Monthly Archives: July 2022

{#212.154.2022}

Oito anos depois de 42 dias. Colo vazio. Para sempre.

Ainda é um dia que me dói, que me pesa. O tempo, admito, tem ajudado. Não a esquecer porque não se esquece, mas a atenuar a dor e a saudade. Mas o colo, esse, estará para sempre vazio. E é isso que dói. Saber que sim, estive grávida por 42 dias, mas não tenho o meu filho. E sinto muito a falta de dar e receber colo. Aquele colo de mãe que não sou porque não tenho o meu filho.

Oito anos, como se tivessem sido apenas oito dias. Tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou, outra tanta permaneceu igual. Eu? Acho que me perdi pelo caminho e ainda não me reencontrei totalmente. Tento criar novas memórias que também me relembrem quem sou. Não apenas o que sou. Porque o que sou eu sei dizer. Mas quem sou fico sempre na dúvida.

Sei também o que não sou. Não sou mãe. Por muito que algumas pessoas me digam que sim, que o sou, na verdade não sou. Não cheguei a ser. E esse vazio dói ainda. E acredito que nunca deixará de doer.

Quis fazer do dia algo de diferente. Não fiz. E tive o último jantar que queria ter, com as últimas pessoas com quem queria estar. Porque o meu filho devia estar ali, com aquelas crianças da mesma idade. Mas não esteve. Nunca estará.

Os anos vão passando e eu não duvido que, numa história que envolve duas pessoas, eu sou a única que a recorda e revive. A outra metade desta história simplesmente desapareceu. Há alguns anos… E, claro, no entender dele a culpa de ter desaparecido é minha. Porque, e não me esqueço, “tu és instável, sempre foste”. Para alguém que não quer problemas, quer soluções, como apregoa para quem o quiser ouvir, esquece-se de que todas as soluções têm consequências. E, neste caso concreto, as consequências ficaram todas para mim.

“Eu vou estar sempre aqui” ou “o tempo que precisares” foram promessas que duraram pouco. Porque esse sempre não durou muito e o tempo que eu precisar foi-me negado, porque ao fim de oito anos ainda preciso desse tempo.

Oito anos que podiam ser oito dias. 2922 dias. Como se fosse ontem.

Tenho vontade de chorar. Mas não consigo. Sinto apenas. E preciso do meu espaço e do meu tempo para sentir… Apenas isso.

Sei que amanhã será um dia melhor. Hoje foi duro, mas amanhã será melhor. Volto ao trabalho depois das férias, volto a ocupar a cabeça. Sim, será melhor.

Por hoje resta-me sentir a ausência, a tristeza, a dor que ainda me acompanha. Mas sei que, também isto, vai passar. Ou, pelo menos, acalmar. Mas hoje tenho todo o direito de simplesmente sentir…

{#211.155.2022}

Fim de mais um ciclo de 365 dias. O oitavo. E tento que não me afecte. Tanto. Mas ainda dói.

O tempo tem ajudado. Sempre é verdade quando dizem para dar tempo ao tempo, que alivia. Não se esquece, não deixa de doer, mas atenua.

Ainda me lembro desta noite há 8 anos. Ainda me lembro de tudo, na verdade. E hoje só quero esquecer. E, também por querer esquecer, peço que me enviem coisas bonitas. Como, por exemplo, fotografias de um céu estrelado. Se vou receber? Tenho as minhas dúvidas. Mas o pedido foi feito e foi bem recebido. Vamos ver se vou ter esse retorno.

Hoje, como nos últimos anos nesta data, preciso de coisas boas, bonitas. E amanhã, já sei, será reviver tudo ao minuto. E vou precisar, novamente, de coisas boas, bonitas. Nem que sejam palavras apenas.

Hoje foi uma manhã dedicada a tratar de outro lado meu. Aquele que tantas vezes tenho esquecido. Mas que também merece atenção. E, mais uma vez, a certeza de que o trabalho é todo meu para ficar em paz e equilíbrio.

Amanhã, felizmente, é dia de consulta com o terapeuta fofinho. Vou poder, junto com ele, revisitar aquele dia, depois de já termos juntos visitado aquele lugar que pretendo esquecer.

Hoje? Por muito que me sinta cansada não quero ir para a cama. Não quero dar espaço à minha cabeça para navegar pela memória. Memória que, já sei, é assustadora. Porque se lembra de tudo. De todos os pormenores…

E eis que chega a resposta ao meu pedido. Um céu estrelado…

Amanhã? Logo se vê como será. Por hoje, e pelo que acaba de chegar, já me dou por contente…

{#210.156.2022}

Todo o dia podia jurar que era Sábado. Mas não. Sexta feira. Não me posso esquecer que – ainda – é sexta feira. Mas soube sempre a Sábado.

