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Se perguntarem por mim, dir-vos-ei que não estou. Esta que vos fala é outra que não eu.

{#018.348.2025}

O dia todo podia ser resumido numa só palavra: frio! Ou em duas, vá!, para ser mais correcto: muito frio!

Começar cedo um dia gelado só mesmo para ir ao Yoga. Não tinha dúvidas de que, mesmo estando muito cansada, ia valer muito a pena. E valeu! Como vale a pena sempre!

Depois da aula, aproveitar o Sol quente de um dia gelado. Algum tempo pelo centro da vila, mas sempre a saborear o Sol. Tenho tantas saudades da Primavera… Estou cansada das 500 mil camadas de roupa que tenho que vestir para suportar o (muito) frio e sentir-me uma mistura de chouriço, por estar tão atafulhada de roupa e especialmente casacões, e cebola porque cada vez que chega a hora de mudar de roupa são camadas e mais camadas de roupa…e fico cansada! Desejosa que chegue a Primavera para, gradualmente, começar a eliminar camadas, começando desde logo pelos casacões de Inverno, grandes, pesados…enfim.

Eu sei que são necessários para enfrentar o frio. Também sei que Janeiro ainda vai a pouco mais de meio, o Inverno ainda não está cá há um mês, falta pouco mais de 2 meses para a Primavera. Mas também sei que tenho frio. Muito. Tanto!

Depois do Sol no centro da vila, voltar para casa. Desta vez a pé, coisa que já não fazia há algum tempo. Mas autocarro ao Sábado é coisa rara de se ver. Senti-me com força e coragem para fazer o caminho a pé. Devagar. Ao meu ritmo. O que resultou em 45 minutos para fazer um percurso que até há pouco mais de um ano demorava, no máximo!, 15 minutos! E as dores provocadas pelo percurso, ao chegar ao destino, não me permitiram ter vontade para mais deslocações por hoje. E não fiz mais de 1,2km

E cansada, tão cansada. As caminhadas são importantes, claro que sim. Imprescindíveis, até. Mas descansar é obrigatório. O meu corpo ainda me está a cobrar pelos abusos dos últimos dias e eu voltei a sobrecarregá-lo.

Felizmente, amanhã é Domingo. Um dia sem horários para nada. Por isso, eu exausta dos últimos dias, não faço questão de acordar cedo. E, com previsão de chuva para amanhã, a vontade de sair de casa já passou.

Claro que, entretanto, a noite já passou a madrugada e eu ainda por aqui ando. Mas não por muito mais tempo. Por hoje chega. Vou tomar conta de mim e dar descanso ao meu corpo, que tanto precisa. E amanhã? Logo se vê.

{#017.349.2025}

Ontem disse que hoje o meu corpo me iria cobraram o esforço de ontem. O que eu não previa era que o esforço de hoje também fosse muito intenso…não pela fisioterapia, onde o Fisioterapeuta optou por manipulação e alongamentos de pernas e braços, mexeu nos músculos dose ombros, aligeirou a cervical e nada de forçar as pernas com exercícios musculares de subir e descer escadas (que eu preciso tanto de reaprender) ou de sentar e levantar-me de uma vulgar cadeira que é um exercícios simples de fazer até em casa, e seguro!, e excelente para reforçar os músculos das pernas.

A fisioterapia correu suave e depois de terminar, e sem pressa nem horário marcado para nada, permiti-me ficar na esplanada, ao Sol, durante uma hora e meia. Que soube muito bem, não só pelo Sol mas também por não ser uma esplanada habitual. Mas era preciso, no caminho de volta para casa, passar pelo supermercado. Outra vez…e desta vez, ao contrário de ontem, para as chamadas “compras a sério”. Que só não foram “mais a sério” porque a minha mãe não tinha como trazer, sozinha, mais nada. E é também aqui que a frustração me chateia. Porque custa-me não conseguir ajudar quem tanto me ajuda sempre. Mas eu já não conseguia sequer caminhar mais um passo sem me arrastar…

Chegar a casa a meio da tarde, almoçar à hora do lanche, aterrar no sofá e apagar. Das 19h às 23h não estive para ninguém, morri para o Mundo. Eu sabia que o meu corpo me iria cobrar o esforço de ontem. Mas, juntando o esforço de hoje também, admira-me não acordar só amanhã…

A noite já se fez madrugada e amanhã é dia de Yoga logo de manhã, por isso não vou estender o esforço do meu corpo. Continuo cansada, claro. Tenho sono. Mas queria ainda tentar perceber o que se passa. Porque, neste momento, desde há uns dias, na verdade!, sinto que algo me está a escapar como areia nas mãos de uma criança. E não estou a gostar. Nada…

Podia tentar adiar entender. Mas isso seria como fugir à realidade. E já há tanta realidade da qual fujo…

Vou para a cama. Não quer dizer que vá dormir de imediato, quando devia!, mas é possível que ainda vá tentar levantar um o véu do que se passa. E depois…logo se vê. Um dia de cada vez…

{#016.350.2025}

Dia demasiado longo. Longo. Longo. Longo! Daqueles que nunca mais acabam. Que começam logo cedo a sair de casa às 8h para voltar para almoçar quase a correr às 13h, voltar a sair às 14h e só regressar de vez já depois das 21h…estou exausta.

E, mais uma vez, tive a prova de que caminhar é, para mim, um desafio enorme. Porque, demorar 25 minutos a percorrer um caminho que uma pessoa sem dificuldades e/ou limitações faz em pouco mais de 5, é extremamente frustrante. Especialmente quando as pernas já vêm doridas da fisioterapia que está a trabalhar o reforço muscular. Dar um passo quando os músculos já estão doridos? O passo é dado. Mas só eu sei a que custo.

O lado verdadeiramente bom do dia de hoje foi ter a confirmação de uma data: 22 de Fevereiro. Dia da última toma diária e em jejum que faço desde 23 Maio de antibiótico que é uma terapêutica preventiva para a tuberculose latente. E ter a confirmação de que, depois do tratamento terminado, o bacilo alojado no meu corpo de forma latente adormeceu de vez e é, neste momento, inofensivo. Agora é seguir a minha vida normal, como sempre fiz, mantendo os cuidados necessários para não me reencontrar com o bacilo da tuberculose, que tanta gente carrega de forma latente e nem imagina, eu sei que eu nem imaginava! Fazer rastreio anual, coisa que todos deviam fazer porque os números de que ninguém fala estão muito altos, e tratar de mim com todo o cuidado.

