Author Archives: Kooka

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Se perguntarem por mim, dir-vos-ei que não estou. Esta que vos fala é outra que não eu.

{#078.289.2024}

Mais um início de semana e o que se prevê é que seja mais do mesmo, para variar. Fisioterapia, sofá, Yoga ao fim da tarde de quarta feira seguido de Yoga Nidra que é meditação guiada, e o resto do tempo é nada. Vazio. Sinto falta de me sentir útil, é um facto. Estou em condições para regressar ao trabalho? Não, não estou.

O dia hoje foi estranho. Adormeci muito tarde para acordar cedo e estar despachada a horas da chegada do transporte dos Bombeiros. A chegada ao hospital ocorreu 1 hora e 10 minutos antes da hora marcada para a fisioterapia. Deu-me tempo para passar no secretariado de neurologia para confirmar a receção do meu email de ontem à noite e fiquei a saber que a administrativa que me atendeu na sexta feira está em cima do assunto. Seja. Agora é esperar. E se, até sexta feira, não tiver qualquer resposta o que ficou combinado foi passar lá novamente.

Acredito que há bons profissionais e funcionários dedicados mesmo entre aqueles de quem toda a gente fala mal: nos funcionários públicos. Eu sei que é mais fácil apontar o que corre mal e os profissionais que se destacam pela negativa. Mas também sei que há os que se destacam pela positiva. Tenho um desses exemplos cá em casa, embora já reformada há quase 14 anos: a minha Mãe.

Mais um dia de fisioterapia, agora com os estagiários novos que ainda não se sentem à vontade com quem não conhecem: eu. Vamos dar tempo ao tempo. Eu tinha prescrição para 12 sessões, terei a última prevista esta quarta feira, mas já sei que será para continuar. Por isso, vamos dar tempo ao tempo, dar tempo aos rapazes para se integrarem e se habituarem.

Depois do regresso a casa, a necessidade urgente de ir até à esplanada. Desde manhã que a cabeça queria estar em todo o lado menos em casa. Até na fisioterapia me custou estar. Cheguei lá como saí daqui: com vontade de chorar.

Depois do café na esplanada, voltei para casa para enroscar e aninhar no sofá e adormecer quase de imediato. Duas horas ali. Quentinha, confortável, e a desligar-me do que me pesa.

Passa das 22h20m e a vontade continua a mesma: chorar. Não consigo explicar o porquê, mas é assim que me sinto. Falta-me um colo físico para deitar a cabeça e deixar-me ficar o tempo que eu precisar enquanto me mexem no cabelo. Tenho esse colo à distância de um clique, eu sei que sim. Mas falta-me esse mesmo colo à distância de um toque de pele com pele.

Não falta muito e vou enroscar e aninhar na minha cama. Pode ser só sono. Pode ser que passe. Logo se vê como será amanhã. Já sei que estarei sozinha a tarde toda. Por isso logo se vê…

Agora? É descansar. Porque se há coisa que isto me trouxe, seja lá isto o que for, foi a fadiga, o cansaço constante. E por isso durmo tanto e adormeço depois do almoço ou quando regresso da fisioterapia.

Por isso, dou o dia por terminado por hoje. Amanhã? É um novo dia, provavelmente igual a tantos outros para trás e até, eventualmente, para a frente. Por isso, boa noite para quem fica.

{#077.290.2024}

Costumo dizer, a brincar, a frase “só me gozam”. Há muito tempo que digo isso, ainda antes desta coisa que ainda não tem nome dado pelo médico. Mas eu sou a primeira a gozar comigo mesma. E chego a rir com isso. E quando eu digo que só me gozam sei que não o estão a fazer.

Eu opto sempre pelo caminho da brincadeira. Do riso. Torna tudo tão mais fácil.

E hoje, mais uma vez, disse a alguém que só me goza. Isto porque eu não sei, continuo a não saber!, fazer resumos. E hoje tive que enviar um email importante e optei por escrever primeiro o rascunho no caderno A5 que me acompanha sempre, todos os dias, em todo o lado. O email é um pedido de relatório médico, mas foi necessário explicar muita coisa, desde o que aconteceu que me levou a fazer o pedido até ao meu estado actual e tanto mais. Foram 7 páginas e meia escritas à mão que me levaram algum tempo a acabar de escrever. E depois foi mais uma hora a passar do papel para o email. No telemóvel. Se tivesse sido no computador talvez tivesse demorado menos, mas não me apeteceu ir buscar o portátil. Não quis saber.

O que sei é que já é MUITO tarde (passa da 1h da manhã…) e amanhã é dia de acordar cedo para ter tempo de acordar devagarinho, tomar o pequeno almoço, tomar banho, tentar encontrar tempo para um café, almoçar pelas 11h e meia porque os bombeiros deverão chegar pelo meio dia e pouco para me levarem para a fisioterapia.

A verdade é que tenho muito sono mas pouca coragem para sair do cadeirão para ir para a cama… Mas vai acontecer.

Por hoje chega. Foi um dia muito comprido e estranho, muito estranho. Não sei bem porquê, mas talvez a estranheza seja a viagem de comboio e Metro desde o Entroncamento até ao Jardim das Amoreiras. Passou das 2 horas, falou-se de tudo e de nada. Fiz uma viagem mais ou menos longa sem sair de casa. E isso é estranho.

Mas agora chega! Cama! Já! Amanhã logo se vê.

{#076.291.2024}

Há mudanças que chegam para ficar. E há quem não as aceite de início, outros há que não aceitam nunca. Há mudanças às quais é muito difícil de nos habituarmos. Mas elas estão cá e não vão a lado nenhum.

