Sexta feira em teletrabalho. Gosto muito do trabalho a partir de casa. E ser à sexta feira é uma forma de entrar em fim de semana mais depressa. Não há autocarro para apanhar, não há trânsito. Há tempo para ir até à esplanada depois do trabalho.
Esplanada em mesa para um. Dificilmente será outra coisa, por muito que tenha tentado o café prometido não sai. Seja mesa para um, está na hora de deixar o porto de abrigo.
Vou deixando, devagarinho. Mas não me esqueço do papel muito importante que esse porto de abrigo teve na minha recuperação. Quando chegou até mim eu ainda não estava bem. Longe disso, até. A fragilidade ainda era grande. Mas a presença desse porto de abrigo obrigou-me a querer estar bem. E fez toda a diferença. Obrigou-me a olhar para mim de outra forma e deu-me a conhecer o que tenho guardado em mim nestes 4 anos e meio. Mas está na hora de seguir em frente. Por muito que isso de alguma forma me incomode, me entristeça, está na hora.
Há uma tempestade perfeita à minha frente. À minha espera. Também a essa tempestade perfeita sou grata. Por me obrigar a mexer, a perceber que também estou viva e mereço mais do que simplesmente ficar à espera do que não vai acontecer. Não sei, não faço ideia!, do que vai sair daqui. Sei apenas que de certa forma renasci para a vida.
It’s time to let go…por muito que me custe, é hora de deixar ir. Fica a amizade, claro, porque na verdade era a única coisa que havia. Fica o carinho. A preocupação. E o desejo de sucesso. E estarei sempre por perto, mesmo que menos presente.
Dar uma oportunidade à vida…receber o que a vida me dá. Mas não ficar eternamente à espera de nada.
Mesa para um. Quem sabe se, com a aproximação da tempestade perfeita, não passe a ser mesa para dois, apenas com personagens diferentes.
Enfim…vamos ver como corre, vamos ver o que é que a vida me dá. Um dia de cada vez. Mas com vontade, não minha ainda, de dar passos grandes que, de certa forma, me assustam.
Vamos ver. E tentar não dar passos maiores que as pernas. Para não correr mal. Não iria suportar um novo golpe depois de renascer…
Dou por mim a pensar que estou a desistir daquilo que prendi em mim durante 4 anos e meio e que nunca foi mais do que aquilo que é: nada. Abro mão de uma coisa que sempre achei bonita por ser pura e desinteressada. Um porto de abrigo que me acompanhou durante tanto tempo mas que nunca me levou a lado nenhum.
Hoje, com a aproximação da tempestade perfeita, vou avançando e deixando para trás essa coisa que ainda trago comigo, em mim. Porque não morre de um dia para o outro. Ainda existe, ainda é real, ainda é bonita, ainda é desinteressada. Mas não me leva a lado nenhum…por muito que durante todo este tempo eu tivesse dado ouvidos a um gut feeling que afinal estava errado, sempre a acreditar que ainda iria haver uma mudança, foi preciso chegar a tempestade perfeita para perceber que está na hora de me afastar um pouco.
Pouco ou nada vai mudar, na verdade. Só estarei mais ausente. Mais longe. Sempre disponível, porque sou mesmo assim, mas um pouco mais à distância. Se vai dar por isso? Duvido. Provavelmente não irá dar pela distância, pela ausência. Seja. E, ironia das ironias, quase arrisco dizer que será a minha distância, a minha ausência, a levar à tal mudança que tanto desejei.
E, noutro registo, não sei o que fazer com a tempestade perfeita. Está a ser uma aproximação perigosa, carnal e cada vez mais pessoal. Mas acima de tudo carnal, sem dúvida. E é aí que me perco no caminho. Porque o que procuro é pessoal. Mas não nego o lado carnal. E não sei até onde vou conseguir ir neste jogo definido.
Dar uma oportunidade à vida, receber o que a vida me dá. No fundo é isto. E se, por um lado, é o que precisava para seguir em frente, tenho medo de arriscar. E o risco é grande. Tem tudo para correr mal. E eu não sei se quero seguir o jogo até ao fim.
Vamos ver. Seguir em frente afastando-me do porto de abrigo. Avançar em direção à tempestade perfeita. E depois?
Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim.
E quando aquilo que é carnal se começa a aproximar do pessoal, o jogo começa a ficar mais perigoso…
Por outro lado, estou cansada de um amor unilateral. De uma relação que não existe. De um rumo que não o é.