Dia perdido, sem História ou histórias, sem fazer nada que não fosse suportar a dor de cabeça que me tem acompanhado nos últimos dias.

Praia? Não me apeteceu. O dia esteve bonito, supostamente com calor, mas o vento estragou tudo. Acabou com a vontade de ir à praia. Porque o vento vinha demasiado fresco. E praia com demasiado vento fresco não apetece.

Foi o último dia de férias. Sei que vou ter oportunidade de ir à praia depois do trabalho nas próximas duas semanas, pelo menos, já que vou estar a trabalhar em casa. E sim, preciso de praia, mas passo bem com ela só ao fim do dia.

Queixo-me da falta de retorno. Mas devia, também, queixar-me da minha falta de memória. Só a meio da tarde me lembrei que, desde ontem, há uma ausência programada até domingo à noite.

Mas, mesmo com essa ausência programada, esta manhã houve retorno. E uma pergunta que raramente me é feita. E, claro, soube bem.

Mas sim, sexta feira com sabor a Sábado todo o dia. Amanhã espero conseguir aproveitar melhor o dia, desde que a dor de cabeça o permita e o vento esteja mais fraco. E ainda hoje haverá ritual nocturno. Sei que dificilmente terei resposta nos próximos dias, porque esta ausência programada condiciona a comunicação. Mas fica a mensagem que quero entregue.

De resto, amanhã será melhor. E não, amanhã – ainda – não é Domingo.

{#209.157.2022}

Dia que começou cedo, inteiramente dedicado a tomar conta de mim. Análises feitas, primeiro exame idem. À tarde, dentista. Aproveitar os últimos dias de férias para tratar do mais importante: eu.

Devia tratar de mim mais vezes. Olhar por mim. Tomar conta de mim. Tudo o resto é menos importante que eu neste momento. Também o devia ser noutro momento qualquer. Mas tenho tendência a esquecer-me de mim. Os outros primeiro, sempre.

Não pode ser. Não pode continuar a ser.

Mesmo que os outros se resumam a um simples retorno. Que, quando não acontece, como hoje, me deixam a questionar tudo sobre mim.

Um dia deixo de procurar esse retorno. Já esteve mais longe de acontecer. Mas ainda o procuro, sabendo que não me leva a lado nenhum.

Pergunto-me, muitas vezes, o que é que ainda espero, sabendo que está claro o que vem dali. Já foi falado, já ficou esclarecido e estabelecido que dali não vem mais do que uma simples amizade. Que também é importante. Também é bom. Mas não é o que eu queria…

Moving on

Afastar-me? Talvez. Talvez seja esse o caminho, o próximo passo. Não sei… Mas tenho medo que, ao afastar-me, a amizade se perca pelo caminho. E não quero isso. Talvez seja por isso que mantenho a procura por retorno, mesmo que ele não aconteça.

Um dia talvez tudo isto comece a fazer sentido…porque, neste momento, nada parece fazer sentido.

E isso custa, especialmente quando trago comigo, cá dentro, em mim algo bonito que devia ser partilhado e entregue a quem, infelizmente, não quer receber.

Enfim. É encolher os ombros, sorrir e acenar. Amanhã, ainda de férias, será melhor.

{#208.158.2022}

Dia de ir a Lisboa, visita de médico. Ou melhor, visita ao médico. “Não estás doente, mas não és saudável”, disseram-me há dias. “Eu sei”, respondi. Porque sei, de facto, que não sou saudável. Mas está na altura de tentar ver um bocadinho mais além, porque o corpo dá sinais de mudança, muito provavelmente fruto da idade e das alterações previstas nesta fase. Não custa nada ver o que está bem, o que está mal, o que está assim-assim. E agir de acordo com os resultados. Análises, muitas. Exames, alguns. E acreditar que, apesar de tudo, está tudo bem.

Dia longo que começou muito cedo depois de mais uma noite interrompida. Cansaço o dia todo como sempre. Chegar à hora de recolher e querer saber mais do outro lado. Mas, claro, sem saber. Sem perguntar porque não teria resposta a esta hora. E durante o dia nunca há muita disponibilidade para conversar. E tenho pena que assim seja.

Não vou pensar muito nisso agora. Agora quero, acima de tudo, pensar em mim. Está mais do que na hora de o fazer.

Para já recolho para enroscar e tentar ter uma noite melhor do que a última. Amanhã, análises logo pela manhã e o início dos exames. O resto do dia será também dedicado a mim. Duvido que haja praia. Mas, se não houver, não é grave. Desde que haja tempo para mim, o resto não é tão importante.