Ainda não encaixei bem a ideia de, desde Outubro, fazer oficialmente parte do grupo dos imunodeprimidos. Como também não encaixei ainda a ideia do diagnóstico que já não é só uma ideia, é uma realidade. Ainda não encaixei as dificuldades e/ou limitações que são mais do que evidentes e que eu acho sempre que só preciso de descansar um bocadinho. Não é verdade. Aquilo que, com grande dificuldade!, caminhei hoje e que me custou tanto vai-me ser cobrado pelo meu corpo amanhã. E sábado. E, eventualmente, ainda Domingo…

Ainda tenho tanta coisa para processar, encaixar e, acima de tudo, aceitar… Mas a noite já começa a roçar a madrugada, eu já devia estar a descansar, enroscada e aninhada com quem melhor me aconchega, de dia ou de noite: ele. E hoje estou a precisar muito do abraço acolhedor e aconchegante que só ele sabe dar.

Por isso, por hoje é tentar acalmar a velocidade a que a minha cabeça está, ainda, a esta hora e dar descanso ao corpo. Amanhã, logo cedo, a fisioterapia vai ser a doer depois do esforço de hoje…

{#015.351.2025}

Hoje, assim de repente, caiu-me a ficha: a clínica de Fisioterapia vai ser uma espécie de segunda casa nos próximos tempos…tempos que, já sei, serão anos. Se não para sempre ali, numa outra clínica de Fisioterapia qualquer por aí… Ainda não tinha pensado nisso. Não estou sequer preparada para isso. E acho que, para já, não vou querer pensar. Como não quero pensar em tudo o resto que isto que me apanhou na curva me trouxe…

De resto, estou cansada de ter que ser eu a ensinar o trabalho de quem tem obrigação de saber o que faz, que supostamente terá estudado para isso, é pago para isso, mas não sabe o que diz nem o que faz. Eu apenas reclamo os meus direitos consagrados na Lei. Não fui eu que inventei. Mas, pelos vistos, quem devia saber, quem tem obrigação de saber, não sabe… E isso é triste.

Bem, no meio disto tudo, é continuar a encolher os ombros, sorrir e acenar. E rir…para não chorar.

{#014.352.2025}

Das coisas que faço questão de manter por perto: os amigos, especialmente aqueles Pê de Presença, e as coisas que, mesmo apenas me trazendo (muito boas) recordações de outros tempos, outra vida, continuam a fazer-me muito sentido e me são importantes, ainda que, agora, sejam “” calendários old-school em papel, com eu gosto.

E, ali à mesa, um descafeinado e um chocolate quente de quem cresceu e aprendeu tanto com os Escuteiros. Sempre ouvi dizer que “uma vez Escuteiro, para sempre Escuteiro”. Eu posso já não vestir a farda, mas ele lá está todos os fins de semana e outras datas mais ou menos avulsas, a semear e ainda a colher o que a semente Escutista nos traz.

Diz a capa do calendário “ESCUTISMO Um lugar para ti”, e sem dúvida que é. Já passaram mais de 30 anos desde que vesti a farda pela última vez mas, sempre que me encontro rodeada por fardas Escutistas envergadas pelos respectivos Escuteiros, tenham eles a idade que tiverem, não duvidem que sinto que encontrei um espaço, um espírito, uma comunidade onde (também) pertenço e que me acolhe como sendo sua também.

Por isso, sim!, o dia pode não ter começado bem, mas acabou muito bem.

Mais uma vez: obrigada, Pê de Presença, Pê de Presente. E, já sabes: sempre Alerta!

{#013.353.2025}

Gosto muito de beber o meu primeiro café do dia em casa, com tempo e com calma. Ali até posso dar-me ao luxo de escolher a variedade que me apetecer no momento. Mas isso só acontece quando há tempo. Não foi o caso esta manhã…

Depois de uma noite dormida a correr, 3 horas depois de adormecer o despertador tocou. E tudo aconteceu muito devagar, até mesmo muito devagarinho. E não houve tempo para nada, nem para o café.

Quando apanho o autocarro a horas de chegar cedo a Almada, o café é bebido na esplanada das colheres giras. Mas hoje não foi o caso. Não apanhei o autocarro que devia, já não tive tempo de beber o primeiro café do dia antes da Fisioterapia.

Terminado o tratamento por hoje, era urgente beber um café. Cheio, intenso e sem açúcar, como sempre. Mas a esplanada das colheres giras estava fora de questão. À sombra o dia inteiro e no caminho do vento frio, até em Agosto chegava à Fisioterapia gelada. E o dia bonito que está lá fora pedia uma esplanada com Sol.

Em frente à porta do prédio da clínica de Fisioterapia, do outro lado da estrada em frente à esplanada das colheres giras, há uma outra esplanada. Onde raramente vou, é verdade. Não gosto do (mau) serviço e menos gosto da música que passam naquela coluna de som com volume exageradamente alto. Mas hoje estava ao Sol, não podia não ir beber café ao Sol.

O primeiro café do dia, cheio, intenso e sem açúcar, aconteceu só às 11h da manhã. Mas veio com a melhor das companhias: o Sol quente de Inverno. Do qual eu tinha tanta saudades e não sabia…❤️

No regresso a casa o Sol ainda brilhava quente e o céu completamente limpo trazia-me aquele azul que me aconchega. Resolvi que estava um dia demasiado bonito para não aproveitar sair de casa à tarde, ir até à praia e ver o pôr do Sol. Mas rapidamente percebi que não ia acontecer…

No final do almoço já não havia azul nem Sol, apenas nuvens. Desisti da ideia de ir até à praia. Não tanto pela mudança de visual do dia que começou bonito, mas por ter sido derrubada pelas meras 3 horas dormidas na noite passada… E dormir apenas 3 horas por noite não pode continuar a acontecer. Não me traz nada de bom.

Hoje vou conseguir ir para a cama antes da meia noite e sei que rapidamente vou adormecer apesar do tempo adormecida no sofá. Ainda não é o horário ideal, mas já é um (pequeno) progresso. E amanhã quero repetir o café na esplanada ao Sol. Tenho saudades de sentir calor. E ali senti…

{#012.354.2025}

Fez, na noite passada, 12 anos que este caramelo tantas vezes armado em cromo pôs as redes sociais da tia em alerta e alvoroço. Porquê? Porque decidiu nascer 2 meses antes do que era suposto. E a tia que sou eu, claro, panicou com a chegada imprevista e atribulada daquele que, desde que nasceu, ficou conhecido como #microsobrinho (e que o será sempre!) e que nos ensinou, também desde o primeiro dia!, a lidar com um Furacão.

