Monthly Archives: February 2016

#day60 out of 365plus1

Há dias bons, há dias maus. Também os há menos bons ou apenas menos maus. E depois há dias como o de hoje: estranho. Pesado. Moído. Quase dorido.

Dia, hoje, inquieto. Em que o cor de rosa deu lugar a um cinzento sem brilho. Sem motivo aparente ou, talvez, fruto de uma noite agitada, inquieta.

Agitada, eu. Inquieta. A precisar de afectos em forma de abraços, mimos em jeito de colo.

A cor, a minha, o cor de rosa voltará. Relembram-me que tenho todas as ferramentas. E tenho. Mas por vezes um simples abraço de afectos ou um colo de mimos fazem falta.

Continuo assim, eu como eu mesma. Passo a passo. Comigo apenas. Comigo e com o meu cor de rosa que, como sempre, voltará.

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#day59 out of 365plus1

24 horas tem um dia, 48 um fim de semana. Não sei onde foram parar desta vez.

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#day58 out of 365plus1

Café ao sol, num dia muito frio de vento, chuva e granizo.

Sábado com tanto para fazer e nada feito porque o corpo cedeu. É preciso descansar de vez em quando, dizem.

Ainda assim, apesar do gelo dos dias e do corpo cansado, da falta de gestão eficiente de tempo para tudo, apesar de tanto e de tão pouco, de ausências e presenças, apesar de tudo dias bons. Dia bom. Porque tranquilo.

Não me esqueço do mote: um dia atrás do outro atrás do um. Mantenho o foco. Mantenho o passo. Firme e certo. Ao ritmo da cor dos dias.

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#day57 out of 365plus1

8/52
Passo firme.
Recibo que não factura.
Cabeça no ar, como sempre.
Vontade, necessidade de 8 braços.

Um dia atrás do outro atrás do um.

Frio.
Chuva.
Gelo.

Cansada? Moída.

Rotinas. Hábitos. Tão pouco tempo, tão certos.

Partilhas. Palavras. Preocupações.

O que é que muda em 8/52? Já devia saber, mesmo que as contas sejam outras, muda tanto mesmo não mudando nada. Não muda nada, mudando tudo de repente.

Frio.
Frio.
Frio…

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#day56 out of 365plus1

As aventuras de Marco Polo.

Ou a gestão de Tempo. Do meu Tempo.
A gestão de afectos. Os meus.

Dias azuis. Tranquilos. Tranquila. Mas nem tanto.

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#day55 out of 365plus1

Terminado aquilo a que chamei estágio teórico, inicia-se agora o estágio prático. Até passar a prática efectiva e regular.

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#day54 out of 365plus1

Prometo não falhar. Ou, pelo menos, tentarei não falhar. Seja no que for.

E depois há aqueles momentos em que, mais uma, tens a sensação de que o teu caminho é pelos outros, para os outros. Não há como negar.

Desta vez, que os sorrisos regressem, ainda que momentâneos por entre abraços que não se tocam mas se sentem.

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#day53 out of 365plus1

Diz que bate. Que, apesar de tudo, “está aqui tudo muito bem”.
Apesar de tudo as marcas não são visíveis, mesmo que tantas vezes tenha sido partido, magoado, apertado, tantas vezes amachucado.

Diz que bate. Com força e naquele ritmo rápido de sempre, mesmo que já tantas vezes tenha parado. De dor, de medo, de angústia, de saudade.

Diz que bate. E tanto bate lá dentro como bate cá fora. Pelos meus, pelos outros, bate sempre dos dois lados.

“Sem vestígios de”, seja isso o que for quando as cicatrizes ficam gravadas cá dentro, naquela parte que ninguém vê, apenas se sente.

“Magoaram-te novamente?” pergunta quem tão pouco {me} sabe mas que conhece estas coisas de feridas e cicatrizes e ao longe percebeu que, apesar de tudo, isto bate.

“Está aqui tudo muito bem”, mesmo que por dentro ainda esteja a reaprender a organizar o espaço. E o Tempo. O espaço para arrumar o que é de arrumar, o espaço para viver o que é de viver, o espaço livre para o que vier, o espaço vazio que vazio será sempre. O Tempo que é sempre o meu mesmo que apenas meu. O Tempo das batidas fortes naquele ritmo rápido de sempre. O Tempo que volta a querer ter pressa sem ter Tempo para perder Tempo. E eu não gosto de ter pressa.

Diz que bate. Que, apesar de tudo, “está aqui tudo muito bem”. Pois que continue muito bem enquanto as marcas, as cicatrizes, aquelas que não são visíveis, permitirem que continue a bater. Diz que bate. Lá dentro. E especialmente cá fora.