A ver o que dizem as análises e os exames.

{#207.159.2022}

Terça feira e a tentativa de regressar ao passado. De vez em quando dá-me para procurar quem conheci naquele Verão de 1994. Já em tempos encontrei uma das 5 pessoas que conheci nesse Verão. Não era o escocês de cabelo preto e olhos azuis, mas era alguém do grupo. Na altura não tive coragem para dizer nada. Com receio, claro, de não se lembrar de mim. Mas nos últimos dias tenho tentado novamente encontrar, agora com essa coragem que naquele dia me faltou. Já não o encontro.

Mas encontrei alguém que ainda não consegui confirmar se é ou não. A irmã mais nova. Que, há 28 anos, tinha apenas dez anos de idade e que hoje estará uma mulher. A foto que encontrei no perfil de uma rede social diz-me que pode ser ela, mas não me confirma. Respirei fundo, enviei uma simples questão. Que, havendo resposta, me vai dizer se encontrei ou não quem procuro. Agora é esperar…tenho dúvidas que venha a ter resposta, mas está lançada a questão numa rede social onde ela está inactiva desde Janeiro. Pode ser que um dia, por curiosidade, ela lá volte e veja a pergunta. E pode ser que responda. Fingers crossed.

Não sei ao certo porque me deu agora uma vontade tão grande de reencontrar essas pessoas. A verdade é que sempre quis saber deles, todos e não apenas do escocês de cabelo preto e olhos azuis. Mas agora essa vontade enche-se também de coragem para dizer um simples olá.

Se se lembram de mim? Não faço ideia. Chego a pensar que já se esqueceram há muito tempo. Mas tenho curiosidade. 28 anos é uma vida e 1994 foi noutra vida. Mas gostava de, pelo menos por um bocadinho, voltar a ela. Por mais nada que não apenas saber que estão todos bem.

Agora é esperar. A resposta pode ser que chegue um dia. Mas no que conseguir ainda vou continuar a procurar.

E hoje não há ritual nocturno. Porque não quero. Porque não me apetece falar sozinha. Porque tenho saudades de 1994.

Amanhã? Logo se vê se há ritual matinal. Ou o que for. Mas será um dia bom. Só porque eu quero que assim o seja.

{#206.160.2022}

Segunda feira de férias. E dores. De barriga e no pescoço. A mistura perfeita para não ir à praia e ficar em casa o dia quase todo.

Sair de casa ao fim da tarde, ir à vila. Perdi um dia de praia. Mas ganhei um dia para mim, para me recompor, para recuperar. Também é importante.

Retorno matinal à hora de almoço. Muito breve. Mas retorno. E continuo a sentir falta de maior disponibilidade para dois dedos de conversa. Tenho saudades de quando, mesmo com pouco tempo durante o dia, conversavamos um bocadinho à noite. Dificilmente volto a ter esses momentos. Mas nem por isso deixo de lhes sentir a falta.

Enfim…life sucks. Big time! E não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Por isso, é encolher os ombros, sorrir e acenar.

Amanhã? Será melhor. Previsivelmente com menos dores. Se vai haver praia? Logo se vê. Por hoje chega. Está na altura de recolher e enroscar e avançar com o ritual nocturno. Mesmo que não tenha resposta, mantenho o que me faz sentido, o que me faz sentir bem. Um dia volto a ter retorno nocturno. Com tempo para dois dedos de conversa como noutros tempos. Um dia o meu gut feeling vai ter razão. Por hoje mantenho o que faz sentido. Amanhã logo se vê.

{#205.161.2022}

Domingo. Dia de acordar cedo para a consulta com o terapeuta fofinho. Depois, claro, de mais uma noite interrompida e muito má.

Dia de preguiça. Dia de sofá. Dia de não fazer nada. Muito calor na rua e coragem nenhuma de ir até à praia. Muito cansada depois da noite que tive. Dores de cabeça. Dores nas pernas. Sem vontade de sair.

Mas saí. Porque sair de casa todos os dias um bocadinho faz-me bem. Nem que seja só para um café na esplanada, mesa para um.

Hoje só uma pessoa conseguiria fazer-me ir mais longe do que o café dos domingos. Mas claro que não aconteceu nem teria porque acontecer.

Amanhã, última semana de férias. A ver se aproveito melhor os dias que correm depressa demais quando se está de férias. Ganhar coragem para voltar à praia. Nem que me doa o corpo todo, tenho a praia aqui tão perto e aproveito tão pouco.

Retorno matinal a um Domingo. Não é muito habitual, mas às vezes acontece. Como hoje. Foi breve, foi rápido, soube a pouco. Sabe sempre a pouco. Mas também soube bem. Porque sabe sempre bem.