Já lhe perguntei “com’assim, 12 anos, Filipe?!” e a resposta foi tão simplesmente isto: “então…o tempo passa, tia!”. Pois passa…mas, para certas coisas, podia passar um bocadinho mais devagar, não podia?

12 anos de #microsobrinho são 12 anos de muitas emoções e de amor inesgotável e sempre crescente, incondicional como só o verdadeiro amor sabe e pode ser, porque se impuser condições é outra coisa qualquer que não amor.

Parabéns, Filipe. Meu Furacão de emoções. Meu eterno #microsobrinho mesmo que um dia fique mais alto do que eu.

E, ainda 12 anos depois, continuo a dizer OBRIGADA a todos os que, nas redes sociais, meu grande suporte emocional (digam o que disserem das redes!), me acompanharam noite dentro até termos boas notícias e que, de certa forma, acabaram por adoptar o Filipe como uma espécie de microsobrinho virtual ❤️

{#011.355.2025}

Sábado e o Yoga logo de manhã. Gosto muito. Do horário. Da prática. Do pós prática. De ter o resto do dia em aberto. E gosto, muito, da evolução que as aulas estão a ter. E do ser capaz de, com trabalho, insistência e persistência, conseguir alcançar posturas que tantas vezes exigem aquilo que me falta: equilíbrio. Posso falhar uma, duas, três, quatro vezes ou as que forem! Posso, tantas vezes, ir de rabo ao chão ao tentar o que me é pedido em termos de equilíbrio. Mas não importa. Porque volto atrás, respiro fundo novamente e repito do início todos os movimentos, todos os passos necessários para garantir o equilíbrio e alcançar e manter a postura. E tem sido assim sempre, desde a primeira aula com o Professor Pedro. Na minha experiência inicial com o Yoga, em 2016, não havia tanta exigência, não havia o objectivo que existe agora que é a progressão, a evolução, e também não havia ainda, da minha parte, a presença constante do desequilíbrio.

O Yoga é um excelente aliado para tudo, seja corpo, seja mente. E é, também, um excelente aliado no trabalho de equilíbrio. E, aqui, também do corpo ou da mente.

As manhãs de Sábado são, muito provavelmente, as minhas manhãs preferidas. Que me tranquilizam e relaxam para o resto do dia. E hoje, claro, não foi excepção.

Mas as noites que passam a madrugadas têm sido cada vez mais frequentes, como foi ontem, como está a ser hoje. E, por muita vontade que eu tivesse, e tinha!, quando cheguei a casa de sair à tarde para dar uso às pernas até à esplanada e ficar por lá um tempo a escrever, o sono derrubou-me. Roubou-me o final da tarde e, até, uma parte da noite…

Esta noite que já é madrugada irá também influenciar o meu dia amanhã. E não me posso esquecer que tenho 3 emails muito importantes para enviar amanhã sem falta. Não posso continuar a adiar. Mas dou por mim em contradição quando digo que as 24 horas do dia não me chegam e, ao mesmo tempo, faço o dia esticar pela madrugada e não fiz nada…

Algo vai ter que mudar rapidamente. E esse algo sou eu. Todos os dias digo que tenho que me organizar. Que preciso de me organizar. Mas também digo que preciso de ajuda para o fazer. E essa ajuda simplesmente não existe…

Digo sempre que “amanhã começo a pôr tudo por escrito”. Mas esse amanhã tarda em chegar…

É tarde, tão tarde…a noite já passou a madrugada alta. Não adianta tentar fazer esticar ainda mais o dia. Estou cansada. Com (muito) sono. Tenho que obedecer ao meu corpo. E o descanso chama por mim…e eu vou. Amanhã? Logo se vê como será…

{#010.356.2025}

A noite já passou a madrugada. E eu sei que já devia estar a dormir há muito tempo. O despertador amanhã toca cedo e vou ter que conseguir estar na paragem do autocarro à hora certa para chegar à aula de Yoga a horas. Mas ainda aqui ando. Em luta comigo mesma, numa discussão interior entre o que sei e o que sinto. Entre o que eu acho que sei e o que pressinto saber. E, quando estou assim, nunca é bom…

À minha volta tudo vai perdendo a cor. Cruzei-me hoje com as (minhas) papoilas de Janeiro de um vermelho vibrante, vivo, cheio de força. Percebi que é um vermelho mais vivo do que eu quando, logo ao virar da esquina, encontro uma árvore despida de folhas, com uma única folha resistente num ramo.

Se antes me tinha identificado com as (minhas) papoilas de Janeiro pela resistência ao frio, à chuva e ao vento, não pude deixar de me identificar com aquela folha única numa árvore despidaSozinha, mantém-se no lugar sem desistir. Até ao dia em que, finalmente, o vento e a chuva a arranquem à força.

E eu quero ser árvore. Não quero ser apenas uma folha solitária e resistente…até ao dia em que for arrancada pelos elementos.

E, de novo, a cor que tinha reencontrado poucos momentos antes, logo ali ao virar da esquina, se perdeu…

{#009.357.2025}

Sair de casa às 8h30m da manhã, voltar para casa às 14h30. 6 horas na rua e a dar um uso moderado às pernas. Diz o contador de passos do telemóvel que, até agora, dei 1.749 passos, o que corresponde mais ou menos a 1,160 km. Ou seja, quase nada. Mas, na verdade, o tempo que passei em pé, mesmo que me tenha sentado para descansar aqui e ali ao longo das 6 horas na rua, fez reaparecer o raio das dores nas pernas. A tal da dor neuropática que é horrível e quase incapacitante. O caminho da paragem do autocarro até casa, os 600 metros mais lentos que conheço, foram feitos sabe-se lá como e a que custo.


Cheguei a casa desejosa de me deitar no sofá para poder esticar as pernas, aliviar as dores, descansar e recuperar para, às 18h15m voltar a sair para apanhar o autocarro a caminho do Yoga. Passa das 16h30, cheguei ao sofá agora… Às 17h começo a preparar as coisas para o Yoga, às 17h30m lancho. Algures pelo meio troco de roupa para ficar tudo pronto a horas de voltar a sair…

Hoje as minhas pernas parecem não me pertencer e, no lugar delas, ter duas coisas cheias de dores que pouco ou nada me obedecem…e o tempo que eu julgava (ainda) ter para descansar e recuperar é cada vez mais curto…

Eu bem digo que as 24 horas do dia não me chegam. É que, pelo meio, vou tendo que parar, descansar e recuperar…

Já tive dias melhores. E não lhes dei o devido valor. Agora? Gostava muito de regressar ao “antes disto”, onde tudo era mais fácil e com muito menos dores. Já sei que não vai acontecer… Começou a fase da “ginástica do relógio” em que, com muito jogo de cintura, dores e desequilíbrios tento fazer, nas 24 horas de um dia só, tudo o que tenho pensado para esse dia.

