Daily Archives: 24/09/2021

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Muito cansada. E a semana chegou finalmente ao fim. Não sei como passei por ela, mas passei e sobrevivi a um cansaço como há muito tempo não sentia.

É bom sentir este cansaço, ainda assim. Andei tanto tempo sem rotinas, sem fazer nada, sem me cansar. Até mesmo durante o tempo de teletrabalho não me cansava. Acordava mais tarde, não tinha autocarros para apanhar, não tinha que caminhar até ao trabalho, simplesmente não me cansava. Foi um ano de teletrabalho, 5 meses de desemprego, foram 17 meses sem me cansar.

Agora acordo ainda de noite, saio de casa ainda o Sol não nasceu, tenho que andar muito até chegar ao trabalho. Repete no regresso a caminhada, mais o autocarro para voltar para casa que de manhã é substituído por boleia. A isto juntam-se as noites interrompidas, mal dormidas. É no fim de semana que recupero e me preparo para a semana que vem depois. Mas no último fim de semana isso não aconteceu.

Não descansei, não recuperei e ainda me cansei mais. Emocionalmente foi pesado e também acabou por afectar o físico.

Na prática foram duas semanas seguidas sem parar. Que terminam agora. Finalmente. Porque este estado de cansaço não afecta só o lado físico. O emocional também é afectado. Deixa-me mais exposta, vulnerável. E frágil. E eu não gosto de me sentir assim.

Por outro lado, esse lugar mais frágil, vulnerável, exposto, fez-me mexer no sentido certo. Fez-me repetir o que disse há mais um ano e meio e que andava com muita vontade de reiterar. Disse o que guardo comigo, em mim. Quando a vontade é dizê-lo, sem rodeios, todos os dias. Sei que o digo, de uma forma ou de outra, mas sempre por outras palavras que não directas. Desta vez não. Desta vez fui directa. E mesmo não tendo retorno, soube-me bem dizê-lo. E fez-me bem.

Não deixar nada por dizer. Não me posso esquecer disso. E por isso disse o que disse.

Agora desligo e enrosco. Demasiado cansada seja para o que for. E quando estou assim já sei que começo a escrever quase sem rumo, quase sem nexo. E é melhor não.

Desligo. Enrosco. Mas antes volto a pegar nas palavras indirectas e, como que num ritual diário, volto a dizer o que trago comigo.