Talvez por isso, ou também por isso, me sinto tentada a aceitar um jogo com regras bem definidas desde o primeiro dia. Gosto de coisas bem definidas, sem dúvidas, sem talvez seja. Mas o jogo, já sei, não é para todos. E eu não sei se consigo jogar. Mas estou tentada a aceitar, tentar e ver como corre.
É uma tempestade perfeita? É. Mas o porto de abrigo não me leva a lado nenhum que não seja uma eterna espera por nada. E eu estou cansada de esperar por nada.
Dar uma oportunidade à vida. Não posso esquecer-me disso.
Terça feira com sabor a segunda. É o que acontece quando há um feriado à segunda feira, as terças não são fáceis. Mas não são impossíveis.
Como também não é impossível o que a vida me está a trazer. É o que é, eu sei, mas nem por isso deixa de ser estranho e ao mesmo tempo interessante.
É possível haver uma relação à distância? Funciona? Bem, com as regras deste jogo, talvez funcione. As regras são claras. E só me resta aceitá-las e ir a jogo e ver até onde é possível ir, ou não as aceito e páro por aqui.
Mas a verdade é que o jogo está a tornar-se demasiado pessoal, a tomar caminhos que ainda me são sensíveis e difíceis e que, talvez mesmo por isso, me façam querer avançar sem pensar muito.
Mas eu sou uma overthinker, penso sempre demasiado em tudo. E neste ponto tenho que parar para pensar. Ainda é muito cedo para dar um passo tão grande. Já o disse a quem tinha que dizer. Porque é, de facto. E eu não tenho o que é necessário para tal. Falta-me a estrutura base. Não duvido que não me iria faltar o apoio do lado de lá. Mas não é o suficiente para, às cegas, avançar para uma espécie de projecto que seria sempre maior do que eu.
Sinto-me baralhada. Nunca pensei que uma tempestade perfeita me conseguisse baralhar tanto em tão pouco tempo. Preciso, muito, de falar sobre isto. Conversa de raparigas ou consulta com o terapeuta fofinho, o que preciso mesmo é de falar. Para não cair no que pode ser um erro.
O porto de abrigo? Se calhar está na hora de o deixar ir. E se calhar estava a precisar de uma tempestade perfeita para o conseguir fazer. Porque, afinal, também aqui é o que é.
Falta muito para domingo, para a consulta? A conversa de raparigas ainda vai demorar a acontecer. E, pela primeira vez em muito tempo, tenho pressa. Pressa de falar.
E, devagar (ou não) ao ritmo de uma tempestade perfeita, a mesa está prestes a deixar de ser para um…
Quem diria? Eu sei que eu não diria…no entanto, aqui estamos…
Feriado e o dia em que estava prevista a tempestade perfeita. Confirmada de véspera, desmarcada quase em cima da hora porque ainda há uma pandemia lá fora…
Vamos ter que esperar mais umas semanas para ver o que vai sair daqui.
Dar uma oportunidade à vida, disseram-me. E tenho-o repetido quase diariamente desde que começou este jogo de tempestade perfeita vs porto de abrigo. Não contava era com o que a vida me está a querer dar. E está a tornar-se algo mais sério do que alguma vez pensei ser possível. Está a dirigir-se para caminhos sensíveis e ainda difíceis. Mas está a fazer-me pensar. E pensar muito. Mais do que gostaria.
Já não sei muito bem o que fazer…mas pondero começar a fazer ponte área. Porque a distância a isso obrigaria. Porque a tempestade perfeita está longe, muito longe embora se aproxime regularmente.
Não sei que faça…Sei, sim, que o porto de abrigo não é opção. Já o sei desde o início mas durante muito tempo acreditei que algo iria mudar. Nunca pensei que fosse eu a mudar…
Enfim. É o que é. Um caso e outro. E eu no meio. A precisar, com urgência, de uma conversa de raparigas para esclarecer ideias e pôr a cabeça no lugar.
Mais uma vez digo: vamos ver. E o que tiver que ser, será.
Domingo com sabor a Domingo. Dia muito preguiçoso. Sem a consulta habitual que me faz sempre falta, mas que não aconteceu por um motivo muito válido e que irá ter lugar no próximo Domingo.
Dia de acordar cedo para voltar a dormir. Pôr o sono em dia, e estava a precisar tanto. De resto, muita preguiça o dia todo. Mas saí de casa um bocadinho. Comprometi-me comigo mesma a fazê-lo, especialmente nos dias em que menos apetece. Como hoje.
