Mas sei que era mais forte o medo. Porque era medo que os teus olhos gritavam. Era medo que os teus lábios desenhavam. Medo por mim.

Os sonhos, dizem, trazem-nos mensagens. Dão-nos respostas. Ou apenas pistas.

Hoje, hoje não quero voltar a sonhar. Porque os sonhos, quando nos trazem mensagens, quando nos dão respostas ou apenas pistas, os sonhos não nos mentem como quando não passam de fantasias. E este sonho, este sonho em que esta noite sonhei contigo, este sonho foi apenas uma fantasia. Uma espécie de realização de um desejo. De uma vontade. Que não passa, não passará nunca, nunca poderá passar, de uma fantasia na minha cabeça.

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#day399

“I love mankind. It’s people I can’t stand!”
 
Há demasiadas semanas a sentir-me desiludida, triste, magoada com as pessoas. Ninguém em particular, mas muitas no geral. Dos comentários que se lêem de intolerância a quem tenta sobreviver. Dos comentários que se ouvem de umbiguismo puro por causa de um simples lugar de estacionamento. Das atitudes de ridicularizar o sofrimento alheio num grupo de Facebook, humilhando, por egoísmo, quem transparece uma dor enorme.
 
Não, não é fácil lidar com o sofrimento dos outros, ou até entendê-lo. Porque não é nosso. Mas não aceito que alguém humilhe outro alguém porque esse primeiro alguém não entenda que o outro alguém possa estar a sofrer. E, por não aceitar, não me calo. Não conhecendo nenhum dos intervenientes, reconheço pedidos de ajuda e reconheço humilhações gratuitas. E não as aceito, estas últimas. Como poderia?
 
Não é fácil, também, lidar com o medo. Do desconhecido. Ou de desconhecidos que tentam tão simplesmente fugir do caos. Especialmente quando esse medo é alimentado pela ignorância e, mais uma vez, pelo egoísmo. Porque os outros, os que fogem, sofrem como quem tem medo nunca sofreu e desconhece o que é fugir para sobreviver. Mais uma vez, a questão do sofrimento do “outro” não ser “nosso” quando na verdade também é.
 
Não é fácil lidar com pessoas que, por um simplesmente lugar de estacionamento, se transformam. Ou melhor…não se transformam, revelam-se. Porque, pelos vistos, um lugar de estacionamento é mais importante do que a educação, bom senso e respeito pelo outro.
 
Não é fácil lidar com pessoas. Ponto. E quanto mais me vou cruzando com pessoas que apenas alcançam o próprio umbigo, mais desiludida me sinto. Cada vez tenho mais vontade de me isolar, de me fechar, de fugir para o meio do mato e deixar-me ficar ali, longe disto tudo.
 
Mas depois…depois lembro-me dos outros. Que são exactamente o oposto. Que são tolerantes. Que aceitam o outro. Com ou sem dores. Com ou sem fugas. Simplesmente aceitam o outro pelo outro. E são esses outros, que são tantos afinal quando penso que são tão poucos, são esses outros que me recordam que existem pessoas grandes, enormes, que vêem para além do umbigo.
 
Não deixo de me sentir assim: triste, magoada, desiludida. Mas, pelo menos, sinto-me mais aconchegada. E agradeço a existência desses outros. E sou grata por eles.
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#day398

Das coisas que, às vezes, me esqueço: ela está lá sempre.

{e eu, cá em baixo, a pensar seriamente em acabar com isto… Porque, se calhar, já não faz sentido.}

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#day397

Se eu podia passar um dia inteiro sem pensar em trabalho…? Acho que não.

Mas, ainda assim, num sábado de sobrinhos deu para gerir o tempo entre eles, eu e o trabalho.

…podemos prolongar o fim de semana até terça feira à noite para conseguir descansar do fim de semana que acaba amanhã…? Não? Pois……

{valem-me os mimos dos meus Dois, as brincadeiras e a risota. O descanso virá quando for tempo dele.}

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#day396

Começar a semana convencida que segunda era domingo.
À quinta sentir que era sexta.
Sexta feira com sabor estranho, de dia incerto que tanto podia ser sábado como terça.

A precisar, urgentemente, de descansar. Um dia que seja. Falta muito para segunda feira?

A precisar de um refúgio. Uma espécie de esconderijo. Para desligar e desaparecer. Um dia. Um fim de semana. O tempo que for necessário. Para recarregar. Para me reencontrar ainda que não ande {muito} perdida.

A precisar do cenário perfeito. De partilha. De cumplicidade. De conversas sem horários. De silêncios sem constrangimentos. De vinho tinto porque sim. De vinho branco porque também.

Dizer “precisamos de conversar”. Sem alarmes nem surpresas.