Para quem assiste de fora à chegada de todas essas mudanças pode ser frustrante não saber como lidar com essas mudanças que são, muitas vezes, novas necessidades. Já me perguntaram como podem ajudar, o que podem fazer. E eu respondo sempre “basta estares aí”, porque de facto é-me suficiente saber que, apesar da minha condição actual que pode ainda vir a ser mais complicada, as pessoas que gostam de mim continuam presentes.

Sim, eu TENHO uma doença. Mas NÃO, eu NÃO SOU a doença. Sou tão mais do que apenas isso. E continuo a mesma, mesmo que esteja ainda a aprender esta nova realidade e a ajustar o meu corpo às dificuldades e mudanças.

A cabeça, apesar de eu tentar passar a ideia de que estou bem, também tem dias menos bons. E o que sobressai de imediato são as minhas sempre presentes inseguranças. Mas esses dias menos bons acabam por passar e o sorriso fácil reaparece.

E a única coisa que peço, a única coisa que preciso e que, de facto, me ajuda é que quem gosta de mim se mantenha presente. Porque eu continuo a ser eu. Muito mais do que apenas uma doença.

Sim, ainda estou a aprender a lidar com isto. Não, ainda não aceitei. Mas, já aprendi, é um dia de cada vez.

E depois há 18 minutos ao telefone que fazem tanta diferença!

Relembro: eu continuo a ser eu. Sim, eu TENHO uma doença. Não, eu NÃO SOU a doença. Sou tão mais do que apenas isso.

E a única coisa que realmente preciso é que não desistam de mim e que continuem desse lado como antes disto

{#075.292.2024}

As pessoas e os pequenos poderes. Todas elas que têm, como função, fazer-se valer de pequenos poderes devem ter no CV obrigatoriamente mestrado e pós graduação em Total Desumanidade com especialização em Falta de Empatia. Dá-se preferência a quem desconheça por completo o que é Empatia.

Pequenos poderes. Desde sempre que não posso com eles, não os aceito e não sei lidar.
E, pelos vistos, na Segurança Social eles andam por lá. Nunca me tinha cruzado com estas criaturas antes. Hoje foi a estreia. Das vezes anteriores eu tinha autorização para falar e até entregar toda a documentação clínica disponível. Hoje? Não demorei 2 minutos no gabinete, não fui autorizada a abrir a boca para dizer fosse o que fosse, foi recusada toda a informação clínica que levava. Foi-me exigido um relatório que ainda não existe porque o diagnóstico ainda não foi fechado. Assisti ainda a um momento de pura adivinhação quando uma das criaturas me fechou, logo ali, o diagnóstico e assumiu que eu, sendo funcionária de um call center, estava mais do que em condições de fazer outras coisas que não atender telefonemas, quando, num call center, as funções são unicamente atender telefonemas.

Gente desumana, sem qualquer tipo de empatia e muito feliz pelos pequenos poderes que tem em mãos. Penso que, também por isso, toda a gente, e foram muitos, que entrou naquele gabinete antes de mim não demorou mais do que 2 minutos.

Pequenos poderes. Há quem não viva sem eles…

………

Por outro lado, há aquelas pessoas que passam por nós brevemente e que, quando o trabalho assim o exige, se vão embora deixam uma espécie de vazio. Foi isso que aconteceu esta tarde com os estagiários de fisioterapia que tão bem me acompanharam desde o primeiro dia. Deixaram, logo desde o início, que eu fosse tal e qual aquilo que sou e que várias vezes lhes repeti e eles, juntamente comigo, riam sempre: “sou um bocadinho palerma e meio pateta”. Isto tudo porque tenho levado sempre os tratamentos a rir e a brincar mesmo quando trabalhávamos forte. Havia sempre tempo e disponibilidade para rir. E eles já sabiam também que eu optava sempre pelo mais difícil, mesmo em exercícios aparentemente mais fáceis. Disse-lhes várias vezes que não gosto do caminho mais fácil. E ia sempre um bocadinho mais além.

Tantas vezes, em exercícios com bola no chão, parecíamos miúdos no recreio da escola a jogar à bola.

Hoje houve despedida. A custo. Mas houve bolo a que também tive direito, houve beijinhos e abraços. Houve, da parte deles, agradecimento pela confiança no trabalho deles. Respondi que eu é que agradecia pelo trabalho que tiveram comigo.

Provavelmente nunca mais nos cruzaremos. Mas deixei-lhes o recado: riam! Muito! Ajuda em tudo!

Sei que, para o estágio deles, sou um Estudo de Caso. E espero, sinceramente, que no meio de tanto disparate, o resultado do estágio seja muito bom. Não peço menos que isso.

E, ao vir-me embora, ainda tive tempo para lhes dizer: “desejo-vos tudo de bom, seja a nível pessoal, seja a nível profissional”…

Dizem eles que segunda feira chegam dois novos estagiários também bem dispostos e que lhes iriam passar o testemunho. Acredito nas palavras deles. Mas nada vai substituir estes dois meninos, provavelmente por terem sido os primeiros ou simplesmente por serem como são. Nunca saberemos. Segunda feira conheço os novos estagiários. Let’s wait and see.

Agora, e depois de um dia longo, surreal e de emoções à flor da pele, está mais do que na hora de enroscar e aninhar. Amanhã há Yoga logo cedo. E à tarde o telemóvel deve tocar. Por isso é hora de, finalmente, descansar. Amanhã há mais.

