Quarta feira e o teletrabalho. E a vontade de continuar a trabalhar em casa. E a não poder continuar… Custa-me, muito, perder três horas por dia em deslocações e dormir menos duas horas do que se trabalhasse em casa. Mas se tenho que voltar ao local de trabalho, seja. Fazer o quê? Ir, apenas.
Trabalhar em casa permite-me, também, ter tempo para um café na esplanada depois do trabalho. A mesa? Continua a ser para um. Nem tempestade perfeita, nem porto de abrigo. Nem presencialmente, nem à distância…
Eu já devia saber que, quando é bom, é de desconfiar…e estava a ser bom. Ou, pelo menos, interessante. Era algo que prometia muito, mas eu já não acredito em promessas há muito tempo. E agora é o que se vê. Ou melhor, não vê. Porque, para se ver, tem que estar presente. E já não está. Se é que alguma vez esteve, na verdade.
Uma relação à distância é possível? Talvez seja. Desde que ambas as partes estejam presentes. Desaparecer não pode fazer parte do jogo. E para mim não faz.
O jogo parou. Se está em pausa ou se acabou? Não sei, o tempo o dirá. E eu não sei se é para continuar, se estiver em pausa.
Vamos ver…
Mas, entretanto e apesar de tudo, continuo a olhar para cima. Não há razão para ter os olhos no chão. Nem vontade, para ser honesta. É olhar para cima e seguir em frente. E manter o foco onde sempre mantive, mesmo que agora já um bocadinho mais distante: no porto de abrigo.
A mesa do café continua a ser para um. Mas há sempre, continua a haver, mais uma cadeira disponível. Senta-se quem quiser. Quem não quiser não é obrigado a sentar-se.