Mas a dor de cabeça que não passa…há vários dias nisto e não há forma de passar. Talvez quando tiver uma noite inteira de sono descansado…

Resumindo, Domingo de preguiça, um dia sem História ou histórias. E agora fecho o dia, mas sem saber ainda se com ou sem ritual nocturno. Afinal, Domingo costuma ser um dia de ausência, minha.

Logo se vê…

Amanhã? Será melhor que hoje. E não me posso esquecer de continuar a olhar para cima.

{#204.162.2022}

Sábado e mais uma noite interrompida. Desta vez foi o calor. E também a gata. E duas horas passadas em branco a meio da noite.

Mesmo assim, acordar cedo. Muito cedo. Sem despertador. Mas, acima de tudo, sem necessidade.

Tentar voltar a dormir depois do pequeno almoço. Consegui descansar um pouco, até receber um telefonema que esperava em jeito de mensagem. Estava curiosa sobre esta comunicação. Uma abordagem diferente, que em tempos eu já tinha procurado, e que agora me encontrou. Dizem que tudo acontece quando tem que acontecer. E eu sei que sim.

Esta abordagem não me vai fazer desistir do caminho que já percorro com o terapeuta fofinho, mas será um complemento. Que me trouxe, já, algumas perspectivas curiosas e com análises que batem certo comigo.

Também nesta nova abordagem tenho muito trabalho pela frente. Não posso esquecer-me que o resultado só vai depender de mim. E do trabalho que eu fizer. Mas vai ser bom. E vai correr bem.

Ainda de ontem: será para manter o ritual nocturno. E por isso mesmo o repeti, não esperando qualquer retorno. Porque, já sei, retorno nocturno é mais difícil, apesar de ser quando eu tenho maior disponibilidade. Mas ontem, e depois da resposta à minha pergunta, esse retorno surgiu. E, por ser inesperado, soube muito bem.

Já hoje de manhã o retorno também aconteceu. Sem esperar muito dele. Mas aconteceu. E à tarde também. Daqui a pouco volto ao ritual nocturno de aconchego de fim de dia, mas sem esperar retorno. Se surgir, vai saber muito bem, será muito bem vindo. Mas, à noite, já sei que é difícil. Mas também sei que faz sentido para ambos que continue a existir esse ritual nocturno de aconchego de fim de dia.

Num outro registo, finalmente uma presença que esperava há 22 dias sem perspectivas nenhumas. E esses 22 dias só vieram confirmar que estou em fase de mudança. Se estou preparada para essa mudança? Não. De maneira nenhuma. Apesar de ser tempo certo, continuo a achar que é muito cedo. É como receber uma etiqueta com prazo de validade. E esse prazo está cada vez mais próximo. E chegando ao fim do prazo, perde-se a possibilidade de sonhar. Sei que, mesmo sem esse prazo de validade, seria difícil realizar alguns sonhos. Mas voltei a acreditar e a sonhar durante a breve passagem da tempestade perfeita.

Enfim…há coisas que não posso mudar. Outras que só dependem de mim. E outras ainda que o tempo vai confirmar.

Amanhã é dia de terapeuta fofinho. Tenho algumas coisas para lhe contar, desde o exame aos 27 minutos e a resposta à minha pergunta. São já praticamente 6 anos de presença do terapeuta fofinho. Mas não consigo pensar em dispensar essa presença. É com ele que consigo falar de tudo sem grandes problemas. E é com ele também que reflicto sobre o que falamos. E hoje sinto muita vontade de lhe contar coisas. Todas elas reais, mesmo que sem grande importância, mas todas elas minhas.

Sim, amanhã será um dia bom. Mesmo que a noite volte a ser interrompida e que de manhã acorde duas horas antes do despertador. Vai ser um dia bom porque eu quero que assim seja.

Agora? Tentar descansar. Tentar ter uma noite tranquila. E não esquecer o ritual nocturno de aconchego de fim de dia…

{#203.163.2022}

Sexta feira e uma noite praticamente em branco. Tudo porque há pessoas sem noção que não conhecem o que é respeito pelos outros. Sendo esses outros os vizinhos que vivem no mesmo prédio. Já nos tínhamos habituado (já…?) às discussões e cenas de violência noite fora. Agora, a isso, juntam-se as portas atiradas a horas tardias. Uma pessoa quer (precisa…) descansar, mas mesmo morando no primeiro andar não consegue escapar ao ruído infernal que vem do quarto piso… Resultado? Uma noite em branco, uma manhã perdida a fazer o que não consegui fazer à noite (dormir!) e uma dor de cabeça brutal o dia todo. Praia? Ainda não foi hoje que a vi…

Em compensação, ontem fiz a pergunta que precisava de fazer. Finalmente. E, ao contrário do que pensava, ainda foi ontem que tive resposta. E não foi a resposta que julgava que ia ter. Mas foi a resposta que queria. Porto de abrigo a ser porto de abrigo, como sempre.