Não. Não é fácil…e eu estou (muito) farta disto que veio para ficar…

(E, olhar para cima, para tirar esta simples fotografia sem cair…só eu sei o que me custou. Mas adoro-a!)

{#008.358.2025}

Subir e descer escadas. Faz parte do trabalho na fisioterapia. Que, na realidade, é REaprender a subir e descer escadas em segurança. Porque a subir dou demasiados pontapés na parede do degrau. Porque a descer fico muitas vezes com o calcanhar demasiado encostado à parede do degrau. E, a descer, já muitas vezes quase caí porque o movimento da perna e do pé fica ali preso sem grandes hipóteses de movimentação. Por isso, há que REaprender o tamanho certo da passada para subir e descer. Sim, porque a descer muitas vezes dou um passo maior do que devia ficando só com o calcanhar apoiado no degrau e uma estabilidade muito perto de zero. E, claro, seja a subir ou seja a descer, nada disto pode acontecer.

Mas, na realidade, e nesta escada em particular!, o meu grande problema para dar início à descida é aquela diferença visual do chão…que eu não consigo perceber se quando o padrão do chão muda ainda faz parte do pátio ou já é o degrau de baixo. Todos os dias subo e desço esta escada na fisioterapia. Várias vezes. Todos os dias e todas as vezes que vou descer páro, hesito e tenho que me aproximar devagar da beira para perceber que, apesar das diferenças, continua a ser pátio. E é uma sensação horrível…

Já tinha dado por esta dificuldade anteriormente, em vários locais que não necessariamente escadas. Entrar num café que à porta tem, no chão, uma tira de pedra branca logo seguida de chão preto, tudo ao mesmo nível, já me fez alçar a perna sobre a pedra branca porque o meu cérebro me dizia que ali havia uma alteração de nível. Que, na realidade, não existia.

O fisioterapeuta já me explicou que tem que ver com a questão de análise de profundidade. E hoje recomendou: fale com o neurologista rapidamente sobre esta questão. E amanhã lá vou eu enviar email para o neurologista, desta vez com a lista crescente de sinais e sintomas novos. Que eu não sei como lidar com eles. Como, na verdade, não sei lidar com nada disto

Bem…aqui já sei que é um degrau de cada vez. Mas aquele primeiro da descida…não há vez nenhuma que não me confunda e não me faça sentir insegura.

E também é isto o meu novo normal. Que, já o tenho dito, de normal tem muito pouco, a roçar o nada.

{#007.359.2025}

Um dia demasiado cansado logo desde que o despertador tocou bem cedo é sinónimo de cansaço acumulado. E dou por mim a pensar o que é que fiz ontem para me deixar a mim e à minha mãe tão cansadas e simplesmente não me lembro…

Parei por breves instantes, respirei fundo e de forma consciente várias vezes para tentar realinhar a minha cabeça e a minha memória que, de vez em quando, faz umas pausas cada vez mais frequentes e cada vez mais longas. E nem eu gosto disso nem isso é bom sinal…

Mas respirar fundo e de forma consciente parece ter resultado e já me recordo que, sim!, o dia de ontem foi muito longo e esgotante. Física e emocionalmente. E o resultado apareceu já hoje: acordar tarde, chegar atrasada à fisioterapia, adormecer na marquesa enquanto esperava pelo fisioterapeuta para novos exercícios.

Depois da fisioterapia, uma corrida até ao Hospital para as análises mensais de controlo da função hepática por causa da toma, diária e em jejum!, desde Maio de antibiótico em forma de terapia preventiva da tuberculose latente que habita em mim. As alterações nos resultados das análises existem, felizmente de forma muito ligeira. E a toma do antibiótico termina no final de Fevereiro. Espero que as análises deste mês não tenham grande alteração de valores e que no final de Fevereiro já esteja limpa do bacilo que se alojou sabe-se lá quando e por alma de quem! Mas nunca é demais recordar: os números da tuberculose em Portugal não são falados, mas são assustadores. Façam o teste, não custa nada.

Entretanto a hora de almoço passou, depois da hora de ponta na sala de espera para a recolha de análises e eu não almocei. E a caminho de casa, entre um autocarro e outro, nada como entrar num supermercado, que não o Minipreço!, que é algo tão banal mas que há muitos meses que não fazia. E ver atentamente TODAS as prateleiras de todos os corredores!

Voltar para casa muito mais tarde do que o previsto, mas a tempo da Teleconsulta marcada onde me souberam ouvir, entender e aconselhar. E me relembraram da importância das gavetas arrumadas dos assuntos que nos doem e da necessidade de fazer o luto e abarcar o (re)nascimento. E eu ainda não arrumei os meus assuntos porque ainda nem assinei gavetas tenho. E é nesta altura que, pela primeira vez, finalmente!, alguém percebeu que existe em mim uma grande negação e o enorme desejo de acordar e voltar a estar tudo bem comigo. Negação que, claro, tem que ser combatida, trabalhada. Porque eu ainda preciso de processar, digerir e assumir perante mim mesma que este meu novo normal é real e agora é tempo de me adaptar à minha nova realidade. E, de uma vez, assumir a mudança e mudar o discurso de “porquê eu?” para “e porque não eu?”…

Há muito trabalho a fazer ainda. E, se calhar, este é o momento para começar a construir as minhas gavetas para ir arrumando os meus assuntos e permitir-me fazer o meu luto de mim própria.

E o facto de não conseguir chorar…finalmente!, alguém percebeu que o mais provável é um qualquer bloqueio que me impede de verter uma lágrima que seja! E é preciso desbloquear esse bloqueio, perceber de onde surgiu, enfrentá-lo, trabalhá-lo e resolvê-lo. Só nessa altura serei capaz de chorar novamente. Mas, lá está, tenho que começar por construir as minhas gavetas.

Mas sei que não o conseguirei sozinha. Que irei precisar de tempo e de pessoas. Daquelas que gostam de mim. Que encontram sempre forma de comunicar comigo.

E quando se está de castigo? Há sempre sinais de fumo… Mas a ausência é sentida.