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#day52 out of 365plus1

Tudo é muito mais simples à beira dos 6 anos. Depois crescemos e esquecemo-nos e complicamos.

É tão bom ter alguém que me recorde de como tudo é tão simples.

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#day51 out of 365plus1

Não me apetece escrever. Apetece-me falar. De viva voz, frente a frente, cara a cara, olhos nos olhos.

E a minha Lua que está lá sempre.

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#day50 out of 365plus1

Dia de folga, mas sempre um dia atrás do outro atrás do um.

Quem está e quem não está. Porque deixou de estar ou nunca esteve. Quem chega e vai ficando.

Sol. Mar. Sorrisos depois de lágrimas.

Um dia atrás do outro atrás do um.

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#day48 out of 365plus1

O Mundo é um lugar estranho. Nem sempre bonito. Muitas vezes tenho vontade de comprar um bilhete só de ida para longe.

Mas depois páro e lembro-me que o meu lugar é aqui. Ainda que cansada de pessoas. Das pessoas.

Podemos ter a Primavera o mais rápido possível?

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#day47 out of 365plus1

Um dia atrás do outro atrás do um. Sem pressa, sempre. Sem planos também, tenham eles o tamanho que tiverem.

Mas sempre sem me esquecer que não tenho Tempo para perder Tempo.  E sempre olhando para trás, para confirmar a distância percorrida neste caminho que é o meu, que é só meu.

Podia dizer que lamento algumas coisas deste caminho. Prefiro dizer, porque o sinto, que lhes sou grata apesar de tudo. Porque também essas coisas me fizeram crescer.

O caminho continua, ainda assim. Parar nunca. Ainda que a memória pregue partidas e se confunda com rajadas de vento que me abanam. Mas não me derrubam.

Um dia atrás do outro atrás do um. Sem pressa, sempre. Mas sem me esquecer que não tenho Tempo para perder Tempo.

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#day46 out of 365plus1

Bocadinhos de céu, bocadinhos de nuvens. Bocadinhos de azul, bocadinhos de cinza. Bocadinhos de sol, bocadinhos de chuva. Bocadinhos de vento, bocadinhos de brisa.

Esquizofrenia meteorológica. Ou como os opostos se completam.

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#day45 out of 365plus1

Há um ano escrevia as dores que me corriam por dentro. Em jeito de carta aberta a quem nunca chegou a ser mas foi. Mesmo não sendo.
Há um ano percebi o quão poderoso pode ser o desespero da dor, daquela dor que não se vê por não ser física.
Há um ano senti necessidade e vontade, muita, de acalmar essa dor não física e sabia perfeitamente como fazê-lo. Nenhuma dor física seria mais forte que a outra. Mas, sabia-o, permitir-me-ia esquecer por momentos a dor maior.
Há um ano dizia que não queria mais, que não aguentava mais. E não queria mesmo. E não aguentava mesmo.
Há um ano despedi-me. De tudo e de nada. De tudo o que me fazia doer. De nada que era só o que tinha.
Há um ano pedi uma mão que me trouxesse de novo à tona. “Não posso fazer mais nada por ti”, responderam-me. Respondeu-me. Ainda que pudesse.

Há um ano bati no fundo do fundo. Vi a única solução possível. Porquê continuar? Para quê suportar uma dor insuportável? Calar a dor. Calar aquela voz que me sussurrava e dizia “já chega”. Calar tudo.

Não esqueço. Como poderia? Lembro-me de todos os pormenores daquele dia, daquela noite. Todos os gestos. A vontade que me fazia mexer e a força que obrigava o meu corpo a ficar quieto. As vozes que me sussurravam, uma que dizia que sim, a outra que dizia que não. Os telefonemas que surgiram absolutamente por acaso e que cada vez que surgiam me traziam de volta daquele lugar escuro.

Sozinha em casa, há um ano. E a dor. E as lágrimas que teimavam em não parar de cair. O pedido de ajuda recusado. A única pessoa que poderia realmente ajudar-me naquele momento e que me disse, com todas as letras, “não posso fazer mais nada por ti”. Podias……

Foi há um ano. A dor acalmou. O que escrevi naquele dia em jeito de carta no éter voltaria a escrever. Já não como uma despedida. Apenas porque a saudade, essa, mantém-se. Ainda recordo tudo. Mas a dor já não me grita. Já não choro como há um ano embora ainda seja fácil, demasiado fácil, sentir o rosto molhar-se e a voz a tremer.

Não esqueço, como fazê-lo? Faz parte de mim, da minha História. E faz-me lembrar, tantas vezes, que podia não estar cá.