Era tão mais fácil se não fosse assim. Mas é. E os mixed signals continuam todos lá. Já sei que mixed signals devem ser considerados como um “não”, mas o gut feeling teimoso não me permite ver como um “não”.

Está lá tudo na resposta. Só não vê quem não quer ver.

Mas, pelo menos, perguntei o que queria perguntar. E tive resposta mais cedo do que esperava. E tive a resposta que queria. Só isso já valeu a pena.

Amanhã? Logo se vê. Mas praia vai ter que haver.

{#202.164.2022}

Dia longo que começou cedo para tratar de mim.

Ainda o rescaldo dos 27 minutos de ontem. Que repetiria de bom grado todos os dias. E os mixed signals como resposta. Eu sei o ponto de situação, mas depois há a confirmação do que já sabia e junto-lhe depois esses mixed signals. Como não ter um gut feeling teimoso a berrar aquilo que eu já sei?

Ainda não fiz a pergunta que quero fazer. Mas de hoje não passa. Não pode passar. Mas não posso perguntar como quem está a cobrar seja o que for. Porque, na verdade, não há nada a ser cobrado. Apenas quero saber que passos posso (ou não…) continuar a dar.

All dressed up and nowhere to go. É assim que me sinto depois da manhã a tratar de mim. E com aqueles mixed signals e o gut feeling teimoso que me perseguem.

As férias vão passando. A primeira semana está prestes a chegar ao fim. E só posso concluir que não fazer nada também é uma forma de estar de férias. Mas amanhã quero ir à praia. Tenho-a aqui tão perto e raramente lá vou. Só tenho é que aproveitar essa proximidade e o resto do tempo livre que ainda tenho. Afinal, estou de férias.

Deixo os mixed signals e o gut feeling teimoso para depois. Agora concentro-me na pergunta que preciso de fazer, mesmo já prevendo a resposta. Não me esquecendo, também, do que me foi pedido: que a dinâmica não mude. Porque não tem que mudar. Mas o contexto mudou. E é aí que está a questão. Daí a minha necessidade de perguntar o que preciso de saber.

Hoje faço a pergunta. E, quem sabe, amanhã terei a resposta.

{#201.165.2022}

28 anos depois de 1994 ou 27 minutos ao telefone. Uma coisa não está directamente ligada com a outra. Mas, de certa forma, está.

Começou ontem à noite, com o ritual nocturno. Em que disse que tinha algo para perguntar, mas não perguntei. Retorno pela manhã. Disponibilidade para falarmos. E iniciativa para um telefonema. Que chegou quando eu finalmente fiquei disponível.

Nunca pensei que fosse um telefonema de 27 minutos. Em que se falou de tudo não falando de nada. A minha pergunta ficou por fazer, mas passei a mensagem de que irei fazê-la e vou querer resposta. Mas, com ou sem pergunta, valeu pela conversa e pelos 27 minutos. E, mais uma vez, a certeza de que devíamos conversar mais vezes.

Soube bem. Deu lugar a uma espécie de partilha de momentos meus, da minha história, coisa que, apercebo-me agora, nunca tinha acontecido. Do outro lado sim, várias partilhas de vários momentos. Mas, por algum motivo, em quase 5 anos foram muito poucas as partilhas de mim sobre mim. Mas hoje foi diferente. E soube bem essa partilha.

Amanhã pergunto o que quero saber. Hoje não há ritual nocturno. Sei que não vou ter resposta porque a disponibilidade é pouca. Prefiro deixar para amanhã. Para também ter mais algum tempo para pensar como colocar a questão.

Seja qual for a resposta, será atendida. O importante é não deixar nada por dizer nem permitir que os filmes na minha cabeça tomem conta de mim.

Por hoje, valeram os 27 minutos e a viagem a 1994. Tanto uma coisa como outra são coisas que ninguém me tira.

E isso é tão bom.

