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Equilíbrio. Tentativa de.

Equilíbrio. Falta de.

E olho para ti e vejo-te crescer e tenho que constante lembrar-me: não és meu. Não és O Meu.

Um dia serei melhor. Até lá a pele continua a queimar, eu continuo a tentar o equilíbrio.

Vontade de riscar a pele. Vontade de rasgar a minha própria pele. Aquela que é por dentro que me queima e me recorda que não conheço o equilíbrio. Provavelmente nunca irei conhecer.

E não há quem me agarre as minhas mãos. E não há quem me pare. E não há quem me apague o que me queima. A minha própria pele.

O grito não sai. Já não sai. Especialmente quando não me levam a sério quando repito tantas vezes qual a solução pacífica para tratar o que está doente. Quando não duvido que essa seria, de todas, a melhor solução para renascer.

Porque o dia a dia do rame-rame com horas marcadas para tudo só faz sentido às pessoas normais. E eu, eu que faço sempre por fugir da norma por me saber diferente mesmo que por vezes quase implore pela norma e por ser igual, eu lá vou indo no rame-rame das pessoas normais, 6h, 6h30, 7h30, 7h50, 9h, 10h30, 12h15, 13h15, 15h20, 18h, 18h30, 19h15, 21h, 22h30, 23h, repete.

…cansada. Acima de tudo de raras vezes ser levada tão a sério quanto precisava. Não preciso que me validem pelo que sou, pelo que faço, pelo que sinto. Preciso que me validem, apenas, o facto de simplesmente existir. Porque tantas vezes, demasiadas…?, chego a duvidar da minha própria existência.

E olho para ti e não és meu. Não és O Meu. Não és parte directa de mim. Não existes. Porque existo eu então?

Um dia serei melhor. Até lá, equilíbrio. Tentativa de. Falta de.

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