{#074.293.2024}

Quinta feira, aquele dia em que não tinha nada marcado na agenda, nem consultas, nem exames, nem fisioterapia. Decidi que seria um dia dedicado ao que estava a precisar: descansar.

Acordei às 6h da manhã, para variar, tomei o pequeno almoço e um comprimido para a dor de cabeça que me acompanhava desde ontem, voltei para a cama às 7h30 e dormi. Muito. Estava tanto a precisar disso…

Fui ao café, muito barulho na esplanada, novamente (ou ainda?) a dor de cabeça e a intolerância ao ruído. Voltei para casa e dediquei-me, finalmente, a fazer e enviar o convite para aquilo que eu quero muito que aconteça: o meu jantar de aniversário. Que, nos moldes que estão propostos, não me parece que vá acontecer. Para ter acesso ao menu de grupo no restaurante que escolhi preciso de 13 confirmações. Tenho 3. E uma delas sou eu…

Logo se vê…

Agora, mesmo passando pouco das 22h, é mais do que tempo para dar o meu dia por terminado. Amanhã há mais. E depois logo se vê. Mas por hoje já chega. O dia amanhã vai ser longo…

{#073.294.2024}

Quarta feira. À hora de almoço fisioterapia, perto da hora de jantar Yoga, aula normal, seguida de Yoga Nidra, meditação guiada.

Uma dor de cabeça que não me larga desde que saí para a fisioterapia ao meio dia. São 23h56 e ela cá continua.

E o que também continua é a insegurança. Confiei e agora não sei. Não sei mesmo. E também não sei como esclarecer, dissipar a dúvida, voltar a confiar, voltar a acreditar. Ou simplesmente aceitar que é uma coisa inocente. Já não sei… Nada! Kooka a ser Kooka. E, aqui, aplica-se a qualquer cenário. Logo se vê. Por muito que me esteja a custar, por muito que queira esclarecer, não sei como aguentar nem como esclarecer. Sei que não gosto do que me faz sentir quando o que sentia há dois dias era muito mais bonito.

Amanhã é dia sem agenda, portanto vai ser amanhã que vou conseguir fazer o que todos os dias digo que vou fazer: dedicar-me ao Photoshop. E é se quero um jantar de aniversário que não sozinha. Que é o habitual e que me deixa profundamente deprimida, mesmo. Por isso, amanhã é dia de fazer o que já devia estar feito e enviado.

De resto, é acreditar que é só a minha insegurança reforçada pela distância a falar.

Amanhã? Logo se vê…

{#072.295.2024}

Acho que estou chateada. Ou zangada. Ou o que for. Mas é, acima de tudo, comigo mesma.

Mais uma voltinha, mais uma viagem ao Hospital, mais uma análise, desta vez mais rotineira e cujo resultado irei saber na consulta da próxima semana. Menos mal. Mas nunca me imaginei a ir tantas vezes ao Hospital com no último mês e meio…

Tirando isso, estou chateada. Ou zangada. Ou, pior do que tudo isso, é uma grande dose de insegurança aliada a uma pitadinha de ciúmes. There, I said it.

Não gosto de silêncios. Não dizem nada de bom. Não vou marcar presença. Não me vou impor. Eu em primeiro lugar, certo? Seja. Mesmo depois de 9 meses, pela primeira vez a dúvida, desde sempre a insegurança.

Não. Não serei eu a quebrar o silêncio. Depois? Logo se vê. A insegurança fala muito alto. Chega a gritar. E, neste momento, não quero dar-lhe ouvidos.

Tenho muito com que me preocupar. E toda essa preocupação é comigo. Só comigo. Por isso, quem quer estar, está. Quem não quer, siga viagem. Em primeiro lugar estou eu.

Hoje o dia foi comprido e cansativo. Pelo menos a manhã. A tarde, que tinha destinado ao Photoshop, acabou por ser de recuperação da manhã. Estava exausta 4 autocarros depois.

Amanhã. Depois da fisioterapia, antes do Yoga, não posso ceder ao sofá.

Tudo o resto? O silêncio, a insegurança? Ficam para depois. Não agora. Mas não vou, nem posso!, ser eu a quebrar o silêncio…

9 meses depois, a dúvida, a insegurança e aquela pitadinha azeda de ciúmes…

Whatever!

Amanhã logo se vê. Hoje não. Não quero. Amanhã.

{#071.296.2024}

Fisioterapia terminada por hoje. Muitos saltos no mini trampolim, passadeira e passagem de bolas de vários tamanhos, passagem pelo corredor em ziguezague a contornar obstáculos e um bocadinho de Yoga para trabalhar o equilíbrio no final.

5 estrelas como sempre, graças ao Daniel e ao Ricardo, os estagiários a quem, de bom grado, chamo meus meninos e que me fazem rir muito durante as sessões de fisioterapia. Hoje avisei à chegada que estava de mau humor e muito zangada com os resultados de ontem. O Ricardo foi trabalhar com o sr. João e, como sempre, o Daniel ficou comigo. E sim, estivemos a falar dos resultados e do que aí pode vir.

O Daniel tem, literalmente, metade da minha idade, 23 anos. É aquilo a quem ainda nos atrevemos a chamar de miúdo. Mas, pelo que conversámos hoje sobre o resultado das eleições, o Daniel tem a cabeça no sítio. E fico muito contente por ele.

O estágio do Daniel e do Ricardo neste hospital termina sexta feira. Já lhes disse (várias vezes) que lhes vou sentir muito a falta. Eles riem-se e dizem sempre que quem vem a seguir, o Miguel e o Alexandre, também me vão tratar bem, ao que eu respondo sempre que não é a mesma coisa.