{#006.360.2025}

Tenho alguma dificuldade em deixar de pensar naquilo que, de uma forma ou outra, me incomodou ao ponto de me magoar. Muitas vezes de forma quase violenta. As palavras têm um peso grande nisto. As palavras ditas, a forma como são ditas, a força com que são atiradas e não apenas ditas. E essa dificuldade, que de forma quase inocente chamo de apenas “alguma”, é bem mais intensa e forte do que consigo expressar. Não, eu não esqueço facilmente. Seja o bom, seja o mau. Sejam quais forem as palavras. E que, mais vezes do que gostaria, consigo repetir como se de uma gravação se tratasse.
Penso demasiado no que me é dito. Ou nas palavras que me são atiradas quase com desprezo. Em termos psicológicos, fico a ruminar essas palavras que acabam por me trazer pensamentos e sentimentos muito desconfortáveis, até mesmo desagradáveis.
Eu sei que, neste ponto, o problema está unicamente em mim. O não conseguir desligar. O não passar adiante. O não me deixar afectar de forma tão negativa. O problema, neste ponto concreto, está unicamente em mim. E TODOS OS DIAS tento trabalhar no sentido de conseguir libertar-me do peso negativo com que algumas palavras, muitas palavras, TANTAS PALAVRAS me agridem. Mas eu sou do sentir. E sou das letras que formam palavras que formam frases que tantas vezes, demasiadas vezes!, me agridem e cuja agressão é sempre demasiado sentida…
E hoje, mais uma vez, senti-me agredida. Por palavras talvez não pensadas antes de ditas, mas que eu não consigo largar e pôr para trás…

…nunca disse a ninguém a importância e o peso que dou às palavras que me são ditas, seja em que contexto for. O que me fazem sentir, como me fazem sentir. Especialmente quando são palavras que me agridem.

…e, mais uma vez, as palavras que me foram hoje dirigidas, em consulta que deveria servir para me ajudar, foram uma forma de agressão. E que me fizeram sentir mal. Que me magoaram. Que me entristeceram. Que me deixaram com vontade de fazer aquilo que há dois anos não consigo fazer: chorar. De raiva. De revolta. De frustração. E as lágrimas insistem em simplesmente não existir…em não cair…

{#005.361.2025}

Domingo, aquele dia que, não sendo o mais aborrecido da semana (mas que, nesse ponto, compete directamente com o Sábado), vai passar a ser chamado de Dia Semanal da Diplopia Ao Rubro! E o que é a Diplopia? É aquele nome catita que a ciência deu à Visão Dupla! Que, por algum motivo que eu simplesmente desconheço e que ainda não pedi explicações, é ao Domingo que se faz sentir mais presente…Posso até ter episódios de Diplopia durante a semana, às vezes a semana toda, mas ao Domingo está mesmo ao rubro! E é horrível. Quase desesperante. Porque se, nos outros dias, quando vejo a dobrar já é difícil ler e/ou escrever, ao Domingo ler é impossível e escrever (no telemóvel) requer um enorme esforço. A menos, claro, que o faça só com um olho aberto. Aí vejo normalmente, sem dificuldade nenhuma. Mas andar na rua ou até mesmo em casa com um olho fechado não é muito confortável. Além de que pareço um bocadinho totó.

Na verdade, no Natal até sugeri que me oferecessem uma pala para colocar no olho, que nem o Luiz Vaz, mas ninguém me ligou nenhuma. Por isso, estou seriamente a considerar procurar um molde e/ou tutorial online para coser a(s) minha(s) própria(s) pala(s). Sim, isto ao Domingo É assim tão mau…

Mas, claro, tinha que vir à rua, beber um café (que até foram dois…), apanhar ar e ainda um bocadinho de luz do dia. Que apanhei! Já estou é na esplanada há praticamente duas horas. E a fazer o quê? O habitual: nada!

Vou agora voltar para casa e tentar não me perder pelo caminho, porque isto de ver o caminho a dobrar pode levar a erros. E se, à visão dupla, adicionarmos o meu estonteante andar desequilibrado, não se espantem se, um dia, eu vos disser que a GNR me mandou parar para fazer o teste do balão…

Mas, agora, chamemos as coisas pelo nome, tal como elas são (porque não há como fugir da realidade): Esclerose Múltipla Primária Progressiva. É muito, mas mesmo MUITO raro escrever assim, de forma tão directa (e quase crua) sobre aquilo a que, habitualmente, me refiro como “isto que me apanhou na curva“. Vamos repetir? Vamos lá! Esclerose Múltipla Primária Progressiva.
Tem um nome todo pomposo, que eu dei por mim a recusar escrever e com grande dificuldade em pronunciar, não por ser de dicção difícil mas porque é uma realidade que, há que assumi-lo mesmo que me custe horrores!, é a minha realidade. É o que chamo de “o meu novo normal” que, a bem da verdade, de normal tem muito pouco.

E, para além de já ter falado da Diplopia (ou Visão Dupla) e do desequilíbrio que me compromete (e muito!) a marcha obrigando-me a caminhar com uma bengala, agora vou falar de uma coisa tão simples como tomar banho! Bem…simples para vocês, não para mim!

Ainda não me dedico à dança do varão mas, de há uns meses para cá, tenho-me dedicado à barra! A barra de apoio para a aventura que é entrar e sair do banho em segurança e sem precisar da ajuda de terceiros. Que é a minha mãe, claro, e já passámos pela fase em que para entrar e/ou sair da banheira se ouvia sempre “oh mããããããeee!“.

Estou a ficar uma crescida com tudo isto. Até já me dedico à dança da barra! Qualquer dia dedico-me à dança do varão que, dizem, é capaz de ser mais lucrativo.

E agora vamos lá repetir mais uma vez, agora todos juntos: Esclerose Múltipla Primária Progressiva. Não é por vocês que faço questão de repetir, mas sim por mim! A ver se me convenço, de uma vez por todas!, a chamar esta coisa pelo nome e a aceitar que, agora que se apegou a mim, veio para ficar. Deve ser amor, só que não é correspondido, lamento!

E, no dia em que eu deixar de brincar com isto, que É um assunto sério, podem ter a certeza de que EU estou mental e psicologicamente pior do que já estou. E já não tenho o suporte do terapeuta fofinho que, comigo e com o meu aval, também brincava com coisas sérias. No lugar dele tenho um psicólogo que não me ouve e ainda me chama de manipuladora, mas isso são outros 500 que ficam para mais tarde.