Dia estranho o de hoje. Dorido. Mas daquelas dores que o corpo dita e que facilmente se controlam quimicamente. E ao mesmo tempo a tentar não sentir a dor que senti há um ano. Que a sinto, como que cravada na pele.

Foi há um ano. Podia não estar cá.
Um ano depois, estou cá. A mão que pedi há um ano mantém a recusa da ajuda que já não preciso. E percebo, agora, que também isso me dói.

Não interessa a cor dos dias. Interessa a cor que lhes dou. E, se hoje variou nos tons de cinzento, amanhã tenho toda uma paleta para escolher. Porque não quero, nem vou, regressar àquele fundo do fundo onde estive há um ano e onde tudo era negro.

Regressemos aos dias de cor. De cores.

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#day44 out of 365plus1

Demasiado cansada. A sentir faltas. A reencontrar presenças. A ser e estar presente. Cansada, ainda assim.

Estar onde não me apetecia estar. Por mais nada que não a vontade de estar em casa, sossegada.

Por hoje chega. O jantar foi o suficiente para confirmar que preciso, mais uma vez, do meu espaço.

Cansada, apenas isso.image

#day43 out of 365plus1

Mais uma vez confirmo: gosto de dar. E pode dar-se tanto com tão pouco. Seja uma palavra, seja um gesto, seja uma presença mesmo que à distância. Pode parecer tão pouco e ser tanto e fazer a diferença.

Confirmo: gosto de dar.

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#day42 out of 365plus1

É possível gerir afectos? Ou simplesmente se tem ou não se tem?
Haverá afectos escritos, temporariamente, a lápis e outros marcados a caneta num traço permanente?
Quem é que apaga afectos como que com uma borracha que apaga rascunhos?

É possível gerir afectos. Os que se recebem mas, acima de tudo, os que se entregam. Não se gerem afectos como quem poupa para que não falte. Não se gerem afectos como quem dá mais do que tem, porque assim já não seriam afectos. Não existem afectos a crédito.

É possível gerir os afectos que se distribuem. Umas vezes na medida certa que nos merecem. Outras muito aquém, acredito. Mas nunca a crédito.

Gosto de afectos. E distribuo-os na proporção que os sinto. Porque sinto demasiado, tantas vezes, e distribuo tudo o que tenho.

Entretanto aprendi. É preciso gerir afectos. Não distribuir tudo de uma só vez. Guardar comigo, para mim, a parcela maior quando não há disponibilidade para receber. Não se perdem, apesar de tudo. Conservam-se os afectos até poderem ser recebidos. Mesmo que nunca venham a ser recebidos, os afectos estão lá, guardados comigo, em mim. Ainda que se anestesiem com o Tempo, ainda que adormeçam enquanto os guardo. Mas estão lá. Porque uma vez existentes não são apagados com borracha como um rascunho.

Distribuo afectos a quem conheço de sempre e a quem nem o nome sei. Porque sim e porque só sei ser assim. Recebo-os também. Uns escritos temporariamente a lápis, outros a caneta num traço permanente. E tantas vezes os confundo. E tantas vezes me confundo. Que chego a acreditar que são permanentes os escritos a lápis. Que são temporários os traços de caneta.

E é precisamente por tantas vezes os confundir, me confundir, que me imponho a gestão de afectos.

É possível gerir afectos?

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#day41 out of 365plus1

Há falta de Amor no Mundo. E é isso que tantas vezes me faz sentir como se tivesse aterrado no planeta errado. Como se não pertencesse aqui. Como se estivesse errada quando penso que as coisas são sempre mais simples do que parecem e fáceis de resolver havendo vontade. Ou, pelo menos, boa vontade.

Cansa-me um Mundo de insulto fácil só porque alguém não pensa da mesma forma, porque torce por uma cor diferente, porque seja no que for está noutra posição diferente.

Cansa-me um Mundo onde o respeito, a sensibilidade e a compreensão são bens em via de extinção. Não por excesso de uso mas pelo seu contrário.

Cansa-me um Mundo de constante competição, de movimentos e rotinas formatadas, de gestos automático de máquinas de carne e osso que, aparentemente, deixam o coração algures quando saem de casa pela manhã.

Cansa-me tudo isto. Cansa-me sentir que não pertenço aqui por não conseguir identificar-me com esta ausência de tudo. No fundo, ausência de Amor. Ao próximo e ao próprio.

E é sempre uma agradável surpresa quando percebo que não sou só eu a sentir o mesmo.

É tão estranho ver as voltas que o Mundo dá, esse mesmo Mundo onde tantas vezes sinto que não pertenço. Ver as voltas que o Mundo dá para me lembrar que, afinal, não estou sozinha. E também não estou errada quando opto pelo que é correcto.

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