Sexta feira vai ser dia de despedidas e eu não gosto nem um bocadinho de me despedir de ninguém, muito menos de quem me marca pela positiva. Como estes dois.

Muito trabalho feito e feito a sério, diz o Daniel que já mostro progressos. E, no meio destas sessões em que houve sempre muito trabalho e que desde a semana passada tem aumentado de intensidade, o que nunca faltou foi risota. Presente desde o primeiro dia. E a risota ajuda MUITO nos exercícios propostos, que tantas vezes se pareceram com pura brincadeira.

Ao Daniel e ao Ricardo tenho que agradecer. E agradeço MUITO. E, do fundo do coração, desejo-lhes TUDO de bom. Seja a nível profissional ou a nível pessoal. Só desejo que sejam muito felizes. E que continuem a rir! Muito!

…e, noutro tema: faltam exactamente 15 dias para o meu aniversário. Se já fiz e enviei os convites? Claro que não. Mas de amanhã não pode passar, embora ande a dizer isto há demasiados dias. Mas amanhã vai!

{#070.297.2024}

Há um ano, escrevia isto nas redes:

“Tão mas tão zangada…
Critérios que não fazem sentido? É ali. Como se o trabalho presencial fosse garantia de melhoria nos resultados. Sendo que o único resultado a precisar de ser melhorado é o tempo médio de chamada. Resumindo, preferem ter clientes a ligar duas e três vezes pelo mesmo motivo e porque não lhes foi explicado nada, é isso? Tá bem. Então quando regressar ao trabalho presencial na segunda feira vou começar a despachar clientes sem explicar nada só porque, como estarei em trabalho presencial, vou automaticamente melhorar o resultado do tempo médio de chamada. Faz sentido. Só que não.

Tão mas tão zangada. Mesmo. Quando as coisas não fazem sentido (porque não fazem!) fico zangada. Mas tá bem, pronto. Só que não!”

No blog também desabafei…ainda sem contar com os dias que se seguiriam…

Este ano, ao recordar este dia, escrevi isto também nas redes:

“E foi há precisamente um ano que me zanguei como nunca me tinha zangado antes. Completamente virada do avesso. Ao ponto de não me reconhecer. Era sexta feira. O fim de semana serviu para tentar digerir a decisão daquele que, nesse mesmo dia, ganhou o cognome de Calhau Com Olhos. Tentei digerir mas era tudo de tal forma indigesto que não consegui. Virada do avesso o fim de semana todo e mais além. Há atitudes que ainda hoje, um ano depois, continuam a não fazer sentido. Para ninguém. E para mim não fizeram mesmo. A verdade é que me atingiu de uma forma que não sabia possível. Não me reconheci a mim mesma. Mas na segunda feira apresentei-me no loca de trabalho (presencial) ainda a tentar digerir e ainda virada do avesso.
Foi, até hoje, a primeira e única vez, que alguém me alterou ao ponto de não me reconhecer a mim mesma.
As dores de cabeça intensas e persistentes começaram aí. E mantiveram-se durante meses. Até fazer TAC e Ressonância Magnética Craneo Encefálicas que descobriram aquilo que, ainda hoje, não passa de uma suspeita porque o diagnóstico ainda não está completamente fechado.
Já existiam sinais. Muito leves. Mas depois desse dia, há um ano atrás, foi vê-los cada dia mais presentes e mais intensos.
Se há uma relação entre uma coisa e outra? Ainda não sei. Mas acredito que este episódio possa ter despoletado algo que estivesse latente. Porque, naqueles dias em que me viraram do avesso, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas que tenha feito estragos, dada a violência do que senti dentro de mim.
Foi há um ano. E não me esqueço.”

E, diz quem sabe disto mais do que eu, sim, é possível que tenha sido uma grande ajuda para iniciar este processo em que me encontro agora, ter despertado o que estava latente com sinais ainda muito ténues mas que agravaram substancialmente depois deste episódio que me virou do avesso…e também não esqueço.”

…….a respirar fundo pelo desfecho do dia de hoje, dia de Eleições Autárquicas. Com resultados que são difíceis de entender, até de aceitar. Fascismo? Sempre lhe disse não, mesmo quando ainda pouco sabia sobre ele. Mas depois cresci e aprendi. E reforcei: NÃO!

Mas os resultados de hoje são medonhos. E eu, claro, tenho medo. Só me resta dizer que é preciso sair à rua, lutar e fazer valer Abril.

Isso e dizer palavrões feios, daqueles típicos de quem está ainda incrédula quase 4 horas depois das primeiras projecções. E a vontade é fugir. Para um sítio melhor do que aquele que se prevê para aqui…

{#069.298.2024}

Sábado, aquele dia aborrecido da semana, menos para o meu momento actual que não dá tempo para aborrecimentos. É acordar cedo, tomar o pequeno almoço, mudar de roupa, ir beber um café se houver tempo, ir até ao Yoga, fazer a aula, fazer o caminho de volta, voltar ao café por um bocadinho, começar a chover a sério com vento gelado e forte no momento de voltar sozinha para casa, tentar andar mais rápido e não conseguir sempre com medo de me desequilibrar e cair, chegar a casa gelada e encharcada, mudar de roupa para algo seco e quentinho, aquecer as almofadas térmicas de trigo e enroscar no sofá até ao regresso da minha mãe. Ficar ali a aquecer até que ela volta, almoço ligeiro, voltar a aquecer as almofadas que ainda estavam mornas, voltar a enroscar no sofá e apagar ali. A tarde toda. Ainda houve tempo, quando acordei, para lanchar. Mas não houve coragem para sair do quentinho do sofá até ao jantar.