{#004.362.2025}

Sábado é dia de acordar cedo. O Yoga espera por mim às 10h do outro lado da vila. Ontem, e sabendo que hoje tinha que acordar cedo e tendo já programado apanhar o autocarro das 9h e pouco, que leva 7 minutos a chegar ao destino, consegui pela primeira vez em muito tempo ir para a cama antes da meia noite. Isso, obviamente, não significa que tenha conseguido acordar tão cedo como gostaria. Aquele autocarro das 9h e pouco ter-me-ia permitido, com tempo e calma, beber o meu café de frente para o Mar, respirar aquele ar logo de manhã cedo, e chegar a horas à aula. Não aconteceu, claro…

Despachei-me à pressa, e não gosto nada de começar o dia nesse ritmo stressado e stressante, saí de casa já depois do horário do autocarro seguinte e que me seria sempre muito difícil de conseguir apanhar a horas mesmo que me tivesse despachado nem que fosse 10 minutos antes. Chamei um Uber ao mesmo tempo que via o tempo passar e sem veículos disponíveis… Mensagem para o Professor Pedro a avisar que estava à espera de um Uber, que na altura já estava confirmado, e que iria chegar em cima da hora. Mas que, não contrário de quinta feira, ia efectivamente estar presente na aula!

Este sábado a aula programada era Yoda Pradipika, “mais focada na respiração e com mais permanência nas posturas seguindo um conceito mais clássico“. Esta descrição do Professor Pedro deixou-me muito curiosa e interessada na aula, não poderia de modo algum faltar à aula.

O Uber confirmado entretanto cancelou a viagem e o tempo, claro, não pára nem espera por ninguém. A app sugeriu outro que estava por perto, mas de outro escalão. Mais caro, mas mais perto? Claro que sim! Em 2 minutos estava à minha porta e em 5 minutos chegámos ao destino. Faltava precisamente 1 minuto para as 10h. E acho que nunca subi aquelas escadas até ao primeiro piso, até à nossa sala, tão depressa como hoje! Não interessa, o importante é que estava ! Onde queria estar! Onde precisava de estar!

E a aula foi, mais uma vez, algo de muito especial e muito bom. Mais uma vez percebi que, apesar das minhas dificuldades e limitações, ali há espaço para crescer. E a parte física não é, de todo, a mais importante. E sempre que vou a uma aula sinto que consegui crescer mais um bocadinho. Que me encontrei mais um bocadinho. Porque ali paramos, respiramos e crescemos. Não encontro maneira de explicar o que se passa naquele período dedicado à aula, que é um período dedicado a mim. Mas, no final da aula, mais concretamente no regressar a casa percebo sempre que alguma coisa aconteceu comigo, alguma coisa aconteceu em mim.

Não me peçam para explicar o que é que aconteceu, o que é que acontece em cada aula, não o saberia explicar. Sei, sim, que me sinto, e acredito que estou!, muito diferente de quem era há um ano e meio quando me inscrevi nas aulas. Na altura estava perdida, mas ainda longe de pensar que estava doente. Sabia, sim, que o Yoga me iria ajudar a acalmar a cabeça, que me iria ajudar a acalmar, a desacelerar. Não fazia ideia era que a diferença que eu já sabia que iria acontecer fosse tão grande.

O processo de suspeita das doença começou logo a seguir. E todo o processo levou muito tempo. Mas o Yoga estava lá. Nos dias mais ansiosos, nos mais assustadores, na aceleração da progressão…o Yoga sempre lá. O parar para respirar. Inspiração profunda e consciente. E aprender que nesse momento os pensamentos sobre o que se passa lá fora até podem passar pela nossa cabeça, mas não são para ficar. Esse é o momento em que só existo eu e a minha respiração. Mais nada. E, a cada postura, é a respiração que me permite chegar um bocadinho mais longe. E, como tenho dito ao Professor Pedro desde a primeira aula “hoje não chego lá, mas continuando a prática todos os dias vou conseguir mais um bocadinho e um dia chego lá“.

E assim tem sido. E fico sempre tão contente quando consigo alcançar as posturas que de início conseguia fazer e que a progressão disto que me apanhou na curva me tentou roubar ao diminuir o meu equilíbrio. Sim, porque o equilíbrio continua muito mau, mas o meu trabalho na aula também é tentar melhorar o equilíbrio. E tenho conseguido! Voltei a alcançar as posturas que tantas vezes me deitaram ao chão. Voltei a desafiar a minha falta de equilíbrio e ganhei o desafio.

Há, nas aulas de Yoga, um grande trabalho físico, claro que sim. Só assim conseguimos alcançar e manter as posturas que trabalham o nosso corpo, o nosso fluxo energético. Mas também há um grande e intenso trabalho mental. E eu noto a influência desse trabalho em mim. Especialmente naqueles dias em que me sinto profundamente deprimida e/ou completamente perdida. É aqui que o trabalho mental do Yoga mostra resultados muito positivos. Porque me tem ajudado a pensar com mais calma, mais clareza, a priorizar o que é mais importante: eu.

Tu tens alcançado coisas que nem tu imaginas“, disse-me o Professor Pedro há umas semanas. E hoje disse-me “estás melhor, a vários níveis! A nível físico, claro. Com mais força anímica. Estás muito melhor!“. E isto acontece porque há muito trabalho a ser feito. Físico em todas as aulas às quais detesto faltar!, e mental todos os dias cá fora.

Cada vez mais sinto um interesse maior sobre o Yoga. Não para me dedicar a 100% à parte física, mas para entender mais e melhor a parte teórica. Ou, se lhe quiserem chamar, a parte filosófica do Yoga. Entender melhor o pensamento. Para além disso, entender melhor como funciona a nível físico, o que é que influencia, o de é que actua, o que é que altera, no fundo como é que faz fluir o nosso fluxo energético.

Não posso deixar de pensar que sim!, sou uma miúda cheia de sorte por, por puro acaso e porque na altura era o sítio mais perto, ter encontrado esta turma e, sem dúvida, este Professor que são, desde o primeiro dia, um suporte imprescindível no meu processo de crescimento interior.

Voltar da aula de Yoga Pradipika foi duro, como é sempre voltar de uma aula de Yoga. Porque, por minha vontade, as aulas teriam uma duração muito maior. E aconteceriam todos os dias! Ou quase todos, vá. Também é preciso dar descanso ao corpo. Mas, sim!, sendo possível a prática ser mais do que apenas dois dias por semana, eu estaria lá. Não sendo possível, trabalho a teoria em casa, encontro um tempo para o trabalho mental e continuo a respirar fundo e de forma consciente sempre que precisar ou só porque sim.

