Poder dizer a alguém “Gosto de ti!” e, como resposta, ter correspondência é tão bom. E é tão importante. Não me lembro quando foi a última vez que isso aconteceu antes do momento presente, em que todos o dias o digo, em que todos os dias mo dizem. E é sempre importante quando isto acontece, mas ganha outro peso quando nos sentimos menos bem, quando a Depressão teima em dar sinais de estar de volta…
A Depressão come-nos por dentro. E, quando ataca, não há sítio pior para estar do que dentro da própria cabeça… Como eu estou agora. Presa dentro do que não interessa, a minha cabeça. Cheia de ruído, de vozes que me atacam, que me diminuem. Mas depois, e à distância de um clique, está quem faz a diferença e me relembra, todos os dias, que eu sou mais e melhor do que as vozes na minha cabeça apregoam.
Gosto de ti. Muito. Tanto, tanto. E é tão bom saber que sentes o mesmo que eu sinto. E que não me deixas sozinha.
Tatuagens na memória. Tatuagens que ficam gravadas. E que me ajudam a silenciar as vozes na minha cabeça.
Sim, a Depressão é um bicho filho da mãe. Já lá estive antes e não queria voltar. Mas, por algum motivo, estou lá novamente. E não quero. Mas, apesar de tudo, não sei como sair de onde estou. Porque sim, já saí antes. Mas não sei ao certo como. E agora também não sei como sair. Sei, sim, que o não estar sozinha é muito importante. Mas também é um peso para quem está do outro lado. E não é justo…
Prometo a mim mesma, todos os dias, que não vou deixar-me levar pelo caminho mais fácil que é deixar-me ir pela melancolia e até pelo medo. Mas todos os dias acabo por ir mas um bocadinho…
É como o caminhar…tenho que me obrigar a andar para lutar contra a dificuldade na mobilidade. Porque, já sei, se hoje não andar amanhã será pior. E isso não pode ser. E é também essa dificuldade que me empurra para este estado que não quero.
No fundo é uma pescadinha de rabo na boca: quando ando, sinto a dificuldade e a descoordenação. E cresce a frustração e a revolta. E sou atirada para um estado de Depressão que pesa e dói. Ao mesmo tempo é uma bola de neve que cresce todos os dias um bocadinho e eu não sei como travá-la.
Sinto-me diminuída e consequentemente mais desanimada e frustrada. Mas depois, à distância de um clique, há quem me oiça e me estenda a mão. E me diga “Gosto de ti” mesmo que eu não o diga primeiro.
É, os últimos tempos têm sido estranhos. Difíceis, até. Mas faz-me bem saber que não estou sozinha. A Depressão aproxima-se a passos largos de um lugar de destaque nos meus dias. E eu tenho que lutar contra ela. Mas fica difícil quando vejo tudo cinzento e todos me dizem que a vida é colorida…
Não, não estou sozinha. Sim, digo “Gosto de ti” sem receber silêncios constrangedores do outro lado. Recebo exactamente a mesma frase.
Gosto de ti. Muito. Tanto, tanto. E só posso agradecer por estes 5 meses em que aprendi a importância de quem está à distância de um clique.