Agora, jantar terminado, acabar de escrever no blog sobre um sábado que não teve tempo para ser aborrecido e, daqui a uns minutos, rumar à cama. Uma coisa que não me posso esquecer e já começa a acontecer demasiadas vezes: ligar o carregador do telemóvel. Amanhã de manhã é dia de consulta com o terapeuta fofinho, o telemóvel tem que estar totalmente funcional quando acordar.

Ainda tenho um trabalho em Photoshop para fazer, que já devia estar terminado e ainda nem sequer comecei, mas ainda não foi hoje que consegui ter energia para pegar no computador. Os meus dias têm sido isto: completamente esgotada depois de fazer um esforço por mínimo que seja, a energia esgota-se logo. Daí aterrar no sofá tão facilmente e por tanto tempo. Mas amanhã, mesmo sabendo que no final da consulta vou estar esgotada mesmo sem sair de casa, vou ter que evitar enroscar no sofá e agarrar no computador.

É esta a minha vida agora… Mas, um dia que não sei quando, vai melhorar. Ou pelo menos espero que sim.

Amanhã? Não posso enroscar no sofá até estar tudo terminado e enviado. Depois disso, logo se vê.

{#068.299.2024}

Tentar evitar o mesmo que na noite passada. Mais uma vez adormeci com o telemóvel na mão, o que resultou no post de ontem não terminado de forma consciente, deixando que a última frase só fizesse sentido na primeira palavra sendo seguida por letras aleatórias sem sentido. Spotify a tocar num volume que, em situações normais, não me deixaria adormecer. Cabo do carregador não ligado ao telemóvel. Resultado? Acordar sozinha às 8h30 com a bateria completamente esgotada, logo com o telemóvel desligado. Depois de pôr a carregar, ao ligar o telemóvel fui ver do post. E lá estava ele nos rascunhos com uma última linha de caracteres aleatórios e a criação de uma segunda página dentro do mesmo post. Spotify aberto. Instagram aberto…

Está bem…adormecer com o telemóvel na mão enquanto tento enviar uma mensagem ou escrever no blog começa a ser recorrente. Tenho que contornar isto.

Não sei como é que acordei tão cedo sem o despertador. Aliás, até sei. Mais uma vez algo que começa também a ser recorrente: bexiga muito cheia. Costuma acordar às 3h ou às 5h da manhã. Hoje acordou-me a horas decentes. E a vantagem de acordar às 8h30? Ter tempo depois do pequeno almoço para ir à rua beber café e ter um bocadinho de tempo para aquilo que chamo de “meu momento”.

Voltar para casa, tomar banho, vestir-me, almoçar com calma às 11h30 e ao meio dia em ponto ter os bombeiros a tocar à campainha para descer…

Claro que dei entrada no serviço de Fisioterapia pouco antes das 12h30 com a sessão marcada para as 13h30. Tive tempo de, com calma, ir beber café e enfrentar o vento e a chuva. Mas tive mais do que tempo para isso.

Mais uma sessão de disparate, risota e muito trabalho e esforço. Mas que valeu a pena. Já se começam a perceber algumas melhorias em algumas questões de equilíbrio. Mas ainda longe do que se pretende. Mas, devagarinho e com muito trabalho, hei de lá chegar…

Chegar a casa muito cansada às 15h30 e obrigar-me a resistir ao sofá. Claro que acabei por não resistir e adormeci. Duas horas depoimj,

Lollllmmkkkku

{#067.300.2024}

Mais uma manhã de Hospital, e desta vez a começar muito cedo, ao ponto de chegar ao Hospital antes das 8h da manhã. Porque, logo às 8h10 houve electromiograma para avaliar braços e pernas e perceber a velocidade de reacção aos estímulos eléctricos primeiro e magnéticos para terminar.

Um exame extenso e demorado para, de imediato, passar a consulta de fisiatria. Avaliação do pavimento pélvico. Que, digo eu, já apresenta algumas dificuldades. E, pela primeira vez, foi nesta consulta que me informaram que alguns dos milhentos exames que já fiz estão muito atrasados. Portanto, está demorado até ser fechado o diagnóstico.

Estou cansada das constantes idas ao Hospital, seja 3 vezes por semana para a fisioterapia, seja para exames ou consultas. É cansativo. Desde a data de internamento passou (apenas) um mês. Mas, e tenho que admitir, estou a ser estudada ao extremo. As pessoas queixam-se muito da saúde em Portugal e terão as suas razões. Mas, neste último mês, o meu processo não parou. E tem-se mexido a uma velocidade impressionante. Os resultados estão a demorar, eu sei. Mas tudo o resto está a mexer.

E estou muito satisfeita com todos os profissionais com quem me tenho cruzado. Com excepção, claro. para a equipa de seguranças do Hospital. Foram escolhidos a dedo para serem, todos eles, mal dispostos e trombudos…

Amanhã lá estarei novamente à tarde, com os meus meninos, os estagiários da fisioterapia que, de tanto rir com eles, o trabalho fica mais fácil de suportar tanta coisa. E, esta manhã, na sala de espera antes da consulta de fisiatria, encontrei-os de passagem e claro que tive que os chamar para cumprimentar e rir mais um bocadinho com eles.