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Sexta feira, aquele dia que se resume facilmente em 3 pontos:

  • Fisioterapia – muito mais focada no trabalho de equilíbrio e, claro, também no reforço muscular das pernas e respectivos alongamentos. Estou a gostar mais agora do que dos ciclos anteriores;
  • Frio – muito menos do que ontem, felizmente muito mais suportável e sem gelar as pernas;
  • Sono – sempre o sono…ontem foi mais uma noite em que adormeci muito mais tarde do que gostaria, hoje foi novamente dia de acordar e sair de casa muito cedo, antes da hora do Sol nascer. Claro que a tarde foi enroscada nas mantas e apagada no sofá.

Os meus dias podem não ser muito interessantes, não se passa grande coisa, é verdade. Mas é agora que tenho que organizar o meu tempo. E ainda não consegui fazê-lo…

…mas, um dia!, eu chego lá!

Mas, pelo menos, não falta café. Vários ao longo do dia…porque não pode faltar nunca!

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Dia de, finalmente!, regressar à fisioterapia em Almada, mas desta vez a começar às 9h da manhã, o que implica sair de casa antes das 8h para não perder o autocarro. Ou seja, volto a sair de casa antes do Sol nascer. Já não é de noite, é verdade, mas ainda me cruzo na via rápida com um Sol acabado de acordar, embora hoje um bocadinho envergonhado e sem aquelas cores maravilhosas que já encontrei noutras manhãs. Até perto do final do mês pode ser que as volte a encontrar.

Novo fisioterapeuta neste que é o quarto ciclo de tratamento nesta clínica. E que, já percebi, será para manter em ciclos até sabe-se lá quando. Se é que alguma vez haverá um fim. Mas hoje, pela primeira vez, senti que o tratamento não se foca somente no fortalecimento muscular mas também, e muito, no equilíbrio. Que é onde eu encontro a minha maior dificuldade.

Ter as sessões de fisioterapia logo às 9h da manhã deixa-me o resto do dia completamente livre. Às 10h30 estou despachada e com um dia inteiro pela frente. E o que eu queria para hoje, dia de Yoga ao fim da tarde, não correu exactamente como eu tinha pensado…especialmente porque dormir apenas 2 horas numa noite não ajuda. Em nada. Apesar de só ter dormido as 2 horas a fisioterapia correu bem. Mas o frio…

Saí de casa com 2 pares de calças, por fora as calças de ganga normalíssimas e, por baixo destas, as calças que uso para o Yoga e tenho usado também para a fisioterapia. A ideia era, ao chegar à clínica, tirar as calças de ganga e fazer os exercícios só com as outras. Mas o frio…

Saí de casa com 5 graus marcados na app de meteorologia, com sensação de 3. As pernas ressentiram-se de imediato, claro. E já cheguei à fisioterapia com dores na barriga das pernas, onde me dói sempre tanto. Quando regressei a casa, não sei quanto marcava o termómetro, sei apenas que as pernas estavam geladas. E com muitas dores. Mudei de roupa para algo mais quente: calças de pijama e calças de fato de treino. Mas nem assim as pernas aqueceram.

Para o almoço estava confirmada a presença dos meus sobrinhos. Os meus homenzinhos que estão cada vez mais bonitos e cada vez maiores! Como assim o Miguel já está mais alto do que a avó a meros 9 cm da minha altura? Eu sei que são quase 15 anos, mas… E o Filipe, à beira dos 12 anos, apesar de não ser um gigantão para a idade, já conta com 1,46 m. É muito bom acompanhá-los, ver a evolução de cada um, o saudável e correcto desenvolvimento de cada um, mas…onde é que estão os meus sobrinhos pequeninos? Estão a deixar de ser homenzinhos, para serem homens crescidos, é o que é! E eu não estou preparada para isso! A voz do Miguel está a mudar, já não é aquela vozinha de menino pequeno! Já está muito perto de ser uma voz de homem crescido! O Filipe ainda mantém a voz que sempre lhe conhecemos, mas não vai durar muito mais do que uns 2 anos…e eu não estou preparada para isso!

O Miguel já é oficialmente um adolescente. Mas, pelo menos cá em casa, não passa pela idade do armário. Está sempre junto de nós e conversa, como sempre o fez, como gente grande. O Filipe, que aparenta sempre ser muito bruto e despegado, mantém a doçura que lhe conhecemos. Quando chegaram eu estava deitada no sofá embrulhada em duas mantas com as almofadas térmicas quentinhas de trigo a tentar aquecer as pernas sem sucesso, continuaram geladas ainda muito tempo. O Filipe veio aninhar-se ao pé de mim, encostado às minhas pernas e perguntou com aquela voz doce e olhar preocupado: “estás melhor do pé, tia? Ou da perna?” Sorri-lhe e relembrei-o de uma conversa que já tínhamos tido: “o problema da tia não é na perna, Filipe, tu já sabes…”. Sorri-lhe e não falámos mais sobre isso. Não tenho qualquer problema em falar com eles sobre isto que me apanhou na curva, mas só falamos se algum deles tomar a iniciativa.

Soube mais tarde pela minha mãe que o Filipe a foi ajudar a preparar as coisas para o almoço e que, a certa altura, lhe perguntou “a tia está melhor da perna, avó? Eu já sei que o problema não é na perna. É no cérebro! Mas a tia está melhor?” Não sei o que a minha mãe lhe respondeu, mas ele fazer estas perguntas e saber exactamente que o problema da tia não é na perna mas sim no cérebro deixa-me deliciada com este menino que eu sempre descrevi como sendo um furacão. Porque sempre o foi e continua a ser.

Foram-se embora depois do almoço. Do Miguel eu não esperava menos do que o costume, aquilo que acontece sempre quando nos despedimos: um abraço. Mas o abraço dele hoje foi diferente, porque já lá vai o tempo, e não tão longe assim, em que no nosso abraço a cabeça dele mal me chegava ao ombro. Mas hoje…hoje estávamos quase ao mesmo nível! Está enorme!

Chegou a vez de me despedir do Filipe, que foge sempre de beijos e abraços. Mas hoje, por algum motivo, fui apanhada de surpresa quando dei pelos braços dele à minha volta, por iniciativa dele, para um abraço apertadinho. Que me soube tão bem.

Não estiveram cá em casa por muito tempo, é verdade, mas, e como acontece sempre, foi tão bom tê-los tão perto, poder olhá-los e tocar-lhes porque estava mesmo ali!