Amanhã? Está previsto o encontro com a tempestade perfeita. Se vai acontecer? Até ver já não sei. Aguardo confirmação. Mas já devia ter aprendido a não fazer planos. Na verdade não fiz planos concretos, mas já idealizei muita coisa. Que é praticamente a mesma coisa…
Vamos ver…vamos ver se chega a confirmação ou nem por isso. Se chegar, óptimo. Se não chegar, enterra-se a antecipação e logo se vê. Sei que Maio também será data de tempestade por perto, mas daqui até lá não sei se consigo continuar o jogo…
Sem retorno há alguns dias… Faz-me falta esse retorno. Já sei que não devia fazer. Já sei que essa presença não tem obrigação de ser constante. Mas custa-me sempre a ausência de retorno.
É. Estou no meio de algo que nem eu sei definir. Nem como levar ou sentir. Seja o que for que tiver que acontecer, de um lado ou de outro, acontece. E o que tiver que ser, será.
Sábado. Acordar cedo depois de uma noite de conversa até muito tarde para sair de casa para tratar de mim não foi fácil.
A conversa de descoberta trouxe surpresas. Interessante, sem dúvida. Pelo menos no contexto da descoberta actual. E uma espécie de promessa num assunto que ainda me é sensível. Que não sei se quero cumprida. Não sei mesmo. O primeiro impulso é dizer que não quero voltar a essa experiência. Porque foi demasiado dolorosa no final que teve. E tenho medo. Claro que tenho medo.
Não sei onde esta descoberta me vai levar. Sei o caminho proposto, as regras do jogo estão muito bem definidas. Não sei, também, se consigo manter o jogo. Mas gostava de tentar perceber onde isto me pode levar.
Sei que tem tudo para correr mal. Sei tão bem, por já saber as regras do jogo. Pelo menos isso. Não há lugar a desilusões. Está tudo claro. E não vai mudar, mesmo que um ou outro aspecto possa sofrer alguma alteração, mas a base está definida.
É a tempestade perfeita. Cada vez tenho menos dúvidas disso. E eu estou a deixar-me levar. Até quando? Não sei…
Entretanto o sábado passou. Tratei de mim, fiz experiências cujo resultado foi surpreendente, descansei. E o sábado não foi tão aborrecido como costuma ser.
Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim.
E o retorno e a descoberta. Tão diferentes. Tão iguais. Ou não, apenas muito diferentes. E eu aqui, no meio. Sabendo o que quero e não posso ter. Sabendo o que posso ter sem saber se quero.
Um dia de cada vez. Dar uma oportunidade à vida. São frases feitas? São. Mas é a elas que me agarro agora. Sabendo que a tempestade perfeita faria todo o sentido há uns anos atrás quando estava perdida por aí e que hoje o que procuro é um porto de abrigo.
Tenho-me repetido muito nos últimos dias, mas só posso dizer isto: vamos ver.
É o que é, seja num caso ou no outro. As coisas são o que são, são como são. E em ambos os casos estão bem definidas desde o início. E isso é bom. Estou cansada de coisas sem definição, que se mantêm no limbo. Já tive a minha dose de indefinições.
É importante saber logo à partida o que cada situação me traz. Dessa forma vou a jogo sabendo que nem ganho nem perco. Ou ganho e perco em simultâneo. Já nem sei. Vamos ver…
A semana vai passando ligeira, sem grande stress e a distância com a tempestade perfeita vai diminuindo, enquanto que com o retorno se mantém: longe aqui tão perto.
A minha vontade é dizer “não me deixes fazer isto”, mas na verdade nada me impede de o fazer. E é disso que não me posso esquecer. Não há nada que me impeça de dar uma oportunidade à vida. E eu não posso, também, ficar eternamente à espera que alguma coisa mude enquanto a vida vai passando lá fora. Depois de tudo, depois dos últimos anos, mereço uma oportunidade de fazer algo que me faça sentido. Não é para me fazer feliz, é apenas para me fazer sentir viva…
Faz sentido alguma coisa do que estou para aqui a escrever? Talvez não. Mas falar é preciso. E não o fazendo com ninguém para além do terapeuta fofinho, escrevo. De mim para mim. Não volto a ler o que escrevo, mas enquanto vou escrevendo vou reflectindo. E sei que um dia a confusão vai passar. Até lá?
