“My best wasn’t good enough“…{Anouk & Kane}
O meu melhor nunca é, nunca foi suficiente. E estou cansada de continuar a tentar melhor: fazer melhor, ser melhor, estar melhor. Nunca é o suficiente.
Estou cansada……
“My best wasn’t good enough“…{Anouk & Kane}
O meu melhor nunca é, nunca foi suficiente. E estou cansada de continuar a tentar melhor: fazer melhor, ser melhor, estar melhor. Nunca é o suficiente.
Estou cansada……
Do Trabalho Para Casa semanal: “tens que descobrir quem és e onde pertences”.
E hoje percebo: sou palavras no éter. Nada mais que palavras no éter… Ou seja, nada.
E, percebo, só ao éter pertenço. Ou seja, não pertenço a lado nenhum.
E como tudo o que é éter, que é do éter, não deixo vazios, marcas, saudades. Não deixo nada. Apenas palavras no éter.
Trabalhos para casa, TPC.
Escrever um livro. Ou “um livro”. Título, capa, resumo, epílogo, capítulos, contracapa. Resposta a duas perguntas para as quais não sei a resposta. Duas perguntas que implicam tantas outras de difícil resposta.
Não sei. Não sei também se vou conseguir encontrar as respostas. E preocupa-me não saber.
Um dia atrás do outro atrás do um. Sempre. O tempo que precisar porque ainda preciso de tempo.
Não fecho portas, mesmo quando faço por fechar capítulos. Deixo-as entreabertas, livres de se abrirem, com passagem disponível de um lado para o outro, do outro lado para o um.
Mas de que servem portas entreabertas se do outro lado nada mais existe do que uma parede? Ou, pior, um muro?
Esta porta, entreaberta, neste muro: um projecto de arquitectura sem viabilidade. A opção seria deitar o muro abaixo. Ou, mais simples, apenas encontrar o ponto de encaixe certo para a porta entreaberta. Até lá, se esse lá alguma vez chegar, será apenas isso mesmo: um projecto de arquitectura sem viabilidade. Um erro numa planta, num qualquer rascunho em papel ou numa camada de Autocad.
A porta mantém-se entreaberta. Vai-se mantendo entreaberta. Talvez um dia o muro venha abaixo. Ou seja encontrado o ponto certo de encaixe. Talvez. Talvez um dia.
Talvez tarde demais.
Ensinaste-me a contar os dias, que “um dia atrás do outro atrás do um” porque “precisas de tempo, o tempo que precisares”.
Curiosamente, foste também tu que me criticaste por continuar a contar os dias, aqueles dias. Apesar de “um dia atrás do outro atrás do um”, para ti era doentio que os contasse aos 400 e qualquer coisa. Afinal, esse tempo que precisava parecia não ser todo o tempo que precisasse.
Já não os conto. Aos dias. Aqueles dias. Mas sei de cor que são 262 depois de 500 depois de 19 depois de 42. E sim, já são muitos dias, já é muito tempo. Mas, por enquanto, ainda é disso que preciso, tempo. O tempo que precisar.
Ainda não te disse, provavelmente nunca te direi, se o souberes não será por mim, que entrei num processo de luto “final”. Se é que o luto alguma vez tem fim. Não sei. Talvez tenha. Ou talvez apenas adormeça. Esse processo, acompanhado por quem está preparado para me acompanhar, seria mais fácil com a tua presença. Porque é um processo que deveria ser dos dois em conjunto, não em separado.
Escolheste a distância, o silêncio. As barreiras. Um muro sem portas para abrir e deixar entreabertas. Escolheste seguir o teu processo sozinho. Sigo, portanto, o meu processo sozinha mas acompanhada por quem está preparado para me acompanhar.
Não vai ser fácil. Não está, já, a ser fácil. Mas é-me necessário este processo. Onde irei revisitar cada um daqueles 42 dias que, de facto, aconteceram.
Não sabes, não saberás nunca provavelmente, pelo menos não por mim, não sabes que parte deste processo passa por dar um nome ao que durante 42 dias trouxe comigo, literalmente em mim. Passa por dar um nome, tão simples e tão complicado como isso. Tão difícil nomeá-lo sozinha quando deveria ser, mais uma vez, uma escolha dos dois.
Já tem nome, mesmo que já não exista há tanto tempo. Mas existiu. Durante 42 dias existiu. Foi real. E tu sabes que sim.
O meu processo “final” já começou. Poucos, muito poucos dias depois da última vez que te vi, que soube de ti. E, parece-me, serão agora esses os dias que irei contar. Porque, afinal, “um dia atrás do outro atrás do um” porque “precisas de tempo, o tempo que precisares” e “nada vai mudar, o Sol vai continuar a nascer e a pôr-se todos os dias”.
Mais um dia se passou. Mais uma vez o Sol nasceu e pôs-se. Mais um dia de absoluto silêncio. Daqueles silêncios que gritam a ausência de quem escolheu a distância. Mais um dia sem ter comigo a única coisa que mais quis em toda a vida. 262 dias. Depois de 500. Depois de 19. Depois de 42.
Ainda assim, amo-te. Amo-vos. A ambos. Ausentes.