E, mais uma vez, adormeci a escrever o post. Deixei por aqui uma linha de caracteres soltos sem sentido. Já começa a ser recorrente. Assim como facilmente adormecer no sofá a qualquer hora. Eu gostava de estar mais activa. Mas, pelos vistos, não é possível…

{#066.301.2024}

Quarta feira e os horários marados do transporte do Bombeiros até à fisioterapia. Que chegaram quase meia hora mais cedo, no momento exacto em que comecei a almoçar. Tiveram que esperar, claro. Não volto à fisioterapia sem almoçar, como já aconteceu…

E a fisioterapia hoje já foi um bocadinho mais puxada, com bolas contra a parede, bolas pelo ar, bolas ao cesto de basket, passagem de bola pelo chão, mini trampolim, passadeira e, para terminar, um bocadinho de Yoga. Claro que, pelo meio, muita risota. Eu sei que eram exercícios importantes para trabalhar o meu equilíbrio, mas aquela hora e meia mais pareceu que estávamos no intervalo da escola e a divertirmo-nos muito. E quando é assim, é tão melhor.

Claro que cheguei a casa exausta. E não tive como não aceitar a sugestão da minha mãe: não ir ao Yoga. Não estava, de facto, em condições para ir a pé, fazer a aula e regressar a pé. Não é muito longe, fica a 1km de casa, mas para mim, neste momento e depois do esforço da tarde e sendo que teria que fazer 1km para cada lado, ou seja 2km, seria uma distância imensa…

Amanhã é dia de madrugar com exames no hospital logo às 8h10 e consulta às 10h. O despertador vai tocar às 6h e eu já devia estar a dormir.

Depois do exame e da consulta, ao chegar a casa é certo que vou enroscar no sofá. Tenho coisas para fazer relacionadas com o que quero que aconteça no final do mês: o meu jantar de aniversário. Para celebrar a vida. Dê por onde der, seja em que margem for, vai ter que acontecer. E não pode passar de amanhã tratar do que está em falta…

Mas por hoje já chega. Estou cansada, tenho frio e preciso de acordar de madrugada…

O resto? Logo se vê…

{#065.302.2024}

Diz quem sabe que o mantra é “um dia de cada vez”. Antes de mo dizerem já eu repetia isso a mim mesma quando este carrocel começou. E a verdade é que tem mesmo que ser um dia de cada vez, sendo que nenhum dia é igual ao outro. E essa parte já começo a entender. Porque um dia, mesmo com apoio, até consigo andar sem grandes problemas e no dia seguinte só o apoio da muleta não é suficiente e volto a ter como apoio para não me desequilibrar o braço da minha mãe. A muleta ajuda a apoiar quando descaio para a esquerda, mas o braço da minha mãe ajuda-me a não perder o equilíbrio por completo.

Caminhar está cada vez mais difícil. Dores, pernas descoordenadas e desobedientes, sem muita força.

Mas, lá está, é um dia de cada vez.

Cada coisa que faço me deixa estoirada. Até coisas básicas como tomar banho. Fico de rastos.

Hoje vou tentar dormir cedo lembrando-me que há quem não desista de mim. E tentando lembrar-me que também eu não posso desistir de mim.

Hoje mais uma consulta. E recomendação de vacinas que não fazem parte do plano nacional de vacinação. E, pelo que já percebi, não sei onde vou arranjar o dinheiro para as comprar. Só sei que as vou tomar, dê por onde der.

Hoje é tentar dormir cedo. Amanhã é dia de regresso à fisioterapia e ao Yoga. Não sei como me vou aguentar. Mas arranjarei maneira de o conseguir. Por isso, amanhã logo se vê…

{#064.303.2024}

Segunda feira e acordar já (muito) cansada. Ir para a fisioterapia e, ao chegar, informar que “hoje o bom humor não veio”, mas, logo no começo dos exercícios, começar a rir com os meus estagiários de estimação. A rir de mim própria, claro.

Mas sempre muito cansada. Com muito sono. E desejosa de voltar para casa direitinha para o sofá, claro.

Como previsto, os bombeiros trouxeram a casa. E qual foi a primeira coisa a fazer? Ir à esplanada do costume beber um café.

Hoje não foi fácil. Alguma coisa se perdeu no fim de semana. Provavelmente por ter passado dois dias a dormir mais do que a andar. E eu preciso muito de andar. Não tenho ido ao paredão. Primeiro porque está a chover, depois porque está frio, ainda porque está vento e depois porque o acesso ao paredão ficou condicionado quando as ondas lá chegaram e o encheram de areia. Desculpas, portanto, porque em vez de ir ao paredão podia ter ido ao parque. Ou à vila. Ou a outro sítio qualquer. Mas não fui. E tenho que ir.

O dia hoje começou muito difícil. Dores e desequilíbrios em barda. Ao ponto de, quando entrei na carrinha dos bombeiros, o sr. Rui, motorista habitual que só não me acompanhou na sexta feira, me perguntar “então? O que é que aconteceu? Na semana passada estava melhor…”. Pois estava…mas por algum motivo hoje não estou.

Amanhã volto ao hospital para uma consulta. Mas, quando voltar, não posso permitir-me voltar para o sofá, como hoje. Com tanta coisa para preparar para o que eu quero que aconteça, o meu jantar de aniversário, ainda não consegui começar nada… Não pode ser.

Amanhã logo se vê, mas vou ter que me dedicar ao computador e fazer o que tenho a fazer.