Até lá, vamos ver…
Dar uma oportunidade à vida. Não me posso esquecer que é isso que está a acontecer.
Promessas. De mesa para dois num qualquer café algures na próxima semana. Se der. Não vou deixar que as borboletas na barriga se manifestem antes de ter uma confirmação. Porque promessas já tive muitas. E a grande maioria não se concretizou. Mas é o retorno a prometer que se faz presente. Vamos ver.
O que parece estar confirmado para a próxima segunda feira é a tempestade perfeita. Aqui não há borboletas na barriga. Mas há alguma antecipação pela novidade. Vamos ver também.
Daqui até à próxima semana tanta coisa pode ainda acontecer. Mas entre as borboletas na barriga e a antecipação, escolho nem sei o quê. Porque neste momento já não sei mesmo onde estou, onde vim parar, onde me vim meter.
Ou então é só sono…já não tenho idade para ficar na conversa até depois da minha hora de dormir. A idade pesa…longe vai o tempo em que ficava na conversa até às tantas e no dia seguinte não custava tanto. Mas agora custa. Muito. Mas a conversa corre ligeira. É o que é, mas não deixa de ser uma conversa que me faz sentir viva. E há muito tempo que não me sentia assim: viva para o Mundo.
Domingo de Páscoa, dia de renascimento, renovação, o que lhe quiserem chamar.
Não houve retorno… Mas houve, novamente, descoberta. Aquela descoberta em que se aprende a teoria toda de antemão. Para depois pôr em prática. Tem mais piada num processo de descoberta ir aprendendo com a prática. Mas, pelo menos nesta tempestade perfeita, desta forma ninguém vai ao engano. Porque, aqui sim, é o que é e não é mais do que apenas isso. E dificilmente será mais alguma coisa. É demasiado físico para correr o risco de ser mais alguma coisa.
E ser o que é pode ser bom. Tem feito bem ao ego. É, na verdade, uma massagem ao ego. Não pelas razões que eu gostaria, mas aí teria que vir essa massagem em forma de retorno, em forma de porto de abrigo. Mas não vem. E também por isso me deixo levar pela descoberta da tempestade perfeita.
Tem tudo para correr mal? Tem. Mas porque não dar uma oportunidade à vida de vez em quando e deixar fluir? Irei até onde achar que devo ir. E no dia em que não quiser mais, acabou. Tão simples quanto isso.
Sábado. Não me posso esquecer que hoje ainda é Sábado, amanhã ainda é dia de ficar em casa. É dia de consulta com o terapeuta fofinho logo de manhã e à tarde logo se vê.
Hoje houve presenças. Rápidas, mas houve. Retorno e descoberta. Quase para picar o ponto. Mas foi importante saber que, tanto num caso como no outro, está tudo bem.
Amanhã, Domingo de Páscoa. Dia de renovação, dizem. Não sei o que tenho para renovar neste momento, mas aceito a possibilidade. Se calhar, estou a renovar-me a mim mesma. Talvez ainda não o tenha percebido completamente. Mas, se calhar, com esta coisa de dar uma oportunidade à vida, estou em renovação interna mesmo.
Continuo a querer navegar na tempestade perfeita, mas continuo a querer muito o porto de abrigo. Não dá para ter ambos. Por serem o oposto um do outro. E porque só há, só pode haver, lugar para uma das hipóteses. E sei que, por um lado, a tempestade perfeita tem tudo para correr mal, por outro lado o porto de abrigo nunca irá passar de uma vontade.
Que confusão…
Ainda não percebi muito bem como aqui cheguei, mas é na confusão que estou.
Vamos ver…a tempestade perfeita aproxima-se e chega a terra no próximo fim de semana. O porto de abrigo continua a não se fazer presente para um café. Não há muito a dizer, pois não?
Acordar mais tarde para começar a trabalhar mais cedo. Não parece fazer sentido, mas faz quando se está em teletrabalho. Sair do trabalho à hora de almoço porque a empresa não trabalha à tarde na quinta feira antes da Páscoa.
Sair de casa depois do almoço para fazer algo que já devia ter sido feito há muito tempo. E que espero que não corra mal.
Ir até à praia. Aproveitar o Sol e o calor num dia de semana como há muito tempo não aproveitava.
Voltar para casa e adormecer no sofá…três horas depois, acordar para comer qualquer coisa e dar o dia por terminado.
Não houve muito tempo para descoberta ou retorno, mas fizeram-se presentes mesmo assim.