1994, 28 anos depois

E, esta tarde, em conversa fiz uma pequena viagem até ao Verão de 1994. Aquele Verão em que fui à praia duas vezes porque estava a passar férias em casa do meu pai com piscina à disposição no último piso do prédio. Praia cheia de gente para quê, se tinha a piscina?
Lembrei-me, também, daquela viagem às urgências de Santa Maria com o meu primeiro ataque de pânico, em que jurava que ia morrer. E lá, na urgência, sempre com o polícia atrás de mim porque o meu comportamento era “suspeito” (pudera! Para todos os efeitos estava a morrer!), a médica que me atende a primeira coisa que soube perguntar foi “então? O que é que meteste desta vez? Coca? Anfetaminas? Foi o quê?”
Simpática, portanto. Baseada no meu aspecto rebelde, apenas, e no comportamento de quem achava (mesmo!) que ia morrer. Passava largamente das 4h da manhã quando fui atendida. Perdi a conta ao número de murros e pontapés que dei naquelas paredes do corredor das urgências porque não sentia os pés e as mãos. E lembroo-me de arranhar os braços e a cara porque também não os sentia. Tudo era um formigueiro. E eu tinha que me sentir.

Não morri. Tinha um exame no dia seguinte e foi isso que fez disparar a ansiedade e disparatar para o ataque de pânico. Na consulta de urgência, depois daquela simpática pergunta, tudo passou e normalizou depois de responder “tenho um exame amanhã”. Deram-me um calmante de dose cavalar e alta. Eram 6h da manhã quando procurei por um táxi à porta do hospital. Táxis havia. Não havia era taxistas, que estavam mais preocupados em jogar à moeda (a dinheiro, claro) do que em apanhar passageiros. A falta que a Uber fazia naquele tempo e não sabíamos…

Fiz o exame. Não me lembro da nota. Mas, sendo um exame (prova global) de História do 10• ano, só pode ter corrido mal…🙄 não o suficiente para chumbar o ano, mas sei que História nunca foi o meu forte.

Começou assim aquele Verão de 1994. Em que a ansiedade e os ataques de pânico eram presença constante. Especialmente à noite, quando saía com a minha mãe para o meio da multidão. Ansiedade e ataques de pânico aos 17 anos em 1994? Quando ainda não se falava disso? Era todo um mundo novo desconhecido e assustador.

Mas depois havia a piscina. E foi lá, na piscina, que conheci aquele escocês de cabelo preto e olhos azuis por quem acabei por me apaixonar. E o resto do Verão foi tudo o que tinha que ser quando se tem 17 anos e uma piscina à disposição e as hormonas típicas da idade. E a rebeldia que me fez meter a mochila às costas e as Doc Martens nos pés uns meses mais tarde para cumprir as promessas desse Verão.

28 anos depois (como assim, 28 anos?), para variar não me esqueço de pormenor nenhum (a minha memória chega a ser assustadora…).
Gostava de saber dele (não, o Facebook não ajudou…🙄) e dos irmãos. Just because. Mas valem-me as memórias de um Verão adolescente com muito para contar.

E não, os ataques de pânico não me impediram de ir sozinha, de comboio aos 17 anos, até Bruxelas atrás de um escocês de cabelo preto e olhos azuis.

Se fosse hoje? Fazia tudo igual. Desde os murros e pontapés na urgência do hospital, passando pelo Verão na piscina até à viagem a Bruxelas. Mas desta vez (já) ia de avião.

Posso já não ter 17 anos no Cartão de Cidadão, mas não ando muito longe na minha cabeça.

Valem as memórias. E as histórias para contar. Essas ninguém mas tira. E isso é tão bom.

{#200.166.2022}

Terça feira e o exame. Depois de uma noite muito má, entre ansiedade que não me deixou adormecer cedo, calor e o despertar habitual da minha gata, foi um dia difícil de suportar.

Reunião de preparação para o exame bem cedo, sair de casa um bocadinho para entrar nos eixos e voltar aos testes. Foram semanas de muita dedicação, muito trabalho. Para chegar o momento de pôr em prática o conhecimento adquirido num exame que não foi mais do que mais um teste, igual aos outros que já estavam feitos.

Correu bem. Foi um resultado positivo, como se queria. Não sabendo percentagem, sabendo apenas que tive nota suficiente para passar e que terá sido bom.

Posso, finalmente, entrar de férias. Descansar o que preciso. Focar-me em mim.

Ontem respondi ao que ainda não tinha respondido. Claro que retorno só o tive hoje. Mas não foi importante. Afinal, o meu foco ontem era outro.

Cada vez tenho menos dúvidas quanto ao motivo de não ter retorno nocturno como tinha noutros tempos. E sim, sinto-lhe a falta. Era uma espécie de aconchego para fechar o dia. Faz-me falta. Claro que sim. Mas talvez seja altura de deixar esse aconchego de parte de uma vez.

Mas isso que quero saber. É isso que quero questionar. Ainda não o fiz porque o foco dos últimos dias tem sido o estudo e a preparação para o exame. Mas tenho que o fazer.

Se receio a resposta? No fundo acho que já a sei. Apenas preciso de confirmar.