Não é esta a vida que eu quero. Dizem-me que com a medicação melhora. Mas para ter acesso à medicação preciso de ter um diagnóstico fechado. Que ainda não tenho…

É continuar a esperar, não é? Pois…

Amanhã logo se vê. Resta-me encolher os ombros, sorrir e acenar. Um dia de cada vez. Sem pressa. Mas com alguma ansiedade por estar à espera há tantos meses desde que se levantou a suspeita. Foi em Julho…é verdade que só tive consulta faz amanhã um mês, com internamento directo e muitos exames feitos. Mas ainda não tenho os resultados nem consulta marcada para neurologia nem diagnóstico fechado…

Vou continuar à espera. Um dia a coisa acontece…

{#063.304.2024}

Domingo, aquele dia em que o movimento é opcional. E hoje foi.

Acordar quase em cima da hora da consulta com o terapeuta fofinho, tomar o pequeno almoço quase a correr, ligar-me ao Skype já depois dos 15 minutos habituais dele. Falar um bocadinho de tudo. Mas, para ser honesta, não me lembro de metade do que falámos hoje… O sono não me deixou registar grande coisa. A verdade é que, assim que a consulta terminou, fui aquecer as almofadas de trigo, aninhei-me no sofá, em menos de nada, adormeci…

Desta vez das 13h (ou até antes) até às 16h…

Já me têm dito que nesta minha nova condição (que só chamarei de doença – que é de facto – quando finalmente tiver o diagnóstico fechado), dizia eu que já me têm dito, entre médicos, fisioterapeutas e quem já tem o diagnóstico fechado, já me têm dito que o sono constante faz parte, é normal. E não é cansaço. É fadiga…

Ainda tenho muita coisa para aprender, como por exemplo a diferença entre cansaço e fadiga. E como lidar com isto, sobretudo o sono. Porque eu tenho coisas para fazer que vou adiando porque depois de almoço ou saio para a fisioterapia ou apago no sofá. E, nos dias de fisioterapia, quando chego o destino é sempre o mesmo, o sofá. E claro que adormeço.

Hoje jantei cedo. Antes das 20h30 estava pronta para ir para a cama. Mas não pode ser. É demasiado cedo para ceder. São agora 22h e tenho estado no cadeirão a adiar a ida para a cama. Porque, já sei, assim que deitar a cabeça na almofada é caso para dizer “já foste!”. E fui mesmo…

Ao final da tarde obriguei-me a sair de casa para beber um café. Não fui muito longe. Diz-me o telemóvel que hoje, o dia inteiro, fiz uns meros 380 metros. E o fim do dia tinha tudo para ter um pôr do Sol na praia lindo. Mas eu não tinha, nem tenho, pernas e equilíbrio para chegar lá…

Amanhã, depois da fisioterapia, logo se vê. Agora o destino é a minha cama. Amanhã é só mais um dia daqueles que se vive um dia de cada vez. Porque, diz quem sabe, que não há dois dias iguais… E eu já estou farta disto, especialmente de ainda não ter um diagnóstico fechado. E, como tal, não ter qualquer medicação que me ajude a enfrentar esta coisa…

Amanhã será melhor. Espero eu. Depois? Logo se vê…

{#062.305.2024}

E depois há aquele dia em que sais da cama quase à hora de sair de casa, tomas o pequeno almoço a correr, ganhas coragem para te mexer apesar das (muitas) dores, envias mensagem ao professor de Yoga a dizer que vais chegar atrasada mas que vais estar presente.

Tentas ir à maior velocidade possível para não chegares demasiado atrasada. Custa para caraças desafiar as dores, os desequilíbrios, o vento forte e o frio. Mas faz-se. E fez-se.

Cheguei com 20 minutos de atraso, mas cheguei. Contornei as dores e fiz os exercícios o melhor que me foi possível. Mas fiz.

No final da aula, a recomendação do professor: “quando chegares a casa, comes qualquer coisa ligeira e vais dormir! Nem que seja no sofá!”.


Primeiro café do dia depois do meio dia em esplanada alheia. Ainda fui só ali tratar de mim rapidamente e depois casa! E sofá, claro.

Foi chegar a casa, comer qualquer coisa, sofá e, 6 horas depois, voltar ao mundo dos vivos. Ou dos acordados, pelo menos.

Seria de pensar que, depois de 6 horas de sono profundo no sofá, não houvesse sono para a noite. Mas há. Muito. Uma imensidão de sono. Tanto que ainda não são 22h30 e já vou para a cama. Faz parte, dizem-me. Seja. O importante é ouvir o meu corpo, obedecer-lhe e tomar conta de mim. Amanhã? Logo se vê.

Sei que tenho coisas para fazer que queria ter feito hoje e não fiz. Vão ter que esperar.

Amanhã. Logo se vê, mas amanhã também é dia. Agora é cama.

{#061.306.2024}

Fisioterapia terminada por hoje.

Dei pela falta de um dos meus estagiários, mas dos dois mantém-se presente aquele com quem posso rir mais facilmente. E sim, nas sessões de fisioterapia, custe mais ou custe menos (e às vezes custa bastante) com ele estou sempre a rir. E ele também se ri. Muito. Já lhe disse que sou palerma, até um bocadinho pateta. E, quando lhe digo isto, o que é que ele faz? Ri-se, claro.

Já sei que o estágio dele termina daqui a duas semanas. É mais um bom profissional que vou perder. Mas, lamento, vou continuar a rir durante as sessões e nos exercícios. Vão doer. Mas eu vou continuar a rir-me da dor.

Entretanto era preciso que aquela porta de acesso à sala de espera se abrisse para dar entrada aos bombeiros que me vão devolver à procedência. Disseram que estavam cá às 15h para me levarem para casa. São quase 15h20 e nem sinal deles. E eu quero muito ir almoçar. Além disso, as salas de espera dos hospitais são dos sítios mais solitários que conheço.