Foi um bom dia. Tranquilo. Ligeiro. Com pouco trabalho e algum estudo para o curso que começou ontem e me vai manter ocupada nos próximos três meses.
Devia haver mais dias assim. Agora espera-me um fim de semana de três dias que tentarei que não seja aborrecido. Não prometo cumprir.
Amanhã? O despertador vai tocar, eu vou desligar e enroscar novamente. Não é dia de madrugar.
E, se der, depois de tirar um tempo para mim, irei de novo ver o mar. Vamos ver.
Quarta feira. Dia do meio, e hoje o verdadeiro dia nim, nem não nem sim. Nada a declarar, portanto. Apenas aquele gosto de uma quarta feira com sabor a quase sexta, porque amanhã só se trabalha meio dia e sexta feira é feriado.
Tirando isso, nada. Nem descoberta, nem retorno, nem tempestade perfeita, nem porto de abrigo. Ambos presentes de manhã, ambos ausentes até ver. Faz parte, I guess.
Aproveito as ausências para dedicar tempo a mim mesma. Para descansar cedo. Para desligar e enroscar. Também preciso. Também faz falta. Tempo para mim.
Mas nem por isso deixo os rituais nocturnos. Tão diferentes num caso e no outro, mas que para mim fazem sentido. E por isso os repito.
E tem sido nesses rituais nocturnos que o retorno me tem surpreendido pela positiva. Ao fim destes anos todos, 4 anos e meio, ainda me consegue surpreender. E isso sabe tão bem. São coisas pequenas. Muito pequeninas. Os tais pequenos nadas que vou juntando. Um dia, todos esses pequenos nadas vão dar em algo grande. Nunca duvidei disso. E depois dos últimos dias, cada vez tenho mais certeza.
Mas por agora vou seguindo o meu caminho, sabendo que não há por onde escolher porque o meu lugar é no porto de abrigo. Não na tempestade perfeita. Mas é essa tempestade perfeita que me está a trazer de volta à vida.
Vamos ver…
Afinal, é só um dia nim, nem não nem sim, quarta feira de seu nome. Amanhã? Logo se vê.
Hoje sem grandes descobertas, mas desde ontem um retorno que surpreende. E estamos nisto…de um lado a tempestade perfeita que me recordou que estou viva, do outro o porto de abrigo que me recorda todos os dias que é possível estar-se tranquilo e viver um dia de cada vez, sem pressa.
Se for para escolher, o mais certo é escolher o porto de abrigo. Mas quero experimentar a tempestade perfeita para assim saber valorizar a segurança do porto de abrigo.
Resumindo: estou tramada. Essa é que é essa.
Ainda não percebi como vim aqui parar. Foi tudo demasiado rápido. Mas agora já cá estou. E não sei se quero sair…
Ir a jogo. Cada vez quero mais. Sei o que implica, sei bem o que é, desde o primeiro momento. Já tive dúvidas, hoje tenho vontade.
Já me tinha esquecido de como se jogava este jogo. Cheguei a dizer que não o queria jogar. Mas bolas…
Dar uma oportunidade à vida. É isso, não é? Sei que não me vai levar a lado nenhum. Mas também sei que o outro caminho que percorri nos últimos 4 anos e meio também não me estava a levar a lado nenhum. Mesmo sem jogo, também tinha (e tem) regras. Que também aceitei desde o primeiro dia. Mas que me fizeram estagnar. E esquecer-me um bocadinho de mim.
Afinal estou viva. E há quem o veja para além de mim. E é isso que me faz querer ir a jogo. Não devo ir a jogo até ao fim, mas vou até onde me sentir confortável.
Vamos ver. Vamos ver como corre. O resultado? Já o sei mesmo antes de avançar. Mas também mereço sentir-me viva de vez em quando. E por agora sinto-me viva. E a querer viver.
Equilíbrio. Dar e receber. Dar horas extra de trabalho e receber a saída duas horas mais cedo. Soube bem. Não só por sair mais cedo mas pela oferta em si.
Equilíbrio. Descobrir e ser descoberta aos poucos.
Equilíbrio. Ritual matinal com retorno tardio mas de partilha.
Equilíbrio. Cada vez o procuro mais em tudo. E cada vez o encontro mais em tudo.
Sexta feira. Finalmente. Amanhã o despertador não toca. E vai saber tão bem, mesmo sabendo que é o dia mais aborrecido da semana.