Olhei para o relógio e percebi que ainda podia descansar por, pelo menos, uma hora antes de começar a preparar-me para sair para o Yoga. Mas a urgência mantinha-se a mesma desde que tinha chegado a casa: aquecer as pernas e aliviar as dores! Novamente o sofá, novamente as duas mantas, novamente as almofadas térmicas quentinhas de trigo. E aqui as duas horas dormidas na noite anterior cobraram-me o sono em falta…e adormeci em menos de nada!

Chegada a hora de começar a preparar a saída de casa para o Yoga, o alarme do telemóvel tocou. Eu ouvi-o. Mas desliguei-o. Assim como fiz nos vários horários que tenho agendados para as quintas feiras no telemóvel… Até que acordo com a minha mãe a dizer-me “Catarina, já são quase 7 horas!”. Eu, estremunhada, pensei que já era de manhã e ainda respondi que ainda tínhamos tempo para o autocarro. “Não! Não tinhas o Yoga às 7h da tarde?!”

Foi então que me caiu a ficha…eram quase 7 horas da tarde e não 7 horas da manhã, como eu pensei ao acordar…e bolas! Não vou ao Yoga!

Fiquei chateada de não ir, admito. Mas estava tão a precisar de recuperar e descansar! E foi o que fiz. Ainda enviei mensagem ao Professor Pedro, mas fiquei chateada comigo e com a minha noite anterior. E amanhã o horário de madrugar repete-se, o que não se pode repetir é a noite de ontem.

O dia hoje foi bom, foi intenso, houve mimos, houve amor! E os meus sobrinhos podem já não ser pequeninos e rapidamente deixarão de ser homenzinhos, mas serão sempre os homens da minha vida!

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Dia 1 de Janeiro de 2025.

…aquele dia em que percebi que as 24 horas do dia não me são suficientes para fazer tudo o que quero fazer num só dia. Especialmente naqueles dias em que não faço absolutamente nada

Muito confusa. Muito baralhada. O Natal já passou. A passagem de ano foi ontem. Mas, na minha cabeça, ainda falta tanto tempo para o Natal

Não gosto desta confusão, desta baralhação que vai na minha cabeça. E do facto de perceber que as 24 horas do dia não me chegam para fazer o que faço todos os dias: absolutamente nada

Sim, preciso de ajuda. Urgente

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Já sabíamos, à partida, que 2024 seria um ano com um dia extra por ser bissexto. Mas, e a julgar pelo título deste post que é efectivamente o último de 2024, acho que lhe consegui acrescentar ainda mais um dia. Não sei o que se passou por aqui. Escrevo todos os dias, sem excepção, há mais de 10 anos. Mas, e pela primeira vez, alguma coisa aconteceu. Se vou tentar perceber o quê? Não. Fica tal e qual como está a contagem, porque o título de cada post é, de facto, a contagem do número de dias que já passaram seguida do número de dias que faltam no ano assinalado. O que quer dizer que, de acordo com o título do post de hoje, o ano só iria terminar amanhã… Fico com um dia no limbo.

Se todo o ano de 2024 foi estranho na vida lá fora, porque é que não há-de o ser também no blog? Não, não vou mesmo tentar perceber o que se passou. Nos rascunhos não ficou nada por publicar, por isso…não sei. Mas também não me vou preocupar com isso

Faltam muito poucos minutos para encerrar 2024. Poder fechar esta porta e deitar a chave fora. Ainda não escrevi sobre o ano que se mostrou ser uma montanha-russa comboio fantasma que não precisa de moedas. Mas irei fazê-lo. Não sei se no Instagram ou se apenas no blog, será onde me forem saindo as palavras certas.

Mas, com a meia noite mesmo ao virar da esquina, quero muito desejar a TODOS os que estão aí desse lado, que me vão acompanhando mais de perto ou à distância, em silêncio ou reagindo de alguma forma, um 2025 MUITO BOM, MUITO FELIZ. Com os dois ingredientes mais importantes para um dia a dia tranquilo: SAÚDE e AMOR! Havendo esses dois, tudo o resto é possível.

Feliz Ano Novo para todos ❤️ gosto de vos saber desse lado ❤️

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Falar da Margarida leva-me obrigatoriamente a falar dos fabulosos diospiros da ruína que a Margarida me enviou pelo correio e, claro, da sugestão de os comer depois de bem maduros com canela.

A Margarida, atrevo-me a dizer, é uma das coisas boas que 2024 me trouxe. Talvez para contrabalançar o tanto de mau que me trouxe e o muito que eu achava bom que me levou. 2024 trouxe-me um diagnóstico e com ele levou-me pessoas. Várias. Muitas que eu achava que estariam “ali” sempre. Mas não estiveram. E algumas simplesmente deixaram de estar. Mas, ao deixarem de estar, abriram espaço para que novas pessoas chegassem. Como a Margarida.

Não me lembro há quanto tempo chegou, mas lembro-me que, logo no dia da chegada, comentou uma publicação minha em que eu dizia sentir falta de conversar de viva voz. E escreveu “eu estou disponível para conversar”.

Percebi que a Margarida chegou através de contas que ambas seguimos. E da mesma forma que eu me delicio com as fotos do terreno da ruína, a Margarida dispensa do seu tempo para me acompanhar lendo-me.

Nunca vi a Margarida, não lhe conheço o olhar ou o sorriso. Mas isso nunca impediu ninguém de gostar muito de outro alguém. E foi isso que aconteceu com a Margarida.

Hoje, ao fim de vários meses, finalmente falámos ao telefone. Coisa pouca…”só” 50 minutos de conversa. E depois há quem me diga “o que raio conversaram em 50 minutos?”. Ri-me mas percebi que, com a Margarida, mesmo 50 minutos foi uma conversa rápida. E pareceu tanto um hábito recorrente de ligarmos uma à outra e simplesmente Ser. Ser quem e como somos. E todo o assunto que vier à conversa já faz parte do menu, mesmo tendo sido a primeira vez que falámos de viva voz.

A 2024 tenho a agradecer a chegada da Margarida, que para além de ter nome da minha flor favorita, tem um coração do tamanho do Mundo. E, já sei!, estraga-me com mimos ❤️

E quem quiser conhecer o terreno da ruína da Margarida onde as flores são lindas, a terra é fértil e tem um pôr do Sol fabuloso, pode ficar a conhecer na conta dela no Instagram: @margaridaemarnoia

Já agradeci a 2024 ter-me trazido a Margarida. Agora peço a 2025 para a manter por perto ❤️

E à Margarida deixo um abraço gigante daqui até ela.