E agora que sou Utente Frequente (mesmo sem cartão para acumular milhas) do Hospital Garcia de Orta tenho conhecido várias salas de espera e são sempre iguais. Denominador comum? A dor. E da minha dor a mim dá-me para rir para a enfrentar. Mas não me atrevo a rir da dor de quem está na sala de espera…

Não me perguntem qual é o meu fascínio com o Cristo Rei, não saberia explicar porque, na verdade, nem eu entendo. Mas, sempre que o vejo, tenho que o registar. E hoje na companhia de uma das obras que gosto tanto e que está irremediavelmente danificada. Gente sem noção, portanto…

{#060.307.2024}

Tirando o frio, o vento, as dores e o sono, o dia hoje esteve bonito. O primeiro café do dia aconteceu às 13h na esplanada do costume, abrigada do vento, mas sempre com dores, frio e sono.

Até que, de repente e inesperadamente, o meu telemóvel tocou. Do outro lado estava um Polvinho que queria falar comigo, a Corujinha, só porque sim. E foi tão bom. Naqueles 12 minutos consegui esquecer o vento, o frio, o sono e até as dores. Durante aqueles 12 minutos nada mais existia, só um Polvinho a falar com a sua Corujinha. Já tinha saudades, confesso. E confessei também enquanto falámos.

Devíamos fazer isto mais vezes, disse-lhe eu. E devíamos mesmo. Porque uma mensagem de voz ou um telefonema reduzem a distância, que é real, e aproximam ainda mais um Polvinho e uma Corujinha.

Quando saí de casa para ir até ao café do costume, ainda ponderei voltar a casa para ir buscar lastro para evitar voar. Mas depois daqueles 12 minutos em que tudo foi esquecido, as dores, o frio e o sono, voltar para casa no meio do vento foi muito mais simples.

Gêémedêtê, meu Polvinho. E a Corujinha vai estar sempre por aqui, à espera que apareças de surpresa na esplanada do costume como prometido.

O resto do dia? Foi o que costuma ser: a ver o tempo passar. Mas hoje com uma pequeníssima vitória: não apaguei no sofá depois do almoço. Parece irrisório, mas não é. Por isso, palminhas para mim.

Amanhã é dia de regresso à fisioterapia à hora de almoço. Quando voltar para casa é possível que me renda ao sofá, porque hei-de voltar cansada. Mas quando o corpo pede descanso, tenho que o ouvir e obedecer. Já sei que o cansaço e a fadiga extrema fazem parte. Já sei que, em casos como o meu, são perfeitamente normais. E se o corpo pede para dormir, é isso que tenho que fazer.

O que desejo para amanhã? Menos vento, menos frio e, acima de tudo, menos dores… Porque com o frio e o vento uma pessoa até resiste, mas as dores…

Logo se vê. Um dia de cada vez. Hoje tive 12 minutos em que esqueci tudo o que estava mal. E só isso fez-me ganhar o dia.

{#059.308.2024}

Quarta feira, aquele dia do meio, dia nim, nem não nem sim.

Sair de casa às 8h30 e um carro a arder na Avenida principal. Apanhar o autocarro, sair em Almada, novo autocarro com destino ao Hospital. E as dores bem presentes nas pernas e nas ancas. Subir e descer escadas, no autocarro, a muito custo.

Chegar ao Hospital perto das 9h30. Começar pela Fisioterapia para informar que hoje não poderia estar presente.

Seguir para a radiologia, fazer 8 radiografias. Dali partir para análises. Esperar um pouco, fazer a colheita.

Próximo destino: Medicina Nuclear. Onde nunca pensei ir. Mas que, pelos vistos, é necessário um exame para compreender outro. E torcer para que o resultado não dê em nada.

Exame que durou cerca de 4 horas. E sem poder comer e/ou beber café desde o pequeno almoço. O café não poderia beber em casa e depois de sair também não poderia beber por causa das análises…

O sono, esse, sempre presente e a apertar. A fome também. Mas essa foi sendo enganada a beber água. O sono fez-me adormecer no cadeirão com um catéter na veia enquanto recebia um contraste radioactivo. Não dormi muito, mas soube bem.

Fazer o exame, que em si é rápido, esperar um bocadinho para saber se me podia ir embora e, afinal, ter que repetir parte do exame, mas desta vez bem mais rápido. Voltar a aguardar e, finalmente, a retirada do catéter do braço e autorização para me ir embora às 17h15. Tinha dado entrada na Medicina Nuclear pouco depois das 12h.

Ir ao encontro da minha Mãe que me acompanhou até onde pode e ficou algures à minha espera durante este último exame.

Autocarro a sair às 17h45, saiu mais tarde. De regresso a Almada, já com a informação de que iria directa ao McDonald’s para almoçar uma vez que não comia nada desde as 7h30. Muito frio e as duas muito cansadas e eu com muitas dores. Chamámos um Uber e foi o melhor que podíamos ter feito. Iria custar-me muito descer aquela estrada de regresso à paragem do autocarro (e só eu sei o quanto me custou subir) e depois fazer o caminho da paragem de autocarro até casa. De Uber ficámos à porta de casa e soube tão bem.

Já não janto, claro, mas já sendo 21h45 não vou continuar a fingir que não estou cansada e com sono. Vou directa para a cama, com o aconchego das almofadas de trigo quentinhas e torcer para amanhã não voltar a acordar com dores.

Amanhã não tenho horas definidas para acordar. Mas não me admirava se, como de costume, voltasse a acordar às 7h. Vamos ver. O urgente agora é descansar e dormir. Amanhã? Logo se vê. Mas por hoje já chega…