…no alarms and no surprises…

Precisamos de conversar sobre tudo e sobre nada. Conversar sobre os dias de Sol, sobre as noites de chuva. Conversar simplesmente. Ouvindo. Sentindo. Sorrindo.

Fazes-me falta. Mesmo que não consiga, ou não queira, apontar-te directamente e assumir-te um nome. Podes ser, até, um fim de semana. Um refúgio. Um esconderijo. Um copo de vinho. Tinto ou branco, tanto faz. Mas fazes-me falta.

Nem que seja apenas para voltar a identificar as segundas feiras e reconhecer o sabor das sextas.

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#day395

Cansada. Muito.
A precisar de Tempo para mim. Que não exclusivamente para o trabalho.

Apetece-me um copo de vinho.
Apetece-me ronha no sofá.
Apetece-me tudo sem me apetecer nada.
Apetece-me nada apetecendo-me tudo.

Não peço muito. Apenas {o meu} Tempo.

Ou então é só sono e cansaço.
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#day394

De um lado, céu azul e um Sol tremendo. Do outro, céu a desabar com a chuva. E um arco íris a lembrar que é a mistura dos dois lados que faz perceber a importância das cores.

Também são isto os meus dias. Assim, tal e qual. Com ou sem metáforas.

E hoje foi exactamente isto. Chuva de um lado, seguida de sol. E voltar a ver as cores depois do cinzento das nuvens.

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#day393

Há dias bons. Mas também há os outros. Ainda há os outros. Vai sempre haver os outros.

Há dias de sorriso no rosto e brilhozinho nos olhos. Mas também há dias sem sorrisos e olhos húmidos.

Há dias de cantarolar e saltaricar. Mas também há dias de ficar em silêncio imóvel a um canto.

Há dias em que as palavras correm soltas misturadas com risota e gargalhadas. Mas também há dias em que as palavras não saem porque o esforço para não chorar as abafa. Não há risota. Não há gargalhadas. Há um nó na garganta depois de um murro no estômago.

Há dias em que a falta é quase tranquila. Mas também há dias em que a ausência dói ao ponto de querer rasgar a pele. Porque rasgar a pele dói muito menos.

Há dias em que a memória se torna suportável. Mas também há dias em que as memórias do que não foi porque não era para ser, não podia ser, essas memórias parecem o momento presente. E dói tanto hoje como doeu há 393 dias depois de 19 depois de 42.

Há dias em que não conto os dias, já não os sei de cor. Mas também há dias, como hoje, em que sei exactamente e sem grandes contas que são 393 depois de 19 depois de 42.

A ausência dói.
A ausência pesa.
A ausência traz saudades. Mesmo daquilo que não chegou a ser, porque não era para ser, porque não podia ser. Sim, é possível ter saudades do que nunca se chegou a ter. Do que nunca chegou a ser.

E tantas vezes, tantos dias, todos os dias penso, sinto, sei que preferia trocar esta ausência permanente por uma outra temporária. É tudo uma questão de perspectiva…

Não. Hoje não foi um bom dia. Não está a ser. Mas, novamente em perspectiva, está a ser melhor hoje do que foi há 393 dias depois de 19 depois de 42.

(e, admito, estou zangada. Talvez só comigo. Talvez não só comigo. Mas sim, no fundo apenas comigo. Por ter dito sim quando a vontade era gritar não…)

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{do escrever}

Apetece-me escrever. Preciso de escrever.
Escrever é exorcizar. E ainda há o que exorcizar. Vai haver durante muito Tempo. O Tempo que for preciso.

Não escrevo para mais ninguém que não para mim. Escrevo. Leio. Releio. Volto aos arquivos vezes sem conta.

Hoje preciso de escrever. Mas fui aprendendo que nem sempre devo escrever a quente. Mesmo que o faça apenas para mim.

Aprendi, também, que muito do que escrevo, ainda que o faça para mim, é para outros. Para substituir conversas que não têm lugar. Nem no Tempo nem no Espaço. E se calhar deviam ter.

Apetece-me escrever. Vomitar palavras que me sufocam por não as suportar mais.

…mas não o vou fazer. Porque, hoje, o lugar delas não é no éter. Hoje, o lugar delas seria nas conversas que não têm lugar. Nem no Tempo nem no Espaço.

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#day392

Dias em tons de azul e bege. Trabalho, muito. Tempo contado e cronometrado. Não me chateia nem incomoda nem um bocadinho.

Sinto falta de algumas coisas. Pequeninas que são grandes. Que são nada e são muito e são tanto. Mas tudo tem o seu Tempo. Certo.

Por agora é trabalho. É o trabalho. Sempre me ocupa a cabeça e não me deixa pensar no que não devo.

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