Até lá mantenho o ritual nocturno de aconchego de fim de dia. Sei que não terei resposta. Mas não fui eu quem cobrou a mudança e também não fui eu quem disse que nada devia mudar.

Hoje deixo o aconchego habitual mais cedo, porque estou muito cansada. Vulnerável, quase. Daí também não questionar nada hoje. Amanhã, mais descansada. Amanhã, questiono. E o que houver de retorno será respeitado. Correndo o risco de se perder algo pelo meio.

Enfim…estou demasiado cansada. Neste momento não consigo pensar em muito mais para além de ir descansar.

Amanhã? Logo se vê.

{#199.167.2022}

Segunda feira. De férias. E o dia todo a estudar.

E uma mensagem logo de manhã. Que não respondi. Ainda. E outra ao fim da tarde. Também sem resposta. Ainda. Porque o foco do dia de hoje foi outro. Se me custou não responder? Custou. Mas, pelos vistos, a falta de resposta fez-se sentir do outro lado.

Quem volta e meia não tem resposta sou eu. Hoje os papéis inverteram-se ligeiramente. Se fez diferença? Duvido.

Mas hoje não foi, de todo, um bom dia para responder. A cabeça está muito focada no dia de amanhã, dia de exame, que tem que correr bem. Mas sim, ainda devo responder hoje. Depois? Logo se vê. O que quero perguntar vai ter que ficar para amanhã depois do exame. Para já concentro-me no que tem que ser feito como deve ser e que tem que ter um resultado positivo. A ansiedade do exame já é suficiente para me incomodar.

Amanhã, reunião de preparação para o exame logo de manhã, algumas horas para revisões e testes preparatórios e depois do almoço logo se vê.

Agora é tentar dormir. Tentar descansar. Para amanhã estar de cabeça fresca.

Tudo o resto vai ter que esperar.

{#198.168.2022}

Domingo que começou cedo. Consulta de manhã com o terapeuta fofinho, das poucas coisas que ainda me trazem algum sentido de normalidade. São momentos semanais que me fazem bem e me permitem falar sobre tudo o que trago cá dentro e que normalmente não sai com mais ninguém.

Muita preguiça neste segundo dia de férias, mas com algum estudo pelo meio. A tarde foi dedicada a reler manuais. Devia ter feito testes de preparação para o exame, mas não tive coragem. Amanhã sim, para além dos manuais irei também dedicar-me aos testes. Última oportunidade de meter na cabeça o que teima em não entrar.

E também amanhã, quem sabe, tenho resposta a uma simples pergunta feita esta tarde. Mas novamente o silêncio… E é esse silêncio que preciso de entender, especialmente depois de me ter sido cobrada a minha mudança. Não entendo. Afinal, mudei mas depois de me apontarem essa mudança e me dizerem que não era suposto mudar, alguém mudou. E não fui eu.

Enfim…é uma treta, essa é que é essa. Se podia tudo ser mais fácil? Podia, se o outro lado fosse como a tempestade perfeita que, conforme apareceu, desapareceu. Mas não é. É um porto de abrigo. Ou era. Já não sei. Sei, sim, que tudo seria mais fácil se não fosse quem é. E o que é.

Amanhã volto a perguntar. A repetir. E, amanhã, irei relembrar que não gosto de falar sozinha. E começa a ser um hábito. E é um hábito desnecessário para quem queria manter tudo como estava. A menos, claro, que os filmes na minha cabeça estejam certos. E, se assim for, algo de muito errado aconteceu.

São quase 5 anos de rituais matinais e nocturnos. Se for para acabar com isso, prefiro que mo digam abertamente. Mas que me digam mesmo se essa for, de facto, a vontade. Não acredito que seja. Mas parece, neste momento, não fazer grande diferença.

Amanhã? Logo se vê. Vou pedir resposta. Se não tiver, é o mesmo que dizer que já a tenho.

Encolher os ombros, sorrir e acenar. Mereço mais.

Enfim…

{#197.169.2022}

Sábado e primeiro dia de férias. E, percebo logo de manhã, que já estou farta de não ter nada para fazer… Tenho que estudar, é verdade, mas hoje não me apeteceu. Hei-de ir à praia, mas praia ao fim de semana é de evitar. E o calor ainda está demasiado.

Amanhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho. Depois disso dedico-me ao estudo. Talvez só à tarde, porque já sei que depois da consulta é tempo de desligar por mais um bocadinho.

Vão ser duas semanas longas, sem ter nada para fazer… Já não sei, nunca soube, estar sem fazer nada. E isso preocupa-me porque estar sem fazer nada é abrir espaço para a minha cabeça começar a vaguear. A produzir filmes. E isso não é bom.

Hoje houve retorno. Mas acho que só existiu como retribuição de uma mensagem sincera e honesta. Faltou o resto. Talvez tenha sido falta de vontade de responder? Talvez um qualquer condicionamento? Quem sabe? A minha cabeça decididamente não sabe e, ao não saber, perde-se por aí.

Hoje não foi um dia mau, mas também não posso dizer que tenha sido bom. Foi só mais um dia que passou. Amanhã? Logo se vê. Espero por retorno que já sei que não vou ter. Logo se vê…

{#196.170.2022}

Sexta feira e as férias que começaram às 19h.

Uma noite muito má, por causa do excesso de calor. Senti-me verdadeiramente mal. Assustei-me, claro. Mas ligar a ventoinha o resto da noite acalmou o calor excessivo e permitiu-me uma melhoria. Mas sim, assustei-me. Como me assusto sempre com aquilo que não consigo controlar, que foge das minhas mãos. Como ontem à noite.

Felizmente hoje o calor parece ter abrandado ligeiramente. Vamos ver como corre a noite. Mas, já sei, será uma noite de ventoinha ligada. Controlo melhor o frio do que o calor.

Retorno esta manhã. Breve, mas existiu. E repito que tenho saudades de outros tempos. De outros retornos mais presentes. Eu sei que as coisas mudaram e nada me tira da ideia que a falta de retorno vem dessa mudança. Mas não é justo apontarem-me a mim a mudança quando estava magoada e mudarem também quando me dizem que não para mudar nada.

Enfim…os filmes na minha cabeça vão crescendo, claro. Acredito saber a razão da mudança. E, já o disse, não me admiro se estiver, de facto, certa. E não tenho muitas dúvidas que estarei, sim.

Encolho os ombros. É sorrir e acenar, certo? O tempo vai dar-me razão.

Agora quero aproveitar as férias. Descansar. Há mais de um ano e meio que não podia dizer isto, mas agora posso: estou de férias. E vão ser duas semanas que me vão saber muito bem.

Se a isso puder juntar a presença de retorno, melhor.

Amanhã? Será melhor.

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Quinta feira e o calor. Ainda.

E quinta feira e falar sozinha. Ainda. Ou não, porque hoje não tentei o retorno. Se ainda o vou fazer? Não sei. Só sei que não gosto de falar sozinha…

Amanhã? Continuarei sem retorno. De certeza. Mas talvez o calor dê uma ligeira trégua.

Veremos como corre.

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Quarta feira. Agora sei que é quarta feira. Não o sabia quando deixei o trabalho para trás. De que valem as boas avaliações no trabalho quando se chega ao fim do dia sem saber que dia da semana é?

Calor. Muito calor ainda. E eu começo a dar sinais de pouca resistência ao calor. A noite foi má, não só interrompida pelo motivo habitual mas também pelo excesso de calor.

E volto a não ter retorno. Nem à noite, nem de manhã quando costuma ser hábito. E, claro, na minha cabeça fazem-se filmes. Diferentes dos habituais, mas nem por isso menos plausíveis. Quero muito estar errada, mas se estiver certa não me admiro. Enfim…para já não são mais do que filmes. Mas a ausência permite que eles se desenrolem. E ausência custa a aceitar, especialmente quando me disseram que nada teria que mudar. E por isso mesmo eu retomei os rituais depois de uns dias diferentes. E depois de me apontarem essa mudança. Sim, é sinal que a mudança foi sentida e foi recebida e até percebida, mas talvez não totalmente. A verdade é que voltei aos rituais no registo de sempre. E agora, de um dia para o outro, o silêncio, a ausência. Não gosto disso.

Lembro-me, todos os dias, daquele primeiro dia. Daquele momento em que percebi que já não havia volta a dar. Todos os dias me lembro. E todos os dias confirmo que, se voltasse atrás, faria tudo exactamente da mesma forma. E sei que iria gostar da mesma forma.

Não é possível voltar atrás e repetir o primeiro dia. Mas é possível fazer diferente daqui para a frente. Mesmo que me apontem essa diferença. Mereço mais do que silêncio e ausência. Mas e se eu for silêncio e ausência? Não sei se o consigo ser. Mas às vezes penso que devia ser. Só a ausência permite sentir falta de algo. Vamos ver…tenho que pensar sobre o que fazer a seguir. Mas estar sempre presente nem sempre é positivo.

Vou ter que, em silêncio, sentir a ausência. E, quem sabe, fazer-me ausente. Quem sabe se fará diferença…

Só quero que esteja tudo bem. E acredito que esteja. Mas queria mais do que silêncio e ausência…